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Direito e Moral

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO – 16/09/2014 
DIREITO E MORAL
1
. 
 
Algum de vocês já se perguntou qual é a relação existente entre Direito e Moral? Muitas 
vezes dizemos que uma lei é imoral ou que não é moralmente correto fazer algo, embora 
esteja permitido pela lei. Por que isso ocorre? Quais as semelhanças e distinções entre a esfera 
do Direito e da Moral? 
 
Em primeiro lugar precisamos definir em linhas gerais o que é a moral (alguns conceitos ou 
definições do que é direito já estudamos nas aulas anteriores). 
 
Sabe-se a expressão vem do latim (mores = costume, modo de agir) e significa um conjunto 
de convicções ou crenças de uma pessoa, de um grupo ou da sociedade, sobre o que considera 
certo ou errado, bem ou mal. Essas crenças que dirão o que é certo ou errado, bem ou mal, 
podem ser oriundas da religião, da cultura, dos costumes de cada pessoa, povo ou lugar, 
sendo, portanto, bastante flexíveis e variáveis. O que a maior parte da sociedade brasileira 
entende que seja imoral (ou contrário à moral) não é o mesmo que a sociedade chinesa ou 
holandesa pensa sobre a mesma coisa. Um exemplo: no Brasil considera-se imoral o aborto ou 
a eutanásia. Em outros países não funciona assim. Mesmo dentro da sociedade brasileira as 
opiniões são muito divergentes, já que cada um adota sua concepção valorativa, ideológica ou 
religiosa sobre o ponto. Prossigamos, pois precisamos começar a responder às questões 
formuladas acima. 
 
Existem semelhanças e diferenças entre o Direito e a Moral. 
 
A principal semelhança é que tanto um quanto outra buscam, de alguma forma, regular o 
comportamento humano e podem acarretar sanções (punições) caso suas regras sejam 
descumpridas. Não se preocupe em compreender isso por ora. 
 
Vejamos algumas diferenças entre o Direito e a Moral, extraídas de um livro sobre o tema, 
para que fique claro esse assunto. São elas: 
 
 
 
1
 O texto foi preparado como material de estudo para a prova A1. Serve exclusivamente como roteiro de estudo. 
Esta matéria ainda será exposta detalhadamente com o acréscimo de comentários a serem feitos em sala de aula. 
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO – 16/09/2014 
1) Finalidade ou aspecto da vida que é regulado. 
As regras morais objetivam o aperfeiçoamento do individuo; as regras jurídicas apenas 
facilitam o convívio social, procurando prevenir e solucionar conflitos. Por tal razão, as 
normas morais regulam principalmente a conduta interna da pessoa, e o direito interessa-se 
pelo comportamento externo e não pelos motivos da ação humana ou pelo pensamento. 
Em primeiro lugar, o direito não proíbe pensamentos “pecaminosos” ou “imorais” nem se 
interessa em saber por qual motivo o individuo decidiu respeitar a regra jurídica. Quem decide 
não matar outra pessoa por amor ao próximo está tão dentro da lei quanto aquele que decide 
não cometer o homicídio simplesmente porque tem medo da pena ou de ser descoberto. Isso 
não significa que a intenção da pessoa seja algo irrelevante para o direito, mesmo porque é 
justamente a intenção que distingue um crime doloso (com intenção) de um crime culposo 
(sem intenção), por exemplo. A questão é que a simples intenção ou pensamento imoral, sem 
ser externalizado através de uma ação ou comportamento não pode ser reprovado pelo direito. 
 
Em segundo lugar, o direito desinteressa-se pelos atos do individuo que não criam problemas 
aos demais ou a ordem pública. O direito só reprova e sanciona comportamentos que causam 
problemas sociais, porque contrariam as regras da convivência ou afetam diretamente os 
direitos dos demais indivíduos e os interesses da coletividade. Exemplo: alguém que não toma 
banho todos os dias agride um direito exclusivamente próprio ou também ataca um direito de 
outra pessoa? Se a resposta for que esse costume individual não afeta mais ninguém e sim 
unicamente a própria saúde, então o Direito não deve se ocupar em obrigar que as pessoas 
tomem banho todos os dias. Fica a cargo de cada sujeito cuidar de sua própria higiene, sem 
que o Estado nos puna caso decidamos não fazê-lo adequadamente. 
Essa primeira divergência entre o Direito e a Moral, portanto, diz respeito ao aspecto da vida 
humana que é regulado, ou a finalidade de um ou outro ordenamento. Enquanto o Direito 
ocupa-se e destina-se exclusivamente à regulação do aspecto externo ou exterior da vida 
humana, mais propriamente as ações que causem algum problema a outrem, a Moral se 
preocupa também com o fator interno, com os pensamentos, sentimentos, etc. 
 
2) Fonte e critério de reconhecimento. 
A segunda diferença entre o Direito e a Moral diz respeito à sua fonte e seu critério de 
reconhecimento. 
De onde emanam as regras morais? Quais são as suas fontes ou origens? Podemos dizer que 
as regras morais advêm das convicções dos membros da sociedade ou dos mandamentos de 
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO – 16/09/2014 
uma autoridade (religião, razão, cultura) e seu critério de reconhecimento (ou sua 
obrigatoriedade) deriva da sua aceitação por um indivíduo ou grupo de pessoas. Uma regra 
moral pode partir da religião e somente será considerada obrigatória se ela for internalizada, 
isto é, aceita por uma pessoa como sendo algo que deve ser respeitado porque é o certo, ou a 
conduta correta que deve ser seguida, independente dela ser obrigada ou não fazer aquilo. Por 
isso se diz que a Moral é autônoma, porque, afinal de contas, cada indivíduo escolherá e 
elaborará as leis morais que o governarão, quando decide, por exemplo, se filiar ou não a uma 
religião ou seita. Exemplo: muitas pessoas consideram o adultério como ato imoral; outros 
como direito do indivíduo. Aliás, existem países nos quais um homem pode se relacionar com 
várias mulheres (bigamia ou poligamia). Essa disparidade repercute na caracterização moral 
do ato. Só pode qualificar a conduta do adúltero como imoral quem considera o adultério 
como moralmente reprovável. Por isso a moral é autônoma. Quem se submete à ela é o 
próprio indivíduo, por sua aceitação voluntária e espontânea àquela moralidade. 
 
Já com o Direito se passa o contrário. Sua única fonte é o Estado. É o Estado que cria o 
Direito e para que esse Direito seja reconhecido não é necessária a aceitação do indivíduo. 
Ninguém lhe perguntou se você concordava com a punição do aborto, da eutanásia ou do 
adultério. E, no entanto, não se pode negar que aborto (fora das hipóteses em que a lei 
permite) é crime, assim como a eutanásia, e o adultério não é mais crime desde 2005, quando 
foi revogado pela lei. E por tal razão a avaliação de uma conduta como “legal” ou “ilegal” é 
objetiva. Em outras palavras, as normas jurídicas identificam-se por meio do critério de 
validade formal. Assim, a avaliação do adultério como legalmente permitido ou proibido é 
objetiva, dependendo do direito posto em vigor e não da opinião de cada pessoa. Mesmo 
quem rejeita os regulamentos jurídicos com argumentos políticos ou morais reconhece 
objetivamente seu conteúdo. Por isso o Direito é heterônomo, ou seja, deriva de uma outra 
fonte que não o próprio indivíduo (hetero = outro, alheio), mas sim do Estado criador das leis. 
 
3) Tipos de sanções ou punições em caso de descumprimento 
As sanções morais são difusas e informais. Não podem ser aplicadas mediante coerção ou 
recurso à força. A moral pressupõe a vontade da pessoa de agir de determinado modo. Seria 
contrário à finalidade da moral constranger uma pessoa a respeitá-la. Se uma pessoa foi 
constrangida a fazer ou deixar de fazer algo isso deixa de se configurar um dever moral e se 
torna um dever jurídico. O cidadão pode até ser reprovado moralmente caso deixe de tomarbanho, mas não haverá ninguém que possa submetê-lo, à força, a tomar um banho. Um 
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO – 16/09/2014 
exemplo de reprovação moral seria o fato de as pessoas evitarem o convívio com aquele 
sujeito, por exemplo. 
Se analisarmos os fatos que se passam em geral na sociedade ou os que nos cercam em nossa 
vida cotidiana, verificamos que há regras sociais que cumprimos de maneira espontânea. 
Outras regras existem, todavia, que os homens só cumprem em determinadas ocasiões, porque 
a tal são coagidos. Há, pois uma distinção a fazer-se quanto ao cumprimento espontâneo e o 
obrigatório ou forçado das regras sociais. 
A qual dessas categorias pertencerá a Moral? Podemos dizer que a Moral é o mundo da 
conduta espontânea, do comportamento que encontra em si próprio a sua razão de existir. O 
ato moral implica a adesão do espírito ao conteúdo da regra. Só temos, na verdade, Moral 
autêntica quando o indivíduo, por um movimento espiritual espontâneo realiza o ato 
enunciado pela norma. Não é possível conceber-se o ato moral forjado, fruto da força ou da 
coação e, portanto, é correto afirmar que a moral é incoercível. 
 
As sanções jurídicas são, ao contrário, fixas, formais e, se for necessário, aplicam-se por meio 
de coação física. O Estado pode obrigar as pessoas a respeitar determinadas ordens e agir 
dentro de certos limites, independentemente da vontade ou opinião de cada ser humano. Por 
isso se diz que o Direito é coercível ou dotado de coercibilidade (capacidade de coerção), 
enquanto a moral é incoercível, ou seja, ninguém pode ser obrigado à força a respeitar uma 
regra moral. Já no mundo do direito se a pessoa, por exemplo, deixa de pagar pensão a seus 
pais ou filhos necessitados, ela poderá ser obrigada ao pagamento pela força ou coerção 
porque, além de ter seus bens penhorados vendidos, pode chegar até a ser presa! Esse 
instrumento de coerção do qual é o direito dotado é mais um fator que o distingue da moral 
que não dispõe desses instrumentos ou medidas de força (coercibilidade) para que seja 
respeitada. 
 
4) Bilateralidade atributiva ou possibilidade de exigir o cumprimento de um dever. 
Imaginemos que um homem abastado, ao sair de sua casa, se encontre com um velho amigo 
de infância que, levado à miséria, lhe solicita um auxílio de dez reais. O homem, no entanto, 
recebe uma recusa formal e até mesmo violenta de seu amigo. Em seguida, a mesma pessoa 
pega táxi para ir a determinado lugar. Ao terminar o percurso, o taxista cobra os mesmos 10 
reais. A diferença de situação é muito grande entre o taxista que cobra dez reais e o amigo que 
solicitava a mesma importância. Em ambas ocorre a chamada bilateralidade, ou seja, existe 
um dever que liga as duas pessoas (no primeiro caso, do amigo, um dever moral de ajuda dos 
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO – 16/09/2014 
necessitados e, no segundo caso, do taxista, um dever jurídico de pagar pelo serviço utilizado 
do taxista). No entanto, só o dever jurídico é dotado de atributividade, ou seja, da 
possibilidade de ter o seu cumprimento exigido caso seja descumprido. Ninguém pode 
processar outra pessoa caso ela não lhe dê 10 reais por misericórdia, mas um taxista que não 
recebe por uma corrida poderá reclamar sua pretensão de recebimento da quantia pelas vias 
ordinárias colocadas à disposição pelo Estado. No primeiro caso, não há laço de exigibilidade, 
o que não acontece no segundo, pois o taxista pode exigir o pagamento da tarifa. Eis aí 
ilustrado como o Direito trata uma relação entre duas ou mais pessoas, segundo certa ordem 
objetiva de exigibilidade. Quando um fato social apresenta esse tipo de relacionamento 
dizemos que ele é jurídico. 
 
Bons estudos!! 
Qualquer dúvida estou à disposição!

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