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Macroeconomia Apresentação - Disciplina de Introdução à Economia: mostrou que existem modelos (numéricos ou puramente conceituais) que dizem como as atividades humanas se comportam quando o foco é produzir, distribuir e avaliar custos e preços em uma sociedade. - Este módulo possui o foco na Macroeconomia: fundamenta recursos que analisam e impõem limites, freios, marcos ou impedimentos mais amplos a nossa atividade como homens econômicos – condicionantes econômicas gerais que indicam que nem tudo é possível de ser realizado para mudar a sociedade, principalmente no curto prazo. - O que aconteceu no passado recente em termos econômicos? . A partir de 1800: estabelecidas as bases da pujança industrial que hoje nos fazem desfrutar de uma vida confortável . por volta de 1900: crescimento ainda maior, com o deslocamento do eixo de crescimento da economia para a América do Norte e a confrontação da implantação de dois modelos diferentes de economia: um implantado no bloco soviético e outro no mundo capitalista. - Guerras, injustiças sociais e dificuldades econômicas, localizadas de modo agudo em alguns países não desenvolvidos, trouxeram novas reflexões sobre como organizarmos a nossa vida em sociedade e aonde queremos chegar . a partir de 2000: oportunidade de consolidar o progresso havido nos dois últimos séculos: colocar a riqueza da sociedade e as novas tecnologias a serviço de um mundo melhor . Mas estamos diante de uma crise econômica de proporções globais: momento muito adequado para contemplarmos, como estudantes, as responsabilidades dessa disciplina quanto a sua aplicação prática. - O material didático está dividido em seis unidades: . Unidade 1: apresenta os fundamentos, os problemas e os modelos macroeconômicos . Unidade 2: aborda assuntos da Contabilidade Nacional e introduz os elementos para análise contábil, economia aberta e fechada – ênfase na mensuração da atividade econômica, introduzindo conceitos como renda, poupança, investimento, tributação, exportações e importações . Unidade 3: determinantes da demanda e da oferta agregada – ponto central do livro, por ser a ferramenta que irá operacionalizar a Macroeconomia das unidades seguintes . Unidade 4: explora um desdobramento dos determinantes da demanda e da oferta agregada, apresentando uma ferramenta específica e de alto poder de modelagem – as curvas IS-LM - Ênfase no desdobramento numérico e gráfico contido nas curvas IS-LM . Unidade 5: trata da inflação e do desemprego – tema central nas sociedades modernas. - Ênfase nas curvas de oferta e demanda inflacionárias . Unidade 6: políticas econômicas: moeda, juros, renda (no que concerne à política monetária), papel do governo (no que concerne à política fiscal) e equilíbrio geral Unidade I - Objetivos: . Discutir fundamentos da análise macroeconômica, problemas macroeconômicos e modelos macroeconômicos – forma diferenciada de Keynes entender a economia . Entender extensão e diversidades dos conteúdos da disciplina: formação histórica e correntes de pensamento - Os gráficos são genéricos e não correspondem à nenhuma economia em particular – nem a brasileira, nem a economia norte-americana. . Mas possuem formatos e valores que são próximos daqueles que podem ser encontrados nas discussões sobre Macroeconomia em vários países - Campo da Macroeconomia: atinge proporções acadêmicas significativas dada a intensa e variada produção científica norte-americana . Este “imenso desenvolvimento” faz com que tenhamos a impressão de que: - Existe pouco consenso na área - Basta uma teoria ser estabelecida para que logo surja outra que derrube as suas conclusões ou introduza novos enfoques sobre o tema . Porém, sempre é possível demonstrar que os pontos em comum superam as divergências, e nos conduzem a vários consensos . Seria um grande desserviço se o aluno acreditasse que: - a Macroeconomia é formada por um entrechoque de opiniões, por conversas com poucos fundamentos teóricos, pela crença em gurus e profetas que têm soluções para todos os problemas econômicos - a economia somente é aplicada ao senso comum e às verdades que tomamos como sólidas vindas de nossa educação em casa - O objetivo do autor é mostrar as contribuições positivas da ciência macroeconômica para a estabilidade das sociedades, criando condições para o seu desenvolvimento sócioeconômico - Em uma primeira aproximação com os problemas econômicos, devemos raciocinar com “regras de bom senso” e com “ensinamentos que trazemos acerca de como conduzimos nossas vidas econômicas” . Argumentar que um pouco de endividamento público, assim como de endividamento pessoal, não são necessariamente ruins; no entanto, uma dívida que cresce sistematicamente não pode levar a outra coisa senão um colapso da economia ou de nossas finanças pessoais . São vários os ensinamentos que recebemos em nossa educação que podem ser relacionados à economia: acordarmos cedo para começar a trabalhar; não gastarmos mais do que ganhamos e economizarmos para termos uma poupança . É importante começarmos pela nossa experiência pessoal para julgarmos algumas das assertivas macroeconômicas mais modernas, a partir de conceitos microeconômicos - Cada vez mais a Macroeconomia se aproxima da Microeconomia . Pois estão procurando avaliar como agentes econômicos individuais (famílias, organizações, agentes do governo, exportadores e importadores) se comportam nos mercados. - Decisão: você pouparia mais ou menos diante de taxas de juros maiores do que as que você poderia receber pelo dinheiro emprestado ao banco? . Sendo as taxas de juros atrativas, há um incentivo maior para poupar . Sendo os juros maiores, facilmente poderemos enfrentar compromissos financeiros no futuro, a partir de uma pequena poupança hoje - O melhor dos dois mundos: continuar consumindo hoje, mas acumulando uma pequena poupança para nos prevenir diante de eventuais compromissos futuros . A proteção será dada pelo potencial de ganhos da poupança diante de juros elevados - Uma taxa maior de juros leva a uma poupança maior por parte dos indivíduos? Não necessariamente! . Esta é um tipo de pergunta que só pode ser resolvida com os desdobramentos teóricos da Macroeconomia. Definição de Macroeconomia: - Macroeconomia: . Mankiw: é o estudo da economia como um todo, incluindo o crescimento em termos de renda, as variações nos preços e na taxa de desemprego – procura oferecer políticas para melhorar o desempenho econômico e explicar os eventos econômicos . Blanchard: estudo de variáveis econômicas agregadas . Krugman e Wells: o ramo da economia que trata da expansão e da retração da economia em geral . Dornbusch e Fischer: trata do comportamento global da economia com períodos de recessão e recuperação . Simonsen e Cysne: a Macroeconomia se preocupa em estudar a floresta, enquanto que a Microeconomia é voltada para o estudo das árvores . Carvalho: ramo da economia que estuda o comportamento humano em um contexto agregativo – trata do impacto da ação humana sobre os grandes agregados (como mercado de trabalho ou consumo de bens e serviços) - Não existe uma definição abrangente, elegante e completa: mas isso não é problema, pois a ênfase da Macroeconomia são as aplicações e os resultados práticos . No passado, existiram economistas que acreditava que a economia poderia ser como a física – um entendimento da natureza a partir de leis matemáticas, sem a necessidade de aplicações práticas (período da matematização da economia) mas eles não tiveram muito sucesso. . A Economia é uma Ciência Social Aplicada – sendo assim, são as aplicações que justificam a sua razão de ser. . Keynes1: economista precisa ser matemático, historiador, estadista, filósofo e tão alienadoe tão incorruptível quanto um artista, embora algumas vezes tão próximo do planeta Terra como um político - Cada governo e cada período histórico apresentam problemas econômicos diferentes: inflação, déficit público, recessão, administração de choques de oferta ou demanda . Por isso, de que vale uma definição abrangente de Macroeconomia se a cada vez o problema se apresenta de maneira particular? - Apesar de ser uma disciplina ainda jovem, a Macroeconomia tem evoluído bastante. . Década de 1970: a Macroeconomia era considerada uma disciplina estabelecida, um campo maduro da ciência, até que... - Os choques do petróleo de 1973 e 1979 fizeram com que o mundo convivesse com dois fenômenos aparentemente contraditórios: inflação e recessão econômica (o efeito estagflação) - A estagflação é um fenômeno que não estava previsto nos manuais e isso abalou a credibilidade dos economistas – só mais tarde eles encontraram explicações Um pouco de cinismo em relação à Macroeconomia: - Sucessos e fracassos das ações macroeconômicas acabaram criando frases de efeito . Frase : A condução da economia brasileira é igual a escalação da seleção brasileira de futebol: cada brasileiro, economista ou não, tem uma opinião sobre a economia, geralmente divergente um do outro . Frase : a Macroeconomia é uma ciência muito recente e imperfeita, cuja capacidade de prever o futuro não é melhor do que a dos meteorologistas - Da mesma forma que ouvimos os boletins meteorológicos na mídia, também fazemos com os debates sobre a condução da economia: de forma atenta e acalorada 1 John Maynard Keynes: Nasceu em 1883, filho da alta classe média profissional vitoriana. 1905: graduou-se em matemática, mas sob orientação de Alfred Marshall, interessou-se por economia. Criticava os economistas de longo prazo dizendo: de que vale saber que depois da tempestade em alto mar vem a bonança? Ele referia- se a possibilidade de estabilização automática da economia no longo prazo, ou seja, que depois de períodos de crise ou de expansão da economia seria normal que esta encontrasse um curso mais previsível. O problema não era tranqüilizar a população e os gestores econômicos de que no longo prazo a economia voltaria a correr normalmente e sim oferecer soluções para as crises de curto prazo. . Frase : a condução da economia pode ser comparada à tarefa de um comandante de navio de grande porte: este não faz curvas apertadas, não para imediatamente e tem dificuldade para dar início a um processo de marcha a ré a - Os movimentos devem ser previstos com grande antecedência para que o comandante possa conduzir com sucesso a embarcação em sua rota – exige-se a “capacidade de previsão” do futuro, como quais os possíveis cursos de ação. . Frase : os economistas americanos foram capazes de prever com sucesso 13 das últimas oito recessões americanas – seus modelos econômicos refinados chegaram a prever recessões que nunca aconteceram! - Os economistas terminam contrariando aquilo que as pessoas desejavam que acontecesse no dia a dia da economia – eles são chamados para fazer o serviço desagradável . diminuir a atividade econômica nos períodos de expansão . favorecer certos tipos de atividades, com as quais em geral não concordamos, nos períodos de depressão - Eles procuram posicionar as velas da embarcação na direção contrária aos ventos – um tipo de contrapeso de uma embarcação: . quando todos estão se dirigindo para um lado do barco para ver as mais belas paisagens, eles obrigam algumas pessoas a se dirigirem para o lado oposto a fim de manterem o equilíbrio e a navegabilidade. - As políticas macroeconomistas são tipicamente anticíclicas: elas atuam em direção contrária ao crescimento ou a “depressão” da economia . Por isso os economistas devem agir com antecedência para atenuarem os surtos de grande prosperidade e evitar depressões também acentuadas - Conclusão: “não há almoço grátis” sempre devemos desconfiar de discursos políticos nos quais só são prometidos benefícios sem custos . Toda ação econômica envolve vantagens e desvantagens, benefícios e custos, mesmo que seja ora no curto prazo e ora no longo prazo. . Só que “no longo prazo estaremos mortos” (Keynes), por isso a política econômica deve se preocupar mais com o curto prazo. - Mas afinal, onde está o longo prazo? Quanto tempo à frente do presente ele está? É difícil precisar – por isso grandes economistas reconhecem as limitações da Macroeconomia. . Dornbush e Fischer: a Macroeconomia não é uma ciência fechada e pronta – ela não é satisfatória para a definição de respostas rápidas a problemas econômicos – o importante é pensar exaustivamente e criticamente sobre a condução da economia . Keynes: a teoria econômica não tem conclusões prontas, é antes de tudo um método Uma última trincheira: - Apesar das críticas e desconfianças em relação à Macroeconomia, o certo é que precisamos do apoio desta disciplina para melhor gerenciarmos as nossas ações como administradores públicos . Ela pode ser incapaz de conduzir os rumos de uma sociedade, mas algumas opiniões são firmes - Ex. : economia visa à utilização ótima de recursos entre atividades alternativas . Em uma recessão, se os recursos (mão de obra, capital e capacidade gerencial) ficam desempregados, há um desperdício para todos . O desemprego de recursos faz com que estes percam qualificações: mão de obra perde treinamento, gerentes ficam desatualizados e máquinas estragam por estarem paradas . Precisamos dos economistas para diminuir o desemprego na sociedade: pois desemprego elevado desperta comoções sociais - Ex. : ação dos economistas para lidar com a inflação . A alta desenfreada de preços (inflação de dois dígitos – acima de 9% a. a. ou acima de 9% a. m.) + hiperinflação2: desestabiliza o sistema econômico e introduz custos e dificuldades operacionais para a sua condução - correção monetária, troca de moeda e incapacidade dos sistemas contábeis trabalharem com valores expressos em números grandes . Não se pode aceitar inflações elevadas, mesmo após ter aprendido a conviver com ela (caso Brasil até 1994) - Cria um quadro de injustiça social: pessoas mais simples acabam por ter dificuldades para fazerem os seus cálculos e buscarem proteção no sistema bancário para o seu dinheiro – por outro lado, alguns convivem bem com a inflação e dela se beneficiam . É consenso: o combate à inflação é uma das grandes missões da Macroeconomia - Aspecto básicos da economia: “o comércio pode ser favorável a todos os envolvidos” . Dificuldades impostas ao comércio pela desestruturação de mercados, pela falta de respeito a contratos, pelas dificuldades de crédito ou até mesmo pela falta de meios para o pagamento das trocas contrariam essa premissa - No mundo atual, o incentivo ao comércio internacional deve existir – mas não protecionismo em demasia. - A Macroeconomia é chamada a se posicionar e favorecer o aumento dos mecanismos de troca: comércio internacional, crédito comercial, diminuição de despesas com frete e logística e melhoria de seguros para riscos relativos às exportações e importações - É necessário que os “investimentos em capital físico” sejam contentemente renovados: isso porque os equipamentos, prédios e tecnologias perecem ao longo do tempo e precisam ser atualizados . E o que devemos fazer? Poupar recursos para fazer frente a esta perda natural - Esta poupança é suplementar: além de poupar para investir em novos itens de infraestrutura e equipamentos, devemos também poupar para pagar a depreciação dos bens . Faz-se necessária uma poupança mínima que: - reponha os bens de capital existentes na sociedade (cubra a depreciação) - e aumente o estoque debens de capital: isso se o objetivo for aumentar a produção e não apenas mantê-la em seus padrões atuais . Só que manter produção estável, por longos períodos de tempo, é considerada uma má política econômica – crescimento é natural para qualquer economia Problemas Macroeconômicos Fundamentais: uma lista curta e uma lista longa - Lista Curta: modelagem, entendimento e eventual elevação/diminuição de variáveis como: . Produto Interno Bruto . Taxa de inflação . Taxa de juros . Taxa de câmbio . Taxa de desemprego dos recursos produtivos (em especial a mão de obra) - Lista Longa: . Produto potencial . Amplitude dos ciclos econômicos . Produto interno bruto per capita . Distribuição de renda 2 Hiperinflação: inflação acima dos níveis considerados suportáveis (em torno de 50% ao mês). A forte desvalorização da moeda e a alta dos preços dos produtos são alguns dos problemas que enfrenta um país com hiperinflação. . Taxa de inflação nominal . Índices de correção monetária da inflação e indexadores de preços . Taxa de juros nominais . Gastos públicos . Orçamentos públicos equilibrados (adequação entre despesas e receitas) . Taxa de poupança e de investimento em relação ao produto interno bruto . Quantidade de moeda em circulação na economia . Velocidade de circulação da moeda . Participação dos impostos no produto interno bruto . Gastos de governo . Taxa de desemprego natural . Ociosidade das instalações fabris . Salários médios do fator trabalho . Paridade cambial em relação a uma cesta de moedas estrangeiras . Valorização de ativos mobiliários e não mobiliários - Visão da Macroeconomia sobre estas variáveis: estabilizar, determinar o crescimento a taxas constantes ou atingir metas que possam ser consideradas saudáveis – atingir um certo nível de desemprego ou um certo nível de taxa de juros - Não é exigido da Macroeconomia nenhuma garantia de sucesso na correta análise das variáveis acima: tampouco se exige escolhas corretas na escolha de políticas ou na implantação de reações às situações analisadas . Conclusão: a Macroeconomia possui um programa frouxo de exigências - Diante da lista de problemas, podemos traçar as quatro metas macroeconômicas principais: . alto nível de emprego . estabilidade de preços . distribuição justa da renda . crescimento econômico Sucessos e fracassos Macroeconômicos - Fim último da economia: o bem-estar geral . O sucesso ou fracasso da Macroeconomia é medido pelos valores atingidos pelas variáveis acima e pela variabilidade destes valores em torno de uma linha de tendência - Exemplos notórios de fracasso na condução da Macroeconomia de uma sociedade: . Hiperinflação: Alemanha (década de 1920) e países latino-americanos (década de 1980) . Crescimento e a eventual falta de pagamento de dívidas externas . Picos de taxas de desemprego . Maxidesvalorizações cambiais . Surtos de falências bancárias - Os problemas acima citados não anormais e, por isso, não fazem bem para a economia e para os cidadãos – o certo é que alguma coisa deve ser feita para minimizá-los . Economistas radicais: defendem que a economia deve sofrer seus altos e baixos sozinha, sem nenhum auxílio – eles acreditam que esta é a forma mais correta e rápida de encontrar a sua autodepuração - Também é possível citar várias histórias de sucesso de ações macroeconômicas: . Entretanto não é possível assegurar que estas situações de aparente sucesso tenham decorrido de algumas ações macroeconômicas implantadas . Alguns economistas chegam a argumentar que elas ocorreram pelo funcionamento autônomo da economia, sem a influência da política econômica - Algumas histórias de sucesso: . estabilidade econômica e das taxa de inflação do Brasil depois de 1994 . taxas de crescimento da economia brasileira ao longo do século passado até o início da década de 1980 . diminuição das oscilações do PIB dos EUA na década de 1990 e o aumento do intervalo entre crises, quando comparado com décadas anteriores . altas taxas de crescimento do Japão no passado e da China atualmente . recuperação dos EUA e dos países europeus da Grande Depressão de 19293 . reconstrução e a recuperação econômica da Europa no pós-guerra (Segunda Guerra Mundial) . A maioria dos economistas credita à Macroeconomia o fato destas ações se tornarem possíveis e terem dado sucesso – desta forma, precisamos conhecer as ferramentas que foram utilizadas. . Como atualmente “estamos preocupados com o momento atual marcado por uma crise econômica potencialmente proporcional àquela ocorrida em 1929” precisamos saber detalhes deste evento histórico. Antecedentes da Macroeconomia - Persas, Egípcios, Gregos, Romanos, Portugueses e Espanhóis: exemplos de nações poderosas no mundo – o sucesso delas esteve ligado à fatores políticos, militares e, principalmente, ligado aos fatores econômicos. . Só que faltam dados de natureza econômica para avaliar as expansões e crises que aconteceram nestas nações . As informações sobre a saúde econômica das nações somente passaram a ser coletadas a partir de 1850 - Smith: em 1776, publicou a obra Riqueza das Nações . Como este título ele quis afirmar que “a riqueza não era determinada pelo acúmulo de metais, (como no mercantilismo), mas pela organização social baseada na divisão do trabalho e nas motivações pessoais de seus cidadãos” . A partir daí, a ciência econômica evoluiu para a noção de “vários mercados onde o equilíbrio estaria sempre garantido” - Estes mercados expressam e buscam o equilíbrio de duas variáveis fundamentais: as quantidades de itens X o preço destes itens - Os itens eram “bens e serviços”, moeda, câmbio, títulos e mão de obra. - Como estes mercados mantinham o equilíbrio no passado? . Mercado de bens e serviços: eram estabelecidos as “quantidades e os preços de equilíbrio” de bens e serviços em mercados individuais - O somatório de todos os “mercados de bens e serviços” redundava em um grande hipotético mercado, cujas leis de oferta e procura determinavam o produto da economia (quantidades totais) e o nível geral de preços (uma espécie de índice de preço médio de todas as mercadorias e serviços). . Mercado de moeda: eram estabelecidas as quantidades totais de moeda em circulação e a taxa de juros (o preço do dinheiro). - Era vigente o padrão ouro – toda moeda em circulação deveria estar lastreada (assegurada, respaldada, duplicada) por igual quantidade de ouro em depósito ao governo – o padrão ouro dava certa rigidez à quantidade de moeda que poderia circular e ser emitida - Prevalecia a “teoria quantitativa da moeda”: a quantidade de produto gerado ao longo de um ano na economia tinha forte correlação com a quantidade de moeda existente 3 Crise de 1929: crise na qual, do dia para a noite, investidores milionários perderam tudo o que tinham em ações sem o menor poder de compra. . Mercado de câmbio: as transações internacionais eram feitas fisicamente com o ouro (já que prevalecia o padrão ouro). - Cada país fixava o “preço de suas mercadorias” na moeda interna e esta tinha uma base fixa de troca por ouro. . Mercado de títulos: pouco sofisticado, envolvia principalmente os títulos emitidos pelos governos - Eram estabelecidos as quantidades totais de títulos negociados e o seu preço - Existiam operações bancárias simples: empréstimos e desconto de duplicatas - O equilíbrio entre os “agentes superavitários” da economia e os “deficitários” se realizava nos mercados de títulos de maneira simples, por meio da “Teoria dos Fundos Emprestáveis4”. . Mercado de trabalho:era estabelecida a quantidade total de trabalhadores dispostos a trabalharem e o seu salário (preço do trabalho) - O mercado de mão de obra era o somatório de mercados particulares de cada setor: agrícola, industrial e serviço - Naquela época, a atividade econômica promovia o pleno emprego, considerando, inclusive, mulheres e crianças que pudessem complementar a oferta de mão de obra – a demanda de mão de obra era inesgotável, uma vez que estavam no auge da 1a e 2a Revoluções Industriais O Funcionamento dos Mecanismos de Mercado - Jean Baptiste Say criou a máxima de que a “oferta gera a sua própria demanda” . Para ele, a economia sempre estaria em equilíbrio e em pleno emprego à medida que houvesse produção – os pagamentos efetuados para os “agentes econômicos detentores dos recursos empregados na produção” eram a garantia da circulação de moeda pela economia . Depois de terem recebido o pagamento pela “cessão de recursos de produção”, os donos dos recursos voltariam ao mercado para gastá-los na compra dos bens que necessitavam . Conclusão: no século XIX não havia grande preocupação com a condução da economia - Pela teoria clássica (Adam Smith, Mills, Marshall e Say), teoricamente, os vários mercados buscariam o equilíbrio e haveria sempre o pleno emprego. - O início da coleta de dados da estatística econômica mudou esta visão: os economistas começaram a perceber que existiam ciclos econômicos de “expansão e retração” da economia. . A Macroeconomia passou então a ser apelidada de “Teoria dos Ciclos Econômicos” . Os ciclos mais frequentes, que eram sentidos por todos, determinavam em seus momentos de crises: desemprego, fome e falência das organizações . Para alguns economistas, os ciclos eram naturais e tinham um “aspecto depurador da economia” – os ciclos promoviam ajustes e afastavam as “organizações não estruturadas” e os “recursos de menor qualidade” - Lembre que a sociedade daquela época vivia o esplendor das teorias de Darwin5: e os economistas associaram aos ciclos à um tipo de “seleção natural” das organizações, empresários e trabalhadores - No século retrasado também predominava a influência da atividade agropastoril: 4 Teoria dos Fundos Emprestáveis: determinava as taxas de juros em uma economia, colocando em contrapeso as razões pelas quais alguns indivíduos poupam e outros tomam dinheiro emprestado (Irving Fisher, 1930). 5 O conceito básico de seleção natural é que características favoráveis que são hereditárias tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população de organismos que se reproduzem, e que características desfavoráveis que são hereditárias tornam-se menos comuns. . Era a principal atividade econômica, sendo que os determinantes de oferta estavam ligados ao clima: boas ou más colheitas (agricultura) e épocas de boa engorda do gado no campo e épocas de vacas magras (pecuária) . Como existiam as dificuldades de transporte, eram quase impossível que a produção expandisse as fronteiras agrícolas: portanto, a quantidade produzida não respondia a demanda e ficava quase que fixa ao longo do tempo - O alastramento das fronteiras só foi possível com a revolução nos transportes (construção de ferrovias) - Naquele momento não havia “incentivo intelectual” para a criação de uma disciplina que enxergasse completamente a economia. . Mas tudo mudou com a maior de todas as “depressões” dos ciclos econômicos: a quebra da bolsa de Nova York em outubro de 1929 – a ausência de uma disciplina econômica robusto se tornou fatal. . A crise de 1929 encontrou nos economistas da época um conjunto de respostas totalmente contrárias ao que hoje se esperaria para a solução de uma crise semelhante - Os governos deveriam manter os orçamentos equilibrados (despesas = receitas): considerando que as receitas tributárias estavam diminuindo (por causa da crise econômica), eles indicavam que as despesas governamentais deveriam ser reduzidas no mesmo ritmo - Para contrabalançar a diminuição de arrecadação, eles deveriam aumento os impostos - Deveriam estabilizar o valor da moeda: para evitar a inflação que poderia ser mais um complicador na gestão da economia - Deveriam incentivar a poupança pessoal: como forma de cada indivíduo prevenir-se diante de um possível agravamento da crise - Deveria prevalecer a liberdade total de mercado: sem nenhuma intervenção governamental – isso iria permitir que a economia voltasse o mais rapidamente possível ao seu equilíbrio, promovendo a sua correção de maneira natural (seleção natural) . Deixar acontecer a quebra de instituições bancárias com a consequente diminuição do crédito bancário: iriam permanecer no mercado apenas as organizações mais sólidas - Criar barreiras alfandegárias e de proteção à economia de cada país envolvido: expectativa de que isto aumentasse a demanda por bens produzidos internamente no país - Postergar os investimentos: na busca de um cenário econômico mais promissor no futuro – evitar o entesouramento de recursos que poderiam estar em circulação . O certo é que se os conceitos citados fossem utilizados, somente iriam aprofundar mais ainda a crise – e isso de fato ocorreu alguns anos após 1929 - A recuperação econômica somente foi possível por dois motivos: . a existência de assessores econômicos que acreditavam que o governo deveria ter um papel mais proeminente na economia: tomando as rédeas, intervindo, promovendo o consumo e o investimento . o prenúncio da 2a Guerra Mundial: determinou aumento da demanda devido aos preparativos - Em 1936: são formalizadas as ideias de Keynes – se aplicadas naquela época poderiam ter antecipado em muito a recuperação dos EUA, da Europa e do resto do mundo . Assim, as ideias keynesianas assumiram o formato de uma “teoria econômica abrangente”, mesmo não tendo sido utilizadas na íntegra para o enfrentamento dos problemas econômicos daquela década O surgimento da Macroeconomia Moderna – John Maynard KEYNES - Os graves efeitos da crise de 1929 pediam respostas dos economistas, mas estes não tinham e, mesmo se tivessem, geraria efeito contrário (piorando a crise) . Mas a ausência de respostas não impediu a evolução da Macroeconomia Moderna – surgiram os ensinamentos de Keynes (economista britânico que influenciou a economia efetivamente) - Keynes participou de grandes acordos internacionais que visavam as reparações da 1a Guerra Mundial (de 1914 a 1918) . Ele ocupava, na Universidade de Cambridge, a mesma cátedra6 que tinha sido de Alfred Marshall. . Chegou a testemunhar a amigos que acreditava estar escrevendo algo que revolucionaria a teoria econômica até então – e ele estava certo. . Em 1936 ele publicou um livro de difícil leitura e sujeito à várias interpretações – foi a dificuldade e ambiguidade que fizeram com que a sua teoria levasse tempo até ser viabilizada . Quando a teoria estava efetivamente pronta já não era mais necessária: o mundo já havia voltado ao pleno emprego e ao crescimento do produto, diante do esforço preparatório para a 2a Guerra Mundial. . Mas não foi tarde: o keynesianismo passou a dominar a agenda acadêmica de 1940 e 1950, sendo aplicado na prática pelos consultores econômicos do governo Kennedy (início dos anos 1960) . O declínio do keynesianismo somente viria a ocorrer no final da década de 1960 e início de 1970: surto de grandes inflações em função da persistência da operação da economia ao pleno emprego e dos choques do petróleo . Desta época pra cá, novas teorias macroeconômicas surgiram. - Resumidamente, os principais avanços propostos por Keynes são: . Há equilíbrio abaixo do pleno emprego se mantivermos recursos produtivos não empregados (notadamente mão de obra) - Teorias anteriores: afirmavamque o equilíbrio tenderia ao ponto de pleno emprego, à medida que os recursos produtivos aceitassem remunerações mais baixas, fazendo com que nenhum deles ficasse desempregado . a mão de obra aceitaria salários menores de maneira que ninguém ficaria sem trabalhar em caso de uma depressão . as pessoas exigiriam e rapidamente obteriam salários mais elevados em caso de expansão . Os recursos produtivos têm suas remunerações inflexíveis a curto prazo, visto que a mão de obra, em particular, não aceitaria trabalhar por valores menores do que o determinado pelo piso, mesmo que isto significasse que uma parcela da mão de obra fosse ficar desempregada. . A ativação da demanda agregada é o principal instrumento econômico. - Na época, como a preocupação era com a recessão, caberia aumentar a demanda agregada (demanda total – somatória da demanda de todos os mercados) – o importante é que a demanda aumente, não importando se ela irá crescer de maneira proporcional nos vários mercados. - Neste caso, a demanda pode ser aumentada mesmo que seja para bens que não são essenciais à economia: conservação de vias públicas, ajardinamento e construções públicas em geral – o importante é achar focos de ativação da demanda para que esta cresça - Frase célebre: “que mande pintar a Floresta Negra de branco ou então contrate uma equipe pra abrir buracos e outra pra tapar buracos, mas é necessário aumentar a demanda agregada”. . A demanda gera a compra de produtos que terminam remunerando os fatores de produção que participaram de sua produção - OS fatores vão ao mercado para consumir novos bens – gerando novas demandas, novas remunerações e novos consumos – cria um efeito cascata de impulsos de consumo que seria representada por uma ampliação, por um “multiplicador da demanda” inicialmente provocada 6 Cátedra: cargo ou função de professor de disciplina de nível universitário, ocupado por professor titular. . A demanda agregada é formada não só pelo consumo e sua multiplicação, mas também pelos gastos de investimento - Os gastos de investimento são modelados em paralelo ao mercado de poupanças – não haveria uma ligação instantânea entre a poupança de uma economia e os investimentos realizados . Ex.: os investimentos realizados pelo governo para ativar uma economia – eles podem ser ativados no curto prazo a partir de emissão de moeda ou de empréstimos externos. . Pode haver entesouramento de recursos - As poupanças poderiam não ser canalizadas para o setor bancário por haver preferência pela liquidez – as famílias poderiam desejar manter consigo os valores monetários. . As expectativas são muito importantes por afetarem o consumo e o investimento - Para Keynes, os consumidores e investidores são motivados, ao fazem suas compras, por um tipo de “instinto animal” – ânsia de ganhar mais, de ficar em uma posição melhor no futuro – os investimentos e o consumo são fortemente baseados na crença de que a economia em geral tende a crescer . Keynes deu ênfase ao curto prazo – ao contrário da teoria clássica do século anterior que tinha interesse no longo prazo - A veia prática de Keynes fazia com que ele elaborasse propostas para resolver os problemas econômicos da década de 1920 - Frase célebre: “A longo prazo, todos estaremos mortos.” . As flutuações de curto prazo estariam ligadas aos ciclos ao longo dos quais os negócios eram realizados - Uma ativação da economia por conta do aumento da demanda agregada poderia determinar algumas rodadas de negócios ao longo do tempo, até que seus efeitos fossem atenuados e a economia voltasse a ter um novo equilíbrio - Os ganhos que ocorreriam ao longo destas rodadas poderiam representar uma acumulação para certas variáveis econômicas (+ empregos, + infraestrutura, + meios de pagamento, + crédito) que beneficiassem os negócios para além do ciclo de rodadas do período de estabilização no curto prazo. . O caráter dinâmico da visão Macroeconômica vai aproximar da Microeconomia, na medida em que é necessário entender como os negócios são feitos ao longo dos ciclos – por outro lado, é desta aproximação que vão residir as grandes controvérsias das várias escolas do pensamento macroeconômico moderno, em contraste com a relativa convergência de opiniões quanto ao equilíbrio no longo prazo - Não poderia desconsiderar o longo prazo, porque as flutuações de curto prazo ocorriam em torno das tendências dos prazos mais longos – o longo prazo é apenas uma construção teórica, pois a análise realizada aqui e agora não tem como prever o futuro. . Exista a possibilidade da “curva de oferta de curto prazo” ser positivamente inclinada – que as alterações realizadas nos preços das mercadorias vendidas possam conduzir a oferta levemente maiores ou menores da quantidade de produto, apenas pelo desejo de o empresário usufruir deste preço maior ou de desinteressar-se de produzir grandes quantidades quando os preços caem - Para os clássicos, a “curva de oferta de longo e de curto prazo” eram uma só – uma reta vertical traçada sobre o ponto do eixo das abscissas que indicava a capacidade máxima de produção da sociedade, quando todos os recursos estivessem empregados . Os recursos seriam empregados a qualquer preço – já que os detentores dos recursos aceitariam preços maiores ou menores dentro daquilo que as receitas de venda dos produtos permitiriam . Não haveria motivo para um recurso ficar desempregado – pois a alternativa seria de o detentor ter um ganho igual a zero quando poderia estar ganhando alguma coisa, ainda que de pequena monta . A quantidade de produto ofertada na economia era sempre a mesma e era determinada pela produtividade dos recursos empregados – a produtividade dos recursos só se alteraria no longuíssimo prazo – depois que tivesse capacidade de gerar inovações tecnológicas, experimentá-las, aplicá-las em escala industrial e disseminá-las para um conjunto representativo de indústrias – só assim o produto poderia aumentar de forma significativa - Keynes defendia que a oferta sofria alteração constante no curto prazo, dependendo dos preços praticados para os produtos e para a remuneração dos fatores de produção - Diferença entre curto e longo prazo: . Curto prazo: período de tempo em que apenas uma variável do modelo econômico é alterável, permanecendo as demais de forma constante (de seis meses a três anos) . Longo prazo: período de tempo em que todas as variáveis podem mudar, menos a base tecnológica e institucional da sociedade (de três a dez anos) . Prazos ligados ao desenvolvimento tecnológico: aqueles que assistem a mudança da base tecnológica da sociedade e de suas instituições (de dez a 50 anos) - Mankiw: chama de curto, longo e longuíssimo prazo - Blanchard: curto, médio e longo prazo Um desdobramento importante: as curvas IS-LM - A teoria clássica trabalhava com curvas de oferta e demanda “tanto para mercados individuais” como em “seu somatório para toda a economia”, envolvendo os mercados anteriormente citados: . Mercado de bens e serviços: . Mercado de moeda: . Mercado de câmbio: . Mercado de títulos: . Mercado de trabalho: - Contudo, havia uma falha: era necessário um modelo integrador que pudesse expressar conjuntamente pelo menos os três primeiros – e um modelo desta natureza (que mostrasse o aumento do produto de curto prazo) estaria automaticamente ligado ao quinto modelo. - Este poderoso instrumento de análise foi oferecido por Hicks7, que propôs as “curvas IS-LM” como uma interpretação algébrica daquilo que ele conseguiu entender do difícil texto original de Keynes - Ao final da década de 1950, um novo instrumento foi introduzido no arsenal de ferramentas da Macroeconomia – as curvas dePhillips8: elas relacionam a taxa de desemprego de uma economia com a de inflação - Por isso, nas Unidades 3, 4 e 5 serão tratadas a construção do ferramental gráfico e matemático para originarmos curvas de demanda e oferta agregadas, de curto e longo prazo – elas trazem a unicidade em torno da apresentação da disciplina de Macroeconomia, o que nos permitirá reduzir tudo a pontos de equilíbrio segundo as conhecidas curvas de oferta e demanda Resumindo - Definições de Macroeconomia: ciência que têm em comum a preocupação pelo estudo integrado da economia, incluindo variáveis como renda, preço e taxas de desemprego 7 John Richard Hicks: economista britânico, foi ganhador do Nobel de Economia (1972) por suas contribuições pioneiras na teoria do equilíbrio econômico geral e a teoria do bem-estar social, dividido com Kenneth Joseph Arrow. Pesquisou expectativas, equilíbrio e desequilíbrio; preços fixados e a teoria dos mercados; dinâmica: mudanças, flutuações e crescimento; trabalho, produção e substituição; capital e acumulação; moedas, finanças e liquidez; Keynes e economia keynesiana; causalidade econômica: circunstâncias e explicações; e história econômica. 8 Curvas de Phillips: usadas para gerar as curvas de oferta agregada de curto prazo. - Ferramentas da Macroeconomia: que permitem analisar e oferecer políticas para melhorar o desempenho econômico do País e explicar eventos econômicos bem ou malsucedidos - A Macroeconomia surgiu como disciplina recente, fortemente baseada em Keynes, com conceitos de condução da economia no curto prazo que diferem radicalmente daquilo que pode ser compreendido a partir dos ensinamentos clássicos da Economia - Extensões do estudo da Macroeconomia: curvas IS-LM e curvas de Phillips que permitem um tratamento unificado dos mercados. Atividades de Aprendizagem 1. Observando as definições apresentadas nesta Unidade, como você conceituaria o campo da Macroeconomia? 2. Quais são as metas macroeconômicas? 3. Realize uma pequena dissertação do tamanho de uma lauda, comentando a evolução histórica das várias visões do campo da Macroeconomia. 4. Quais são as principais ideias de Keynes que fundamentam a Macroeconomia moderna? Unidade 2 - Contabilidade Nacional - Objetivos do Capítulo: introdução da nomenclatura da área com seus conceitos – renda, produto, tributos, exportação e importação. . O que são contas nacionais? . Como se determina o produto de uma economia? . Qual o relacionamento das contas que integram a contabilidade nacional? . Como são mensurados os resultados da atividade econômica? . Como são formados os Sistemas de Contas Nacionais, principal fonte de estatísticas para economistas e pesquisadores, dentre as quais a mais importante é a do Produto Interno Bruto (PIB)? - Tarefa dos macroeconomistas e da teoria macroeconômica: explicar como se dá a evolução do PIB . Modelos teóricos: são as ferramentas utilizadas para analisar e interpretar o comportamento das variáveis (o PIB é uma delas). . Importância de se conhecer quem são e como são formadas as contas nacionais: são elas que fornecem os dados necessários para se estudar e desenvolver os modelos teóricos da Macroeconomia - Habilidade para distinguir a linguagem contábil da linguagem de modelo . Modelo econômico com representação matemática: é uma construção teórica que irá descrever, por meio de gráficos e equações, as diversas relações entre as variáveis econômicas que serão testadas empiricamente para estimularem os efeitos ou as mudanças em um provável resultado final . Modelo contábil: irá trabalhar com identidades que matematicamente irão representar a igualdade de duas ou mais variáveis teoricamente idênticas e que não estabeleçam ligações de causalidades entre elas. - Como são geradas ex post9, não há a necessidade de confrontá-las empiricamente - Contabilidade Nacional: está associada à Macroeconomia keynesiana (interferência do governo na economia) e trata de resultados . Conceito : É um sistema contábil que permite a avaliação da atividade econômica em um determinado período de tempo, fornecendo estatísticas e hierarquizando fatos econômicos para que possam ser analisados de forma coerente - São ferramentas e técnicas que permitem operacionalizar os conceitos da Macroeconomia 9 Ex post: expressão latina utilizada para indicar as condições que resultam de um determinado acontecimento, o qual pode ser um ajuste, uma correção, uma transação ou mesmo a realização de um fato planejado. - Diferente de outras linhas de estudo da Macroeconomia, a Contabilidade Nacional trata apenas de fatos ex post. . Conceito : Permite inferir o grau de desenvolvimento social de um país e os benefícios advindos para toda a população por meio do desenvolvimento econômico - É também chamada de Contabilidade Social – mas o autor prefere o primeiro termo . Motivos: a preocupação principal da disciplina são as “repercussões econômicas da atividade produtiva” . Mas é importante saber que estas “repercussões”, em um segundo momento recaem sobre a sofisticação dos métodos de contabilidade aos quais podemos introduzir mensurações que reflitam especificamente o bem-estar na sociedade10, envolvendo um conjunto muito maior de variáveis do que aquelas de natureza puramente econômica - É a teoria macroeconômica que irá quantificar as variáveis para sistematizar o acompanhamento da Contabilidade Nacional . Teoria macroeconômica: dedica-se principalmente a dois grandes aspectos: - explicar o crescimento no longo prazo - estudar as flutuações cíclicas - O objeto de acompanhamento da Contabilidade Nacional: aspectos relevantes da atividade econômica são as transações monetárias que decorrem do processo de produção e que nos possibilitam verificar o desempenho de uma economia ao longo do tempo - Importância das informações geradas pela Contabilidade Nacional: possibilita comparar internacionalmente as taxas de crescimento do PIB de diversos países, bem como dos principais agregados macroeconômicos . Comparações internacionais somente foram possíveis depois da criação de uma sistemática uniforme de apresentação das Contas Nacionais permitiu a apreciação conjunta das informações para as várias economias . Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU desenvolveu manuais metodológicos com o objetivo de servirem de referência para a produção de estatísticas dos órgãos produtores oficiais de cada país a meta era unificar as informações para possibilitar comparações. . Quando a sistemática não abarca alguma informação: são criadas as “Contas Satélites” – contas destinadas a atender objetivos específicos - Contabilidade Nacional fornece as principais medidas da economia: os chamados agregados macroeconômicos: . quanto foi produzido, . quanto foi consumido, . quanto foi investido, . quanto de renda foi gerada e . como a renda foi apropriada. - O que é medido por ela é o resultado agregado dos movimentos individuais da economia . Esses movimentos podem ser diferentes de algo planejado anteriormente. Exemplos: - A “demanda efetiva”, considerando um conjunto de agentes - O “produto gerado” em uma economia de mercado por um período de tempo é determinado pela demanda agregada: é o quanto os agentes econômicos gastaram em determinado período de tempo - Os “fluxos de produção de renda” e de “despesa” são passíveis de serem acompanhados a partir de um sistema contábil que identifique e relacione transações relevantes a serem medidas ao longo do tempo . Como tratamos de transações monetárias, não podemos esquecer que “a moeda é a variável que permite quantificar os agregados macroeconômicos”,por isso é tão importante manter a 10 Lembrete: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). estabilidade monetária de um país – se a instabilidade monetária estiver alta, será necessário um constante ajuste do Sistema de Contas Nacionais Aparte: Resumo da página 19 da Apostila Aula 01 de Macroeconomia da UVB. - Escola secundária: professores de biologia ensinam anatomia básica usando réplicas plásticas do corpo humano. Os modelos têm todos os órgãos principais (coração, fígado, rins, etc.) . Esses modelos permitem ao professor mostrar a seus alunos, de uma forma simples, como se encaixam as partes importantes do corpo eles não são corpos humanos de verdade e ninguém os confunde com uma pessoa são modelos estilizados que evitam vários pormenores . Neste caso, por não ser um corpo humano real, estudar os modelos é mais útil para aprender como ele funciona nem todos os alunos sentem-se confortáveis diante de um cadáver. - Economistas: também usam modelos para entender o funcionamento do mundo, mas em vez de serem de plástico, os modelos econômicos são compostos de diagramas e equações. . Como os modelos de plástico do professor de biologia, os modelos econômicos omitem muitos detalhes para focar no que é realmente importante. . Da mesma forma que o modelo de plástico do professor de biologia não inclui todos os músculos e vasos capilares, os modelos do economista não incluem todos os aspectos da economia. . Da mesma forma que o físico começa a análise da queda da bolinha de gude afastando a existência do atrito, os economistas afastam muitos dos pormenores da economia que são irrelevantes para a estudo da questão em pauta. . Todos os modelos – na física, na biologia ou na economia – simplificam a realidade para melhorar sua compreensão. - A economia: é constituído de milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades – compra, venda, trabalho, locação ou produção. . Para entender como funciona a economia precisamos encontrar alguma forma de simplificar o quadro de tais atividades: precisamos de um modelo que explique, em termos gerais, como se organiza a economia. . O diagrama do fluxo circular da renda faz este papel – ele é uma representação esquemática da organização da economia. Fluxo Circular da Renda: é uma espécie de diagrama que nos permite estabelecer e explicar os principais agregados macroeconômicos. . Utilidade: serve para examinarmos as relações de troca entre os setores que originam o processo de produção . O Fluxo Circular da Renda é dividido em dois fluxos principais, que circulam em sentidos opostos: - Fluxo Real: representa a circulação de bens e serviços e fatores de produção pela economia - Fluxo monetário: será a remuneração ou a contrapartida paga ao fluxo real. Exemplo : economia bem simples, que compreende apenas dois tipos de tomadores de decisões - famílias e organizações (ou empresas). . Famílias e empresas interagem em dois tipos de mercados: - Mercado de bens e serviços: . as famílias são compradoras: compram os bens e serviços produzidos pelas empresas . as empresas são vendedoras: vendem os bens e serviços que são consumidos pelas famílias - Mercado de fatores de produção: . as famílias são vendedoras: oferecem às empresas os insumos (trabalho, terra e capital) necessários à produção de bens e serviços . as empresas são compradoras: recebem os insumos necessários à produção Sendo um modelo é simplificado, parte de dois pressupostos: - As famílias são as únicas proprietárias dos fatores de produção: as empresas, no modelo, não possuem terra e capital. - As famílias consomem todos os bens e serviços produzidos pela empresa Este é o Fluxo Real: as empresas usam os fatores para produzir bens e serviços que, por sua vez, são vendidos às famílias nos mercados de bens e serviços. - Portanto, os fatores de produção fluem das famílias para as empresas, e os bens e serviços fluem das empresas para as famílias Fluxo Monetário: as famílias gastam moeda para comprar os bens e serviços oferecidos pelas empresas. As empresas, por sua vez, usam parte da receita de suas vendas para pagar os fatores de produção (os salários aos funcionários, p. e.). O que sobra é lucro dos donos das empresas, que por sua vez são membros das famílias. - Portanto, a despesa com bens e serviços flui das famílias para as empresas e a renda, em forma de salários, de aluguéis e de lucros, flui das empresas para as famílias. Conclusão: Fluxos reais medem quantidades e fluxos monetários medem valores. “Bens e serviços” + “fatores de produção” têm natureza distinta, não podendo ser quantificados - Importante: será a quantidade de moeda usada nas transações que será quantificada é ela que dará expressão ao valor econômico e aos bens e recursos de produção quando alguém os adquire em seus respectivos mercados. Cálculos Algébricos: o valor de produção ( ) será composto por duas variáveis: quantidade ( ) e o preço ( ), que, para um bem ( ), podem ser escritos da seguinte forma: - Portanto, para obtermos o total produzido por essa economia basta aplicarmos um somatório: . Em termos de funcionamento agregado da economia (ex post), temos que os totais de “produto” e de “renda” medidos em moeda são exatamente iguais para o mesmo período de tempo. . Apesar do Fluxo Circular da Renda ser um exemplo fictício, ele representa um calculado real na Contabilidade Nacional: são identidades contábeis. - Por isso, economistas esforçam-se no levantamento de dados e no cálculo – eles buscam encontrar os mesmos valores medidos ao longo de vários pontos do fluxo circular da economia. . Se os valores encontrados para o fluxo de “produto” e de “renda” não forem os mesmos: ajustes devem ser feitos para que as contas fechem – eles sempre devem convergir para os mesmos números . A não convergência representa um demérito11 para a Contabilidade Nacional: pois os eventuais ajustes ocorrem com muito cuidado. A Ótica de Mensuração do Produto - O fluxo real e o monetário geram diferentes formas de medirmos a atividade econômica e de calcularmos o PIB de uma economia . O fluxo real ou de produção gera um fluxo monetário: por isso podemos medir tudo o que essa economia produziu somando a remuneração de todos os fatores de produção ou utilizando o cálculo do valor adicionado12. . A renda adquirida só terá dois destinos finais: - Será gasta pelas famílias no mercado de bens e serviços - Será gasta pelas organizações no mercado de fatores de produção . Outra forma de calcularmos o que foi produzido: soma dos gastos realizados pelos agentes econômicos - Na Contabilidade Nacional, o acompanhamento dos fluxos de produção, monetário e dos gastos em um determinado período de tempo nos permite “calcular o PIB de uma economia” por meio de três óticas: Ótica É igual... O PIB obtido por essa ótica mede... Do produto ao valor da produção menos o valor dos consumos intermediários a produção Da renda a soma das remunerações pagas aos fatores de produção o rendimento dos agentes econômicos Da despesa a soma dos gastos finais da economia, sejam estes em bens de consumo ou formação de capital o consumo - As três óticas expressam valores absolutamente iguais para o produto. . O conceito básico do fluxo circular da economia deve ser sempre respeitado - Não existem fontes ou sumidouros13: todos os recursos ficam circulando pelos vários mercados e a sua medição em qualquer um dos canais de circulação deve resultar nos mesmos valores . Ocorrência de ajustes: são necessários para ocorrer a identidade - O fluxo circular da economiapode ser comparado com a circulação de um líquido através de um sistema de canais que se comunicam e não possibilitam a sua perda ou acréscimo. Os agregados macroeconômicos: o PIB - PIB: representa a produção de todas as unidades produtoras da economia em um dado período de tempo a preços de mercado, ou seja, utilizando o valor adicionado. . Ótica do produto: o PIB é medido pelo total do valor adicionado por organizações operando no país independentemente da origem de seu capital 11 Desmerecimento; o que faz perder a consideração e a estima. 12 Valor adicionado: é tudo o que foi produzido, subtraindo os insumos utilizados na produção (isso é necessário para que não haja dupla contagem na economia) – ele também informa tudo o que por ela foi produzido. 13 Abertura por onde um líquido se escoa, podendo tratar-se de um rio que desapareça terra adentro ressurgindo em outros sítios mais baixos; escoadouro. Lugar onde somem muitas coisas. - PIB per capita: obtido pela divisão do “PIB do ano” pela “população residente no país” no mesmo período . Medida bastante usada nas comparações entre países e regiões para classificarmos as suas economias . Atenção: não é uma medida precisa – pois não leva em consideração a concentração de renda . Mas ainda assim está correto, já que estamos lidando com uma “Contabilidade Nacional” e não com uma “Contabilidade Social”. - Certo é que deveríamos ter pelo menos uma indicação de “desigualdade de renda” de uma economia para podermos começar a chamar a uma “Contabilidade Nacional” de “Contabilidade Social”. - Produto Nacional Bruto (PNB) ou Renda Nacional Bruta14 (RNB): agregado macroeconômico que considera o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes no país . Em uma economia aberta temos fatores de produção (seja capital ou trabalho): - de propriedade de residentes - de origem estrangeira. . É obtido subtraindo o rendimento dos fatores de produção de origem estrangeira do PIB. . Em uma economia aberta também existe o uso de fatores de produção de residentes em outros países - Seus rendimentos são duplamente contabilizados: - No PIB do outro país - No PNB do nosso País . Cálculo comum da renda nacional da PNB: - – . – - Diferença líquida entre a Renda Recebida do Exterior e a Renda Enviada ao Exterior Se teremos Então a RLFE será Estágio de desenvolvimento de um país Renda Líquida Recebida do Exterior (RLRE) Recebida - PIB é menor do que a PNB - Países desenvolvidos: produzem mais com fatores nacionais do que com os estrangeiros Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) Enviada - PIB é maior que a PNB - Países em desenvolvimento: produzem muito mais com os fatores estrangeiros do que com os nacionais - Renda Nacional Disponível (RND): importante agregado econômico derivado da RNB . É formada pela RNB somada às “transferências correntes entre os países” - Transferências são as situações em que não há contrapartida em termos de bens, serviços ou uso de fatores de produção. - Ela corresponde a tudo aquilo que os agentes econômicos possuem para consumir. - Ex.: Transferências Unilaterais Recebidas (TUR) – remessas de valores de imigrantes à suas famílias, as doações, as heranças. . Cálculo: - Forma : - Forma : . 14 Como estamos falando de rendimentos auferidos pelos proprietários dos fatores de produção, falamos em Renda Nacional Bruta e não em Produto Nacional Bruto. . aquilo que os agentes não gastaram . A RND só poderá ter dois destinos: ou ela fica sob posse das famílias ou do governo. Por isso ela é subdividida em: - Renda Disponível do Governo (RDG): constituída pelas arrecadações públicas com impostos diretos menos as transferências e os subsídios - Renda Privada Disponível (RPD): soma das remunerações pagas aos fatores de produção privados (organizações e famílias) . Cálculo: – – - Da mesma forma que contabilizar como produto ou renda aquilo que foi acrescido à sociedade, também devemos descontar aquilo que foi criado apenas para repor o desgaste destes itens sujeitos à depreciação. . Depreciação: é o desgaste de máquinas, equipamentos e obras que ao longo do tempo vão perdendo a sua capacidade operativa ao final de sua vida útil eles não têm mais valor para a produção - Líquido: agregado econômico do qual se retira a taxa de depreciação - Bruto: agregado econômico do qual não se retira a taxa de depreciação Identidades Contábeis - Mensuração do esforço produtivo de um país ou região: é calculado pelo valor adicionado de todas as unidades produtivas a cada período. . Ótica do produto: o valor adicionado em um determinado período é calculado para cada unidade de produção – para cada organização (pública ou privada) do país em questão. . Ótica da despesa (ou gastos): é obtido avaliando como cada unidade familiar efetuou suas despesas . Ótica da renda: se totaliza o pagamento da remuneração dos fatores de produção – é obtido avaliando como cada unidade familiar obteve sua renda - Fato: esses cálculo exigem esforço monumental por isso surgem maneiras simplificadas de fazê-los. . Não foi discutida as simplificações, apenas destacado que são procedimentos rigorosos, que fazem parte de instruções normativas aplicadas de maneira homogênea em todo o mundo, segundo os ditames dos setores econômicos da ONU. - As três formas de mensuração do produto definem a identidade contábil básica como sendo: . Produto = despesa = renda . Critério de valoração: determinação dos preços a identidade contábil só será válida se os valores agregados estiverem expressos pelos preços praticados em um determinado momento - Valoração: utiliza o custo pago pelos fatores de produção (mão de obra e capital) na porta da fábrica - Valoração + impostos indiretos – subsídios = valores da produção a preço de mercado - Como essa identidade contábil básica se mantém em diferentes modelos de economia: através do Sistema de Contas Nacionais . Economias com diferentes graus de sofisticação quanto ao seu funcionamento Economia fechada (sem relações com o exterior) e sem governo - Cálculo da demanda agregada: Pela ótica Forma Produto ou RPD (Renda Privada Disponível) Pois não existem governo nem setor externo Da despesa Será igual aos gastos com o consumo das famílias (C) somado aos gastos com o investimento privado (I) Da Renda Será igual aos gastos com o consumo das famílias (C) somado à poupança privada (S) (S) é a obtida pela equação RND – C (Renda Nacional Disponível menos o consumo) - Pela tabela é possível perceber a identidade contábil: . Conclusão: em uma economia fechada e sem governo, o investimento privado será igual à poupança privada. Economia fechada (sem relações com o exterior) e com governo - Passaremos a ter três setores: famílias + empresas + governo - Cálculo da demanda agregada: Pela ótica Forma Produto Da despesa Será igual aos gastos com o consumo das famílias (C) + gastos com o investimento privado (I) + gastos do governo (G) Da Renda Será igual aos gastos com o consumo das famílias (C) + poupança privada (S) + Renda Líquida do Governo (RLG) Renda Líquida do Governo (RLG) - gastos do governo (G) = (Sg) poupança do governo - Pela tabela é possível perceber a identidade contábil: . Se Renda Líquidado Governo (RLG) - gastos do governo (G) = (Sg) poupança do governo . Então, – - – - . Conclusão : em uma economia fechada e com governo, os investimentos públicos e privados e seus prováveis gastos serão financiados pela poupança privada e pela receita do governo . Conclusão : - Se as poupanças privada e pública serão responsáveis pelos investimentos da sociedade . Se as “receitas do governo” > “despesas de consumo” o governo está conseguindo pagar pelos investimentos sob sua responsabilidade e ainda está ajudando a financiar os investimentos privados - Se será necessário que a poupança privada financie as despesas do governo . Se as “despesas do governo” forem maiores do que as “receitas de governo” as famílias têm de deslocar parte de sua poupança para financiar as despesas de governo - É o caso de aplicarmos a poupança em investimentos públicos: as famílias deixam simplesmente de financiar os investimentos privados e deslocam este esforço para a esfera pública - Se a poupança privada financiar as despesas do governo com consumo: temos um problema por lógica, a sociedade sempre deve preferir investir e não consumir. . É que os investimentos aumentam a capacidade produtiva da economia ao longo do tempo, enquanto o consumo faz desaparecer seus efeitos em curto espaço de tempo - Atenção: . despesas do governo com consumo e os investimento são classificados, indistintamente, como “despesas do governo”. . Nesta disciplina não interesse a quem pertence os investimentos (se às famílias ou ao governo): basta saber que eles são feitos. Economia aberta (com relações com o exterior) e com governo - Passaremos a ter quatro setores: famílias + empresas + governo + “resto do mundo” . Agora, a – pois temos a influência do setor externo . – (Renda Líquida Enviada ao Exterior) = – - Cálculo da demanda agregada: Pela ótica Forma Produto (PIB) Da despesa Será igual aos gastos com o consumo das famílias (C) + gastos com o investimento privado (I) + gastos do governo (G) + saldo das exportações de bens e serviços sobre as importações de bens e serviços (X-M) Da Renda Será igual aos gastos com o consumo das famílias (C) + poupança privada (S) + Renda Líquida do Governo (RLG) + saldo das remessas de renda enviada e recebida ao exterior (RLEE – TUR) RLEE (Renda Líquida Enviada ao Exterior) - Transferências Unilaterais Recebidas (TUR) - Pela tabela é possível perceber a identidade contábil: . – . – – . – - Devemos inserir o conceito de poupança externa (SE): . . - – – - . Se Renda Líquida do Governo (RLG) - gastos do governo (G) = (Sg) poupança do governo - - Logo, o investimento privado feito pelas famílias é de tal importância que deve contar com várias fontes de financiamento: . a própria poupança das famílias (S) . a poupança de famílias estrangeiras que acreditem ser interessante investirem em nosso País (SE) . a poupança do governo (Sg) - Conclusão: em uma economia aberta o investimento doméstico será financiado pela poupança de todos os agentes econômicos, incluindo a poupança privada, a poupança do governo e a poupança do setor externo. . Investimento doméstico: é aquele feito pelas famílias . Investimento do governo: são tratados, dentro do grande “agregado despesas do governo”, sem diferença do consumo - Quando se fala em “investimentos de famílias” está generalizando: deveria ser falado investimentos de famílias e instituições é que os economistas acreditam que, em última instância, as famílias são proprietárias das instituições (por contas de capital ou de ações) Sistema de Contas Nacionais - Sistema de Contas Nacionais: principais características e a descrição das suas principais contas . Contabilidade Nacional: retrato do funcionamento da economia em um determinado período . Contas nacionais: síntese da realidade econômica de um país em determinado período de tempo - Uma síntese pode significar simplesmente fazer a contabilidade de “qualquer coisa”: contabilidade pessoal ou de um escritório15 . A versão original do Sistema de Contas Nacionais foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU): o sistema possuía quatro contas que foram classificadas por meio das óticas de mensuração: Óticas de mensuração Contas Produção Produto Interno Bruto Apropriação (ou utilização da renda) Renda Nacional Disponível Acumulação dos agentes econômicos De Capital Setor externo De Transações com o resto do mundo . Os lançamentos nas contas são feitos pelo método contábil das partidas dobradas. . Como o Brasil realiza essa contabilidade? Os demonstrativos de contas do Banco Central nos permite obter essas informações. - Conta Produto Interno Bruto: . É a conta inicial do sistema – apresenta uma síntese de todos os lançamentos contábeis efetivados durante o período de produção. É a mais importante. - Débito: pagamento das unidades produtivas aos fatores de produção com os impostos subtraindo os subsídios - Crédito: resume o que a instituição recebeu dos agentes econômicos que adquiriram bens e serviços 15 Saber se a organização tem dinheiro ou não, se possui dívida ativa ou passiva, se houve pagamento de dívidas antigas, se as dívidas são maiores do que as receitas, se os investimentos correspondem a uma parcela razoável das receitas e despesas e se existem estoques a serem consumidos em períodos vindouros. . Do razonete dessa conta é extraído o PIB e as despesas a preços de mercado, agregando tudo o que foi produzido no país, sem distinção entre público e privado ou famílias e governo. - Lançamento (+) excedente operacional bruto: é uma espécie de lucro auferido pelas organizações . Tudo que represente uma atividade de produção e tenha reflexos contábeis entra nesta conta - Conta Renda Nacional Disponível Líquida: . Demonstra qual foi a renda necessária para o consumo. - Débito: o governo e a família são configurados como débito – pois agora são unidades consumidoras (e não produtoras), possuindo também o saldo da poupança doméstica - Crédito: toda a renda recebida – a que o governo e as famílias arrecadaram somadas ao saldo do recebimento e transferências ao exterior . Lançamento (+) excedente operacional bruto: é uma espécie de lucro auferido pelas organizações . Lançamento ( - ) depreciação: é necessário para se obter “contas líquidas” - Ao lançar o “excedente operacional bruto” menos a “depreciação”: é como se o excedente operacional ficasse disponível para o consumo e o investimento das organizações – na prática é o ato de realizar as despesas necessárias para repor os bens que se depreciaram ao longo do processo produtivo naquele período de tempo - Conta de Capital: é a mais simples de todas – tem por objetivo a consolidação do Sistema de Contas Nacionais. - Débito: são lançados os gastos da formação de capital menos a depreciação - Crédito: os lançamentos referentes às fontes de recursos para investimentos dos agentes econômicos – as poupanças . Lançamento ( - ) depreciação: possibilita avaliar a formação de capital novo para suportar o esforço produtivo - Alguns investimentos chegam a serem feitos na forma de bens de capital– exatamente para repor os bens que se depreciaram durante o período em curso - Conta Transações Correntes com o Resto do Mundo: são as movimentações dos agentes externos do país - Débito: o que for produzido no país e adquirido por não residentes (as exportações) – todos os rendimentos gerados para o país por suas ligações com o resto do mundo, inclusive a poupança externa - Crédito: as compras de bens e serviços que foram feitas por residentes no exterior (importações) e os rendimentos enviados ao exterior (transferências unilaterais com o resto do mundo) - Contas nacionais no Brasil: modelo metodológico um pouco diferente e mais completo . O sistema brasileiro é composto por duas contas principais: - Conta Econômica Integrada (CEI) - Tabela de Recurso e Uso de Bens e Serviços (TRU). . Apesar de ser incoerente estudarmos um sistema de contas que não seja o utilizado em nosso País, o autor adverte que o sistema de contas da ONU, acima apresentado, está totalmente inserido na CEI. - O sistema de contas visto acima é um “modelo” elaborado pela ONU: desta forma, cada país pode modifica-o de acordo com a sua necessidade. . A diferença básica entre o “sistema brasileira” e o “sistema ONU” está na conta TRU - Ela é utilizada para realizar investigações com relação às unidades de produção - Todos os lançamentos contábeis são realizados na CEI, ficando a TRU encarregada de de verificar essas contas Balanço de Pagamentos Registra todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo durante um determinado período de tempo. Função principal: analisar o estado das finanças internacionais de um país – permite acompanhar detalhadamente a evolução dos fluxos de recursos de materiais e financeiros entre os agentes internos e externos de uma determinada economia Saldo negativo [-] em alguma das contas os rendimentos enviados ao exterior superaram as receitas recebidas dos agentes externos pelas transações que ocorreram nessa conta Saldo positivo [+] em alguma das contas os rendimentos enviados ao exterior são inferiores as receitas recebidas dos agentes externos pelas transações que ocorreram nessa conta Plano contábil do Balanço de Pagamentos: é dado por um conjunto de contas agregadas que podem ser subdivididas em diversas outras contas, dependendo somente da necessidade de análise a ser realizada Contas analíticas que formam a base do balanço de pagamentos Conta corrente: nela são registrados todo o comércio de bens e serviços, os pagamentos e os recebimentos de rendas de capital e trabalho, além das transferências unilaterais entre os países e o resto do mundo Constituída de quatro subcontas: Balanço comercial: movimentações de compra e venda entre residentes e não residentes no país – os valores são computados “free on board” (livre dos custos com fretes, comissões e seguros que serão lançados na subconta de balanço de serviços) Balanço de serviços: receitas e pagamentos relativos à prestação de serviços nas transações entre residentes e não residentes Balanço de rendas: receitas e pagamentos associados às rendas do trabalho e do capital em transações entre residentes e não residentes – a renda corresponde aos salários e ordenados pagos por residentes a não residentes e os pagos pelos não residentes aos residentes Transferências unilaterais de renda: receitas ou despesas as quais não existiram contrapartidas ou aquisições de bens – tipo doações. Conta capital: nela são registradas as transferências unilaterais de ativos reais e ativos financeiros ou ativos intangíveis entre residentes e não residentes Diferença entre as transferências de “conta corrente” (item ) x “conta capital”: o primeiro envolve um tipo de doação (não existiram contrapartidas ou aquisições de bens), no segundo envolve os direitos de propriedade sobre ativos – houve uma contrapartida de quem vendeu a quem comprou e os bens trocam de mãos entre nacionais e estrangeiros Ex.: rendas em que houve a troca de pagamentos pelo aluguel de um fator de produção essas rendas (aluguéis) são contabilizadas na conta corrente, como exportações e importações de serviços. Esse aluguel tanto pode ser a forma de remuneração por máquinas, equipamentos e prédios emprestados temporariamente para a produção (e depois devolvidos) como o pagamento de salários pelo uso de mão de obra operativa ou gerencial. Ao final desse uso de mão de obra, a sua capacidade operativa volta a ser de propriedade de quem a detinha, no caso os operários, os gerentes e os empreendedores. Conta financeira: nela são registrados todos os tipos de fluxos de capitais entre o país e o resto do mundo - basicamente o registro de valores É esperado que os capitais se movam de um país a outro em busca de alguma forma de remuneração. Movimento de entrada e saída de capitais: é registrado na “conta financeira” Custos do movimento de entrada e saída de capitais: os juros e outras despesas financeiras associadas à movimentação de capitais são registrados no “balanço de rendas” da “conta corrente”. Por isso, a “conta financeira” está diretamente relacionada à “conta corrente” para cada tipo de investimento na conta financeira existe uma conta correspondente na subconta de “balanço da rendas”. Investimento direto: entradas e saídas de capital relacionados à obtenção de um interesse16 no longo prazo do investidor não residente em um negócio ou atividade residente da economia Investimentos em carteira: receitas e despesas relacionadas aos empreendimentos de curto prazo - ações do mercado financeiro, debêntures e outros títulos de renda fixa e variável. Derivativos e outros investimentos: conta residual que registra qualquer fluxo que não se encaixe em nenhuma das outras contas citadas créditos comerciais empréstimos moedas e depósitos outras operações. Omissões e erros: é a encarregada de realizar os ajustes necessários e criar a identidade contábil entre o lado do débito e do crédito17 Saldo do balanço de pagamentos: a soma do saldo de todas as contas – pode ser [+] ou [-]. Haveres da Autoridade Contábil18: revelará se existiu ou nas reservas internacionais, resultado de um saldo [+] ou [-] no balanço de pagamentos. Resumindo - As contas nacionais são apresentadas por meio de um modelo clássico que possui quatro subdivisões: . Conta do produto (Produto Interno Bruto) . Conta de apropriação (Renda Nacional Disponível) . Conta de formação bruta de capital (acumulação) . Conta de relação com o exterior - Estas contas mostram a interligação entre os vários elementos que estão presentes em qualquer sistema econômico - Foi analisado o funcionamento de uma economia aberta: importação e exportação de bens, pagamento por serviços e entrada e saída líquida de recursos Atividades de aprendizagem 1. Discorra sobre a origem história e o desenvolvimento da metodologia das contas nacionais. 2. Qual a diferença entre Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto? 3. Como a poupança externa pode vir a complementar a poupança interna na visão das contas nacionais? 4. Explique a identidade contábil de uma das contas da Contabilidade Nacional, e por que os dois lados da conta necessariamente chegam aos mesmos valores? 16 Interesse: aquisição, participação acionária ou simplesmente o empréstimo de recursos entre as matrizes de organizações e suas filiais. 17 Uma vez que é normal existirem discrepâncias entre as somas das contas correntes, capital e financeira por conta das diversas variações monetárias ao final de cada período, esta conta. 18 Considerando que todo balanço
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