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Resumo do livro do Poltronieri
Direito, Sociedade e Estado
“Onde está a sociedade está o direito; onde está o direito está a sociedade” já há muito tempo demonstra a necessidade da organização das regras de convivência. O Direito atua como uma resposta ao anseio da organização. É mediante o uso de regras de conduta que a experiência jurídica nos coloca diante de um mundo de relações entre sujeitos humanos organizados de maneira estável em sociedade.
Os indivíduos atuam com plena consciência de que ao cumprir essas regras, também criam condições para que essas o respeitem e o protejam, pois fazem parte de um mesmo conjunto. 
O direito significa a instituição de uma determinada ordem, com regras obrigatórias, em razão da formação social organizada, consciente e racional, que limita a ação individual diante das infinitas relações intersubjetivas; relações estas frutos da interação e convivência de interesses individuais e, necessariamente, distintos. 
Racionalmente para o direito não existe certo ou errado, mas sim se algo é ou não permitido pela norma; se determinada ação está ou não de acordo com o dever de agir.
O direito trabalha com o objetivo de definir e estipular o equilíbrio entre partes. Esta ciência não nos torna iguais, mas nos coloca em situações que, perante as regras jurídicas, devem ser examinadas e sancionadas da mesma forma.
Possui tantas regras quanto forem os comportamentos ou atitudes humanas.
A realidade cultural é traduzida em normas, transformando-se em lei – o que pode ser resumido na fórmula fato antecedente – ato consequente – e que torna impossível outras percepções que não o jurídico ou antijurídico. 
Papel do Estado:
Dita as regras;
Tutela os direitos;
É instituição necessária e irrenunciável já que mantém a ordem entre os indivíduos da própria sociedade;
Tem a tríplice veste de ‘legislador, juiz e polícia” já que cria o direito, aplica-o e impõe-no; 
Objetivo de assegurar a proteção dos direitos individuais (nas relações públicas e privadas);
Encarregado de traduzir o direito em forma positiva e de implantá-lo
É detentor da sanção organizada;
Surgiu de forma natural (união das famílias) para possibilitar que a sociedade se organizasse – Teoria da formação natural do Estado.
A teoria da formação jurídica do Estado determina que o Estado só nasce com a criação da Constituição = Estado em função da norma posta. 
Como ente organizador, o Estado atua estabelecendo determinada pena à determinada conduta. Faz a defesa do direito à medida que intervêm. 
As regras que foram objetivadas são produto de uma realidade vivenciada, conforme se expressa na fórmula “fato antecedente-ato consequente” (na qual a realidade vivenciada se tornará o “fato”, e a regra objetivada, o “ato”).
A constituição é a lei fundamental de um povo. 
1.2 Direito e Justiça	
	A justiça é uma sensação, um sentimento, relacionados à uma ação individual ou coletiva. Cada ordenamento jurídico, se eficiente, transmitirá à sociedade uma sensação de justiça e de dever cumprido. Não existe justiça sem ação e nem na vontade. Ser juridicamente justo é aplicar uma regra de direito conforme esta foi estipulada (fato antecedente-ato consequente).
Frequentemente, encontramos argumentos que relacionam a justiça à igualdade. Uma das tentativas de relacionar justiça com o direito culmina na busca de dar a cada um aquilo que é seu. Alf Ross critica a aproximação do conceito de justiça ao de igualdade já que é fundamental definir qual será o critério da relação de retribuição de algo: fornecer a cada um segundo seu mérito; a cada um segundo sua contribuição; a cada um segundo suas necessidades; a cada um segundo sua capacidade; a cada um segundo sua posição ou condição social etc.
	Para aproximarmos os dois conceitos (justiça e direito) consideraremos que existem dois modelos de justiça: vertical e horizontal.
	Justiça vertical: força sem limites. É uma justiça imposta “de cima para baixo”, irracional e movida pelo conceito particular de justiça que parte daquele que a aplica. É representada pelo poder desenfreado, pela explosão, pela ação descontrolada e desmedida. Na justiça vertical, não há argumento ou justificação, apenas a resposta a um ato. “Fazer justiça com as próprias mãos
	Justiça horizontal significa retribuição, negócio, ação controlada, previamente medida, imposta pelo argumento. É aquela que isola o julgamento das intuições e, por isso, permite a aplicação de uma força controlada, em igual medida a todos, em forma de retribuição. É vislumbrada pelo direito, pois é a justiça que representa de um lado um fato, uma ação, e do outro, a retribuição. 
	Na justiça horizontal, a punição a um infrator deve ser aquela prevista na lei. Esta ordem proporcionada pelo direito é pressuposto para que se alcance aquilo que se quiser chamar de justiça.
Logo, o direito, nesse ambiente, fornecerá a retribuição preestabelecida e, se aplicado rigorosamente aproxima-se da justiça, que é um princípio regulativo do direito. Direito ferramenta para alcançar a justiça.
Fazer justiça é julgar ou decidir segundo o conteúdo material do direito, previsto na norma segundo um parâmetro de equilíbrio entre fato antecedente-ato consequente. Encontra-se o equilíbrio à medida que se encontra a retribuição para tal fato. A pena prevista em lei (=justa) visa conceder equilíbrio às partes.Relação regulada (exemplo de justiça horizontal) pelo direito que procura promover equilíbrio entre as partes, ou seja, entre o fato e a sua consequência. E, se há equilíbrio e a norma é observada, há justiça.
Ato consequente – lei
Fato Antecedente
Deusa Diké = símbolo do direito; expressa isonomia (equilíbrio dos pratos da balança). 
Etmologicamente: direito = directum (ideia de equilíbrio).
1.3Direito e Moral
As regras de conduta oferecem uma diretriz a ser seguida, influenciando o comportamento dos indivíduos/grupos.
O direito torna algumas relações da vida social em relações jurídicas. Este tende a guardar certa proximidade com a moral.
Regras Morais x Regras Jurídicas: o Direito é heterônomo (imposto) e a Moral, autônoma e espontânea. No domínio da moral não há juiz. Nas primeiras não existe o elemento força como meio de execução e, na segunda, há o elemento da coercibilidade, ou seja, há uma imposição coercitiva que força o cumprimento, além de ser uma sanção prévia e institucionalizada para ser aplicada caso a norma jurídica não seja cumprida.
1.4 Fontes do direito: legitimação, princípios gerais do direito, jurisprudência, costume, doutrina, analogia e equidade
As fontes de direito tratam sobre a origem, o ponto de partida para o conteúdo do direito. 
Há fontes materiais (elementos históricos, sociais e econômicos que originam as fontes formais) e as fontes formais (reúnem a legislação em vigor; modo pelo qual o direito se manifesta: as normas).
À Constituição estão subordinadas toda a produção de normas, já que está no grau mais elevado de um ordenamento jurídico.
Partimos do pressuposto de que a fonte formal é o meio pelo qual o conteúdo da norma é expresso, ou seja, a lei. Sendo assim, como sustentar a existência de outras fontes de direito diferentes da lei? A fonte do direito é a lei e a própria lei prevê a conduta que obriga o juiz a recorrer-se de métodos de integração (LINDB, art.4.) Assim, analogia, costumes e princípios gerais do direito devem ser entendidos como ferramentas que permitem a completude do ordenamento jurídico e não como fontes de direito no mesmo sentido da lei, já que não concorrem com ela e, sim, foram previstos por ela.
Analogia: para Reale, pelo processo analógico, estende-se a um caso não previsto aquilo que o legislador previu para outro semelhante. É a utilização de situações semelhantes para as quais, em princípio, não havia sido estabelecida norma particular, considerando que o julgador não pode se eximir de julgar alegando omissão da lei (depende da capacidade do intérprete de definir o grau de semelhança entre fatos e normas.
Costume: é obra de um coletivo e é espontâneo.
Funciona como um método de integração em casos específicos e limitados. É um comportamento repetido há um certo período de tempo e que traz uma conscientização social em relação a obrigatoriedade desse tipo de conduta. No Brasil, o conceito refere-se a situações específicas nas quais a lei não aborda o caso concreto em minúcias, dando ensejo à norma costumeira pertinente.
Princípios gerais do direito: costumam ser invocados como uma espécie de diretriz tradutora de intenções contidas nas normas jurídicas. Advêm dos valores sociais que foram positivados e, por isso, têm caráter jurídico. Devem ser extraídos do próprio ordenamento. Podem oferecer uma melhor leitura da regra, servindo de parâmetro para a valoração e interpretação de uma determinada situação de fato. Atuam como normas jurídicas de valor amplo e abrangente, que orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, desde que não contrariem as normas que compõe o ordenamento. De outras fontes: os Princípios Gerais do Direito seriam as idéias basilares e fundamentais do Direito, que lhe dão apoio e coerência, respaldados pelo ideal de Justiça, que envolve o Direito. Seriam idéias fundamentais de caráter geral dentro de cada área de atuação do Direito. 

Cumpre salientar que, embora a expressão seja “Princípios Gerais do Direito”, essa noção vai abranger tanto os princípios gerais quanto os específicos, relativos a uma determinada área. 

Esses princípios gerais têm dupla função, vez que orientam tanto o legislador na feitura das normas, quanto o aplicador do Direito, diante de uma lacuna ou omissão legal. Para Miguel Reale, trata-se de enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas.
Os princípios gerais do direito são os alicerces do ordenamento jurídico, informando o sistema independentemente de estarem positivados em norma legal.
São exemplos:
Falar e não provar é o mesmo que não falar;
Ninguém pode causar dano, e quem causar terá que indenizar;
Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza;
Ninguém deve ser punido por seus pensamentos;
Ninguém é obrigado a citar os dispositivos legais nos quais ampara sua pretensão, pois se presume que o juiz os conheça;
Ninguém está obrigado ao impossível;
Não há crime sem lei anterior que o descreva;
Ninguém pode alienar mais direitos do que possui.
Jurisprudência: pode ser concebida como um conjunto constante e uniforme de decisões judiciais sobre casos semelhantes. Funciona como uma ferramenta interpretativa que pode auxiliar e até mesmo influenciar o juiz em sua decisão. Faz isso ao demonstrar como outras sentenças foram decididas. Só pode ser considera efetivamente como uma fonte de direito no Common Law, já que este dá maior importância aos costumes consagrados pelos precedentes judiciais. Para Ferraz Júnior, é fonte interpretativa, mas não fonte de direito.
Doutrina: é instrumentos de entendimento e aplicação do direito. É o estudo do direito que os juristas realizam a respeito do próprio direito. 
Equidade: é a propriedade que tem a lei de se adaptar às circunstâncias da espécie de fato, de maneira que o rigor do texto legal e seu elemento sancionador sejam adequados às particularidades do caso, permanecendo no domínio da interpretação científica e eminentemente jurídica. É um juízo que só pode ser emitido somente se e na medida em que é autorizado pela lei. De outra fonte: Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas partes. Essa adaptação, contudo, não pode ser de livre-arbítrio e nem pode ser contrária ao conteúdo expresso da norma. Ela deve levar em conta a moral social vigente, o regime político Estatal e os princípios gerais do Direito. Além disso, a mesma "não corrige o que é justo na lei, mas completa o que a justiça não alcança"
1.5 Direito público, direito privado e outros ramos do direito
Enquanto o Direito Público tem a função de tutelar os interesses gerais da sociedade por intermédio do Estado, o Direito Privado refere-se aos interesses particulares dos indivíduos.
	Quanto à forma da relação, dizemos que se há uma relação de subordinação entre as partes, trata-se de Direito Público. Por outro lado, se há relação de coordenação entre as partes, trata-se de Direito Privado.
1.6 Direito e Ciência juridica – ciências naturais e ciências culturais
O conhecimento científico não se confunde com o conhecimento vulgar, filosófico ou religioso. 
O conhecimento científico é programado, sistemático, metódico, critico, rigoroso e objetivo. Tem três characterísticas fundamentais: método; observação sistemática e validez universal.
Cientificidade do direito: 
Alguns estudiosos afirmam que a instabilidade e a mutabilidade do direito impossibilitavam as generalizações necessárias ao processo científico. O direito não poderia ser considerado ciência. Já os defensores dessa teroria alegavam que apesar da mutabilidade das normas, a experiência juridical (dever-ser) se conservava, no sentido de que se há regra, deve ser cumprida. 
Para Kelsen: a ciencia devia restringir seu objeto de estudo ao ordenamento jurídico, de modo que se preocupasse apenas em elucidar os enunciados normativos vigentes e não em abordar aspectos metajurídicos, como a questão conceitual de justiça. A outra forma de entender a ciência do direito esrta situá-la mais próxima do conjunto das ciências sociais e da filosofia. O direito acabara por ter conquistado seu status científico, por comportar teoria e prática em qualquer situação. 
Ciências naturais e culturais: 
As ciencias físico-naturais explicam os fenomenos, descrevendo a realidade sem atribuir-lhe valores; já as ciencias culturais tratam da realidade criada ou modificada pelo homem. 
O direito é um dado cultural, uma realidade humana, histórica, porém, somento do direito possui o código binário lícito ou ilícito. 
A ciencia juridical trata-se de um conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão. Estes conhecimentos são estruturados com método, teoria e linguagem próprias que visam compreender e orientar as atividades humanas segundo normas positivadas. A ciência do direito examina a relação fato antecedente-ato consequente, isto é, a situação de fato (relações sociais0 e a previsão normative (dever-ser).
Juízo de realidade e de valor:
Juízo de realidade independe da ação humana, como as normas da física e da química. Já o juízo de valor depende da intervenção humana para se constituir e é expresso pelo homem e pela sociedade em relação a um dado concreto; apresenta-se por meio do “deve ser”(como o certo, errado, bom, etc) e, por isso, depende da interpretação das normas criadas.
Nas leis naturais S é P, já que têm preocupação com um fato e abordam a realidade como é, sem interferencias.
Nas leis culturais, S deve-ser P, já que tratam da realidade criada pelo homem e tal realidade recebe um juízo de valor conforme a cultura. Há um valor, impondo obrigações sociais. O legislador não apenas observa e descreve o ato, ele passa a prescrever como algo deve ser – fato antecedente – ato consequente.
Juízos e norma juridicas
Normas jurídicas são juízos de valor predefinidos e já expressos por meio de texto normative (emanado pelo poder estatal). Ao adquirir esse status de realidade juridical, a norma e seu conteúdo só serão passíveis de sofrer um juízo de realidade, de modo que caberá ao aplicador da norma apenas identificar se houve ou não a relação fato antecedente-ato consequente contida na regra, ou seja, não se permite a ocorrência de novos juízos de valor sobre os já constituídos. 
Em relação à escolha
do conteúdo da norma, aplica-se um juízo de valor; no momento de aplicação, aplicar-se-á um juízo de realidade. Nas ciencias naturais aplicamos juízosde realidade e, nas ciencias culturais, aplicamos juizos de valor. 
1.7 Norma juridical: características, nota específica, classificação, estrutura, validade, vigência, eficácia e exequibilidade
Para Bobbio, as normas jurídicas nunca existem de forma isolada, mas sempre em um contexto de normas com relações particulares entre si; chamado de ordenamento jurídico. 
Embora historicamente se tenha teorizado primeiro sobre a norma juridical (até então via-se a árvore, não a floresta), hoje entendemos que só é possível apreendê-la se a considerarmos dentro do ordenamento jurídico.
Norma é o mandado, a ordem com eficácia organizadora, enquanto lei é o signo, o símbolo mediada o qual se manifesta a norma.
Características da norma juridica:
Generalidade: estabelece um modelo aplicável a vários casos.
Absoluta: já que opera com ideais e não com casos concretos
Imperatividade: já que é um comando de ação; impõe ou atribui uma conduta ou uma organização.
Heteronomia: obrigação imposta por terceiros para ser cumprida, independentemente da opinião dos sujeitos obrigados.
Bilateralidade: atribui obrigação a uma parte ao mesmo tempo que atribui prerrogativas a outra.
Nota específica da norma juridica
A coercibilidade a torna única e diferenciada de todas as outras normas. A coerção é o poder de que dispõe o Estado para obrigar os indivíduos ao cumprimento das leis. A coerção é o que diferencia o direito como dever das regras dos costumes e da moral.
Estrutura da norma juridica: 
Preserva a relação fato antecedente-ato consequente. A formulação de toda norma juridical poderá ser resumida na expressão: “se S é; P deve ser”. S é um evento e P é o que a norma determina.
A sanção juridica é sempre organizada e conta com um estabelecimento prévio, o que evita surpresas e arbitrariedades. Ela é proporcional à gravidade do caso e sua aplicação é feita por órgão diverso que a criou.
Validade, vigência e eficácia: 
A validade corresponde a uma situação na qual a norma foi emanada pro uma autoridade responsável e competente. As normas serão válidas quando o conteúdo da lei for compatível com a competência e trâmite procedimental prevista para sua criação. 
A vigência é o lapso de tempo no qual uma lei pode ser exigida, tempo este em que a lei figura como obrigatória. Uma lei começa com sua aplicação ou com a data prevista por ela. A vigência de uma lei normalmente termina quando for revogada por outra, ou se a própria lei já tiver data de término.
Se a lei está vigente, ela também tem eficácia, ou seja, ela está apta a produzir efeitos no mundo jurídico. 
Uma lei só será considerada ineficaz se, além de flagrantemente desrespeitada, sua respectiva sanção não estiver sendo aplicada. 
1.8 Experiência juridical: direito objetivo, subjetivo, positivo e natural
Objetivo: conjunto de regras que se destinam a um determinado território, com intuit de se fazer valer com sua vigência e eficácia. Implicará também em um direito posto ou reconhecido pelo Estado, daí a semelhança entre direito objeito e direito positivo.
Subjetivo: sujeito dotado de faculdades jurídicas que o titular pode fazer valer mediante procedimentos garantidos por normas. Defendemos que o direito subjetivo é, em verdade, fruto do objetivo e só existe em função deste. 
Positivo: ordem juridical que foi ou ainda é vigente em determinado tempo e lugar. Segundo Gusmão, é o direito histório e objetivamente estabelecido, efetivamente observado, encontrado em leis, códigos, tratados internacionais, regulamentos, etc. Constituído por normas postas e positivadas. É imperioso não confundir direito positivo com lei, já que, o direito positivo não estará, necessariamente, sempre escrito e disposto em códigos; desse modo, pode-se dizer que o direito ingles tem seu direito positivado já que se utiliza de casos já julgados como forma de completer (positivamente) um direito.
Natural: é considerado como direito justo por natureza, independente da vontade do legislador, sempre presente na consciência de todos os homens. Os adeptos do direito natural, consideram este evidente por si, válido universalmente, independente das convenções ou legislações, sendo então informativos das leis positivas. Podemos dizer que as justificativas do direito natural foram baseadas, respectivamente, no caráter cosmopolit, divino, racional e mais recentemente como a expressão de uma dada cultura humana. 
Enquanto o direito natural apresenta-se como algo fixo e imutável, de caráter universalista e eterno, o direito positive é o direito tal como ele é determinado, estipulado, lógico, racional e útil. É aquele que se modifica para se adequar às mudancas sociais, seja por costume, seja para efeito de uma nova lei.
Para Kelsen: o direito natural emana da natureza, da razão ou da vontade de Deus; o direito positivo provém de um legislador, da vontade da autoridade humana 2) ao contrário do direito natural, o direito positivo é um ato coercitivo; 3) o direito natural é uma ordem anárquica, enquanto o direito positive encontra sua forma perfeita no Estado; 4) o direito natural é imutável, estático; já o direito positive se ajusta às condições de espaço e de tempo, é dinâmico. 
Os ordenamento modernos contêm muito do que antes se chama de direito natural, o que a essa discussão “direito positive/direito natural”cada vez mais caráter meramente histórico. 
1.11 Tridimensionalidade do direito
É comum a apresentação do direito como se compondo de três caracteres: fato, valor e norma.
Fato significa a realização de um bem comum segundo a efetividade histórica e cultural; valor significa o conteúdo da regra segundo uma concepção de utilidade, proporcionalidade, igualdade e justiça, em determinado tempo e espaço; norma significa ordem bilateral e heterônoma para atribuir determinados efeitos aos eventos e fenômentos jurídicos, segundo um conjunto de regras ordenadas. 
A teoria tridimensional de Reale postula que o fenômeno do direito deve ser semore analisado de forma dialética, por meio de três aspectos distintos entre si: o fático (estudo do fato), o axiológico (o estudo do valor), e o normativo (o estudo das normas que compreende o dever-ser). 
1.13 Irretroatividade das leis: direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.
A irretroatividade da lei significa que o sistema proíbe que uma lei possa incidir sobre fatos passados. O evento que já ocorreu não pode ser desfeito ou questionado, não podendo uma lei retroagir para alcançá-lo, de modo que seja respeitada a lei vigente à época na qual o evento ocorreu.
Esta doutrina preza pela segurança juridica e estabilidade das relações sociais. Tem exceções como na lei penal, em que a lei não retroage salvo para beneficiar o réu. 
Protege o ato jurídico perfeito (depende de normas de conduta e já foi concluído); o direito adquirido (depende de normas de competência); coisa julgada (decisão judicial que já não caiba mais recurso).
1.15 Sistema jurídico e metodologia: unidade, completude e coerência
O direito não é norma e, sim, conjunto hierárquico e coordenado de normas, compreendendo a fonte do direito e todas as suas projeções. As mudanças da ordem juridical são feitas pelo próprio sistema, pois este possui regras específicas para a realização dessas mudanças (regras de estrutura). 
Vemos que para o pleno funcionamento de um sistema jurídico, a ele devem ser aplicados os métodos de interpretação, de integração e de aplicação das normas jurídicas, de forma útil e objetiva. Interpretar aqui é relacionar fato e norma.
Avaliar significa a determinação de caráter pessoal do valor de algo. 
Valorar siginifica analisar algo seguindo um valor previamente estabelecido, dentro de uma metodologia específica. Valorar é, portanto, analisar definindo se o evento está ou não inserido dentro de uma norma. 
A teoria do direito, metodologicamente aplicado, considera que se fosse permitido
uma avaliação de um fato ou fenômeno concreto, estaríamos sujeitos à valoração personalíssima, pois cada um tem seus valores subjetivos e particulares.
A integração é outro fator importante no sistema jurídico e diz respeio a aplicar uma norma com vistas a um ordenamento. O assunto acerca dessa integração constuma ser visto sob o angulo da unidade, completude e coerência. 
A unidade do ordenamento será buscada na origem comum de suas normas, a Constituição. 
Quanto à completude, seria esta a ausência de lacunas (a ocorrência de falhas) no ordenamento, o que se traduz no fato de não haver uma norma juridical para cada comportamento ou evento social.
Abordando a coerência de um ordenamento jurídico, considerar-se-ia que está só seria possível diante da inexistência de antinomia, ou seja, inexistencia da contradição entre leis. É possível resolver qualquer contradição entre normas, seja pelo critério hierárquico (escolha daquela de maior valor na escala hierárquica), cronológico (lei posterior revoga a anterior) ou o de especialidade (lei específica se sobrepõe à lei geral).
A aplicação efetiva da norma também é condição para o funcionamento do sistema jurídico. 
Citações Seminários
Seminário 1: Os princípios gerais do direito: da norma jurídica ao ordenamento (Bobbio) 
"Com efeito, a experiência jurídica nos coloca frente a um mundo de relações entre sujeitos humanos organizados estavelmente em sociedade mediante o uso de regra de conduta."
Seminário 2: A unidade e completude do ordenamento Jurídico e sua coerência (Montoro) 
“Quando a lei for omissa – determina o art. 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil -, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”. 
Seminário 3: Experiência e Relação Jurídica: sujeito de direito e personalidade jurídica (Tercio) 
"Toda pessoa física ou jurídica é um sujeito jurídico. A reciproca, porem, não é verdadeira. A herança jacente, os bens ainda em inventario, é sujeito de direito, mas não é pessoa. O sujeito nada mais é do que o ponto de confluência de diversas normas."
Seminário 4: Direito positivo e Direito natural (Kelsen) 
“A doutrina do Direito natural é caracterizada por um dualismo fundamental entre direito positivo e direito natural. Acima do imperfeito Direito positivo existe um perfeito- porque absolutamente justo- direito natural; e o direito positivo é justificado apenas na medida em que corresponda ao direito natural."
Seminário 5: Dicotomia, Direito objetivo e direito subjetivo (Tercio) 
"A segunda grande dicotomia de que devemos tratar é entre direito objetivo e o direito subjetivo. A distinção parece exigida pela ambiguidade da palavra direito, o que já foi discutido anteriormente. A dicotomia pretende realçar que o direito é um fenômeno objetivo, que não pertence a ninguém socialmente, que é um dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é também um fenômeno subjetivo, visto que faz, dos sujeitos, titulares de poderes, obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações. Assim, quando falamos no direito das sucessões, significamos algo objetivo, quando mencionamos o direito à sucessão de um herdeiro, mencionamos algo que lhe pertence."
Seminário 6: Fontes do direito e a racionalização do Estado liberal (Tercio)
“A lei é a forma de que se reveste a norma ou um conjunto de normas dentro do ordenamento. Nesse sentido, a lei é fonte de direito, isto é, o revestimento estrutural da norma que lhe dá a condição de norma jurídica.”
Seminário 7: Teorias de interpretação do Direito: hermenêutica e dogmática jurídica (Tercio)
 “Os dois princípios da hermenêutica dogmática: o da inegabilidade dos pontos de partida (deve haver um sentido básico) e o da proibição do non liquet (não deve haver conflito sem decisão)”.
Seminário 8: Lacunas da lei: eqüidade, analogia e antinomia jurídica segundo a Dogmática jurídica (Tercio)
“Podemos definir antinomia jurídica como a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias (total ou parcialmente), emanadas de autoridades competentes num mesmo âmbito normativos, que colocam o sujeito numa posição insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios aptos a permitir-lhe uma saída nos quadros de um ordenamento dado.”
Seminário 9: Irretroatividade das leis: direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada (Venosa) 
“A lei deve atingir somente os efeitos futuros. Essa é a regra. Efeito retroativo é aquele cuja lei atinge fatos passados, atos praticados sob o pálio da lei revogada”.
Seminário 10: Formalismo e positivismo jurídicos segundo conceitos de Direito Público (Kelsen)
“O Estado não se identifica com nenhuma das ações que formam o objeto da sociologia, nem com a soma de todas elas. O Estado não é uma ação ou uma quantidade de ações, não mais do que é um ser humano ou uma quantidade de seres humanos. O Estado é aquela ordem da conduta humana que chamamos de ordem jurídica, a ordem à qual se ajustam as ações humanas, a idéia à qual os indivíduos adaptam sua conduta. Se a conduta humana adaptada a essa ordem forma o objeto da sociologia, então o seu objeto não é o Estado. Não existe nenhum conceito sociológico de Estado ao lado do conceito jurídico.”
Textos de apoio e aprofundamento
Conceito de justiça (Alf Ross): A justiça delimita e harmoniza os desejos, pretensões e interesses conflitantes na vida social da comunidade.
O postulado de justiça equivale a uma exigência de igualdade na distribuição ou partilha de vantagens ou cargas.
Um dos requisitos da Justiça haver restrições de maneira tal que as vantagens e as cargas, os direitos e os deveres, sejam distribuídos levando em conta as circunstancias condicionantes.
A justiça exige uma relação proporcionada entre o mérito e destino; é a aplicação correta de uma norma, como coisa oposta à arbitrariedade.
Direito positivo, direito natural, lícito e ilícito, legalidade, normas jurídicas (Gusmão): o direito só pode ser positivo na medida em que é sancionado pelo poder público ou criado pelos costumes ou reconhecido pelo Estado ou pelo consenso das nações.
O direito positivo resulta de vontade, sendo, por isso, heterônomo por ser imposto pelo Estado (lei), pela sociedade (costume), ou convencido pela comunidade internacional, enquanto o direito natural não depende de lei alguma, sendo evidente, espontâneo, por isso é autônomo.
Estamos convencidos de haver dois direitos fundamentais, superior a qualquer legislação: direito à vida e o direito à liberdade.
O campo do lícito jurídico é muito vasto, pois coincide não só com o que é permitido pelo direito, como, também, como que lhe é indiferente. O ilícito, isto é, o que é contrário ao prescrito ou ao expressamente proibido pelo direito. Consiste assim na ação inobservadora de norma proibitiva de atos, ações ou omissões.
Legalidade como a qualidade do direito prescrito por autoridade competente, com observância da Constituição, aplicado de acordo com a lei, por autoridade qualificada para tal.
Sistema Romano germânico e Common Law (Venosa): Sistema Romano-Germânico: há predominância da lei como fonte do Direito. As obras de doutrina, e isto é uma constante entre constante entre nós, preocupam-se em ser dogmáticas e interpretar os textos legislativos, relegando a jurisprudência e a prática do Direito a plano secundário. O direito civil é a base de todo o sistema jurídico.
Common Law: é o Direito da Inglaterra e dos países que seguiram seu modelo, mormente os de língua inglesa. Foi elaborado com base no direito costumeiro e hoje é baseado em decisões judiciais. A norma só tem valor nesse sistema à medida que o juiz a emprega. As soluções e o próprio Direito são casuísticos.
Inglaterra: é um engano dizer que o direito inglês é um direito costumeiro. Hoje, é essencialmente de precedentes judiciais. Os costumes antigos formaram tão-só o início do Direito. O jurista usa a técnica das distinções dentro dos precedentes. As comparações são feitas por meio da apresentação de precedentes análogos.
As modificações na forma de decidir vão surgindo, assim como entre nós surgem novas interpretações da lei escrita.
Estados Unidos da América: a principal distinção está no fato de que nos EUA existe um federalismo, há um direito federal e um direito dos estados. O direito norte-americano é um direito de precedentes judiciais mas, cada estado possui sua própria estrutura judiciaria. A instituição do júri mantém-se mais viva. Um cidadão poderá ser julgado por um júri quando a questão em litigio tiver interesse superior a vinte dólares. O estudo do Direito é chamado case method, estudo de casos práticos, divergindo fundamentalmente de nosso sistema.
Ordenamento jurídico e fontes do direito (Bobbio): Segundo Bobbio, entende-se por fontes “atos ou fatos” dos quais dependem a produção das normas jurídicas. As normas jurídicas nunca existem de forma isolada, mas sempre em um contexto de normas com relações particulares entre si; chamado de ordenamento jurídico. 
Sujeito de direito e personalidade jurídica (Gusmão): Sujeito de direito: pode ser titular de direitos e obrigações; seja a pessoa física, seja a pessoa juridical (sociedade civil, sociedade commercial, fundação). As pessoas (físicas ou jurídicas) são o centro das relações jurídicas, às quais o direito reconhece personalidade, isto é, aptidão generica a ter direitos e deveres. A personalidade jurídica concretiza-se na capacidade juridica, que é a medida do sujeito de direitos e obrigações em função de seu estado pessoal. 
Subsunção, formas de elaboração de conceitos e interpretação das regras jurídicas (Engisch): Subsunção é o encaixe da premissa menor (fato) à premissa maior (lei).
Conceito de lei e norma jurídica (Montoro): A lei é a mais importante das fontes formais da ordem jurídica; é forma fundamental de expressão do direito. A lei fixa as linhas fundamentais no sistema jurídico e serve de base para a solução da maior parte dos problemas do direito. Definição de lei jurídica: norma de conduta do homem no seu relacionamento com seus semelhantes, garantida pela eventual aplicação da força social, tendo em vista a realização da justiça. Podemos definir a lei em sentido estrito e próprio como: uma regra de direito geral, abstrata e permanente (elemento material); proclamada obrigatória pela vontade da autoridade competente (elemento formal); expressa numa fórmula escrita. (elemento instrumental).
Dogmática e Zetética (Ferraz Júnior): uma investigação zetética tem como ponto de partida uma evidência. E nisso ela se distingue de uma investigação dogmática. Em ambas, alguma coisa tem de ser subtraída à dúvida, para que a investigação se proceda. Enquanto, porém, a zetética deixa de questionar certos enunciados porque os admite como verificáveis e comprováveis, a dogmática não questiona suas premissas, porque elas foram estabelecidas como inquestionáveis. Nesse sentido, a dogmática parte de dogmas, a zetética parte de evidências.
Direito Objetivo e Subjetivo (Kelsen): O direito subjetivo não se distingue, em essência, do Direito objetivo. Afirmou Kelsen que “o direito subjetivo não é algo distinto do Direito objetivo, é o Direito objetivo mesmo, de vez que quando se dirige, com a consequência jurídica por ele estabelecida, contra um sujeito concreto, impõe um dever, e quando se coloca à disposição do mesmo, concede uma faculdade”. Por outro lado, reconheceu no direito subjetivo apenas um simples reflexo de um dever jurídico, “supérfluo do ponto de vista de uma descrição cientificamente exata da situação jurídica”. Para Bernhard Windscheid ( 1817–1892 ), jurisconsulto alemão, o direito subjetivo “é o poder ou senhorio da vontade reconhecido pela ordem jurídica”. O maior crítico dessa teoria foi Hans Kelsen, que através de vários exemplos a refutou, demonstrando que a existência do direito subjetivo nem sempre depende da vontade de seu titular. Os incapazes, tanto os menores como os privados de razão e os ausentes, apesar de não possuírem vontade no sentido psicológico, têm direito subjetivo e os exercem através de seus representantes legais.
Sanção e Coação (Poltronieri): a coação refere-se à consciência de que há uma obrigação em relação a um ato concreto; se caracteriza pelo constrangimento físico ou moral para alguém fazer algum ato sob o fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa. A sanção jurídica é sempre organizada e conta com m estabelecimento prévio, o que evita surpresas e arbitrariedade; é proporcional à gravidade do caso e sua aplicação é feita por órgão diverso que a criou.

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