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Trabalho Penal- artigos 155 e 156

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Faculdade Pitágoras de Betim
Trabalho de Direito Penal
Crimes contra o Patrimônio- 
Título II: 
Furto e Furto de coisa comum
SETEMBRO, 2015
BETIM
Furto e Furto de coisa comum
Trabalho de Direito Penal, sobre os artigos 155 e 156 do Código Penal Brasileiro de 1940.
Professor: Álvaro H. Huertas Santos
BETIM
SETEMBRO DE 2015
“Interpretar a lei é revelar o pensamento, que anima as suas palavras” 
Clóvis Bevilaqua
Introdução
O direito penal é o ramo do direito que usa de todas as formas de interpretação, utilizando-se do princípio da tipicidade penal que é um instrumento legal e necessário de natureza descritiva que tem por função individualizar a conduta humana.
Assim nesse trabalho procuramos tratar de forma direta os crimes transcritos nos artigos 155 e 156 do código penal. Não devemos nunca nos esquecer que o direito penal é a última ratio devendo ser utilizado apenas quando as outras áreas do direito não conseguirem sanar aquela violação sofrida.
Artigo 155 do Código Penal – Furto
O furto é o primeiro crime contra o patrimônio tipificado no artigo 155 do código penal. Ele diz claramente em seu caput “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Um caput pequeno que aparentemente não gera muitas interpretações. Primeiramente a ação do artigo que é o verbo subtrair, que significa tirar fraudulentamente algo, em seguida para si ou para outrem, ou seja, se você pegar algo que não é seu para uma terceira pessoa também é furto e por último coisa alheia móvel, tem que ser de outra pessoa e tem que ser móvel. O conceito de furto é basicamente o assenhoramento da coisa com o fim de apoderar- se dela de modo definitivo.
Objeto material e bem juridicamente protegido
O objeto material do delito de furto é a coisa alheia móvel de uma terceira pessoal. Para o direito penal a coisa móvel é tudo aquilo que pode ser movido para outro lugar.
Não pode ser objeto de furto o ser humano vivo porque não se trata de coisa, será outro crime, mas nunca furto. Agora quando morto e o cadáver tiver algum valor econômico como, por exemplo, para uma universidade, poderá ser configurado o furto. As coisas comuns como a água, o ar, o oceano, não podeM ser furtadas.
O bem juridicamente protegido será o direito a posse e a propriedade, uma vez que com o furto a vítima terá uma diminuição nos seus bens adquiridos.
Sujeito Ativo e Sujeito Passivo
O sujeito passivo é o possuidor ou a proprietário do bem, pois somente eles terão o seu patrimônio diminuído. A maioria dos doutrinadores entende ser a posse e a propriedade como bem jurídico. Algumas correntes ainda citam como também a detenção sobre a coisa alheia móvel. Nucci diz que “a mera detenção não é protegida pelo direito penal, pois não integra o patrimônio da vítima’’.
O sujeito ativo será todo aquele que executa a subtração do bem, exceto o possuidor e o proprietário, pois não há como furtar algo próprio. Sendo assim, pode ser feito por qualquer pessoa, em qualquer lugar.
Consumação e tentativa
Existem várias teorias para explicar a caracterização da consumação do furto. Contudo a jurisprudência consagrou uma situação intermediaria entre as últimas teorias.
É consumado o furto ainda que o agente tenha posse tranquila da coisa por pouco tempo fora da esfera de vigilância da vítima, também a posse tranquila da coisa subtraída quando ocultada em esconderijo.
Falando de crime material é possível a tentativa. Temos a tentativa punível quando o agente começa a subtração da coisa, mas não consegue finalizar por fatos alheios a sua vontade como, por exemplo, quando a pessoa esconde sob suas roupas a coisa que quer subtrair e é detido ao tentar passar pelo caixa do supermercado.
Já quando o agente põe a mão no bolso com a intenção de retirar o dinheiro do terceiro, mas não há e no outro bolso também não, o crime torna-se impossível, pois não existe ali o objeto a ser furtado.
Causa de aumento de pena relativa ao repouso noturno
	O §1º do art. 155 do CP, determina que a pena seja aumentada de um terço se o crime é praticado durante o repouso noturno.
	Para o STJ, para configurar aumento de pena, basta que o delito seja cometido em período noturno (período de maior vulnerabilidade para residências e comércios, onde seu êxito será atingido com maior facilidade por deficiência de segurança) sendo, no entanto, irrelevante a presença ou não da vítima (s) no momento, ou que o local invadido esteja habitado ou desabitado, ou diretamente a vítima em local público. 
	Esta majorante aplica-se tão somente ao furto simples, uma vez que o furto qualificado já possui uma pena prevista aumentada. Ressaltando que esse artigo não qualifica o crime de furto, apenas agrava a sua pena.
Primariedade e pequeno valor da coisa furtada 
§2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
O parágrafo segundo trata do furto privilegiado. Para ser privilegiado, o réu tem que ser obrigatoriamente primário e a coisa têm que possuir um valor econômico pequeno. Esse valor é relativo pois para uma pessoa que tenha um poder aquisitivo maior aquele bem pode ser de valor pequeno, contudo, para uma pessoa desprovida de riquezas a coisa possuirá um valor alto.
Bitencourt deixa isso claro quando define “pequeno valor aquele cuja perda pode ser suportada sem maiores dificuldades pelas generalidades das pessoas”. E ainda cita Magalhães de Noronha “ao rico porque, talvez, nem perceberá a sua falta; ao pobre porque, na sua penúria, de pouco lhe valerá”.
Furto de energia
§3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
	O furto de energia elétrica, assim como a energia solar, a atômica, a térmica, sinal de TV a cabo, dentre outras que tenham valor econômico assimilado, pode ser objeto de subtração. Esse delito é de natureza permanente, pois sua consumação se perpetua no decorrer do tempo. O autor do delito pode, inclusive, ser preso em flagrante quando descoberta a ligação clandestina, e ou, qualquer dano que possa ser indício de furto desta energia.
Furto qualificado
§4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I-com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
	Obstáculo é tudo aquilo que tenha a finalidade de proteger a coisa, é um impedimento, uma barreira entre o agente e a coisa. Logo, sendo o dano com a destruição total ou parcial do obstáculo, antes ou após a obtenção da coisa, será causa de aumento de pena. 
II-com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
	Abuso de confiança é quando o agente usa-se da relação de confiança pré-existente com a vítima, a fim de se beneficiar dessa facilidade para obter êxito em sua empreitada. A relação empregatícia pode ser considerada para a aplicação da qualificadora, caso seja o agente detentor de confiança da vítima. 
	Fraude é quando o agente usa de meios ardilosos e insinuosos, levando a vítima a cometer ou se manter em erro, a fim de que o próprio agente cometa a subtração, ou seja, a fraude e utilizada pelo agente para facilitar a subtração por ele mesmo.
	Escalada é quando o agente usa-se de meios anormais (escalar com cordas, saltar, etc.), para entrar ou sair do ambiente fechado, onde se encontra a coisa que se deseja subtrair, evitando assim, portanto, utilizarem-se das passagens convencionais utilizadas pelas demais pessoas.
	Destreza é quando o agente usa-se de habilidade e dissimulação para a subtração sem que haja qualquer percepção pela vítima, como num passe de mágica. Não se considera agir com destreza o agente que subtrai a coisa de pessoa que esteja dormindo.
III-com emprego de chave falsa;
	Considera-se chave falsa todo instrumento utilizado pelo agente para abrir fechaduras como, por exemplo, grampos, cartões magnéticos, alfinetes e outros, inclusive
a cópia da chave verdadeira.
IV-mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Nesse inciso, torna-se qualificado o furto que o sujeito ativo é mais de uma pessoa. Há muitos embates doutrinários acerca da qualificadora, pois se discute vários pontos que ficam a serem interpretados.
Uma delas é que o concurso deve ocorrer durante a execução do ato, ou seja, no momento da subtração do bem. Weber Martins, deixa isso simples quando diz que “furto só será cometido mediante o concurso de duas ou mais pessoas, se estas participarem na fase executória do delito”. Essa qualificadora tem, portanto, maior ameaça ao bem tutelado.
Também não é necessária a imputabilidade de todos os agentes, se um deles não a possui o crime continua sendo qualificado porque cumpriu a ação que se trata. O código traz “concurso de duas pessoas ou mais” e não “concurso de duas pessoas ou mais que sejam imputáveis”.
§5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
	Nesta qualificadora não basta o furto do veículo automotor. O agente deve ter a intenção no transporte deste para outro estado ou exterior. Fato nem sempre constatado caso este agente seja apreendido ainda em seu Estado, onde responderá o agente pelo furto simples do veículo. A transposição de fronteiras é o que caracteriza essa qualificadora.
Furto privilegiado qualificado
Depois da súmula 511 do STJ que traz a seguinte afirmativa: 
“É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º. do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”.
	Dessa maneira o STJ foi contra ao que a doutrina majoritária que não achava possível tal forma uma vez que o privilegio torna o a pena mais branda e a qualificadora a torna mais gravosa. Ora se no homicídio há a possibilidade de ser privilegiado e qualificado ao mesmo tempo desde que não seja subjetiva a qualificadora, passou-se a fazer o mesmo raciocínio no crime de furto.
	Para então um furto ser privilegio qualificado deve atender os pré-requisitos presentes nos § 2°, §4º e §5º. Todas as qualificadoras presentes no crime de furto são objetivas, já que nenhuma delas trata de o porquê o delito foi cometido e sim como foi cometido. Assim se alguém subtrai algo de pequeno valor, sendo réu primário com o uso de destreza o cabe nesse caso o furto privilegiado qualificado. Ressaltando que claro deve-se analisar o caso concreto para saber se é viável ou não.
Classificação doutrinária
O crime de furto é classificado como: comum (o autor pode ser qualquer pessoa, não tem um pré-requisito); de dano (causará uma lesão no bem jurídico); material (vai mudar algo no mundo exterior); comissivo (é praticado através de uma ação); doloso (o agente quis furta o objeto); livre (pode ser praticado de várias maneiras); instantâneo (é consumido no mesmo instante); unissubjetivo (precisa de somente uma pessoa para ser praticado) e plurissubsistente (pode ocorrer em vários atos).
Artigo 156 do Código Penal – Furto de coisa comum
O legislador especificou o crime de furto quando criou o artigo 156 quando disse: “Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum”. Nele há todos os aspectos de um furto, mas com duas diferenças a primeira é quem pode cometer esse crime já que nesse caso não pode ser cometido por qualquer pessoa e a segunda é quem será o sujeito passivo desse crime.
Diferentemente do delito de furto do art.155 do CP, aqui a infração penal deve ser cometida pelo agente que terá uma quota parte, mesmo que mínima, na coisa móvel a ser subtraída.
	Desta forma, o código penal mostra quem poderá praticar a conduta delitiva: o condômino, o co-herdeiro e o sócio. Entretanto, somente quando houver um condomínio, uma herança ou uma sociedade, é que se falará em delito de furto de coisa comum.
Objeto material e bem juridicamente protegido
O objeto material será a coisa comum, ou seja, aquilo que tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo têm como posse ou propriedade. Vale ressaltar que a coisa comum deve ser móvel, passível de remoção, nos mesmos moldes do artigo 155.
	O bem juridicamente protegido será a posse e a propriedade da coisa comum. Nesse caso, o direito penal protegerá o condômino, sócio ou co-herdeiro que foi lesado.
Sujeito ativo e sujeito passivo
O sujeito ativo será aquele que surrupiar o bem do outro e o passivo aquele que vai ter o seu direito de posse ou propriedade lesado. Nesse crime ambos serão condôminos, co-herdeiros ou sócios, o que vai diferenciar quem lesa de quem é lesionado será o autor da ação de subtrair o bem comum.
Ressaltando que no 1º parágrafo, fala-se que é necessária a representação, ou seja, tanto o sujeito ativo quanto o passivo têm que possuir a propriedade ou posse legítima do bem.
Consumação e tentativa
A consumação e a tentativa funcionarão da mesma forma que ocorre no crime de furto.
Forma privilegiada e forma qualificada
Não há como esse crime ser privilegiado ou qualificado, pois o próprio código não trata disso. Porém há uma exclusão de antijuricidade no segundo parágrafo que traz:
2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Quando o agente pega algo fungível e que o valor não ultrapasse o da sua quota, ele não será penalizado. Lembrando que essa forma deve agir de forma concomitante, Bittencourt explica bem quando:
“Tratando-se de coisa infungível, é irrelevante que o agente tenha direito a quota superior ao valor subtraído: o crime estará tipificado. Igualmente, ainda que se trate de coisa fungível, se o valor subtraído for superior à quota que o sujeito tem direito, o crime estará tipificado. Assim, a fungibilidade da coisa comum e seu limite da quota são elementares limitadoras da excludente especial sob exame”.
Classificação doutrinária
O crime de furto de coisa comum é classificado como: próprio (o autor tem que preencher determinado requisito para cometer tal delito); de dano (causará uma lesão no bem jurídico); material (vai mudar algo no mundo exterior); comissivo (é praticado através de uma ação); doloso (o agente quis furta o objeto); livre (pode ser praticado de várias maneiras); instantâneo (é consumido no mesmo instante); unissubjetivo (precisa de somente uma pessoa para ser praticado) e plurissubsistente (pode ocorrer em vários atos). 
Conclusão
De forma simples e prática abordou-se os aspectos dos crimes contidos nos artigos 155 e 156 do Código Penal Brasileiro.
O furto embora muito confundido com o roubo possui suas particularidades e é tido como um crime de menor potencial, ainda assim há abertura para vários tipos de interpretação doutrinarias em determinados aspectos.
O furto de coisa comum é uma maneira especializada de furto. O legislador se preocupou em normatizar determinado tipo de furto que acontece entre condôminos, co-herdeiros e sócios.
Infelizmente, a maioria dos objetos furtados não é encontrada, pois como o crime é feito à surdina muitas vezes nem se sabe quem praticou o delito.
Bibliografia
GRECO, Rogério; Código Penal Comentado; 8ª edição; Editora Impetus; 2014
BITENCOURT, Cezar Roberto; Tratado de Direito Penal; 5ª edição; Editora Saraiva; 2009
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal II. 26. ed. rev. e atual São Paulo: Atlas S.A, 2009. v.2.
http://leonardocastro2.jusbrasil.com.br/artigos/136366573/legislacao-comentada-furto-art-155-do-cp
Acesso em 2 de setembro de 2015 
http://www.direitopenalvirtual.com.br/artigos/furto-analise-critica-primeira-parte
Acesso em 8 de setembro de 2015
http://jus.com.br/artigos/29614/sumula-511-do-stj-primeiros-comentarios-e-uma-critica
Acesso em 16 de setembro de 2015

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