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Produção de Etanol e Aguardentes Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Agrárias Departamento de Engenharia de Alimentos Enzimologia e Tecnologia das Fermentações Profa. Socorro Vanesca Frota Gaban Histórico Descobridores Árabes. Descrições do século 10, dos termos álcool e alambique. Europa Primeiras menções sobre o álcool: século 12. Destilações sucessivas Século 17. Histórico Capitania de São Vicente: 1º engenho de açúcar do país. Primeiras mudas de cana-de-açúcar trazidas da ilha da Madeira em 1532. O álcool industrial desenvolveu-se na Europa, nos meados do século 19. No último quarto desse século iniciou-se a produção de etanol no Brasil. O etanol era utilizado para fins farmacêuticos, para a produção de alguns produtos químicos derivados, para bebidas e como fonte de energia térmica. Vias de obtenção do etanol • Não tem significado econômico no Brasil. • A não ser para cartas regiões vinícolas. Destilatória • Obtém-se o etanol a partir de hidrocarbonetos não saturados. • Eteno e etino, gases de petróleo e hulha. • Forma econômica de produzir etanol. Sintética • Maneira mais importante de obtenção de álcool no Brasil. • Grande número de matérias-primas naturais no Brasil. • Feito em três fases: preparo do substrato, a fermentação e a destilação. Fermentativa Definição de bebidas alcoólicas Líquidos potáveis que contêm de 0.5 a 75 % de etanol em volume. O teor de álcool etílico pode ser devido à: • Fermentação, • Destilação • Adição de álcool. Matérias primas utilizadas na produção de álcool Viável economicamente Custo de fabricação Rendimento industrial Volume de produção Qualquer produto que contenha açúcar ou outro carboidrato. Classificação das matérias-primas para a produção de etanol: • Cana-de-açúcar, beterraba açúcareira, milho sacarino, melaço, mel de abelha e frutas. • Diretamente fermentecíveis e não diretamente fermentecíveis. Matérias açucaradas • Grãos amiláceos (milho), raízes e tubérculos feculentos (madioca). Matérias amiláceas e feculentas • Palha, madeiras, resíduos agrícolas e resíduos sulfíticos de fábricas de papel. Matérias celulósicas Matérias açucaradas na produção de etanol Diretamente fermentecíveis Contêm monossacarídeos. Suco de frutas. Produção de álcool em vinhos e a sidra. Não diretamente fermentecíveis Contêm dissacarídeos. Fermentam após hidrólise, fenômeno de inversão, pela ação da invertase (enzima). Sacarose da cana-de-açúcar e melaços. Matérias amiláceas e feculentas sofrem hidrólise (sacarificação) Composição das matérias-primas depende de(a): Idade e Variedade Regiões Condições climáticas Colheita e Transporte Armazena- mento e industriali- zação Classificação das bebidas alcoólicas • Vinho • Sidra • Fermentados de mel Fermentadas • Destilação de vinho de frutas, de fermentados de grãos, tubérculos, raízes, de seiva, de agave, caldo de cana de açúcar. Destiladas • Mistura de bebidas alcoólicas com sucos ou aromatizantes. Bebidas alcoólicas por mistura, ou compostos Classificação das aguardentes • Destilação de uva, maça, cereja, ameixa. • Ex. conhaque, pisco, kirsh e ketsch. De frutas • Destilação de fermentados de grãos, tubérculos e raízes amiláceas. Ex. Uísque e tiquira. De amiláceos • Destilação de melaços fermentados de cana- de açúcar. Ex. Runs. De melaço de cana- de-açúcar • Destilação do caldo da cana-de-açúcar. De cana-de-açúcar • Destilação da seiva fermentada de agave. Ex. tequila. De agave Definição de aguardentes Cachaça, caninha. Bebidas alcoólicas obtidas do destilado alcoólico simples da cana de açúcar ou pela destilação do mosto de cana fermentado, podendo ser adicionado de até 6g de açúcar por litro (adoçada). Bebidas fortes, de fácil conservação. Teor alcoólico de 38 a 54 °GL (41 °GL). Destilação na produção de aguardentes O álcool e outras substâncias são separadas. Conferem as características de aroma, cor e sabor. Modificadas ou intensificadas pela maturação, ou envelhecimento em tonéis de madeira, sob condições adequadas. Produção de aguardentes • O Brasil é líder mundial na produção de cana-de-açúcar e de seus derivados. O segmento emprega mais de 4 milhões de pessoas sendo que, em 2008, respondeu por 1,76 % do PIB agrícola nacional. • São Paulo é o Estado que mais produz cana-de-açúcar, com 58 %. • O parque industrial sucroalcooleiro do País conta com 373 unidades, distribuídas em todas as regiões, e concentradas na produção de açúcar e álcool. Produção de aguardentes Produção de aguardentes Matéria prima cana-de-açúcar. • Deve estar perfeitamente madura e acusar as melhores condições fitossanitárias, além das melhores condições tecnológicas, ou seja, deve ser recém colhida e não apresentar deterioração. Operações na produção de aguardentes Colheita da cana-de-açúcar; Recebimento e lavagem Extração do caldo de cana Preparo e correção do mosto Fermentação e Destilação Envelhecimento Colheita da cana-de-açucar Quanto mais madura a cana, mais o caldo será rico em açúcares. Canas verdes = contêm mais açúcares redutores (glicose e levulose). Canas maduras = ricas em sacarose. Teor de redutores < 1% e de sacarose > 14 %. Colheita da cana-de-açucar As canas não devem se colhidas com menos de 18 ° Brix (14 % de açúcares aproximadamente). Corte manual ou feito por máquinas Composição da cana-de-açúcar • Fibra 8 a 14 % • Caldo 82 a 92 % 65 a 75 % de água, de sólidos em solução e materiais em dispersão coloidal. Recebimento da cana-de-açucar Recebimento da cana-de-açúcar LAVAGEM DA CANA- DE-AÇÚCAR Trituração da cana-de-açucar Quebra da cana-de-açúcar. Extração do caldo de cana-de-açúcar Feito nas moendas. – Deve possibilitar o máximo de extração econômica do açúcar da cana. Cana-de-açúcar 14 % de açúcares (12,5 de sacarose, 0,9 de dextrose e 0,6 de frutose) 10 % de fibras 74,5 % de água restante dividido entre materiais minerais, compostos nitrogenadso 11-18 % de sacarose, 0,2-1 glicose % e 0- 0,6% de levulose. 0,3 a 0,5 % de cinzas. 78 e 86 % de água 0,5 a 1 % de compostos nitrogenados. Caldo da cana- de-açúcar Composição química do caldo de cana • Líquido opaco, de cor variável do pardo ao verde escuro, espumoso, viscoso, de reação ácida e de paladar doce. Presença /Devido de: Opacidade Colóides constituídos de proteínas, pentosanas, pectina e componentes inorgânicos como a sílica. Cor Materiais corantes naturais, como a clorofila, antocianina, sacaretina, compostos fenólicos, e a terra. A intensidade depende da cor da casca da cana e das condições de moagem e esmagamento. Espumoso Oclusão de ar por ação de não açúcares, como as proteínas. Viscosidade Materiais gomosas, como albuminas, pectinas, cera e sílica coloidal. Reação ácida pH variável de 4,8 a 6,0, com médias de 5,2 a 5,8. pH é constante em canas maduras. Doçura Predominância de açúcares. Composição química do caldo de cana • Substâncias nitrogenadas • Ceras, pectinas e matérias corantes Não açúcares orgânicos • Sais minerais: • (fosfato, cloretos, sulfatos, nitratos e silicatos de potássio, cálcio, magnésio, manganês e ferro).Não açúcares inorgânicos Microflora do caldo de cana • Contaminação natural de leveduras e bactérias. Leveduras Candida, Criptococcus, Hansenula, Rhodotorula, Saccharomyces e Torulopsis. Bactérias Leuconostoc dextranicum Leuconostoc mesenteroides Preparo e correção do mosto Todo líquido destinado a fermentar. – Caldo de cana coado. Características do mosto. – Baixa concentração inicial de microorganismos. – Adequada concentração de açúcares fermentescíveis. – Adequada correção – medidas que oferecem condições propícias ao desenvolvimento das leveduras e máxima atividade fermentativa. – Transforma o mosto natural em meio de cultura. Preparo e correção do mosto Deve ser favorável à levedura alcoólica. Baixa contaminação inicial do mosto: – Asseio na fabricação; – Limpeza das esteiras; – Limpeza das mesas alimentadoras das esteiras; – Limpeza dos aparelhos de moagem, dos depósitos de caldo, das dornas, bombas e canalizações em contato com o caldo. – Lavagem da cana e instalações de caixas de decantação do caldo. Filtragem do caldo da cana-de-açucar Preparo e correção do mosto Filtragem do caldo da cana-de-açucar Preparo e correção do mosto Decantação do caldo da cana-de-açucar Preparo e correção do mosto Filtração do caldo da cana-de-açucar Preparo e correção do mosto Correção e correção do mosto Diluição quando o caldo é muito rico em açúcar entre 12 e 18 ° Brix. O caldo bruto deve apresentar o mínimo de 18 ° Brix. Fermentação do caldo da cana-de-açucar Açúcar entre 12 e 18 ° Brix. Temperatura entre 26 e 32 °C. pH ótimo entre 4,5 a 5. pH do caldo de até 5,6. DORNAS = INSTALADAS AO AR LIVRE. PROVIDAS DE ISOLAMENTO E TROCADORES DE CALOR Fermentação do caldo da cana-de-açucar DORNAS Podem ser fechadas ou abertas. De aço-carbono = devem possuir sistema de aquecimento e resfriamento. Fermentação do caldo da cana-de-açucar • Adição de sais minerais – Corrigir deficiências. – Feita nos pés de cuba e dornas de fermentação. – 1g de sulfato de amônia/L de inóculo. – 20 g de superfosfato simples por 1.000 litros de caldo. – Sulfatos de manganês e cobalto: 0,2g e 0,01/L de pé-de-cuba (10 a 20 % das dornas) respectivamente. Fermentação do caldo da cana-de-açucar • Adição de desinfetantes – Fluoreto de sódio, sulfato de cobre, colofônia e hexaclorofeno. • Adição de antibióticos – Cloranfenicol e penicilina (500 a 1.000 U.I. /L do mosto na forma ácida). • Adição de vitaminas – Vitaminas do grupo B – estimulam o crescimento e atividades das leveduras. (50 g / 1.000 L do mosto) Fermentação do caldo da cana-de-açucar • Agentes de fermentação – Leveduras • Saccharomyces, Schizosaccharomyces e Hansenula. • Espécies: Saccharomyces cerevisiae. – Forma líquida: lêvedo alcoólico, pé, pé-de-cuba, pé-de-fermento, fermento. – Adicionadas no mosto na proporção de 10 a 20 % do volume do meio a fermentar. – Fermento seco: 10 a 20 g / L do meio. Fatores que atuam nas leveduras • Nutrição, Agentes físicos e químicos, • Ar, – Na sua presença as leveduras tem pequeno poder fermentativo e uma atividade multiplicativa intensa. – Durante a preparação do inóculo é ideal haver aeração e baixa concentração de açúcares. • Produtos da fermentação: Álcool, – Pode inibir a ação das leveduras – Concentração de 7 a 8 % deve ser mantida para garantir a fermentação rápida e sadia • Temperatura, • Reação do meio, • Ação de antissépticos. Açúcar Biomassa, CO2 e H2O Etanol e CO2 Aerobiose Anaerobiose Ex. levedura Saccharomyces, aeróbio facultativo. FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA Fatores que atuam nas leveduras Recuperação do fermento Destilação dos vinhos O mosto após a fermentação é chamado de vinho. Composição do vinho Líquidos • 90 % de água ou mais, • 6 a 10 % de álcool, • 1 a 3 % de produtos não álcool (ácidos succínico, ácido acético, lático, butírico, ésteres de ácidos, glicerol, álcoois amílico, butílico, isobutílico, propílico e isopropílico, aldeídos). alteram as características de paladar e aroma. Sólidos • açúcares não fermentados, sais minerais e materiais nitrogenados. Gasosos ar e gás carbônico. Composição do vinho Deve ser isento de açúcares redutores. Acusar acidez sulfúrica entre 2 e 3 g/litro ou pH entre 3,8 e 4,8. Teor alcoólico entre 6 e 8 %. Destilação Descontínua Alambiques Contínua Colunas Destilação Em aço inoxidável e revestidos com cobre. Evita a formação de mercaptanas. Aguardente É a mistura de álcool e água com uma certa quantidade de impurezas voláteis designadas de produtos secundários, constituídos de alcoóis superiores ou óleo fúsel, aldeídos, ésteres, ácidos e furfural. A lesgislação de 1972/1973 fixa o máximo permitido para cada componente em g/100 ml de álcool anidro. • acidez volátil em ácido acético 0,150 • ésteres em acetato de etila 0,200 • aldeídos em aldeído acético 0,030 • furfural 0,005 • álcoois superiores 0,300 Aguardente Rendimento: Expresso em litros produzidos por peso de cana moída ou de volume de vinho destilados. Porcentagem de álcool da aguardente de 38 a 54 ° GL (38 a 54 % de álcool em volume). Sabor final: ardente e seco. Envelhecimento • Causa alteração no volume original e na concentração alcoólica. • Produtos secundários são formados e responsáveis pelo amaciamento da aguardente e o gosto redondo. Feito em tonéis de madeira: • Em contato com o ar a aguardente é oxidada, perde álcool, concentra as impurezas voláteis e é enriquecida de extrato de madeira que a colore e contribui para suas qualidades organolépticas. Envelhecimento • Madeiras utilizadas no envelhecimento produzem cachaças com diferentes sabores e aromas.
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