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Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 1 AUDITORIA A auditoria operacional se constitui numa ferramenta fundamental para uma boa administração, pois ultrapassa a fronteira dos aspectos financeiros, adentrando-‐se nas questões de economicidade, eficiência e efetividade. Apesar de sua relevância tanto para o setor privado quanto para o governamental, a literatura técnica nacional e estrangeira que abarca a matéria é bastante reduzida e muitas vezes não descreve o tema com a devida profundidade. Não há sequer uma uniformidade conceitual. Alguns estudiosos a denominam auditoria administrativa, de gestão, e há até mesmo os que a confundem com a auditoria interna. Auditoria e accountability Auditoria origina-‐se do latim audire = “ouvir”. Atualmente, consiste na ação independente de se confrontar uma determinada condição com um critério preestabelecido, que se configura como a situação ideal, para que se possa opinar ou comentar a respeito. Assim, a auditoria é simplesmente, a comparação imparcial entre o fato concreto e o desejo, com o intuito de expressar uma opinião ou de emitir comentários, materializados em relatórios de auditoria. è Ação independente de um terceiro sobre uma relação de accountability, objetivando expressar uma opinião ou emitir comentários e sugestões sobre como essa relação está sendo obedecida. Portanto, a auditoria é a verificação de como a prática de accountability está sendo cumprida. Accountability = vai além do conceito de responsabilidade, pois traz em seu âmago a noção de dever, de comprometimento, de obrigatoriedade de resposta, de prestar e render contas. Não é simplesmente a prestação de contas – é a obrigação de prestar contas. Representa o compromisso “ético e legal” de se responder por uma responsabilidade delegada. Representa a responsabilidade final (um grau mais alto de responsabilidade). A accountability se classifica em pública e privada. Accountability pública pode ser conceituada como a obrigação de todo administrador governamental de prestar contas à sociedade de como utiliza os recursos que lhe são confiados para serem administrados em favor da coletividade, de forma fiel, justa, objetiva e transparente. Accountability privada pode ser conceituada como a obrigação de todo administrador de prestar contas ao dono do patrimônio de como utiliza os recursos que lhe são confiados para serem geridos. Classificação da auditoria Tipos de auditoria encontrados em livros: a distância, de programas, abrangente, de regularidade, administrativa, de recursos externos, ambiental, de resultados, analítica, de sistemas informatizados, articulada, de tomada de contas, contábil, do planejamento estratégico, de qualidade, especial, da regularidade, financeira, das práticas de gestão, fiscal, de acompanhamento, gestional, de contas, horizontal, de economicidade, informática, de eficácia, integrada, de eficiência, integral, de desempenho, operacional, de gestão, orçamental, de legalidade, orientada, de missão, parcial, de otimização de recursos, programática, de prestação de contas, total. Classificação – Quanto ao campo de atuação: a) governamental – é o tipo de auditoria que está voltada para o acompanhamento das ações empreendidas pelos órgãos e entidades que compõem a administração direta e indireta das três esferas de governo, ou seja, que gerem a res publica. Normalmente é realizada por entidades superiores de fiscalização, sob a forma de Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 2 tribunais de contas ou controladorias, e organismos de controle interno da administração pública; b) privada – é a auditoria cuja atuação se dá no âmbito das entidades que objetivam o lucro, de maneira geral. Classificação – Quanto à forma de realização: a) interna – é a auditoria realizada por profissionais vinculados à entidade auditada. Além das informações contábeis, preocupam-‐se também com os aspectos operacionais. Normalmente, a auditoria interna se reporta à presidência da organização, funcionando como um órgão de assessoramento; b) externa – é a auditoria realizada por profissionais qualificados, que não são empregados da administração auditada, com o objetivo precípuo de emitir uma opinião independente, com base em normas técnicas, sobre a adequação ou não das demonstrações contábeis. Também conceituada como auditoria independente, é a auditoria contábil realizada por especialistas não vinculados à organização examinada. Classificação – Quanto ao objetivo dos trabalhos: a) contábil ou financeira – representa o conjunto de procedimentos técnicos aplicados de forma independente por um profissional habilitado, segundo normas preestabelecidas, com o objetivo de emitir uma opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis tomadasem conjunto; b) operacional ou de otimização de recursos – é a auditoria que objetiva avaliar o desempenho e a eficácia das operações, os sistemas de informação e de organização, e os métodos de administração; a propriedade e o cumprimento das políticas administrativas; e a adequação e a oportunidade das decisões estratégicas. c) Integrada – também conhecida como comprehensive audit ou auditoria de amplo escopo, envolve três aspectos relacionados, mas individualmente distinguíveis no que se refere a accountability, quais sejam: exame de demonstrações contábeis ou financeiras; exame de conformidade com as autorizações ou exames da legalidade; e exame de economicidade, eficiência e eficácia na gerência dos recursos públicos ou privados. AO = Auditoria Operacional AI = Auditoria Integrada AE = Auditoria de economicidade e eficiência AEF = Auditoria de eficácia Como mostra a figura, as auditorias de economicidade e eficiência e de eficácia – componentes da auditoria operacional – necessitam também de informações contábeis e financeiras para serem realizadas. A auditoria operacional abarca, portanto, a auditoria dos três “E”: economicidade, eficiência e eficácia. A realização da auditoria contábil tradicional juntamente com a auditoria operacional dá origem à auditoria integrada. Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 3 Alguns autores incluem também a auditoria de cumprimento (consideraremos como cumprimento normativo é um dos objetivos das auditorias contábil e operacional). Objetivos dos trabalhos: • Auditorias contábeis: assegurar se as demonstrações contábeis estão apresentadas razoavelmente, em todos os aspectos materiais, em conformidade com os princípios de contabilidade. • Certificações: examinar, revisar ou realizar procedimentos acordados sobre dada matéria ou afirmação objeto do trabalho pertinente ao assunto sob exame e relatar os resultados obtidos. • Auditorias operacionais: implicam exame objetivo e sistemático da evidência para apresentar uma avaliação independente do desempenho e da gestão de um programa com base em critérios objetivos, assim como avaliações que proporcionem um enfoque prospectivo ou que sintetizem informações sobre as melhores práticas ou análises de temas transversais. As auditorias operacionais proporcionam informações para melhorar o desempenho dos programas e facilitar o processo de tomada de decisões por parte dos encarregados de dirigir ou iniciar as ações corretivas e melhorar a accountability perante o público. As auditorias operacionais abrangem uma ampla variedade de objetivos, inclusive os relativos à avaliação da efetividade e dos resultados de um programa; à economicidade e eficiência; ao controle interno; ao cumprimento das exigências legais ou de outra índole; e os objetivos relativos a apresentar análises prospectivas, orientações ou informações sumárias. As auditorias operacionais podem ser de amplo escopo ou de escopo restrito de trabalho e são aplicadas mediante variadas metodologias; implicam distintos níveis de análise, investigação ou avaliação; e geralmente apresentam achados, conclusões e recomendações, gerando como resultado um relatório. è A auditoria operacional tem sido rotulada ora como fiscalização operacional, ora como controle operacional. No âmbito da administração pública, o controle é a função exercida pelo parlamento. A fiscalização é o mecanismo adicional a serviço desse controle. E a fiscalização a cargo dos órgãos que auxiliam o controle externo se materializa pela auditoria. Entende-‐se que o controle, a fiscalização e a auditoria são sinônimos. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS E DE CONTROLE DA AUDITORIA É um meio indispensável de confirmação da eficiência dos controles e fator de maior tranquilidade para a administração e de maior garantia para investidores, bem como o próprio fisco, que tem na auditoria o colaborador eficiente e insuspeito, que contribui diretamente para melhor aplicação das leis fiscais. Vantagens para a administração da empresa • Fiscaliza a eficiência dos controles internos; • Assegura maior correção dos registros contábeis; • Opina sobre a adequação das demonstrações contábeis; • Dificulta desvios de bens patrimoniais e pagamentos indevidos de despesas; • Possibilita apuração de omissões no registro das receitas, na realização oportuna de créditos ou na liquidação oportuna de débitos; • Contribui para obtenção de melhores informações sobre a real situação econômica, patrimonial e financeira das empresas; • Aponta falhas na organização administrativa da empresa e nos controles internos. Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 4 Vantagens para os investidores (titulares de capital) • Contribui para maior exatidão das demonstrações contábeis; • Possibilita melhores informações sobre a real situação econômica, patrimoniale financeira das empresas; • Assegura maior exatidão dos resultados apurados. Vantagens para o Fisco • Permite maior exatidão das demonstrações contábeis; • Assegura maior exatidão dos resultados apurados; • Contribui para maior observância das leis fiscais. MÉTODOS DE AUDITORIA • Retrospecção – verificam-‐se os fatos passados já vividos, em fatos patrimoniais já sucedidos (caráter distintivo entre a escrituração ou registro contábil e a técnica de auditoria). • Análise – fator predominante, o que realmente caracteriza o método ou conduta de trabalha na técnica de auditoria, orientando a execução do trabalho, dando-‐lhe, aproximadamente, as seguintes fases: o Levantamento de condições de rotina administrativa financeira e contábil; o Planejamento da auditoria; o Obtenção das provas; o Relatório de auditoria; o Certificados. Lei Sarbanes-‐Oxley Surge após crises decorrentes das fraudes nas empresas Enrom e WorldCom Necessidade do Congresso de proteger o público investidor Questionamento da imprensa, Congresso e público em geral Falhas operacionais significativas acobertadas por fraudes contábeis sofisticadas não detectadas Fixar padrões para auditorias cia’s abertas Endosso das demonstrações pelos diretores Exige divulgação adequada das demonstrações Exige qualidade dos controles internos Obrigação de pelo menos um profissional especialista em finanças com divulgação do nome Revezamento das pessoas envolvidas com auditoria (05 anos) Aumentar a divulgação de transações ou acordos “fora do balanço” que podem ter efeito significativo, corrente ou future Estipulou que o PCAOB (Conselho de Supervisão Contábil de Companhias Abertas) produzisse padrões de auditoria para companhias abertas. O AICPA fixa padrões para as auditorias de companhias fechadas. Há cooperação entre o AICPA e PCAOB, o que tem levado a uma convergência maior entre os dois conjuntos de padrões. O AICPA está trabalhando com o Iasb na convergência internacional dos padrões. AUDITORIA INTERNA Constitui o conjunto de procedimentos que tem por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da entidade. Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 5 É uma atividade de avaliação independente dentro da empresa, que se destina a revisar as operações, como um serviço prestado à administração. Constitui um controle gerencial que funciona por meio da análise e avaliação da eficiência de outros controles. É examinada por um profissional ligado à empresa, ou por uma seção própria para tal fim, sempre em linha de dependência da direção empresarial. O auditor interno é pessoa de confiança dos dirigentes; está vinculado à empresa por contrato trabalhista continuado e sua intervenção é permanente. Sua área de atuação envolve todas as atividades da empesa; predominam a verificação constante dos controles internos, a manipulação de valores e a execução de rotinas administrativas. O objetivo da auditoria interna é auxiliar todos os membros da administração no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, fornecendo-‐lhes análises, apreciações, recomendações e comentários pertinentes às atividades examinadas. A auditoria interna compreende os exames, análise, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vista a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. O auditor interno interessa-‐se por qualquer fase das atividades do negócio em que possa ser útil à administração. Isto pressupõe sua incursão em campos além dos de contabilidade e finanças, a fim de obter uma visão completa das operações submetidas a exame. Testa a qualidade dos trabalhos, revisa, recomenda; enfim assiste à administração e lhe fornece informações periódicas principalmente no que tange: ü À aplicabilidade e adequação de controles internos, financeiros e operacionais; revisando e avaliando a correção, adequando e aplicando os controles contábeis, financeiros e outros de natureza operacional, propiciando controles eficazes a um custo razoável; ü À extensão do cumprimento das diretrizes, planos e procedimentos; determinando o grau de atendimento; ü À salvaguarda dos ativos quanto à escrituração, guarda e perdas de todas as espécies; determinando o grau de controle dos ativos da empresa quanto à proteção contra perdas de qualquer tipo; ü À avaliação da qualidade e desempenho na execução das responsabilidades delegadas determinando a fidelidade dos dados administrativos originados na empresa; ü À recomendação de melhorias operacionais. A auditoria interna prestaajuda à administração, com vistas à possibilidade de eliminar inconvenientes ao desempenho da gestão. Por ser empregado da empresa, o auditor interno perde sua independência profissional. Pode ser muito zeloso e cumprir a ética, mas é evidente sua demasiada submissão aos administradores. Deve comprovar a participação em programas de educação continuada. As responsabilidades da auditoria interna, na organização, devem ser claramente determinadas pelas políticas da empresa. A autoridade correspondente deve propiciar ao auditor interno livre acesso a todos os registros, propriedades e pessoal da empresa que possam vir a ter importância para o assunto em exame. O auditor deve sentir-‐se à vontade para revisar diretrizes, planos, procedimentos e registros. As responsabilidades do auditor interno devem ser: v Informar e assessorar a administração e desincumbir-‐se das responsabilidades de maneira condizente com o Código de Ética do Instituto dos Auditores Internos; Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 6 v Coordenar suas atividades com a de outros, de modo a atingir com mais facilidade os objetivos da auditoria em benefício das atividades da empresa. As responsabilidades do auditor interno na execução dos trabalhos: • o auditor interno deve ter o máximo de cuidado, imparcialidade e zelo na realização dos trabalhos e na exposição das conclusões; • a amplitude do trabalho do auditor interno e sua responsabilidade estão limitadas à sua área atuação; • a utilização da equipe técnica supõe razoável segurança de que o trabalho venha a ser executado por pessoas com capacitação profissional e treinamento requeridos nas circunstancias. No desempenho de suas funções, um auditor interno não tem responsabilidade direta nem autoridade sobre as atividades que examina. Assim, as revisões e avaliações feitas por um auditor interno nunca eximem outras pessoas da empresa das responsabilidades que lhes cabem. A independência é essencial para a eficiência da auditoria interna. Esta independência se obtém, primordialmente, por meio do posicionamento na estrutura organizacional e da objetividade: • O posicionamento da função de auditoria interna na estrutura organizacional e o apoio dado a esta função pela administração são os principais determinantes de sua amplitude e valor. • A objetividade é essencial a função de auditoria. Um auditor não deve, portanto, desenvolver e implantar procedimentos, preparar registros ou envolver-‐se em qualquer outra atividade que poderá vir normalmente a examinar e analisar, e que venha a constituir empecilho à manutenção de sua independência. NORMAS DE AUDITORIA INTERNA A criação de normas para auditoria operacional é uma tarefa complexa, em face da diversidade dos projetos desenvolvidos na área e das abordagens especialmente talhadas para cada trabalho especificamente. Os profissionais de engenharia, de transportes etc, que podem auxiliar na execução da auditoria operacional devem pautar seu desempenho pelas mesmas normas. A necessidade de cumprir tarefas complicadas em tempo hábil gera nesta área o mesmo tipo de pressão que em outras – pressões para procurar caminhos mais rápidos, e a tentação de fazer julgamentos apressados baseados em informações incompletas ou de agir sem considerar a lógica de um conjunto de relações. A aplicação uniforme das normas ajuda a manter a alta qualidade do trabalho, frente a tais pressões. Normas de auditoria operacional existentes v Normas Gerais o Os auditores devem ter, no conjunto proficiência profissional para se desincumbirem das tarefas a eles confiadas; o A organização de auditoria e os auditores, individualmente, não devem ter sua independência prejudicada, mantendo-‐a nas atitudes e na aparência; o Devem exercer zelo profissional ao fazerem a auditoria e prepararem o relatório; o O auditor deve comunicar qualquer limitação imposta ao escopo do exame. v Normas de Exame e Avaliação o O trabalho deve ser adequadamente planejado e supervisionado e corroborado por papeis de trabalho corretamente feitos; Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 7 o Deve-‐se obter evidencia suficiente, competente e relevante, que proporcione uma base razoável para o parecer do auditor; o O auditor deve estar atento para possíveis circunstancias de fraude, abuso e atos ilegais. v Normas de Relatório o Os relatórios devem ser feitos por escrito e revisados na forma de rascunho, pelo setor auditado e pelos dirigentes que solicitaram a auditoria; o Os relatórios devem ser objetivos, imediatos e oportunos; o Os relatórios devem apresentar dados exatos e fidedignos e os fatos descobertos de maneira: convincente, clara, simples, concisa e competente; o Os relatórios devem conter realizações dignas de nota e enfatizar principalmente as melhorias, emvez das críticas. à as orientações acima são instrutivas, não se determina com precisão o que uma unidade de auditoria deve fazer para atender à exigência de planejamento adequado do trabalho, nem há regras quanto à quantidade de evidencia exigida para se corroborar um fato descoberto. à as normas de auditoria, juntamente com os procedimentos para sua implementação, estabelecem a ordem e a disciplina na realização do trabalho. à o auditor deve respeitar o sigilo (mesmo após término do trabalho) relativamente às informações obtidas durante o seu trabalho, não as divulgando para terceiros, sob nenhuma circunstancia, sem autorização expressa da Entidade em que atua. DIFERENÇAS ENTRE AUDITORIA EXTERNA E INTERNA Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna Sujeito Profissional independente Auditor interno (funcionário da empresa) Ação e objetivo Exame das demonstrações financeiras Exame dos controles operacionais Finalidade Opinar sobre as demonstrações financeiras Promover melhorias nos controles operacionais Relatório principal Parecer Recomendações de controle interno e eficiência administrativa Grau de independência Mais amplo Menos amplo Interessados no trabalho A empresa e o público em geral A empresa Responsabilidade Profissional, civil e criminal Trabalhista Número de áreas cobertas pelo exame durante um período Maior Menor Intensidade dos trabalhos em cada área Menor Maior Continuidade do trabalho Periódico Contínuo Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 8 A FUNÇÃO ESTRATÉGICA DA AUDITORIA INTERNA Funciona como elemento chave no processo de avaliação contínua dos processos e atividades das empresas. Deve estar adequadamente sincronizada com o mercado. Deve assumir uma participação proativa no suporte à gestão empresarial sendo responsável não só por assegurar a qualidade e efetividade da estrutura de controle interno, como também, propor recomendações de valor agregado às atividades e aos negócios da empresa. GOVERNAÇA CORPORATIVA E AUDITORIA Governança Corporativa: é um processo pelo qual os proprietários e credores de uma organização exercem controle e exigem prestação de contas do uso dos recursos confiados à organização. Os proprietários (acionistas) elegem um conselho de administração para supervisionar as atividades da organização e a prestação de contas. Muitas partes tem interesses na qualidade da governança de uma organização, incluindo: • Acionistas • Conselho de administração • Comitê de auditoria • Administração (financeira e operacional) • Auditores internos • Organizações ou agências de autorregulação contábil e outras (Bovespa, CVM..) • Auditores externos O processo geral de governança, começa com os acionistas/proprietários delegando responsabilidades aos executivos, sob a interveniência de um conselho de administração e, a seguir, a unidades operacionais com a supervisão e a assistência de auditores internos. Em troca dessas responsabilidades (e desse poder!), a governança exige prestação de contas de todo o sistema aos acionistas. Entretanto, a prestação de contas não termina nos acionistas. Os executivos e o conselho de administração são responsáveis por agir de acordo com as leis da sociedade, além de atender a diversas exigências de credores e funcionários. Em algumas partes do mundo, como na Europa, as organizações têm sido cada vez mais chamadas a fazer uma “tripla divulgação de resultados”, a qual delineia as contribuições da organização às metas mais amplas da sociedade e dos funcionários da organização. Visão geral dos governança corporativa Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 9 A seguir o quadro apresenta a visão geral das responsabilidades, tanto para os auditores externos e internos, bem como a visão geral das falhas de Governança Corporativa: Parte Visão geral das responsabilidades Visão geral das falhas de Governança Corporativa Auditores Externos Papel geral: realização de auditorias de demonstrações financeiras para assegurar que estejam livres de declarações materiais incorretas, incluindo as que sejam decorrentes de fraudes. Atividades específicas incluem: • Auditorias de demonstrações financeiras de cia’s • Auditorias de D.F. de cia’s abertas • Outros serviços, tais como planejamento fiscal e consultoria • Ajudaram as empresas a usar os conceitos contábeis para atingir objetivos de lucro. • Promoveram pessoas com base em sua capacidade de vender outros produtos que não auditoria. • Substituíram testes diretos de saldos contábeis por levantamentos, análise de risco e instrumentos análíticos. • Deixaram de descobrir fraudes básicas em casos tais como WorldCom e HealthSouth, pois os procedimentos fundamentais de auditoria não foram usados. ParteVisão geral das responsabilidades Visão geral das falhas de Governança Corporativa Auditores Internos Papel Geral: realizar auditorias para fins de cumprimento de políticas e normas das empresas e para avaliar a eficiência das operações, além de avaliação e testes periódicos de controles. Atividades específicas incluem: • Elaboração de relatórios e análises para a adminsitração (incluindo a operacional) e comitês de auditoria • Avaliação de controles internos. • Concentraram seus esforços em “auditorias operacionais” e deduziram que a auditoria financeira estava sendo feita por auditores externos. • Relatavam predominantemente aos executivos, e quase nada ao comitê de auditoria. • Em alguns casos (HealthSouth, WorldCom) não tinham acesso aos registros de contabilidade financeira. Importância de uma boa Governança para a auditoria Empresas com boa governança corporativa proporcionam riscos menores em sua auditoria. Características dessas instituições: Tendem a se envolver menos em “engenharia financeira” Possuem um código de conduta reforçado pelas ações de alta direção Possuem membros independentes no conselho de administração, que levam suas tarefas a sério Levam a sério as exigências de bom controle interno sobre a divulgação financeira Comprometem-‐se a ter as competências financeiras necessárias Exemplos de falhas de auditorias: Case: WorldCom Uma das maiores fraudes da história corporativa dos EUA Falência da segunda maior operadora de chamadas de longa distância do país Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 10 Rombo de cerca de US$4bi em suas contas Pesou a desconfiança no sistema contábil que assinou atestados de saúde para gigantes do mundo empresarial Quase US$30bi em dívidas com bancos Inflou em cerca de US$4bi seus lucros entre Jan/2001 e Março/2002. Ações que chegaram a valer US$60 foram a US$0,20 Aumento do valor do dólar Ações da Embratel (controlada pela WorldCom) perde até 25% do valor (foi a venda) Queda de investimentos no Brasil nos períodos subsequentes (jan/2001 a mai/2002) Arthur Andersen – auditoria responsável pelos balanços da WorldCom, também auditores da Enron Case: Enron Empresa de exploração de gás natural e produção de energia de diversos tipos (embora ao longo dos anos diversificou sua carteira de investimentos, incluindo áreas como frequência de internet, gerenciamento de risco e derivativo climático). Fundada em 1985 No ano de 2000 alcançou um valor de US$ 68bilhões, alcançou faturmaneto de US$101 bilhões, e seus acionistas celebravam expressivos lucros – 7a. maior companhia americana. Com a fraude demitiu-‐se mais de 4.000 empregados, que ficaram sem o seu fundo de pensão. A contabilidade da empresa contou ganhos projetados de contratos de energia a longo prazo como receita corrente. Esta técnica foi usada para aumentar os números de rendimento manipulando projeções para rendimentos futuros. Escondeu dívidas de US$25bilhões por dois anos consecutivos. Ao reportar esses ingressos como capital na Companhia, os executivos inflaram os balanços para atrair novos investimentos e, por consequência, valorizar o preço de suas ações, atraindo novos acionistas. As entradas de capital não eram reais, pagava-‐se pouco em impostos, complicando ainda mais a situação real contábil e jurídica da companhia. 2001 setor de comunicação inicia uma série de perdas na bolsa de valores norte-‐americana, e a Enron começa a ser analisada de forma mais cuidadosa pelas autoridades. Jeffrey Skilling (chefe de operações financeiras) e o presidente Ken Lay deixam seus postos alegando questões pessoais, protegendo os seus recursos pessoais através de operações de mercado de capitais. A fraude é divulgada – perdas de US$68 milhões em outubro/2001, fazendo o preço da ação cair de US$86,0 para US$0,30 A SEC, entidade que regula o mercado de capitais nos EUA conduziu uma intensa auditoria na empresa e reconhece que a Enron reportou durante vários anos lucros muito maiores do que os reais. Skilling e Lay foram indiciados em 2004, e em maio/2006 são condenados a sentença máxima de 185 anos, e 45 anos respectivamente, e a Enron liquida suas operações restantes e distribui suas possas a seus credores. A Arthur Andersen, empresa de auditoria independente da Enron, desempenhou um papel fundamental para sustentar a ilusão do sucesso da empresa, e acabou decretar a sua falência um tempo depois. Fonte: LEC News, Daniel Sibille Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 11 Em razão de uma série de escândalos financeiros corporativos, como da Enron e WorldCom, foi redigida a lei Sarbanes-‐Oxley, em 2002. FRAUDENA EMPRESA E SEUS EFEITOS A seguir alguns sinais de alerta sobre fraudes em uma empresa e como um empregado e responsáveis pela empresa devem proceder: Sinais de alerta O que o empregado pode fazer O que a empresa deve fazer Poderes concentrados em poucas pessoas, sem supervisão Reunir documentos que permitam fazer a denúncia Guardar em lugar seguro documentos e arquivos de computador relevantes Prejuízos repentinos em um negócio tradicionalmente rentável Se a fraude for em outro setor, comunica-‐la ao supervisor imediato Determinar claramente quem é o responsável pelo contato com as autoridades Mudança súbita no estilo de vida de um funcionário Se a fraude foi cometida pelo superior imediato, levar o caso à direção da empresa Uma vez terminada a investigação, comunicar internamente as conclusões, com transparência Pagamentos anormalmente elevados por serviços e consultorias Procurar o apoio de ouros funcionários, se isso ajudar a reunir evidências Tomar providencias imediatamente A AUDITORIA OPERACIONAL É a análise e avaliação do desempenho de uma organização – no todo ou em partes – objetivando formular recomendações e comentários que contribuirão para melhorar os aspectos de economicidade, eficiência e eficácia. É o conjunto de procedimentos aplicados, com base em normas profissionais, sobre qualquer processo administrativo com o objetivo de verificar se eles foram realizados em observância aos princípios da economicidade, eficiência e eficácia e da efetividade. Portanto, o auditor ao executar uma auditoria operacional, deverá emitir um relatório apresentando seus comentários sobre se a administração adquiriu seus insumos com qualidade e ao menor custo, se eles foram alcançados, assim como comentários sobre o impacto ocasionado pelo uso desses insumos. Assim devem ser consideradas as questões: Ø A administração adquiriu seus insumos observando os parâmetros de qualidade? (Economicidade) Ø Considerando as devidas opções de mercado, os insumos foram adquiridos ao menor custo? (Economicidade) Ø Os insumos adquiridos foram bem utilizados e no momento certo, sem que ocorressem desperdícios, desvios e outras práticas indevidas? (Eficiência) Ø As metas estabelecidas pela administração de forma facultativa ou impositiva foram alcançadas? (Eficácia) Ø Os impactos decorrentes das ações desenvolvidas pela administração estão corretamente avaliados? (Efetividade) Com isso, o que diferencia esse tipo de auditoria da auditoria contábil é que enquanto a auditoria operacional irá responder a uma questão específica sobre desempenho ou sobre a adequação de demonstrações contábeis, em conformidade com os princípios fundamentais de contabilidade. Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 12 Vale ressaltar que: A auditoria operacional consiste em revisões metódicas de programas, organizações, atividades ou segmentos operacionais dos setores público e privado, com a finalidade de avaliar e comunicar se os recursos da organização estão sendo usados eficientemente e se estão sendo alcançados os objetivos operacionais. Resumindo, a auditoria operacional é um processo de avaliação do desempenho real, em confronto com o esperado, o que leva, inevitavelmente, à apresentação de recomendações destinadas a melhorar o desempenho e a aumentar o êxito da organização. É comum encontrar trabalhos nos quais a auditoria interna é tratada como auditoria operacional. Isso se deve ao fato de a segunda ter surgido no setor privado, como veremos, em face da necessidade de se verificar a adequação do sistema de controle interno implantado para alcançar os resultados esperados, trabalho que era feito originalmente pelos auditores internos. Porém, enquanto o conceito da primeira está relacionado ao objetivo do trabalho, podendo ela ser realizada tanto por auditores internos quanto externos. Foco da Auditoria Operacional É o processo nos seus múltiplos aspectos: • De planejamento; • De organização; • De procedimentos e • De acompanhamento gerencial, inclusive quanto aos seus resultados em termos de metas alcançadas. Abordagens da Auditoria Operacional 1. Análise da estratégia organizacional 2. Análise da Gestão 3. Análise dos procedimentos operacionais 1. Análise da estratégia organizacional • Cumprimento da missão da gerência; • A adequação dos objetivos estratégicos às prioridades da direção; • A identificação dos principais produtos, indicadores de desempenho e metas das gerências; • A identificação dos pontos fortes e fracos da organização, e das oportunidades e ameaças ao desenvolvimento organizacional; • A existência de superposição e duplicação de funções Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 13 2. Análise da gestão • A adequação da estrutura organizacionalaos objetivos da organização; • A existência de sistemas de controle adequados destinados a monitorar, com base em indicadores de desempenho válidos e confiáveis, aspectos ligados à economia, à eficiência e à eficácia; o uso adequado dos recursos humanos, instalações e equipamentos voltados para a produção e prestação de bens e serviços na proporção, qualidade e prazos requeridos; • A extensão do cumprimento das metas previstas pela direção ou legislação pertinente. 3. Análise dos procedimentos operacionais • A existência de rotinas e procedimentos de trabalho documentados e atualizados; • Cumprimento das práticas recomendadas pela legislação para aquisição de bens e serviços; • A adequação das aquisições no que se refere aos prazos , à quantidade, ao tipo, à qualidade e aos preços; • A guarda e manutenção dos bens móveis e imóveis. Ainda pode-‐se expor que a auditoria operacional objetiva determinar: § Se a administração desempenhou suas atividades com economicidade, de acordo com princípios, práticas e políticas administrativas corretas; § Se os recursos humanos, financeiros e de qualquer outra natureza são utilizados com eficiência, incluindo o exame dos sistemas de informação, dos procedimentos de mensuração e controle do desempenho e as providencias adotadas pelas entidades auditadas para sanar as deficiências detectadas; § A eficácia do desempenho das entidades auditadas em relação ao alcance de seus objetivos e avaliar os resultados alcançados em relação àqueles pretendidos. Tem-‐se como objetivos da Auditoria Operacional, ainda: • Estabelecer possibilidades de melhoria do funcionamento e utilização dos recursos, a partir do diagnóstico que tem como premissa o mais amplo consenso; • Alinhar todas as ações, programas, ferramentas e métodos de gestão da qualidade segundo as Diretrizes de melhoria decididas pela Alta Direção da Organização. Dimensões da Auditoria Operacional A economicidade se refere à produção ao menor custo. Uma ação é econômica quando proporciona a aquisição de insumos ao menor preço, sem prejuízo da qualidade. É gastar menos. Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 14 A eficiência está diretamente relacionada com a utilização racional dos recursos. O incremento na eficiência representa proporcionalmente um aumento na produtividade, pois uma ação eficiente torna melhor aquilo que já era feito; corresponde à relação entre resultados alcançados e recursos consumidos (pessoas, materiais, espaço, tempo, etc). É meio, é fazer bem, é gastar bem. A eficácia corresponde à consecução dos resultados econômicos e sociais (chegar a solução do problema). A eficácia interage com a eficiência à quanto maior a segunda, maior será a possibilidade de alcançar a primeira, mas essa condição não pode ser aceita como regra geral. É fim, é fazer o que é certo, é gastar sabiamente. A efetividade é o resultado verdadeiro – como um dos componentes da auditoria operacional. Objetivos da auditoria de gestão e sua caracterização ü Participação da auditoria interna em todos os momentos empresariais, em que o responsável pela auditoria interna poderia estar participando de comitês de negócios, grupos de planejamento estratégico, reuniões da qualidade, visando a total integração e conhecimento detalhado das atividades da empresa, principalmente daquelas vinculadas às tomadas de decisões. ü Foco da “atividade de auditoria” com participação inovadora. Deveria haver ciclos de estudos internos nas empresas sobre a “atividade de auditoria”, em que a busca do conhecimento seria disseminada para todos os executivos, gestores da empresa, antecipando e prospectando cenários no ambiente de cada organização. ü Avaliação de indicadores não monetários. A auditoria de gestão deve estar voltada para o estabelecimento de padrões de excelência empresarial, através de avaliação de novas métricas, que não necessariamente estejam voltadas para itens monetários. è a auditoria de gestão deve fazer parte do ciclo de planejamento, execução, controle como uma nova função administrativa voltada para a mensuração dos resultados da administração. Ganhos Potenciais com auditoria operacional • Aumento de receitas; • Melhoria do desempenho; • Redução dos desperdícios e de práticas ineficientes, antieconômicas, ineficazes e abusivas; • Redução de custos; • Melhoria dos processos de medição; • Melhoria dos processos de controle; • Otimização de procedimentos; • Aumento da capacidade e velocidade na solução de problemas Avaliação do Programa • Examina a efetividade dos programas e projetos da direção: • A sua concepção lógica (legalidade); • Consistência entre objetivos e necessidades; • A consistência entre as ações desenvolvidas e os objetivos estabelecidos; • As consequências do programa; • Os efeitos implícitos; • Os fatores inibidores do seu desempenho; • A qualidade dos efeitos alcançados(impactos); • A existência de outras alternativas de ação (custos) Auditoria Operacional e de Gestão -‐ Prof. Carlos Antônio Pereira 15 Classificação da Auditoria Operacional à Quanto a abrangência de atuação: Nossa programação de auditoria se dá no âmbito das gerências da Organização que objetivam a criação de valor para o cliente. à Quanto a forma de realização: Interna: realizadas por profissionais da organização vinculados à função qualidade e/ou de desempenho. à Quanto ao objetivo da auditoria operacional: O Programa de auditoria operacional objetiva avaliar o desempenho e a eficácia das operações e serviços, os sistemas de medições, a organização do trabalho, e os métodos de gestão da qualidade; a propriedade e o cumprimento da política de gestão da qualidade; e a adequação e alinhamento das ações e projetos com as Diretrizes estratégicas.
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