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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 01 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
APRESENTAÇÃO DO PLANO DE ENSINO 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
• A disciplina Fundamentos das Ciências Sociais serve de base para a compreensão dos elementos 
que constituem a sociedade. A compreensão da realidade social numa perspectiva científica 
favorece a construção de conhecimentos nas demais ciências humanas e sociais aplicadas. 
• O conteúdo da disciplina é muito interessante e atual porque utiliza o discurso socioantropológico 
como ferramenta para análise dos processos que dão origem à criação, à manutenção, à crise, à 
reprodução e à inovação nos diversos fenômenos sociais e suas múltiplas relações. 
• A disciplina contribui para o desenvolvimento de um olhar crítico-analítico, científico, humanista 
 e voltado para o exercício pleno da cidadania. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
EMENTA: 
 
A sociedade como objeto de estudo. Usos e abusos da cultura. Contexto histórico da formação das 
Ciências Sociais. Teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã. Temas 
contemporâneos da Sociologia: Formação cultural e diversidade étnico-racial brasileira. Globalização. 
Exclusão social. Questões socioambientais. Novos padrões morais e culturais. 
 
OBJETIVOS GERAIS: 
 
Compreender os elementos básicos das Ciências Sociais que permitam a análise da realidade social, 
refletindo sobre as questões contemporâneas da sociedade brasileira e mundial; 
Analisar os vários processos sociais que propiciam a criação, manutenção, reprodução, crise, revolução 
e/ou inovação dos diversos fenômenos sociais; 
Relacionar criticamente as diferentes concepções de sociedade e visões de mundo a partir do 
conhecimento da dinâmica das relações existentes entre as diversas formas de organização social e sua 
importância para a formação profissional. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
• Distinguir o conhecimento científico do senso comum, ressaltando a importância do pensamento 
científico para a elaboração de uma visão crítico-reflexiva da sociedade. 
• Definir as Ciências Sociais e descrever as áreas de conhecimento que as constituem - Sociologia, 
Antropologia e Ciência Política - demonstrando a contribuição de cada uma delas para a 
compreensão da vida em sociedade. 
• Entender o enfoque específico utilizado pelas ciências sociais na análise da sociedade. 
• Compreender a oposição fundamental entre natureza e cultura, paradigma clássico da Antropologia. 
• Identificar os conceitos básicos da análise cultural da Antropologia: etnocentrismo, relativismo 
cultural e alteridade. 
• Analisar a formação social brasileira marcada pela diversidade cultural enfatizando a contribuição 
das culturas africana, indígena e europeia. 
• Entender o contexto histórico do surgimento das Ciências Sociais e de suas primeiras correntes de 
pensamento. 
• Compreender os modelos clássicos de análise sociológica: Durkheim, Weber e Marx. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
• Refletir sobre questões contemporâneas da sociedade brasileira e mundial, tais como: 
globalização, sustentabilidade ambiental e exclusão social. 
• Entender os processos de construção do preconceito, da discriminação e da 
segregação de indivíduos e grupos sociais. 
• Analisar criticamente as mudanças ocorridas nas relações sociais, identificando novas 
configurações identitárias, novos padrões morais e culturais e novos estilos de vida. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
CONTEÚDOS: 
Unidade I – A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura 
 
1.1. A questão do conhecimento: senso comum e conhecimento científico. 
1.2. A investigação científica da sociedade: as assim chamadas Ciências Sociais. Problemas sociais e 
sociológicos. Indivíduo e sociedade. 
1.3. A análise antropológica da cultura. O método etnográfico, o etnocentrismo e o relativismo cultural. 
1.4. Diversidade cultural e globalização. A emergência do multiculturalismo. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
Unidade II – O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: 
Sociologia Francesa e Sociologia Alemã 
 
2.1. Iluminismo, Revolução Francesa e Revolução Industrial. Neocolonialismo e darwinismo social. 
2.2. O positivismo de Auguste Comte. A lei dos três estados e a classificação das ciências. A influência do 
positivismo no Brasil. 
2.3. A sociologia científica de Émile Durkheim (I). Os fatos sociais e suas características. Regras relativas à 
observação dos fatos sociais. Normalidade e patologia. 
2.4. A sociologia científica de Émile Durkheim (II). Coesão, solidariedade e consciência coletiva. Morfologia 
social. Anomia. 
2.5. A sociologia crítica de Karl Marx (I). Materialismo histórico e dialético. Estrutura, superestrutura e 
relações de produção. 
2.6 A sociologia crítica de Karl Marx (II). Luta de classes, ideologia e práxis. A relação Estado-sociedade na 
concepção marxista. A atualidade do pensamento marxista. 
2.7. A sociologia compreensiva de Max Weber (I). Ciência e política. Os tipos de ação social. 
2.8. A sociologia compreensiva de Max Weber (II). Os tipos ideais. As formas de dominação legítima. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
Unidade III: - Temas contemporâneos da Sociologia 
 
3.1. A produção das diferenças. Preconceito, discriminação e segregação. Preconceito racial e o mito da 
democracia racial brasileira. 
3.2. Preconceitos de gênero e orientação sexual. Novos modelos de família. Nós e eles: a produção do estigma. 
3.3. A vida nas grandes metrópoles: solidão na multidão. Olhares sobre a sociedade: desigualdade social e 
invisibilidade social. A lógica do consumo, a obsolescência planejada e a problemática socioambiental. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO: 
• A avaliação se dá de forma continuada. Antes de cada aula o estudante deverá ler o Plano da Aula e 
as páginas indicadas do Livro Didático e resolver os casos e exercícios propostos, postando o 
resultado na webaula da disciplina. 
• A AV1 será uma prova escrita, sem consulta, com questões objetivas e discursivas, que valerá no 
mínimo 8,0 (oito) e no máximo 10,0 (dez) pontos. Os até dois pontos serão atribuídos aos trabalhos 
postados na webaula. A AV1 contemplará o conteúdo da disciplina até a sua realização. 
• As AV2 e AV3 serão realizadas por provas escritas, sem consulta, valendo até 10,0 (dez) pontos, 
contendo questões objetivas e discursivas, sendo, ao menos uma das questões, um dos casos 
resolvidos ao longo do período. As AV2 e AV3 abrangerão todo o conteúdo da disciplina. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
PARA APROVAÇÃO NA DISCIPLINA O ALUNO DEVERÁ: 
1. Atingir resultado igual ou superior a 6,0, calculado a partir da média aritmética entre os graus das 
avaliações, sendo consideradas apenas as duas maiores notas obtidas dentre as três etapas de 
avaliação (AV1, AV2 e AV3). A média aritmética obtida será o grau final do aluno na disciplina. 
 
2. Obter grau igual ou superior a 4,0 em, pelo menos, duas das três avaliações. 
 
3. Frequentar, no mínimo, 75% das aulas ministradas. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução a filosofia. 3. 
ed. São Paulo: Moderna, 2005. 
CHARON, Joel M. Sociologia - Adaptado Para o Contexto Brasileiro - 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. ampliada e 
revista. São Paulo: Moderna, 2011. 
 
Bibliografia Complementar: 
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: PrenticeHall - Br, 2010. 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 24. ed. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009. 
MARTINS, Carlos Benedito. Que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2001. 
MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. 
QUINTANEIRO, Tânia et alii. Um toque de clássicos. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
MATERIAL DIDÁTICO: 
LIVRO: Livro Didático de Fundamentos das Ciências Sociais. 
 
AUTORES: Edir Figueiredo de Oliveira Teixeira de Mello, Antonio 
Henrique de Castilho Gomes, Antonio Claudio Engelke Menezes 
Teixeira, Renata Salomone da Silva Ansel. Solange Ferreira de 
Moura (ORGANIZAÇÃO). ESTÁCIO, RIO DE JANEIRO, 2014. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
I - A SOCIEDADE COMO OBJETO DE ESTUDO E OS USOS E ABUSOS DA CULTURA 
Tema: A questão do conhecimento: senso comum e pensamento científico 
 
Objetivos: 
• Reconhecer o conhecimento como característica do ser humano. 
• Identificar as características do senso comum. 
• Distinguir o conhecimento científico do senso comum, ressaltando a importância do 
pensamento científico para a elaboração de uma visão crítico-reflexiva da sociedade. 
• ESTRUTURA DE CONTEÚDO: 
 
COMO CARACTERÍSTICA DO HOMEM 
• O homem é o único animal que vive no mundo e pensa sobre o mundo 
em que vive. Ao pensar, ele formula explicações acerca da realidade e 
dos fenômenos que o cerca. Portanto, é no 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
Pensamento: capacidade de, ao articular acontecimentos, coisas e fatos, instaurar um sentido. 
Linguagem: capacidade de tornar esse sentido manifesto. 
 
• “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a 
pensar”. (Lupicínio Rodrigues) 
 
• Pode-se dizer, então, que as coisas não têm um sentido em si, os homens é que lhes dão 
sentido, através do pensamento e da palavra, que, sistematizados de alguma maneira, 
formam o CONHECIMENTO. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
2 - FORMAS DE CONHECIMENTO 
2.1. MITO 
 
• O mito é uma narrativa, uma fala, que contém em si diversas ideias. É uma mensagem cifrada, que 
não é entendida facilmente por quem não está dentro da cultura de que o mito faz parte. 
• O mito não é objetivo, assim como não se situa no tempo, fala das origens, sem, no entanto, 
referir-se ao contexto histórico. Trata de tempos fabulosos. 
• Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente. 
• O mito de São Jorge, por exemplo, tão fortemente presente na cultura popular brasileira, pode ser 
entendido como a representação de um desejo coletivo da presença do guerreiro, do vencedor de 
demandas e dificuldades. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
• No imaginário popular do Rio de Janeiro mistura-se o santo católico com a divindade 
africana Ogum, o guerreiro e lutador imbatível. 
• O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento, 
muitas vezes sobre a origem do mundo, algumas sobre processos de cura, outras sobre 
interpretações de fenômenos da natureza e, ainda, sobre a sociedade e a relação entre 
os homens, através de histórias mitológicas. Quem não ouviu falar do mito do cupido, 
que fala do enamoramento? 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
2.2. CONHECIMENTO RELIGIOSO 
Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da separação entre a esfera do 
sagrado e do profano. As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa 
sobrenatural para o mundo, porém, para aderir a uma religião, é condição fundamental 
crer ou ter fé nessa narrativa. Além disso, é uma parte essencial da crença religiosa a fé 
no fato de que essa narrativa sobrenatural pode proporcionar ao homem uma garantia 
de salvação, bem como prescrever maneiras ou técnicas de obter e conservar essa 
garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
2.3. CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
De modo geral, o conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do 
conhecimento. A filósofa Lizie Cristine da Cunha (2008) definiu o saber filosófico como aquele que 
trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no 
universo. Segundo a autora, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. Por 
isso, é, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da 
realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas 
questões formuladas pela mente, ela é traduzida em ideologia. E como tal, influi diretamente na 
vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
2.4. SENSO COMUM 
• Retomando a ideia de que as coisas por si só não têm sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, 
tratemos agora do senso comum, que é algum sentido dado coletivamente às coisas vividas. Para se 
orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras diversas coisas, situações e relações 
entre fatos, coisas e situações. Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem vivido, isto é, 
sistemas de conhecimento. 
• Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes, conceitos errôneos são formulados e 
adotados por coletividades. O pensador escocês David Hume (1711-1776) propôs um cuidado especial 
ao se tratar da causalidade, isto é, das relações de causa e efeito entre os eventos vivenciados. 
• Adverte ele que o fato de um evento acontecer depois do outro não significa necessariamente que haja 
relação de causa e efeito entre eles. 
• É o caso daquele cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, não fuma em ambientes em 
que haja outras pessoas, como um ônibus. Ele costuma esperar seu ônibus sem acender um cigarro, pois 
logo o ônibus chegará, deixando, assim, o prazer de fumar para depois da viagem. Se o ônibus, porém, 
demora a chegar, a falta de nicotina em seu organismo o deixará em estado de ansiedade que o levará a 
acender um cigarro. Como já se terá passado algum tempo de espera, o ônibus provavelmente já estará 
próximo e, assim, nosso amigo será surpreendido antes de acabar o cigarro. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
• Como em sua experiência diária, pouco depois de acender o cigarro, é surpreendido com a aparição 
do ônibus, poderia supor que o fato de acender o cigarro causa a chegada do ônibus. O fenômeno 
observado por várias pessoas poderia estabelecer uma crença comum na causalidade entre o ato de 
acender o cigarro e o ônibus chegar. Aí está um caso de armadilha que o senso comum pode conter. 
• Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que a humanidade 
estabelecesse mais uma diferença fundamental entre formas de pensamento humano, entre o senso 
comum e a ciência. 
• Podemos pensar também em como o senso comum pode comprometer o conhecimento. Você 
concordaria com a opinião até recentemente generalizada de que a mulher é inferior ao homem e, 
que por isso, não pode desenvolver algumas atividades laborais que seriam “só para homens”? 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
2.5. PENSAMENTO CIENTÍFICO 
• A ciência é uma forma de conhecimento, ou seja, é um tipo de sistematização de discursos (logos). Não é 
só o modo como são organizados os discursos, mas o próprio discurso científico é que tem características 
próprias. Ele se refere a algo bastante especificado. Não se faz ciência sobre a vida em geral ou o mundo 
em geral. Faz-se ciência quando se delimita aquilo que se quer estudar, o objeto de que se quer tratar. O 
objeto não é apenas delimitado, é construído, pois trata-se de algo ideal, deuma representação. 
• Mesmo nas ciências em que o objeto parece bastante concreto, como a química, por exemplo, que lida 
com os elementos da natureza, o discurso é montado sobre uma abstração, uma representação. 
• O discurso científico trata do ferro ou do manganês abstratamente, fala de suas propriedades, classifica-
as, agrupa os elementos de acordo com suas propriedades. O químico diz, por exemplo, que o sódio, o 
lítio e o potássio têm propriedades semelhantes e, por este motivo, pode classificá-los em um mesmo 
compartimento de saber, em uma mesma unidade abstrata de conhecimento, em uma mesma coluna da 
tabela periódica. Esta delimitação é da ordem do discurso e não da experiência. 
• Evidentemente, a delimitação é resultado da experiência humana na lida com os elementos da natureza. 
E, além disso, os resultados das sistematizações dos discursos podem ser verificados em condições 
experimentais, isto é, em laboratórios. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
• O que se procura verificar é se o discurso que se fez é verdadeiro, ou seja, se o que se disse é 
condizente com a realidade. E isto que se disse tem o nome de hipótese, outra palavra grega, 
que significa: hipo (sob, embaixo de) + thesis (tese, proposição, ato de por). Isto é, a hipótese 
é um discurso que está, na hierarquia do conhecimento, abaixo da tese. Esta só existe depois 
da verificação pela experiência. 
• Na produção do conhecimento científico é necessário, também, que se aja com MÉTODO. 
Método – grego - methodos: meta (por, através de) + hodos (caminho) 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
• Método, assim, é o caminho que se deve trilhar para se obter determinado resultado 
desejado. No caso de que tratamos aqui, método científico é o caminho para se obter o 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO. 
• “Por método, entendo as regras certas e fáceis, graças às quais todos os que as observam 
exatamente jamais tomarão como verdadeiro aquilo que é falso e chegarão, sem se cansar 
com esforços inúteis, ao conhecimento verdadeiro do que pretendem alcançar.” 
(René Descartes, 2002. Discurso do método. Regras para a direção do espírito. São Paulo, Editora Martin Claret p. 81) 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MOURA, Solange Ferreira de (org.). Livro didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade 
Estácio de Sá, 2013. (Capítulo 1, p. 10-18) 
 
Bibliografia Complementar: 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3. 
ed. São Paulo: Moderna, 2005. 
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. ampliada e 
revista. São Paulo: Moderna, 2011. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
QUESTÃO DISCURSIVA: 
 
Leia o diálogo a seguir. 
— Hoje o sol está de rachar! 
— É verdade! Como pode uma bola de fogo menor que a Terra, que fica girando em volta da gente, fazer 
tanto calor? 
 — Que nada, homem! A Terra é menor do que o sol! É por isso que faz tanto calor! 
 
A Ciência, recorrentemente, se defronta com raciocínios desse tipo, relacionado a falsas certezas. 
Demonstre as principais diferenças entre o pensamento científico e o senso comum e apresente, pelo 
menos, dois outros exemplos de convicções equivocadas decorrentes da utilização do senso comum e 
refutadas pela ciência. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 01: 
QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
A lei da gravidade, elaborada por Isaac Newton, a lei da conservação da massa, de 
Lavoisier, popularizada na expressão “na natureza tudo se cria, tudo se transforma” e a 
teoria heliocêntrica, preconizada por Nicolau Copérnico, evidenciam que características 
próprias do pensamento científico? 
 
a) Objetividade e neutralidade 
b) Generalidade e sacralidade 
c) Generalidade e subjetividade 
d) Subjetividade e neutralidade 
e) Generalidade e objetividade 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 02 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
Tema: A investigação científica da sociedade: as assim chamadas Ciências Sociais 
 
Objetivos: 
 
• Definir as Ciências Sociais e descrever as áreas de conhecimento que as constituem. 
• Entender o enfoque específico utilizado pelas Ciências Sociais na análise da sociedade; 
• Investigar as possíveis interpretações e ocorrências na atualidade sobre a diferença entre o 
campo do saber das Ciências da Natureza e das Ciências Sociais. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
ESTRUTURA DE CONTEÚDO 
I - As assim chamadas Ciências Sociais 
 
• Por Ciências Sociais entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, 
Sociologia e Ciência Política. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em 
suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas. As Ciências Sociais fazem parte do 
grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos próprios de 
investigação dos fenômenos que analisam. Neste sentido, em geral, são postas em contraste 
com as Ciências Naturais e Exatas, já que essas podem ser avaliadas e quantificadas pelo 
método científico e na área social os métodos utilizados são outros. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
• Isso acontece porque nas Ciências Sociais se trabalha muito com o discurso, com as ideias das 
pessoas. Então a quantificação da informação é possível - existem várias técnicas de análise do 
discurso que transformam as ideias em dados numéricos - mas de forma diferente das Ciências da 
Natureza e das Exatas. As Ciências Sociais também trabalham com pesquisas quantitativas e 
mesmo qualitativas que envolvem números. Mas esses números surgem de maneira diferente, 
muitas vezes subjetiva. 
• As Ciências Sociais nos ajudam a "limpar a lente" para enxergarmos melhor as 
diferentes realidades com que convivemos. Elas têm como objeto de estudo tudo o que diz 
respeito às culturas humanas, sua história, suas realizações, seus modos de vida e seus 
comportamentos individuais e sociais. Elas ajudam a identificar e compreender os 
diferentes grupos sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que 
rege cada um deles. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
II - As áreas constitutivas das Ciências Sociais: Sociologia, Antropologia e Ciência Política 
 
• A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os 
diversos fenômenos sociais. Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de 
diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos 
desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A partir dessas matrizes teóricas, 
estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de 
trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc. 
• Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e 
comunidades. Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade, 
diversidade cultural, etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que, em 
seus primórdios estudava povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos 
ocidentais. Ao longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais 
relativamente próximos, buscando transformar o exótico e o distante, em familiar. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
• Assim, em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e 
sociedades camponesas, identificando suas diferentes visões de mundo, sistemas de parentesco, 
formas de classificação, cosmologias, linguagens etc. Tambémdesenvolveu uma série de estudos 
sobre grupos sociais urbanos, enfatizando a diferenciação entre seus indivíduos, com base em 
critérios de raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual, nacionalidade, regionalidade, afiliação 
religiosa, ideologia política, sistemas de crenças e valores, estilos de vida etc. 
• Na Ciência Política analisam-se as questões ligadas às instituições políticas. Conceitos de poder, 
autoridade e dominação são estudados por essa ciência. Analisam-se também as diferenças entre 
povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida 
como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
III - Comparação entre os enfoques das Ciências Naturais e das Ciências Sociais 
 
• Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se 
chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as 
interpretações que são feitas sobre a realidade. 
• Neste sentido, no que se refere ao objeto de estudo e, consequentemente, ao método de 
investigação, as Ciências Sociais diferem bastante das Ciências Naturais. Tal diferença, 
aliás, suscita intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento 
produzido pelas Ciências Sociais. Os argumentos utilizados têm como princípio 
epistemológico a dificuldade de reconhecê-las como “verdadeiras ciências”, à medida que 
elas tratam com eventos complexos, de difícil determinação, uma vez que envolvem 
valores e significados socialmente dados. Outra questão reside no fato de estar o 
pesquisador social, de alguma forma, envolvido com os fenômenos que pretende 
investigar dificultando a objetividade e a neutralidade científica. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
• É possível, percebermos, portanto, que as Ciências Sociais não podem ser enquadradas em 
“modelos” de cientificidade de outras ciências, pois possuem uma racionalidade e 
especificidades próprias, relativas ao seu objeto de estudo. 
• Nessa perspectiva, tal campo de saber não comporta métodos ou técnicas rígidas e rigorosas, 
nem fórmulas de aplicação imediata que garantam a obtenção de resultados objetivos e 
exatos. Assim, o que mais importa é a interpretação dos fenômenos, ou seja, não apenas os 
fatos por si só, mas a forma como se constituem esses fatos. O sujeito (o pesquisador) deve 
ser considerado no contexto no qual estes fatos ou fenômenos se apresentam, pois ele 
também faz parte do objeto que investiga. 
• Assim, para que se possa interpretar, analisar e investigar nessa área do conhecimento, é 
necessário um suporte teórico que fundamente determinadas opções metodológicas, não 
podendo ser considerada apenas a aplicação de determinada técnica, pois isto não garante 
por si só a obtenção de resultados válidos. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
IV - A importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade. 
 
• O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do 
fato e na relação entre a concepção e o fato. Por estudar a ação dos homens em sociedade, de 
seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das 
alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o 
desenvolvimento de compreensão crítico-reflexivo da realidade. 
• Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade 
humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas e até 
mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados 
de investigações sócio-antropológicas, à medida que estas buscam entender as pessoas 
envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e ideias. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
• Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das 
sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam 
compreendê-las. Deslocamentos de pessoas e grupos motivados pelo processo de 
globalização da economia, que intensificou os fluxos migratórios em todo planeta, trocas 
culturais proporcionadas pelo estabelecimento de uma “sociedade em rede”, novos 
modelos de família e conjugalidade, novas configurações no campo religioso, entre outros, 
constituem temas de trabalhos de cientistas sociais contemporâneos. Esses trabalhos são 
utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos, sociedade civil e 
indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos acontecimentos 
e planejamento de ações com vistas à atuação na vida social. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
V – Problemas sociais e Problemas sociológicos 
 
Sabemos que vários problemas que nos afetam individualmente são compartilhados por 
outros tantos indivíduos, constituindo-se, por assim dizer, problemas sociais. Entretanto, 
existe uma diferença entre problemas sociais e problemas sociológicos. 
O “problema social” designa comumente algo que atinge um grupo ou uma categoria de 
indivíduos; as drogas, por exemplo. Embora a classificação de um problema social possa ser 
subjetiva, afinal de contas, o que é um problema para nossa cultura pode não ser em outra. 
Em outras palavras, o problema social é uma situação que afeta um número significativo de 
pessoas e é julgada por estas, ou por um número significativo de outras pessoas, como uma 
fonte de dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível de melhoria. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
• Já os problemas sociológicos são o objeto de estudo da Sociologia enquanto ciência, a qual se 
debruça sobre esses para compreender suas características gerais. Como vimos anteriormente, 
a Sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problemas sociais ou 
não, lançando mão de uma observação sistemática e pormenorizada das organizações e 
relações sociais. 
• O problema sociológico é uma questão de conhecimento científico que se suscita e resolve no 
âmbito da Sociologia. Ao contrário do que parece, formular corretamente um problema destes 
constitui tarefa muito difícil, em regra só acessível a quem é especialista da ciência em causa e 
que seja dotado de uma imaginação viva e treinado na pesquisa. 
• Em outras palavras, nem todas as questões suscitadas acerca das matérias de que se ocupam as 
Ciências Sociais constituem problemas científicos, mas podem ser problemas sociais. Só são 
problemas científicos as questões formuladas de tal modo que as respostas a elas confirmem, 
ampliem ou modifiquem o que se tinha por conhecido anteriormente. Isto significa dizer que 
apenas os cientistas estão em condições de enunciá-las e resolvê-las, que a sua formulação 
como a sua solução pressupõem um esforço metódico de pesquisa. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
VI - O papel do indivíduo na sociedade 
 
• A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e sociedade. 
Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos 
por meio da socialização, processo pelo qual um indivíduo se torna um membro ativo da sociedade 
em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos pré-concebidos. 
• O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo Ralph 
Linton (in: O Indivíduo, a Cultura e a Sociedade), em circunstâncias normais, quanto mais perfeito 
seu condicionamento e consequente integração na estrutura social, tanto mais efetiva sua 
contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa. 
• Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma 
simplesunidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo. Como indivíduo, ajuda a 
transformá-la quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente completamente 
estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade 
para encontrar soluções para novos problemas. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MOURA, Solange Ferreira de (org.). Livro Didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade 
Estácio de Sá, 2013. (Capítulo 1, p. 18-30) 
 
Bibliografia Complementar: 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3. 
ed. São Paulo: Moderna, 2005. 
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. ampliada e 
revista. São Paulo: Moderna, 2011. 
MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
QUESTÃO DISCURSIVA: 
Em um conhecido episódio da nossa história, Oswaldo Cruz liderou uma campanha de erradicação da febre amarela 
na cidade do Rio de Janeiro. Cientista de grande porte, tendo estudado no Instituto Pasteur, na França, convenceu as 
autoridades de que era necessário vacinar todos os moradores da cidade. Objetivamente, sua preocupação era a de 
combater uma epidemia que estava matando grande parte da população carioca. 
Entretanto, essa iniciativa não foi bem recebida pela população, que atacava os agentes da brigada sanitária e 
promoveu uma série de protestos que ficou conhecida como a “Revolta da Vacina”. Uma das causas da reação 
adversa da população foi o fato de que, para aplicar a vacina, os agentes sanitários viam os braços desnudos das 
moças, considerados objeto de desejo na época e, portanto, não podendo ser mostrado a estranhos. 
Pergunta-se: se Oswaldo Cruz pudesse ter recorrido a um cientista social, como ele poderia ter auxiliado? Analise 
sob o prisma da objetividade científica e da relação sujeito/objeto os fenômenos acima descritos. 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 02: 
QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
a) Buscar nas próprias experiências a explicação naturalizante dos 
comportamentos humanos. 
b) Estudar a realidade observada, segundo critérios científicos e 
metodológicos próprios . 
c) Tomar decisões fundamentadas no conhecimento de adágios e ditados. 
d) Fazer diferentes leituras, tomando por base o senso comum. 
e) Aceitar as explicações biológicas para as ações humanas em sociedade. 
A construção de um olhar sociológico se inicia com o estranhamento diante da realidade, ciente 
de que nossa visão é repleta de prenoções e juízos de valor. Tal postura recusa a interpretação 
das ações e das relações sociais com base no conhecimento do senso comum e possibilita a 
construção do conhecimento científico da sociedade. Identifique, nas opções apresentadas, a 
que corresponde ao conhecimento sociológico. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 03 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
Tema: A análise antropológica da cultura 
 
Objetivos: 
• Compreender o conceito de cultura como objeto de estudo privilegiado da análise antropológica. 
• Conhecer as práticas antropológicas utilizadas para categorizar comportamentos culturais. 
• Reconhecer a importância do principio de relativismo cultural, em contraposição ao etnocentrismo. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
I - O conceito de cultura 
 
• O conceito de cultura é uma preocupação intensa atualmente em diversas áreas do pensamento 
humano, no entanto a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão. 
• O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive 
Culture, formulou a seguinte definição: “cultura é todo complexo que inclui conhecimento, 
crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo 
homem na condição de membro da sociedade.” 
• Desde sempre os homens se preocuparam em entender por que outros homens possuíam 
hábitos alimentares, formas de se vestir, de formarem famílias ou de acessarem o sagrado de 
maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de 
diversidade cultural. 
ESTRUTURA DE CONTEÚDO 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
• Contudo, foi a partir da descoberta do “Novo Mundo”, nos séculos XV e XVI, que os europeus 
se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus e passaram a elaborar 
mais intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes. É fundamental 
lembrarmos que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos não europeus 
se espantavam com o ser diferente que chegava até eles desembarcando em suas praias e 
tomando posse de seu território. Existem relatos de povos que após a morte de um europeu 
em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição para ver 
se eram pessoas como eles. A diferença é que não temos contato com esses relatos dos 
povos não europeus para conhecermos a visão que eles tinham dos brancos. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
II - O olhar eurocêntrico sobre a cultura 
 
• Mas de onde surge a preocupação com o tema da cultura? Vamos posicionar nosso olhar. Toda construção 
científica nasce na Europa. A reflexão teórico-científica sobre a humanidade se iniciou neste ambiente e 
nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano de referência para todas as Ciências Humanas e Sociais é a 
do homem europeu e da sociedade europeia. No entanto, a partir dos esforços de conquista de outros 
continentes, os europeus “encontraram-se” com “seres” diferentes o suficiente para causarem 
estranhamento, mas “parecidos” o suficiente para produzirem o seguinte incômodo: serão estes seres, 
“humanos”? 
 
• A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que hoje 
denominamos África, América e Austrália, fizeram com que os europeus se questionassem sobre as 
características peculiares ao humano e as razões de tanta diferença entre os componentes de uma mesma 
espécie. O movimento pré-científico, que dominou o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é 
aquele que oscilava entre conceber o “diferente” ora como humano ora como não humano, provido ou 
desprovido de alma, bom ou mal selvagem etc. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
• Na ótica do “mal selvagem”, estes “humanos” eram vistos como perigosos, mais próximos 
aos animais, brutos, imbuídos de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma 
inteligência restrita, iludidos pela magia; enfim, seres limitados que precisavam ser 
“civilizados” pela cultura europeia. Assim entramos no século XIX. Os antropólogos estudam 
culturas “exóticas” buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo 
(cosmovisão). No entanto, eles não iam ao campo, não eram os antropólogos que 
experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos “selvagens”. 
• Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocadas para essas “tribos” e ali 
ficavam por um certo tempo, registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este 
material aos antropólogos que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias 
sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada “antropologia de gabinete”. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
III - A prática etnográfica 
 
• Na segunda metade do século XIX esta “metodologia” foi questionada; afinal, como falar 
sobre uma cultura que nunca se viu? Como descrever eventos que nunca se vivenciou? 
Assim cunhou-se a prática etnográfica que é a metodologia característica da Antropologia 
até os dias de hoje: o próprioantropólogo vai ao campo, entra no grupo, vivencia esta 
cultura diferente, deixa-se fazer parte deste dia a dia, registra esta vivência, retorna para sua 
própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro final desta experiência. 
Segundo François Laplantine, em Aprender Antropologia, a prática etnográfica consiste em 
“impregnar-se dos temas de uma sociedade, de seus ideais, de suas angústias. O etnógrafo é 
aquele que deve ser capaz de viver nele mesmo a tendência principal da cultura que estuda”. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
• No entanto, não é nada fácil vivenciar uma outra cultura diferente da nossa. Por quê? Não 
sentimos nossa cultura como uma construção específica de hábitos e costumes: pensamos que 
nossos hábitos e nossa forma de ver o mundo devem ser os mesmos para todos! Naturalizamos 
nossos costumes e achamos o do outro “diferente”. Diferente de quê? Qual é o padrão “normal” 
segundo o qual analisamos o “diferente”? 
 
• Geralmente estabelecemos a nossa cultura como o padrão, a norma. Assim tudo que é diferente 
é concebido como estranho e mesmo errado. Tal postura é o que denominamos etnocentrismo. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
V – Relativismo cultural 
 
 É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a 
lógica da vida do outro. 
 
Roberto da Matta, no texto “você tem cultura?” demonstra que “essa é a experiência 
antropológica, buscar compreender a lógica da vida do outro. Antes de cogitar se “aceitamos” ou 
não esta outra forma de ver o mundo, a Antropologia nos convida a compreendê-la e verificar 
que ao seu jeito, uma outra vida é vivida segundo outros modelos de pensamento e de 
costumes. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a 
propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
IV - Etnocentrismo 
 
• Segundo Everardo Rocha, em O que é Etnocentrismo, trata-se da “visão do mundo onde o 
nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e 
sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. 
No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano 
afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc. “. 
• Esse autor, Everardo Rocha, nos alerta, ao analisar o etnocentrismo, para a questão do 
choque cultural. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
Como ele afirma, “de um lado conhecemos o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta 
de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, 
mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em 
comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente nos deparamos 
com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou 
quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E mais grave ainda, este 
“outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e ainda que 
diferente, também existe. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
• O conceito de cultura, assim, permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. 
Precisamente diz que não há homens sem cultura, e permite comparar culturas e 
configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que 
inevitavelmente existiriam sociedades “superiores e inferiores”. 
 
• Cada sociedade humana conhecida é um espelho onde nossa própria existência se reflete.” 
(Roberto da Matta) 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MOURA, Solange Ferreira de (org.). Livro Didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade 
Estácio de Sá, 2013. (Capítulo 2, p. 32-43) 
 
Bibliografia Complementar: 
MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
QUESTÃO DISCURSIVA: 
Leia o texto abaixo e responda as questões propostas: 
Em 1883, Franz Boas foi estudar os esquimós e passou um tempo convivendo com eles. O autor fez as seguintes 
observações no seu diário: 
 “Frequentemente me pergunto que vantagens nossa “boa sociedade” possui sobre aquela dos “selvagens” e 
descubro quanto mais vejo de seus costumes, que não temos o direito de olhá-los de cima para baixo. Onde nosso 
povo poder-se-ia encontrar hospitalidade tão verdadeira quanto aqui ... Nós, “pessoas altamente educadas”, somos 
muito piores relativamente falando ... Creio que, essa viagem tem para mim uma influência valiosa, ela reside no 
fortalecimento do ponto de vista da relatividade de toda formação (...) “ (Trecho extraído do livro Antropologia 
Cultural/Franz Boas. Celso Castro (org). Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 2004). 
 
A) Identifique e explique que método antropológico foi utilizado pelo autor em sua pesquisa? 
B) Elabore uma análise sobre relativismo cultural a partir das observações feitas por Franz Boas. 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 03: 
QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
A noção de ‘etnocentrismo’ em Antropologia busca: 
a) Designar a ocorrência de uma imprecisão conceitual na teoria antropológica. 
b) Expressar o processo de observação dos valores da própria cultura como se 
fossem únicos ou superiores. 
c) Descrever a preeminência da relação entre os termos em qualquer análise 
antropológica. 
d) Apontar para o risco de suspensão moral das categorias de nossa própria 
cultura. 
e) Nomear o processo de construção de conceitos abstratos a partir das 
representações nativas. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 04 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
Tema: Diversidade cultural e globalização. A emergência do multiculturalismo 
 
Objetivos: 
• Entender a diversidade cultural como marca das sociedades humanas. 
• Analisar o processo de globalização e suas consequências. 
• Entender a importância do multiculturalismo no mundo contemporâneo. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
I - Diversidade cultural e globalização 
 
• Conforme estudado no capítulo anterior, em todas as sociedades humanas percebemos a 
existência de diversos hábitos, costumes, linguagem e estilos de vida. Essa multiplicidade de 
formas de ver, sentir e se inserir no mundo denomina-se diversidade cultural. 
 
• Por diversidade cultural compreendem-se as diferenças culturais que existem entre os seres 
humanos. Há vários tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuários e outras tradições como a 
organização da sociedade. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, 
características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou 
ambiente. (p. 44 do Livro Didático de Fundamentos das Ciências Sociais). 
ESTRUTURA DE CONTEÚDO 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
• Como consequência das grandes transformações verificadas com a expansão do processo de 
globalização nas últimas décadas, o mundo tornou-se, cada vez mais, marcado pela diversidade 
cultural e a convivência de diferentes formas de agir, de padrões culturais e de estilos de vida. 
• Esse processo, definido por Anthony Giddens como “a intensificação de relações sociais mundiais 
que unem localidades distantes de tal modo que os acontecimentos locais são condicionados por 
eventos que acontecem a muitas milhas de distância e vice-versa”, colocou em contato, 
principalmente através das tecnologias de mídia, povos e culturas distintas. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
• Contudo, devemosnotar que esse processo foi liderado pelos Estados Unidos da América, 
que impôs seu modelo de vida como o padrão a ser seguido pelos outros países, provocando 
movimentos contestatórios a esse domínio, denominados movimentos antiglobalização. 
Esses movimentos que buscam não apenas combater o domínio econômico e cultural norte-
americano, mas também propor novas formas de organização do mundo com base na 
valorização das diferenças étnicas e culturais entre os povos do planeta. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
II - Multiculturalismo 
 
• É no quadro acima descrito que se impõe a ideia de multiculturalismo, que preconiza a interação 
entre as diferentes culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. Desta forma, o 
multiculturalismo pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural, privilegiando o 
reconhecimento, valorização e incorporação de identidades múltiplas nas formulações de políticas 
públicas e nas práticas cotidianas. 
 
• Como apontado no Capítulo 2 do Livro Didático (ver bibliografia básica), “a despeito dos desafios 
impostos pelo mundo globalizado, é preciso que reconheçamos a necessidade do convívio em uma 
sociedade cuja realidade é multicultural. Para tanto, devemos, mais do que respeitar, valorizar as 
diferenças próprias de cada indivíduo”. 
 
• Neste sentido, lembramos as palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a 
americana Margaret Mead, que no prefácio de Sexo e Temperamento afirmou: “toda diferença é 
preciosa e precisa ser tratada com muito carinho”. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MOURA, Solange Ferreira de (org.). Livro Didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade 
Estácio de Sá, 2013. (Capítulo 2, p. 44-47) 
 
Bibliografia Complementar: 
MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
QUESTÃO DISCURSIVA: 
Leia o texto abaixo e responda as questões propostas: 
 
A eleição alemã de domingo colocou os primeiros negros, um ator e um químico, e uma muçulmana no Parlamento 
do país que, além de ser a capital industrial, também se afirma como o centro cultural da Europa. Eles estão entre os 
34 deputados de origem estrangeira eleitos, contra 21 do último pleito. Nascido no Senegal, o químico negro 
Karamba Diaby reconhece que sua eleição foi um fato histórico. Após ganhar uma bolsa de estudos, ele se 
mudou para a cidade de Halle, na antiga Alemanha Oriental, em 1986, para estudar química na parte comunista do 
país. Só em 2001, porém, Diaby recebeu a cidadania alemã. Ele afirma que a prioridade de seu mandato na Câmara 
dos Deputados será a igualdade de oportunidades de educação no país. - Toda criança nascida na Alemanha deve 
ter a chance de ser bem-sucedida na escola, independente do contexto cultural ou da renda de seus pais - disse ele, 
que tem 51 anos. Seu partido, o Social Democrata, teve 25,7% dos votos e é provável que faça algum tipo de aliança 
com a União Democrata Cristã de Angela Merkel. Já a muçulmana Cemile Giousouf e o ator negro Charles Huber 
vêm da legenda da chanceler reeleita. 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
Filho de um diplomata senegalês com uma alemã, Huber tem 56 anos e participou do filme americano de ficção 
científica de 1985, “Inimigo Meu”. A história trata de um terráqueo e de um alienígena cujas naves caem num mesmo 
planeta e para sobreviver, precisam se unir. Também da União Democrata, Cemile Giousouf, se transformou na 
primeira parlamentar muçulmana de seu partido. Nascida na Alemanha, de pais Gastarbeiter - em sua maioria 
trabalhadores turcos com visto temporário -, ela foi enviada para ser criada por um tio na Grécia e voltou após 
completar 2 anos. Nos dois países viveu como parte da minoria muçulmana, Marcado pelo passado nazista que 
acreditava numa raça superior de seres humanos, os arianos, o país registra avanços na tolerância: há três anos, a 
seleção alemã na Copa do Mundo apresentou um time composto por 11 jogadores de origem estrangeira e ficou em 
terceiro lugar no campeonato. (O Globo, 23/09/2013). 
 
A matéria acima descreve uma situação que retrata a emergência, na Alemanha, de fenômeno cultural 
contemporâneo. 
A) Identifique e explique o fenômeno acima evidenciado. 
B) Cite, pelo menos, dois exemplos de ações na sociedade brasileira em que se verifique a preocupação com o 
reconhecimento desse fenômeno. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
(adaptada do ENADE 2009) 
"O movimento antiglobalização apresenta-se, na virada deste novo milênio, como uma das 
principais novidades na arena política e no cenário da sociedade civil, dada a sua forma de 
articulação/atuação em redes com extensão global. Ele tem elaborado uma nova gramática no 
repertório das demandas e dos conflitos sociais, trazendo novamente as lutas sociais para o 
palco da cena pública e a política para a dimensão, tanto na forma de operar, nas ruas, 
como no conteúdo do debate que trouxe à tona: o modo de vida capitalista ocidental 
moderno e seus efeitos destrutivos sobre a natureza (humana, animal e vegetal). 
GOHN, 2003” 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 04: 
QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
É correto afirmar que o movimento antiglobalização referido nesse trecho: 
 
A) Cria uma rede de adesão ao processo de globalização, expressa em atos de 
desobediência civil e propostas alternativas à forma atual da globalização, 
considerada como o principal fator da exclusão social existente. 
B) Defende um outro tipo de globalização, baseado na solidariedade e no respeito 
às culturas, voltado para um novo tipo de modelo civilizatório, com 
desenvolvimento econômico, mas também com justiça e igualdade social. 
C) É composto por atores sociais tradicionais, veteranos nas lutas políticas, 
acostumados com o repertório de protestos políticos, envolvendo, especialmente, 
os trabalhadores sindicalizados e suas respectivas centrais sindicais. 
D) Aceita as imposições de um mercado global, uno, voraz, além de contestar os 
valores impulsionadores da sociedade capitalista, alicerçada no lucro e no 
consumo de mercadorias supérfluas. 
E) Não se utiliza de mídias, tradicionais e novas, de modo relevante para 
suas ações com o propósito de dar visibilidade e legitimidade mundiais ao 
divulgar a variedade de movimentos de sua agenda. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 05 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
Tema: O contexto histórico da formação da Sociologia: Iluminismo, Revolução Francesa e 
Revolução Industrial. 
 
Objetivos: 
• Descrever o contexto histórico da formação do Estado burguês, cujas bases científicas e 
filosóficas encontram-se na Revolução Científica e no Iluminismo. 
• Estudar a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, com vistas a perceber sua importância 
para a formação do mundo moderno. 
• Compreender o contexto histórico do surgimento das primeiras análises sociológicas, em 
especial o darwinismo social. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
I- O Iluminismo: a base filosófica da criação do Estado burguês 
 
• Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passa a ser cada vez mais 
abordada como uma problemática maior para os adeptos da "filosofia das luzes". A partir 
daí, estabelece-se importante discussão para a compreensão da vida em sociedade: a 
passagem do “estado de natureza” para o “contrato social”. 
 
• Segundo Marilena Chauí, em Convite à Filosofia, o conceito de estado de natureza tem a 
função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. Duas 
foram as principais concepçõesdo estado de natureza: 
ESTRUTURA DE CONTEÚDO 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
II - Os contratualistas 
 
• A concepção de Hobbes (no século XVII), segundo a qual, em estado de natureza, os 
indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos 
ou "o homem lobo do homem". Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande 
medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as 
armas e cercaram as terras que ocupavam. 
 
• Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais 
fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias, a posse não tem 
reconhecimento e, portanto, não existe; a única lei é a força do mais forte, que pode tudo 
quanto tenha força para conquistar e conservar. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• Na concepção de Rousseau (no século XVIII), segundo a qual, em estado de natureza, os indivíduos 
vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a Natureza lhes dá, desconhecendo lutas e 
comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse 
estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, 
termina quando alguém cerca um terreno e diz: "É meu". A divisão entre o meu e o teu, isto é, a 
propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de 
natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos. 
 
• O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção 
do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força. Para fazer 
cessar esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidem passar à sociedade civil, 
isto é, ao Estado Civil, criando o poder político e as leis. A passagem do estado de natureza à 
sociedade civil se dá por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciam à liberdade 
natural e à posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um terceiro – o 
soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social 
funda a soberania. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• Outro autor importante para a formação do pensamento burguês foi John Locke, pioneiro do 
pensamento político liberal. 
• Para esse autor, o Estado existe a partir do contrato social. Tem as funções que Hobbes lhe 
atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da propriedade. 
• Dessa maneira, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais 
do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário 
graças ao seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade. 
• O burguês não se reconhece apenas como superior social e moralmente aos nobres, mas 
também como superior aos pobres. De fato, se Deus fez todos os homens iguais, se a todos deu a 
missão de trabalhar e a todos concedeu o direito à propriedade privada, então, os pobres, isto é, 
os trabalhadores que não conseguem se tornar proprietários privados são culpados por sua 
condição inferior. São pobres, não são proprietários e são obrigados a trabalhar para outros seja 
porque são perdulários, gastando o salário em vez de acumulá-lo para adquirir propriedades, 
seja porque são preguiçosos e não trabalham o suficiente para conseguir uma propriedade. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
III - As revoluções burguesas 
 
• Foi neste contexto que a Europa viu acontecer muitas e importantes mudanças no cenário político, 
econômico e social, como as Revoluções Francesa e Industrial. 
 
• Essas revoluções formaram, assim, a base do Estado moderno. Por isso, o que se chama 
normalmente de revolução burguesa é o processo pelo qual o sistema capitalista passou a 
dominar a vida humana. Burguesia é a classe social surgida no mundo feudal da Idade Média 
europeia. Originalmente são os artesãos de diversos ofícios e os comerciantes que se concentram 
em locais que virão a serem as cidades medievais. A palavra burguês significa homem do burgo, 
isto é, da cidade medieval. Era, pois, uma classe citadina que se formava e que trazia um modo de 
produção diferente, baseado na exploração do trabalho como fonte de riqueza. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• É interessante observar que a palavra alemã Bürger, homem do burgo, da cidade, pode 
significar burguês ou cidadão. O Código Civil alemão (BGB), tão importante para os estudos 
jurídicos, significa livro de leis do cidadão. 
 
• A revolução burguesa é um processo europeu que se estendeu pelo mundo inteiro. Embora 
países como a Holanda e Portugal tenham vivenciado o capitalismo mercantil antes, 
Inglaterra e, depois, França mergulharam nessa sucessão de transformações sociais que 
marcaram a transformação radical da vida social humana. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
III.1 - A Revolução Francesa 
 
• Esse movimento revolucionário é adotado como uma referência histórica da revolução burguesa 
que se processava pelo mundo ocidental. 
• A França do final do século XVII vivia sob o regime da Monarquia Absolutista. Em 5 de maio de 
1789 o rei Luís XVI inaugura os Estados Gerais, em Versailles (símbolo do poder real). Os três 
estados eram as representações dos estratos que compunham a sociedade, o primeiro deles a 
nobreza, o segundo, o clero e o terceiro o povo. Neste último estavam incluídos a burguesia 
urbana, os artesãos, os camponeses, todos, enfim, que não cabiam entre os outros dois estados. 
• A burguesia era a classe social hegemônica no terceiro estado. 
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AULA 05: 
• O povo pobre de Paris era conhecido como os sans-culottes. Tinham este nome porque não usavam os 
culotes, calças até pouco abaixo dos joelhos, vestimenta característica dos pertencentes aos estratos mais 
abastados. Eram, antes de tudo, igualitários; mas não eram hostis à propriedade. Seu ideal era uma 
sociedade de pequenos produtores e de pequenos proprietários livres. 
• Em maio de 1789 o rei Luís XVI, pressionado pelas reivindicações da classe burguesa emergente e pelos 
sans-cullotes, convocou a Assembleia dos Estados Gerais, o Parlamento Francês, dominado pelo monarca 
absoluto, para discutir a grave crise econômica que se instalara. 
• Nessa assembleia, a burguesia e os sans-cullotes decidiram romper com o Rei. Em episódio conhecido, 
invadiram a prisão política da Bastilha que simbolizava o poder do Estado, 
• O Rei foi preso e condenado à morte, pondo fim ao Antigo Regime. A Revolução Francesa e os processos 
sociais ligados a ela permitiram que a humanidade olhasse a sociedade como objeto da ciência. 
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AULA 05: 
III.2 Revolução Industrial e o Neocolonialismo 
 
• O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial e pelo Neocolonialismo, cujas 
consequências se projetaram para os séculos XX e XXI. 
• No plano político e econômico o termo revolução é usado para expressar um movimento de 
transformação que, na visão dos seus protagonistas, traz transformações significativas, 
positivas e benéficas para a sociedade. 
• De fato, as revoluções trazem grandes transformações e com a revolução industrial não 
poderia ter sido diferente. Tais transformações já se fizeram presentes na transição do 
feudalismo para o capitalismo. 
• O desenvolvimento industrial se fez acompanhar pelo desenvolvimento científico, que por 
sua vez impulsionou ainda mais a indústria em função de descobertas e invenções. Nos 
centros urbanos europeus respirava-se desenvolvimento e acreditava-se que a tecnologia e a 
máquina resolveriam todos os problemas do homem. A indústria cresceu e com esse 
crescimentovieram as crises de produção porque a superprodução não era acompanhada 
pelo consumo. A solução para a crise de consumo foi encontrada no neocolonialismo ou 
imperialismo do século XIX. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• Diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, o neocolonialismo representou nova etapa 
do capitalismo, do momento em que as nações europeias saíram em busca de matérias-
primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e 
de mão-de-obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a África e a Ásia, que foi 
partilhada entre as nações europeias. A América escapou desse colonialismo porque se 
tornara independente pouco antes. Porém, se não foi dominada politicamente pela Europa e 
pelos EUA, o foi economicamente, pois dependia dos banqueiros e do capital industrial 
europeu. Naquela época, por exemplo, grupos franceses e ingleses iniciaram a exploração 
da borracha na região amazônica porque era mais barato produzir aqui e exportar para a 
Europa e para os EUA: afinal, aqui se encontrava a matéria-prima, a mão-de-obra barata e o 
favorecimento governamental. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• A África e a Ásia foram o cenário onde atuou uma infinidade de cientistas e religiosos que 
assumiram o fardo do homem branco. Na Índia, por exemplo, qualquer membro da raça 
branca era tido como membro da classe dos amos e senhores, respeitado e reverenciado. 
Situações semelhantes fizeram o fundador da República do Quênia, na segunda metade do 
século XX, referir-se assim à dominação imperialista: "Quando os brancos chegaram, nós 
tínhamos as terras e eles a Bíblia; depois eles nos ensinaram a rezar; quando abrimos os 
olhos, nós tínhamos a Bíblia e eles as terras". 
• Todas as tentativas de reação por parte das nações dominadas pelos impérios europeus 
foram enfrentadas com o uso das armas por parte das nações europeias. 
• Nem a China ficou de fora da corrida imperialista: foi dominada economicamente e teve 
territórios ocupados pelos japoneses. 
• Foi neste cenário de expansão imperialista que surgem inéditas tentativas de explicação da 
realidade social. A primeira delas, como veremos a seguir, foi o chamado darwinismo social. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
IV - O darwinismo social 
 
• Foi também nessa época que se desenvolveu a teoria de Charles Darwin sobre a evolução e 
adaptação das espécies. 
• Darwin foi um naturalista britânico que alcançou destaque no meio acadêmico ao desenvolver a 
teoria da evolução da vida na Terra. Em seu livro publicado em 1859, A Origem das Espécies, ele 
introduziu a ideia de evolução a partir de um processo aleatório de seleção natural. Este princípio 
se tornaria a explicação científica dominante para a diversidade das espécies no mundo natural. 
• Nesta obra, em consonância com o espírito da época, Darwin defendeu a noção de variação 
gradual dos seres vivos graças ao acúmulo de modificações pequenas, sucessivas e favoráveis e 
não por modificações extraordinárias surgidas repentinamente. Nessa obra Darwin apresentou o 
núcleo da sua concepção evolutiva: a seleção natural ou a persistência do mais capaz; com o 
passar dos séculos, a seleção natural eliminaria as espécies antigas e produziria novas espécies. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• Logo as teses de Darwin estavam sendo discutidas em todo o meio científico e o próprio 
liberalismo econômico adotou o pressuposto da competição. Ao defender a propriedade 
privada, o liberalismo postula que todo homem compete em igualdade no acesso à 
propriedade privada. Aquele que não a conquista, não o faz porque é vicioso ou preguiçoso. 
É claro que essa tese, presente em nossas mentes até hoje, interessava e interessa à 
manutenção do domínio da classe burguesa. 
• Se o liberalismo apropriou-se do conceito de competição, de Charles Darwin, não foi o 
único. Logo surgiu o Darwinismo Social. 
• O filósofo inglês Herbert Spencer foi o principal representante dessa corrente nas ciências 
humanas. Ele especulava sobre a existência de regras evolucionistas na natureza antes de 
seu compatriota, o naturalista Charles Darwin, que foi o autor da teoria da evolução das 
espécies. É dele a expressão "sobrevivência do mais apto", muitas vezes atribuída a Darwin. 
Os princípios do darwinismo social foram construídos a partir da obra de Spencer. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
• Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos 
mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o 
desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os homens. 
É claro que o Darwinismo Social serviu para justificar a ação imperialista das nações europeias. 
• Foi nesse cenário de constantes conflitos sociais, políticos, econômicos e religiosos, cenário 
marcado pela industrialização e pelo cientificismo, que nasceu a Sociologia. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MOURA, Solange Ferreira de (org.). Livro Didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade 
Estácio de Sá, 2013. (Capítulo 2, p. 49-75) 
 
Bibliografia Complementar: 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução a filosofia. 3. 
ed. São Paulo: Moderna, 2005. 
CHAUÍ Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. 
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. ampliada e 
revista. São Paulo: Moderna, 2011. 
Site: mundodosfilosofos.com.br 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
QUESTÃO DISCURSIVA: 
“Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa chance de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar 
trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para 
ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o 
instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao 
propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês." (Cecil Rhodes, colonizador britânico). 
 
O texto acima evidencia uma forma de pensamento e uma visão de mundo dos europeus típica do século XIX. 
Indaga-se : 
(i) Como eram vistas as sociedades não europeias com as quais os europeus entraram em contato a partir do 
neocolonialismo no século XIX? 
(ii) Qual a forma de pensamento embasava essa visão e que papel esse tipo de pensamento exerceu no contexto em 
que foi utilizado? 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 05: 
QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
Selecione as afirmativas que indicam o contexto histórico, social e filosófico que possibilitou a 
gênese da Sociologia. 
I – A Sociologia é um produto das revoluções francesa e industrial e foi uma resposta às novas 
situações colocadas por estas revoluções. 
II – Com o desenvolvimento do industrialismo, o sistema social passou da produção de guerra 
para a produção das coisas úteis, através da organização da ciência e das artes. 
III – O pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII contribuiu para popularizar os avanços 
científicos, sendo a Teologia a forma norteadora desse pensamento. 
IV – A formação de uma sociedade que se industrializava e se urbanizava em ritmo crescente 
propiciou o fortalecimento da servidão e da família patriarcal. 
 
Assinale a alternativa correta: 
 
a) III e IV. 
b) I, II e III. 
c) II, III e IV. 
d) I e II. 
e) II e IV. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 06 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
Tema: O positivismo de Augusto Comte.Objetivos: 
Entender a Lei dos Três Estados, base da filosofia social de Augusto 
Comte. 
Conceituar e problematizar a ideia de evolução social, ordem e 
controle social. 
Compreender a importância e influência da corrente positivista na 
sociedade brasileira. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
I - O Positivismo 
Auguste Comte (1798-1857) 
“O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim” 
 
• A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento 
sociológico foi o positivismo; a primeira a definir precisamente o 
objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. 
Além disso, o positivismo, ao definir especificidade do estudo 
científico da sociedade, conseguiu distinguir-se de outras ciências 
estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade. Seu 
primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador 
Augusto Comte. 
ESTRUTURA DE CONTEÚDO 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
• O positivismo derivou-se do “cientificismo”, isto é, da crença no poder 
exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la 
sob a forma de leis naturais. 
• Essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza 
como um todo e do próprio universo. Se o conhecimento e o método 
científico utilizado pelos cientistas das ciências naturais (sobretudo na 
Biologia e Física) era válido para explicar e interferir nos fenômenos da 
natureza, assim também, estes poderiam ser utilizados para explicar e 
interferir nos fenômenos sociais. A estes preceitos, para os sociólogos 
modernos, deu-se, como vimos na aula anterior, o nome de Darwinismo 
Social. 
• É importante situar o desenvolvimento do pensamento positivista no contexto 
histórico do século XIX. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
• A expansão da Revolução Industrial pela Europa, obtida pelas revoluções burguesas 
que atingiram todos os países europeus até 1870, trouxe consigo a destruição da 
velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade capitalista. 
• O processo de consolidação do capitalismo colocou em evidência os mais diversos 
problemas da estrutura societária emergente. Vários pensadores sociais irão 
procurar refletir sobre as alterações na realidade social, na tentativa de 
compreendê-la, analisá-la e até mesmo, propor soluções. 
• O pensador francês Augusto Comte (1798-1857) foi um desses filósofos sociais, 
sistematizando a primeira corrente teórica do pensamento sociológico: o 
positivismo. Essa corrente teórica foi a primeira a definir precisamente o objeto, a 
estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Além disso, o 
positivismo, ao definir a especificidade do estudo científico da sociedade, 
conseguiu distinguir-se de outras ciências estabelecendo um espaço próprio à 
ciência da sociedade. O positivismo caracterizava-se pela suposição de que o saber 
científico é superior ao saber filosófico (dito metafísico por Comte) e ambos são 
superiores ao saber religioso (chamado teológico) 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
II - A lei dos três estados 
O Positivismo refletiu o entusiasmo burguês pela consolidação capitalista 
por meio do desenvolvimento industrial e científico. Comte devotou-se à 
Sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da 
sociedade. Ele acreditava que sua principal contribuição foi a teoria de que 
a humanidade passou por três estágios de evolução histórica, cultural e de 
desenvolvimento intelectual: o teológico, o metafísico e o positivo. 
• Para ele, “as ideias conduzem e transformam o mundo e é a evolução 
da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. O espírito 
humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente 
por três estados: “ 
(i) teológico ou “religioso”: explica os fatos por meio de vontades 
análogas à nossa vontade (a tempestade. p.e., será explicada por um 
capricho do Deus dos ventos, Êolo): Este estado evolui ao fetichismo, 
politeísmo e ao monoteísmo. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
(ii) metafísico: substitui os deuses por princípios abstratos como “o horror do 
vazio” por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, p.e., será explicada 
pela virtude dinâmica do ar. São igualmente metafísicas as tentativas de 
explicação dos fatos biológicos que partem do “princípio vital”, assim como as 
explicações das condutas humanas que partem da noção de “alma”. 
(iii) positivo: é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e 
procura responder aos últimos “porquês”. “Contentar-nos-emos em descrever 
como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem 
matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns aos outros. Tal 
concepção influencia diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas 
da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o 
fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, 
transformar o segundo - Ciência donde previsão. previsão donde ação”. 
(Primeira Lição do Curso de Filosofia Positiva, A. Comte) 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
• Comte procurou completar o estágio positivo ao criar a mais 
complexa de todas, a Sociologia como ciência. 
• Os traços mais marcantes do Positivismo são certamente a 
excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a 
exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação 
ao desenvolvimento e progresso da humanidade. 
• É importante ressaltar o estudo das mudanças sociais em sua obra. 
Para ele, era necessário resolver a crise social que se apresentava 
não apenas na França, mas também em toda Europa. Ele 
preconizava uma nova ordem social, combinando ordem e 
progresso. 
• Para tal, valendo-se de raciocínio análogo à Física, ele identifica dois 
movimentos na sociedade: a estática social e a dinâmica social. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
III - Estática Social e Dinâmica Social 
 
Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica. A primeira 
estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si 
mesma, em qualquer tempo e lugar. Três instituições sempre são 
necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo 
(condição de vida social). A propriedade (que permite ao homem produzir 
mais do que para as suas necessidades egoístas imediatas; isto é, fazer 
provisões, acumular um capital que será útil a todos), a família 
(educadora insubstituível para o sentimento de solidariedade e respeito 
às tradições), a linguagem (que permite a comunicação entre os 
indivíduos e, sob a forma de escrita, a constituição de um capital 
intelectual, exatamente como a propriedade cria um capital material). 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
• A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: 
do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual, do 
estado militar ao industrial na ordem prática, do estado de egoísmo 
ao de altruísmo na ordem afetiva. A ciência que prepara a união de 
todos os espíritos concluirá a obra de unidade (que a Igreja católica 
havia parcialmente realizado na Idade Média) e tornará o altruísmo 
universal, "planetário". 
• Vê-se que é sobre a Sociologia que vem articular a mudança de 
perspectiva, a mutação que faz do filósofo um profeta. A Sociologia, 
cuja aparição dependeu de todas as outras ciências tornadas 
positivas, transformar-se-á na política que guiará as outras ciências, 
"regenerando, assim, por sua vez, todos os elementos que 
concorreram para sua própria formação". Assim é que, em nome da 
"humanidade", a Sociologia regerá todas as ciências. 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 06: 
• A ciência positiva deveria ser 
• “... fundada em observações e igualmente sensível de outro

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