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Diabetes Gestacional Introdução Diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como qualquer nível de intolerância a carboidratos, resultando em hiperglicemia de gravidade variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. Sua fisiopatologia é explicada pela elevação de hormônios contrarreguladores da insulina, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e a fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais). O principal hormônio relacionado com a resistência à insulina durante a gravidez é o hormônio lactogênico placentário, contudo, sabe-se hoje que outros hormônios hiperglicemiantes como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina também estão envolvidos. A incidência de DMG é de 3% a 7%, variando de acordo com a população estudada e com os critérios diagnósticos utilizados. Nos Estados Unidos, são diagnosticados 135.000 novos casos por ano, tendo uma prevalência de 1,4% a 2,8%, nas populações de baixo risco e de 3,3% a 6,1%, nas populações de alto risco. No Brasil, estima-se prevalência de 2,4% a 7,2%, dependendo do critério utilizado para o diagnóstico. Conceito A OMS em 1999 e ADA em 2000 conceituaram diabetes gestacional como a intolerância a carboidratos, em qualquer grau, identificado durante o período gestacional, podendo ou não persistir depois do parto. Diabetes “gestacional” implica em uma doença induzida pela gestação, provavelmente, devido as grandes mudanças fisiológicas ocorridas nesse período. A gestação constitui um momento oportuno para o rastreamento do diabetes e pode representar a grande chance de detecção de alterações da tolerância à glicose na vida de uma mulher. Os efeitos adversos para a mãe e para o concepto podem ser prevenidos/atenuados com orientação alimentar e atividade física e, quando necessário, uso específico de insulina. Os sintomas decorrentes de hiperglicemia acentuada incluem perda inexplicada de peso, poliúria, polidipsia, polifagia e infecções. O diabetes é responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal e malformações congênitas. Definição Diabetes gestacional é formalmente definido como “qualquer grau de intolerância a carboidratos, de graus variados de intensidade, com início ou reconhecimento durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto.”. Essa definição permite afirmar que pacientes poderiam ter diabetes mellitus não diagnosticada prévia a gestação, ou que desenvolveu durante esse período. Mas isso é irrelevante para o diagnóstico. 2.1 Diabete Gestacional. Diabetes diagnosticada durante a gestação, podendo se dividir em: Diabetes Mellitus Precoce: identificado na primeira metade da gestação Diabetes Mellitus Gestacional: identificado durante a fase tardia da gestação. 2.2 Diabetes Clinico. Pacientes que tinham conhecimento da doença antes da gravidez. 3. Perspectiva Histórica Antes do século vinte era raro o diabetes gestacional, 40% das diabéticas que engravidavam morriam durante o período gestacional ou dentre os dois próximos anos, A morbidade fetal excedia a 50%, 3.1. No ano de 1921: Descoberta da INSULINA Mudança radical do cenário Retorno à fertilidade Redução dramática da mortalidade materna em 2.3% Diminuição da mortalidade perinatal. No ano de 1930: Parto eletivo diminuindo a mortalidade perinatal No ano de 1949: Individualização da gestação determinando o controle materno e determinando o momento do parto, diminuindo a mortalidade perinatal. Nos anos de 1950 & 1960: Redução de até 20% da mortalidade perinatal Após o ano de 1960: Melhorias no acompanhamento e tratamento das diabéticas, permitindo a evolução da gestação dentro da normalidade em 2-4%. Epidemiologia Ocorre em todas as raças, mas comum em negros, hispânicos e asiáticos, O Diabetes Gestacional apresenta complicações em aproximadamente 0.75 a 5% das gestações, Estudos brasileiros, realizado em Pernambuco repetiu essa prevalência de aproximadamente 4%. Fisiopatologia Quase todas as mulheres têm certo grau de intolerância à glicose durante o período gestacional resultado das intensas trocas hormonais. A média dos níveis glicêmicos pode estar além do normal, mas não o suficiente para ser considerado diabetes. Durante o terceiro trimestre, as trocas hormonais na gestante favorecem o aparecimento do diabetes gestacional. A elevação da glicose durante o período gestacional faz com que o pâncreas tente diminuí-la aumentando seus níveis de insulina. Geralmente o pâncreas materno é capaz de produzir três vezes mais que uma mulher não grávida. No entanto, se esse aumento não for o suficiente para controlar as trocas hormonais, os níveis glicêmicos aumentam resultando no diabetes gestacional. Fatores de risco Diagnóstico prévio de diabetes gestacional, intolerância a glicose, Histórico familiar de diabetes – parente de primeiro grau com diabetes tipo II, Idade materna acima de 35 anos, Sobrepeso, obesidade ou obesidade grave. Gestação anterior com feto com peso superior a 4.000 kg, Diagnostico Glicemia de jejum superior a 126 mg/dl em duas ocasiões, Glicemia acima de 200 mg/dl, Curva de tolerância com 75 gramas de glicose com valor da segunda hora acima de 200 mg/dl. Teste para rastreamento (24 a 28 semanas ou um pouco mais precoce) Ingestão de 50 gramas de Glicose Oral, Resposta com valores acima de 140 CURVA TOLERÂNCIA ORAL Complicações Macrossomia: Doença que se caracteriza, principalmente, pelo excesso de peso de recém-nascidos. Foi definida de várias formas, incluindo o peso de nascimento de 4 kg - 4,5 kg Tocotraumatismo: lesões mecânicas infligidas ao feto durante o processo de nascimento, independente do tipo de parto, quer elas sejam espontâneas Distocia: Neonatos: maior risco de hipoglicemia, icterícia, policitemia, hipocalcemia e hipomagnesemia Materna Aumento da prevalência de cesariana, Maior risco de pré-eclampsia, Cetoacidose diabética, Doença coronariana, Nefropatia, Retinopatia. Outras complicações Diabetes Gestacional também interfere com a maturação pulmonar, podendo ocasionar a síndrome da angústia respiratória. Tratamento A paciente com Diabetes Gestacional possui mais risco para o desenvolvimento da intolerância a glicose em sua vida tardia. 40% delas desenvolvem Diabetes Mellitus tipo II em 15 anos, Diabetes gestacional pode ser uma forma “mascarada” do Diabetes Tipo Ii que se torna evidente com as trocas hormonais durante o período gestacional. Pacientes com DG são tratadas como portadoras de DM de base, A primeira interferência no tratamento dessa paciente é através da dieta, com monitoramento adequado dos valores da glicemia, nesse caso, a DG se divide em duas categorias: A1: Glicose controlada somente com dieta A2: Glicose controlada com dieta e insulina Dieta e ganho de peso para pacientes com diabetes gestacional Dieta simples de 1.800 a 2.400 kcal/dia 60% de Carboidratos: TOTAL = cal/dia x 0.60 = 1.200 cal/4 = 300 gramas/carboidratos 20% de Proteinas: TOTAL = cal/dia x 0.20 = 400 cal/4 = 100 gramas proteínas 20% de Gorduras TOTAL = cal/dia x 0.20 = 400 cal/9 = 45 gramas de gordura Ganho de peso Ganho de peso ideal = [(altura x 2.45) – 100 – 10%] Em calorias: Ganho de peso ideal x 35 cal/Kg = TOTAL DE CALORIAS/DIA Monitoramento fetal Primeiro Trimestre É a monitorização mínima requerida: avaliação do tônus cardíaco pelo Doppler ultrassonográfica durante cada visita. Segundo trimestre Medida dos níveis de alfa-feto proteínas, associado ao estriol não conjugado e a gonadotrofina coriônica humana, representando a tríade de rastreamento para as más-formações típicas visibilizadas entre 16-18 semanas de gestação,. Anomalias cardíacas podem sem mais comum em pacientes com diabetes pré-gestacional e é recomendado entre 19-22 semanas de gestação. Terceiro trimestre A avaliação deve ser iniciada nas gestantes que iniciam o uso de insulina, O feto tem risco constante devido a presença da doença vascular, hipertensão, cetoacidose, pielonefrite e pré-eclâmpsia. A DM bem controlada sem complicações por doenças vasculares ou hipertensão pode levar a um término de gestação sem anormalidades. Insulinoterapia O uso de Hipoglicemiantes Orais é contra-indicado na gestação devido ao seu fator teratogênico. Regime de Insulina: Insulina Humana (Intermediária) ou Ultra lenta) Combinação de Insulina Humana Intermediária com regular (ação rápida) Forma de administração comum: 2/3 da dosagem pela manhã e 1/3 a tarde ( em caso da glicose pós-prandial abaixo de 140 mg/dl) Aumento da Insulina durante a Gestação 0.7 U/Kg (quilo peso/dia durante 6-18 semanas) 0.8 U/Kg/dia durante 18-26 semanas 0.9 U/Kg/dia durante 26-36 semanas 1.0 U/Kg/dia durante 36-40 semanas. 11.1 Metas para controle Glicemia de jejum: 60-90 mg/dl 1 hora pós-prandial; <140 mg/dl 2 horas pós-prandial: <120 mg/dl Glicemia noturna: <120 mg/dl Prognósticos Pacientes com DG com mau controle a incidência de morbi mortalidade fetal é maior que quando adequadamente controlado, Exames ultrassonográficos repetidos para avaliação do crescimento fetal deve ser considerado entre 28-30 semanas e 36-38 semanas, Se a paciente apresenta evidência de alterações microvasculares a avaliação ultrassonografica para avaliação de CIUR deverá iniciar entre 24-28 semanas, O teste mais comum para avaliação do comprometimento fetal é o Perfil Biofísico Fetal. Controle pós-parto No pós-parto a paciente com DG(A1 ou A2) deverá realizar curva de tolerância entre 6-12 semanas após o parto para avaliar a possível permanência do Diabetes Mellitus. A recomendação para as outras avaliações são; Glicemia de jejum, CTOG com 75 gramas e avaliação da glicose, com a avaliação de dois valores alterados será tratado como Diabetes Mellitus.
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