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O materialismo histórico- Introdução

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O materialismo histórico
Alexandre Carneiro de Souza
Espelho para análise teórica
Os fundamentos da história 
O conceito da totalidade social
Estrutura, super-estrutura e ideologia
A produção capitalista
Os meios de produção - o trabalho alienado - a mercadoria 
Classes sociais
Sociedade e Estado
A consciência revolucionária.
Karl Marx nasceu em Trèves, capital da província alemã do Reno (Renânia), parte da Prússia, próxima à fronteira com a França, em 5 de maio de 1818. Filho do casal judeu Hirschel e Henriqueta Pressburg. O pai abandonou o judaísmo, batizando-se com o nome de Heinrich; sua mãe, a despeito de ser descendente de rabino não exerceu nenhuma forte influência doutrinária sobre sua vida. 
Iniciou a vida acadêmica estudando Direito, em Berlim, onde entrou em contato com os escritos de Hegel, cujos seguidores dividiam-se em hegelianos de direita e hegelianos de esquerda. Os primeiros afirmavam os traços mais conservadores da obra de Hegel (o Espírito Absoluto, criador da realidade – visão teleológica da história); os outros afirmavam o papel crítico da filosofia de Hegel. Marx posicionou-se entre estes últimos. Com o passar dos tempos foi gradativamente deixando o Direito, rumando para a História e para a Filosofia. Doutorou-se pela Universidade de Lena. A sua tese de doutorado versava sobre a Diferença da Filosofia da Natureza em Demócrito e Epícuro.
Frustradas as pretensões de assumir uma cátedra na universidade, por causa do afastamento da vida universitária imposto aos hegelianos de esquerda, trabalhou durante um ano como redator-chefe de um jornal liberal, Gazeta Renana, fechado pelo governo prussiano. A partir daí passou a dedicar-se à assuntos propriamente políticos e sociais. 
Foi um dos diretores pioneiros da Revista Anais Franco-Alemães, que não foi além da publicação do primeiro número (1844). Nessa única publicação, Marx participou com dois importantes trabalhos: Introdução a uma Crítica da Filosofia do Direito de Hegel e A Questão Judaica. O encontro com Friedrich Engels, deu-se porque nesse número único dos Anais Franco-Alemãs, este publicou um artigo sobre Esboço de uma Crítica da Economia Política. Diversos aspectos identificavam o pensamento de Marx com o de Engels; em vista disto, logo iniciaram uma produção teórica comum. A primeira obra conjunta dos dois autores foi: A Sagrada Família, em cujo conteúdo criticavam as posturas políticas dos neo-hegelianistas, os irmãos Bruno, Edgard e Egbert Bauer. O livro O Capital foi a mais importante obra publicada por Karl Marx. Após a morte de Marx (1883), suas teses deram forma ao marxismo.
As principais obras de Marx foram: Manuscritos Econômicos – Filosóficos (1844), A Miséria da Filosofia (1847), Ideologia Alemã (1848), O Manifesto Comunista, juntamente com Engels (1848), O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852), Para a Crítica da Economia Política (1857\9), O capital - volume I (1867).
A preeminência das condições econômicas na produção da vida material da sociedade
O pensamento de Marx consiste um modo bastante peculiar de conceber a política, a sociedade e o poder. O autor parte da crítica da economia política, através da qual demonstra que o poder político nada mais é do que o suporte legal e representativo da classe economicamente dominante. Nesse sentido, evidencia-se uma das principais teses do socialismo científico que afirma a preeminência das condições econômicas na produção da vida material de uma sociedade.
A produção da vida material é o motor que determina o curso da história humana. Não são as idéias, como diria Hegel, mas o modo como os indivíduos se organizam para produzirem as condições reais de sua existência:
“O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência” – (1991: 30).
Como se apresenta a sociedade? Para o pensamento marxista são as condições materiais, a base para a existência da sociedade, de sua instituições, de suas idéias, de seus valores e de suas regras de funcionamento. 
A partir dessas condições materiais se constrói a sociedade e é a partir da compreensão a seu respeito que se fermenta a possibilidade de sua transformação.
Levando em consideração as condições materiais da história da sociedade, Marx chega à constatação de um caráter antagônico dentro da realidade social – a história e as transformações sociais não ocorrem alheias à realidade de conflito. São as contradições e não a natureza ou qualquer fator espontâneo que propiciam o desenvolvimento e as transformações sociais:
Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado “ (1985:1).
Os agentes da contradição são duas classes sociais rivais, tendo de um lado os proprietários privados dos meios de produção, e de outro, os não proprietários ou trabalhadores. A constituição da sociedade como uma configuração de classes coexistentes é o produto de formações históricas com base em conflitos sociais; estes determinam os modos de organização da produção e os interesses do Estado.
Marx não distingue sociedade e Estado como sendo áreas de interesse particulares; antes, pelo contrário,
“Sendo o Estado, portanto, a forma pela qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época, conclui-se que todas as instituições comuns passam pela mediação do Estado e recebem uma forma política. Daí a ilusão de que a lei repousa na vontade, e, mais ainda, em uma vontade livre, destacada da sua base concreta” (1989:70).
Diferentemente do que pensava o discurso teológico que via no Estado uma expressão da vontade divina, e, ainda, diferentemente do pensamento “contratualista” que, segundo Hobbes e Rousseau, via o Estado como o resultado de um pacto entre todos os homens de uma sociedade; para Marx, o Estado é uma imposição de classe, mediante o qual os setores dominantes preservam as garantias políticas de seus interesses econômicos.
Trata-se de um Estado ideológico, porque aparentemente finge defender, com isenção, os interesses públicos, porém, de fato estabelece uma ordem intelectual e repressiva que busca adequar as leis aos interesses dos proprietários.
Segundo Marx a ordem capitalista da sociedade é sustentada por uma estrutura e por uma super – estrutura; sendo a estrutura constituída por uma base real, a totalidade das relações de produção e a super-estrutura, constituída pelas organizações jurídicas e políticas que correspondem a formas determinadas de consciência (1991:30).
O conflito entre classes dá-se na medida em que os setores sociais dominantes possuem a ideologia vigente e os aparelhos de repressão, ao passo que os setores subalternos possam vir a possuir a consciência revolucionária. 
O social e as relações de produção
Segundo a teoria de Marx todos os setores da vida social estão diretamente relacionados com a ideologia da classe dominante. Isto porque não é possível excluir a realidade das dimensões sociais e não seria também possível excluir estas do contexto das relações produtivas. 
Falando sobre a produção da consciência, o filósofo alemão diz que na extensão da história, o desenvolvimento da consciência do indivíduo foi obstacularizado por uma força estranha que se foi tornando cada vez mais maciça, gerando uma dependência universal: o mercado. Tal força misteriosa impõe uma participação desigual dos homens no produto do trabalho social. 
Marx já dissera que não é a consciência do indivíduo que determina o seu ser, mas o ser social do indivíduo que determina a sua consciência. Na verdade, o autor procura deixar claro sua posição teórica na qual concebe o processo de criação da consciência como campo de batalhas morais, no qual os indivíduos se criam uns aos outros.Com isto, o autor subordina o desenvolvimento intelectual às relações concretas que os homens travam na construção da realidade social:
“Segundo o que foi dito anteriormente, está claro que a verdadeira riqueza intelectual do indivíduo depende inteiramente da riqueza de suas relações reais. É só desta maneira que cada indivíduo em particular será libertado das diversas limitações nacionais e locais que encontra, sendo colocado em relações práticas com a produção do mundo inteiro (inclusive a produção intelectual) e posto em condições de adquirir a capacidade de desfrutar a produção do mundo inteiro em todos os seus domínios - criação dos homens.” (1989:35).
O indivíduo e a geração que toma parte ao se situarem no mundo recebem um legado físico e moral reunidos no somatório das forças produtivas, dos capitais, de formas de relações sociais. O problema da alienação se apresenta na medida em que essa base real da história é deixada de lado, como algo separado da vida comum, como extra e supra terrestre.
O legado físico e moral representará sempre os pensamentos da classe dominante (um grupo de indivíduos que superam os demais na corrida pelos meios de produção). Avançando nessas considerações, Marx exprime sua contribuição por excelência acerca do processo educacional: A classe que é o poder material dominante numa determinada sociedade é também o poder espiritual dominante:
“A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe também dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles aos quais são negados os meios de produção intelectual está submetido também à classe dominante. Os pensamentos dominantes nada mais são do que a expressão ideal das relações materiais dominantes; eles são essas relações materiais dominantes consideradas sob forma de idéias, portanto a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante; em outras palavras são as idéias de sua dominação” (1989:47). 
A classe dominante
Quem são os indivíduos que constituem a classe dominante? Os tais não possuem apenas os meios de produção, possuem também uma consciência e consequentemente pensam. Do que se conclui que a dominação de classe não é só dominação material, mas também espiritual:
“...na medida em que dominam como classe e determinam uma época histórica em toda a sua extensão, é evidente que esses indivíduos dominam em todos os sentidos e que têm uma posição dominante, entre outras coisas também como seres pensantes, como produtores de idéias, que regulamentam a produção e a distribuição dos pensamentos da sua época; suas idéias são portanto as idéias dominantes de sua época” (1989:47). 
Adiantando-se nessa análise, Marx chega aos ideólogos ativos da classe dominante: são intelectuais, cuja função é teorizar as ideologias da classe detentora do poder. Na verdade está em jogo a questão séria do capital do saber submetido aos caprichos dos grupos econômicos poderosos. Os capitalistas são pessoas ativas e bastante ocupadas; não lhes resta tempo para “alimentar suas ilusões e idéias sobri si próprios”. Esse papel é executado por intelectuais contratados que colocam seu pensamento à serviço dos interesses da classe.
BIBLIOGRAFIA
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. SP, Martins Fontes, 1989
MARX, Karl, Manuscritos Econômicos – Filosóficos e outros textos, SP, Nova Cultural, 1991.
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte, SP, Abril Cultural – Os Pensadores, 1985.

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