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Novo Codigo de Processo Civil Anotado Arts. 1º ao 166

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Prévia do material em texto

RAFAEL CORTE MELLO (org.),
ROMULO PONTICELLI GIORGI JUNIOR (org). e
JAQUELINE MIELKE SILVA (prefácio)
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO
1ª edição
Porto Alegre
2015
 
 
 M527n Mello, Rafael Corte, 1976-
 NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO
 Rafael Corte Mello (org).; Romulo Ponticelli Giorgi Jr. (org). &
 Jaqueline Mielke Silva (prefácio) - 2015.
 722f.
 
 MELLO, Rafael Corte (org).; GIORGI JR., Romulo Ponticelli (org.) &
SILVA, Jaqueline Mielke (prefácio). Novo Código de Processo Civil Anotado.
Charleston, SC, EUA: CreateSpace Independent Publishing Platform, 2015.
ISBN do livro impresso 978-1512066272.
 
 1. Processo Civil. 2. Código de Processo Civil.
 3. Lei 13.105/2015 4. Precedente.
 II. Título
 
CDD :341.46
 
 
 
Dedicamos esta obra a Ovídio Araújo Baptista da Silva, in memoriam.
 
 
Autores
 
 
Aline Woltz Gueno arts. 133 a 137
Álvaro Vinícius Paranhos Severo arts. 485 a 508
Ana Luísa Martins Etcheverry arts. 926 a 946
André Corte Mello arts. 707 a 718
Anelise Rigo De Marco arts. 700 a 702 e 994 a 1.026
Angélica Salvagni arts. 528 a 535
Antonio Marcelo Pacheco de Souza arts. 947 a 959
Carlos Eduardo Azevedo Olson arts. 70 a 76; 103 a 112; 481 a 484
Clarissa Santos Lucena arts. 509 a 527; 536 a 538
Cristiano Colombo arts. 747 a 763
Daniela Boito Maurmann Hidalgo arts. 926 a 946
Daniela Gonsalves da Silveira arts. 797 a 823
Fábio Cardoso Machado arts. 294 a 310
Felipe Kirchner arts. 67 a 69; 182 a 187;
Felipe Scalabrin arts. 824 a 909
Fernanda Borghetti Cantali arts. 133 a 137; 599 a 609; 764 e 765
Gabriel de Oliveira Mathias arts. 236 a 268
Guilherme Antunes da Cunha arts. 911 a 913
Gustavo Santanna art. 910; 914 a 925
Handel Martins Dias arts. 113 a 132; 138; 176 a 181; 674 a
686
Ida Beatriz De Luca arts. 405 a 463
Jaqueline Mielke Silva arts. 98 a 102
Jeferson Luiz Dellavalle Dutra arts. 639 a 667
José Márcio Paz Söderquist arts. 539 a 553
Josimarcos Silva arts. 703 a 706
Juliano Colombo arts. 269 a 293
Letícia Ferrarini arts. 687 a 699
Lisiana Carraro arts. 188 a 235
Luiz Eduardo Jardim Vilar arts. 77 a 97
Marcelo Dadalt arts. 569 a 598
Márcio dos Santos Vieira arts. 42 a 66; 700 a 702
Marco Jobim arts. 771 a 796
Mateus Côrte Vitória arts. 766 a 780
Mauricio Martins Reis arts. 960 a 975 e 1.027 a 1.028
Miguel Nascimento Costa art. 910; 914 a 925
Otávio Augusto Dal Molin Domit arts. 312 a 317
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro Filho arts. 236 a 268
Pedro Garcia Verdi arts. 668 a 673
Rafael Corte Mello arts. 1º a 15; 311; 700 a 706 e 994 a
1.026
Rafael Sirangelo de Abreu arts. 1.042 a 1.072
Renata Lisboa arts. 464 a 480
Ricardo Cesar Correa Pires Dornelles arts. 165 a 175
Ricardo Strauch Aveline arts. 16 a 41
Roberta Marcantônio arts. 719 a 746
Rodrigo Flores Fernandes arts. 610 a 638
Rodrigo Ustárroz Cantali arts. 554 a 568
Romulo Ponticelli Giorgi Júnior arts. 976 a 993 e 1.029 a 1.041
Ronaldo Kochem arts. 139 a 164
Vitor de Paula Ramos arts. 369 a 404
Vivian Rigo arts. 318 a 368
 
 
Sumário
 
Prefácio
Apresentação
Artigos 1º a 15, por Rafael Corte Mello
Artigos 16 a 41, por Ricardo Strauch Aveline
Artigos 42 a 66, por Márcio dos Santos Vieira
Artigos 67 a 69, por Felipe Kirchner
Artigos 70 a 76, por Carlos Eduardo Azevedo Olson.
Artigos 77 a 97, por Luiz Eduardo Jardim Vilar
Artigos 98 a 102, por Jaqueline Mielke Silva
Artigos 103 a 112, por Carlos Eduardo Azevedo Olson.
Artigos 113 a 132, por Handel Martins Dias
Artigos 133 a 137, por Aline Woltz Gueno e Fernanda Borghetti Cantali
Artigo 138, por Handel Martins Dias
Artigos 139 a 164, por Ronaldo Kochem
Artigos 165 a 175, por Ricardo Cesar Correa Pires Dornelles
Artigos 176 a 181, por Handel Martins Dias
Artigos 182 a 187, por Felipe Kirchner
Artigos 188 a 235, por Lisiana Carraro
Artigos 236 a 268, por Paulo Cezar Pinheiro Carneiro Filho e Gabriel de Oliveira
Mathias
Artigos 269 a 293, por Juliano Colombo
Artigos 294 a 310, por Fábio Cardoso Machado
Artigo 311, por Rafael Corte Mello
Artigos 312 a 317, por Otávio Augusto Dal Molin Domit
Artigos 318 a 368, por Vivian Rigo
Artigos 369 a 404, por Vitor de Paula Ramos
Artigos 405 a 463, Ida Beatriz De Luca
Artigos 464 a 480, por Renata Lisboa
Artigos 481 a 484, por Carlos Eduardo Azevedo Olson.
Artigos 485 a 508, por Álvaro Vinícius Paranhos Severo
Artigos 509 a 527, por Clarissa Santos Lucena
Artigos 528 a 533, por Angélica Salvagni
Artigos 534 e 535, porAngélica Salvagni
Artigos 536 a 538, por Clarissa Santos Lucena
Artigos 539 a 553, por José Márcio Paz Söderquist
Artigos 554 a 568, por Rodrigo Ustárroz Cantali
Artigos 569 a 598, por Marcelo Dadalt
Artigos 599 a 609, por Fernanda Borghetti Cantali
Artigos 610 a 638, por Rodrigo Flores Fernandes
Artigos 639 a 667, por Jeferson Luiz Dellavalle Dutra
Artigos 668 a 673, por Pedro Garcia Verdi
Artigos 674 a 686, por Handel Martins Dias
Artigos 687 a 699, por Letícia Ferrarini
Artigos 700 a 702, por Anelise Rigo De Marco, Márcio dos Santos Vieira e Rafael
Corte Mello
Artigos 703 a 706, por Rafael Corte Mello e Josimarcos Silva
Artigos 707 a 718, por André Corte Mello
Artigos 719 a 746, por Roberta Marcantônio
Artigos 747 a 763, por Cristiano Colombo
Artigos 764 e 765, por Fernanda Borghetti Cantali
Artigos 766 a 770, por Mateus Côrte Vitória
Artigos 771 a 796, por Marco Jobim
Artigos 797 a 823, por Daniela Gonsalves da Silveira
Artigos 824 a 909, por Felipe Scalabrin
Artigo 910, por Gustavo Santanna e Miguel Nascimento Costa
Artigos 911 a 913, por Guilherme Antunes da Cunha
Artigos 914 a 925, por Gustavo Santanna e Miguel Nascimento Costa
Artigos 926 a 946, por Daniela Boito Maurmann Hidalgo e Ana Luísa Martins
Etcheverry
Artigos 947 a 959, por Antonio Marcelo Pacheco de Souza
Artigos 960 a 975, por Mauricio Martins Reis
Artigos 976 a 993, por Romulo Ponticelli Giorgi Júnior
Artigos 994 a 1.026, por Anelise Rigo De Marco e Rafael Corte Mello
Artigos 1.027 e 1.028,por Mauricio Martins Reis
Artigos 1.029 a 1.041, por Romulo Ponticelli Giorgi Júnior
Artigos 1.042 a 1.072, por Rafael Sirangelo de Abreu
CPC/1973 – Indicação dos artigos correspondentes no CPC/2015
LIVRO I - DO PROCESSO DE CONHECIMENTO (arts. 1º a 565)
TÍTULO I - DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO (arts. 1º a 6º)
TÍTULO II - DAS PARTES E DOS PROCURADORES (arts. 7º a 80)
TÍTULO III - DO MINISTÉRIO PÚBLICO (arts. 81 a 85)
TÍTULO IV - DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA
JUSTIÇA (arts. 86 a 153)
TÍTULO V - DOS ATOS PROCESSUAIS (arts. 154 a 261)
TÍTULO VI - DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO
PROCESSO (arts. 262 a 269)
TÍTULO VII - DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO (arts. 270 a 281)
TÍTULO VIII - DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (arts. 282 a 475-R)
TÍTULO IX - DO PROCESSO NOS TRIBUNAIS (arts. 476 a 495)
TÍTULO X - DOS RECURSOS (arts. 496 a 565)
LIVRO II - DO PROCESSO DE EXECUÇÃO (arts. 566 a 795)
TÍTULO I - DA EXECUÇÃO EM GERAL (arts. 566 a 611)
TÍTULO II - DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO (arts. 612 a 735)
TÍTULO III - DOS EMBARGOS DO DEVEDOR (arts. 736 a 747)
TÍTULO IV - DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA
DEVEDOR INSOLVENTE (arts. 748 a 786)
TÍTULO V - DA REMIÇÃO (arts. 787 a 790)
TÍTULO VI - DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE
EXECUÇÃO (arts. 791 a 795)
LIVRO III - DO PROCESSO CAUTELAR (arts. 796 a 889)
TÍTULO ÚNICO - DAS MEDIDAS CAUTELARES (arts. 796 a 889)
LIVRO IV - DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS (arts. 890 a 1.210)
TÍTULO I - DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO
CONTENCIOSA (arts. 890 a 1.102-C)
TÍTULO II - DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO
VOLUNTÁRIA (arts. 1.103 a 1.210)
LIVRO V - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS (arts. 1.211 a
1.220)
 
 
 
Prefácio
 
O Direito Processual Civil está em descompasso com a realidade social
contemporânea, em que pese as inúmeras reformas ocorridas nas últimas duas
décadas. O Código de Processo Civil de 1973 sustenta-se em um modelo de processo,
elaborado a partir das teorias jurídicas que sustentaram a modernidade, incompatíveis
com os conflitos sociais que hoje vivenciamos. As transformações sociais são
evidentes. Vivemos hoje em uma sociedade globalizada, cujos conflitos assumem uma
nova dimensão. É preciso (re) construir o Direito Processual Civil, reconhecendo-se
que o Código de Processo Civil de 1973 está adaptado a uma tradição da era moderna
e que, por esta razão, é imperfeito e insuficiente para resolver os conflitos que
emergiram nesta nova era.
 
Apenas se pode falar em uma real pacificação social, se tivermos um Direito
Processual Civil adequado à realidade moderna, e não a outros momentos históricos.
Assim, podemos ter mecanismos processuais ainda vigentes, que talvez muito tenham
servido no passado – em determinado momento histórico por nós vivenciado - mas
que hoje estão absolutamente superados. Apenas é possível compreender o sistema
jurídico, se conhecermos as razões históricas que inspiraram sua formulação. A partir
deste conhecimento, é possível – então – a verificação se o mesmo continua, ainda,
adequado (ou não) à nova realidade social em que se propõe aplicá-lo. Alasdair
MACINTYRE
[1]
, ao tratar deste tema, refere que a “pessoa fora de todas as
tradições carece de recursos racionais suficientes para a pesquisa, e, a fortiori, para
a pesquisa sobre qual tradição deve ser racionalmente preferida. Essa pessoa não
tem os meios relevantes adequados de avaliação racional, e, portanto, não pode
chegar a nenhuma conclusão bem-fundamentada, incluindo a conclusão de que
nenhuma tradição pode se defender contra qualquer outra. Estar fora de todas as
tradições significa ser estranho à pesquisa; significa estar num estado de destituição
moral e intelectual, uma condição a partir da qual é impossível formular a objeção
relativista”.
 
É preciso que seja estabelecida esta atividade dialógica entre o Direito Processual
Civil e o mundo da vida, implementando-se instrumentos diferenciados, capazes de
torná-lo mais ágil e efetivo. Ao tratar do tema, refere Nicolò TROCKER
[2]
:
Ligado ao contraste entre o garantismo formal que abre abstratamente
os mecanismos processuais a quem quer pretenda recorrer ao juiz
para a defesa das próprias razões, e a realidade dos nossos sistemas
processuais – que com a sua complexidade e custos criam obstáculos
severos à realização do direito -, o problema de acesso à justiça
manifesta-se antes de mais nada como problema de acesso aos
instrumentos de tutela jurisdicional. E como tal, este solicita encontrar
uma sua primeira resposta no compromisso de instituir adequados
instrumentos capazes de atenuar os obstáculos de caráter econômico –
o custo dos litígios – que condicionam a possibilidade de perseguir o
reconhecimento judicial dos direitos. Hoje, este compromisso assume
também uma severidade particular perante o reconhecimento
constitucional das garantias ligadas ao princípio do ‘processo justo`.
A aprovação de um Novo Código de Processo Civil representa uma tentativa de
aproximação entre o Direito Processual Civil e a realidade social. Velhos mecanismos
processuais foram reinventados – v.g. o novo procedimento comum -, assim como
novos foram criados, como o incidente de resolução de demandas repetitivas.
 
Os principais fundamentos que norteiam o Novo Código de Processo Civil são
os mesmos já adotados nas reformas processuais realizadas nos últimos anos em
diversos países. A flexibilização das formas processuais, em prol da realização de
direitos, é - sem qualquer dúvida – uma das grandes conquistas da nova legislação. O
Direito Processual Civil contemporâneo, deve ter escopo, antes de tudo, a realização
de direitos. O direito substancial deve prevalecer sobre o formalismo processual.
 
Por outro lado, os requisitos previstos no artigo 489, § 1° a § 3° do novo Código
de Processo Civil para a fundamentação das decisões judiciais, são absolutamente
compatíveis com o Estado Social e Democrático de Direito. Argumentos
[3]
 em prol da
legitimidade do direito devem ser compatíveis com os princípios morais da justiça e
da solidariedade universal – sob pena de dissonâncias cognitivas – bem como com os
princípios éticos
[4]
 de uma conduta de vida auto-responsável, projetada
conscientemente, tanto de indivíduos, como de coletividades
[5]
. Jürgen
HABERMAS
[6]
 designa, como morais, todas as instituições que nos informam sobre
as melhores formas de nos comportarmos, “para que possamos reagir, mediante a
deferência e a consideração, à extrema vulnerabilidade dos indivíduos”. Segundo
Luigi Paolo COMOGLIO
[7]
, “quest’ultima impone di considerare come dovuto (e
cioè: come due, debido o devido) non già qualunque processo che si limite ad essere
estrinsecamente fair (vale a dire: correto, leale o regolare, sul piano formale,
secondo la law of the land), bensì um processo che sia intrinsecamente equo e
giusto, secondo i parametri etico-morali accetatti dal comune sentimento degli
uomini di qualsiasi epoca o paese, in quanto si riveli capace di realizzare una
giustizia veramente imparziale, fondata sulla natura e sulla ragione. Da Qui
traggono origine le postulazioni teoriche, ormai quasi dovunque condivise, per la
promulgazione e l’adozione di solenni atti legislativi (nazionali od internazionali)
che riconoscano a tutti gli individui, in termini effettivi e senza irrazionali
discriminazioni, il diritto fondamentale as un processo equo e giusto, quale nucleo
essenziale del più ampio diritto ad un ordinamento giuridico giusto”.
 
Interpretar e aplicar o Direito obriga sempre a um balanceamento entre o geral e
o singular, entre o texto passado da norma e a exigência presente da justiça
[8]
.
Atender ao chamado da justiça exige a recriação da norma contida no texto legal, não
somente no sentido de que toda leitura/interpretação jurídica deve atender à
singularidade de cada caso. Neste sentido, umaprática interpretativa que adote os
princípios morais e éticos pode ajudar a superar a indeterminação dos enunciados
jurídicos. Não se trata de uma interpretação dirigida a uma resposta certa
[9]
, mas uma
interpretação comprometida com a busca da justiça e o caráter aberto, intangível desta.
Os princípios morais e éticos não funcionariam com sentido único e decisivo, mas
apenas como orientação à atividade do julgador.
 
Ao lado das preocupações com a moral e ética que o Direito Processual Civil
deve ter como escopo, um dos grandes problemas contemporâneos é o da duração do
processo. A inadequação dos instrumentos processuais faz com que a prestação
jurisdicional seja demorada. Ora, prestar jurisdição tardiamente significa o mesmo que
não prestá-la. O novo Código de Processo Civil, inova ao tornar obrigatória a
audiência de tentativa de conciliação e mediação no início do procedimento comum.
Sem qualquer dúvida, um acordo é sempre melhor do que uma prestação jurisdicional
demorada. No âmbito do procedimento comum foram introduzidos mecanismos com
o nítido propósito de reduzir o tempo de duração do processo como, por exemplo, a
revogação da exceções processuais e a apresentação da reconvenção na mesma peça
processual da contestação.
 
Relativamente à tutela provisória – em que pese a confusão teórica do novo
Código de Processo Civil -, houve a nítida intenção de simplificar a técnica adotada
no Código de Processo Civil de 1973.
 
Os presentes comentários ao novo Código de Processo Civil são o resultado de
um trabalho árduo dos autores, em sua grande maioria professores de direito
processual civil e operadores do direito, com reconhecida capacidade jurídica. É uma
obra que certamente em muito auxiliará aos operadores do direito e a todos aqueles
que buscam um maior aprofundamento no estudo do Processo Civil.
 
Maio de 2.015.
 
Jaqueline Mielke Silva
 
 
Novo Código de Processo Civil Anotado
 
Apresentação
 
A ideia de trabalhar o novo texto do Código de Processo Civil nasce com o objetivo
de contribuir com a divulgação do importante texto normativo para que tanto o
profissional quanto o acadêmico de Direito identifique a nova estrutura e as mudanças
em relação ao Código de Processo Civil de 1973 vigente até 15 de janeiro de 2016.
Também se deseja aproveitar ao máximo o que há de positivo e desmistificar, por
outro lado, o imaginário de que a alteração foi radical.
A intenção é ser objetivo e prático. O que, se por um lado impedirá um
aprofundamento doutrinário, por outro lado permitirá uma boa compreensão e a
apresentação elegante e clara do Código.
As disposições inalteradas não serão anotadas, para viabilização da estratégia do
estudo.
As alterações de procedimentos serão pontuadas, pois, de fato, podem surpreender o
jurista que não se ocupar em tomar conhecimento das mesmas, podendo ensejar
perdas de oportunidades por desconhecimento dos novos instrumentos à disposição
ao embate judicial.
Com efeito, do ponto de vista do ineditismo o texto pode surpreender por não ter
aprofundado nem contemplado algumas mudanças que eram aguardadas, perdendo a
oportunidade de realizar um efetivo rompimento com o diploma projetado
anteriormente para o Estado Legislativo rumo a um Código voltado ao Estado
Democrático de Direito.
De qualquer sorte, o CPC Anotado responderá às seguintes indagações: (a) o que foi
alterado? (b) por qual motivo ou como ficou? (c) qual a doutrina ou jurisprudência
que subsidia a alteração, quando existentes?
Feito esse breve registro, esclarece-se que para realização do trabalho colocamos na
coluna da esquerda o CPC/1973, na da direita o CPC/2015 e logo abaixo o comentário,
identificando a autoria a cada grupo de artigos anotados.
 
Desejamos a todos uma excelente leitura.
 
Rafael Corte Mello
 
 
LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015.
 
Código de Processo Civil.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte
Lei:
 
Artigos 1º a 15, por Rafael Corte Mello
[10]
PARTE GERAL
LIVRO I - DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
TÍTULO ÚNICO - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS
NORMAS PROCESSUAIS
CAPÍTULO I - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: O capítulo I pretende expressar taxativamente em dispositivos da lei infraconstitucional
princípios e garantias, inclusive de natureza constitucional, de há muito consagrados como informadores do
processo civil brasileiro. É importante destacar que a inovação não se refere à necessidade respeito da
Constituição no âmbito do processo civil, uma vez que essa é uma condição do Estado Democrático de
Direito e, portanto, sempre foi tido por respeitável doutrina e jurisprudência qualificada como uma condição
de possibilidade de todo e qualquer processo judicial.
[11]
 A inovação, portanto, fica por conta de estarem
inúmeros princípios e garantias constantes no texto constitucional agora também expressos no Código de
Processo Civil. É possível especular que do ponto de vista da história brasileira ainda hoje o texto
constitucional convém ser reafirmado pelo legislador, como forma de divulgação e efetivação do mesmo, ou
seja, para consolidar os valores do Estado Democrático de Direito expresso em uma constituição que em
2015 tem menos de 30 anos de idade. Destacam-se os seguintes princípios e garantias:
a) da demanda (art. 2º);
b) o monopólio da jurisdição ou garantia do acesso à justiça (art. 3º relacionado com o art. 5º, XXXV, CF);
c) duração razoável do processo (art. 4º relacionado com o art. 5º, LIV e LXXVIII, CF), explicitando ao final
a noção de que a satisfação do direito faz parte da prestação jurisdicional (desdobramento do art. 5º, XXXV e
LIV CF);
d) a cooperação no processo (art. 6º, identificado como desdobramento do art. 5º, XXXV, LIV e LXXVIII,
CF);
e) a dignidade da pessoa humana (art. 6º relacionado com o art. 1º, III, CF);
f) a razoabilidade (art. 8º, identificado como desdobramento do art. 5º, XXXV e LIV, CF);
g) a legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência (art. 8º, todos relacionados
com o art. 37, caput, CF);
h) a igualdade (art. 7º do novo texto, relacionado com o art. 5º, caput, CF);
i) a ampla defesa e o contraditório (art. 9º e 10 do novo texto, relacionados com o art. 5º, LV, CF);
j) a publicidade e a motivação (art. 11, relacionado com o art. 93, IX, CF).
Os princípios e garantias eleitos para figurarem no texto infraconstitucional do Diploma processual vinham
sendo aplicados pela doutrina e jurisprudência processual, bem como invocados pelas partes quando eivado
de vício o devido processo legal. Em termos práticos se poderia afirmar não consistirem em alteração
significativa, sendo quase uma superafetação, não fosse a importância de sua reafirmação.
[12]
 Ainda assim,
merecem destaque a menção à satisfação do direito (art. 4º), a noção de cooperação no processo (art. 6º) e os
princípios que informam a administração pública (art. 8º). Para além dessas observações, do ponto de vista
prático do acesso à jurisdição dos tribunais superiores a previsão expressa de princípios e garantias
constitucionais no texto infraconstitucional proporcionará mais oportunidades para interposição de recursos
especiais ao Superior Tribunal de Justiça. A afirmação decorre do fato de que grande parte dos recursos
extraordinários que debatem questões processuais sob o enfoque das garantias e princípios constitucionais
aplicáveis são inadmitidos pelo Supremo Tribunal Federal sob o argumento de que a constituição teria sido
afrontada de modo meramente “oblíquo”
[13]
, enquanto que a análise de tal questão pelo Superior Tribunal de
Justiça poderia ter sido afastada por se tratar de matéria constitucional.
[14]
 Agora, com a expressa previsão
das garantias e princípios constitucionais no texto infraconstitucional fica aberta a oportunidadede debatê-
los também diante do Superior Tribunal de Justiça, evitando ausência de prestação jurisdicional sobre temas
jurídicos de tamanho relevo.
Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as
normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,
observando-se as disposições deste Código.
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: ver anotação anterior.
Art. 262. O processo civil
começa por iniciativa da parte,
mas se desenvolve por
impulso oficial.
Art. 2º. Nenhum juiz prestará
a tutela jurisdicional senão
quando a parte ou o
interessado a requerer, nos
casos e forma legais.
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se
desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas
em lei.
Anotação: Trata-se do conhecido princípio da demanda e do impulso oficial de modo que devem ser
consultadas as obras de processo civil, tais como SILVA, Ovídio A. Baptista da. Curso de Processo Civil.
São Paulo: Forense; SILVA, Jaqueline Mielke. O Direito Processual Civil Como Instrumento de Realização
d e Direitos. Porto Alegre: Verbo Jurídico; MITIDIERO, Daniel; OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de.
Curso de Processo Civil - Processo de Conhecimento - Vol. 1. São Paulo: Atlas; MARINONI, Luiz
Guilherme. Teoria Geral do Processo. São Paulo: editora RT; CINTRA, Antonio Carlos Araujo,
DINAMARCO, Cândido Rangel e GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. São Paulo:
Malheiros editores.
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.
* Sem correspondência no CPC/73. Ver art. 5º, XXXV da CF, quanto ao acesso à justiça. Ver Lei 9.307/1996, quanto à arbitragem.
Anotação: Trata-se da garantia constitucional de acesso à justiça. Sugerida consulta às seguintes obras:
CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. Coimbra: Almedina; SARLET,
Ingo Wolfgang. A Eficácia Dos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
Art. 4º As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.
* Sem correspondência no CPC/73. Ver art. 5º, LXXVIII da CF, quanto à garantia da duração razoável do processo.
Anotação: Trata-se da garantia constitucional da duração razoável do processo. Sugerida consulta às
seguintes obras: CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. Coimbra:
Almedina; MARINONI, Luiz Guilherme, MITIDIERO, Daniel e SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de Direito
Constitucional. São Paulo: RT. Já a explicitação da satisfação (art. 4º), anteriormente materializada por meio
das antecipações de tutela e das tutelas específicas (arts. 273 e 461 do CPC-73), ou por meio do ineficiente
procedimento executivo, agora se sobressai como sendo um direito de que deve se ocupar a prestação
jurisdicional. A crítica que se faz à ideologia da modernidade mais voltada para as declarações do direito – a
busca por verdades e certezas absolutas e preexistentes - não é nova
[15]
. Nada obstante, pela primeira vez
se prescreve de modo expresso ser dever estatal também a satisfação do direito. Direito-dever inerente à
proibição da autotutela. Ou seja, o juiz deve se ocupar em concretizar os direitos e não se dar por cumpridor
de seu ofício ao apenas declarar o vencedor por meio de sentenças, decisões e acórdãos. O direito à satisfação
vincula a atividade jurisdicional com algo muito mais relevante do que apenas julgar (dizer o direito), ou seja,
vincula com a concretização do direito, tornando-se evidente que é tarefa precípua do Poder Judiciário
entregar o bem da vida a quem obteve o reconhecimento da titularidade do direito material e não apenas
julgar. Com efeito, é possível ponderar ter a reforma perdido a oportunidade de se dedicar com mais afinco à
satisfação dos direitos, incluindo-a no cronograma de julgamentos (art. 12), equiparando-a em importância ao
invés de deixá-la para o segundo plano, novamente. Atualmente não existe sequer controle estatístico de
decisões dos tribunais e dos juízes que efetivamente são cumpridas, enquanto os julgamentos proferidos aos
milhares sem controle de qualidade são divulgados à sociedade como se fossem demonstrações de eficiência.
Sob tal perspectiva é bem vinda a menção do direito à satisfação (art. 4º).
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé.
* Sem correspondência no CPC/73. Ver art. 113 do Código Civil.
Anotação: O tema da boa-fé objetiva é bem elaborado na doutrina do direito material civil. No âmbito do
processo se costuma trabalhar com as violações, ou seja, condutas contrárias à boa-fé ou que caracterizem
litigância de má-fé. Ver artigos 142, 533, parágrafo 4º e 775. Ainda sobre os atos atentatórios à dignidade da
justiça: artigos 77, IV e VI e parágrafo 1º.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
* Sem correspondência no CPC/73. Ver art. 5º, LXXVIII da CF, quanto à garantia da duração razoável do processo.
Anotação: A cooperação no processo (art. 6º), também denominada de colaboração pela doutrina, vem
prestigiar o contraditório, o diálogo e a justiça, enriquecendo a busca pela efetividade do direito. A
cooperação contribui para recuperar a responsabilidade de todos para com a fluência da prestação
jurisdicional, tornando mais evidente que as partes devem colaborar com o Poder Judiciário em prol do
devido processo legal. Sob outra perspectiva, o juiz também deve se ocupar em colaborar com as partes,
observando suas dificuldades e em pé de igualdade contribuir com propostas efetivas e casuísticas para que,
respeitando o devido processo legal, seja substancialmente exercido o direito de acesso à justiça. Trata-se de
uma noção voltada à concretização de valores constitucionais, enfim, de justiça, eleitos pela sociedade
brasileira. Sobre a colaboração se poderia afirmar já estarem as exigências de respeito mútuo e deveres das
partes anunciadas em disposições do Código anterior, v.g. art. 14, CPC/73, porém, pela primeira vez se
destaca esse enfoque denominado de cooperação para com a efetivação do direito a qual implica também o
julgador como sujeito que deve cooperar com as partes em busca da realização do direito e não mais
reservado a uma posição passiva e inerte.
[16]
 É a contribuição do legislador, por exemplo, para com o fim do
padrão de despacho judicial intime-se a parte, sob pena de arquivamento sem que antes o próprio
magistrado tenha esgotado sua colaboração para com a satisfação do direito, propondo inclusive diligências
ou recomendando as menos onerosas. Exemplos concretos de colaboração entre os sujeitos do processo no
texto legal são os de dispor de comum acordo sobre atos processuais: art. 189, parágrafo 1º (fixar calendário
para a prática dos atos processuais) e art. Art. 468 (escolha do perito). A cooperação entre juiz e partes
torna mais civilizada a relação jurídica processual, evitando decisões surpreendentes ao final do litígio, pois
permite a construção coletiva da demanda. Importante o registro sobre ser o objetivo do processo a solução
de mérito, tanto quanto sua efetivação (concretização) e não o mero julgamento (dizer o direito).Art. 125. O juiz dirigirá o
processo conforme as
disposições deste Código,
competindo-lhe: I - assegurar
às partes igualdade de
tratamento;
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais,
aos meios de defesa, aos ônus, aosdeveres e à aplicação
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo
efetivo contraditório.
Anotação: A paridade de tratamento é desdobramento do direito fundamental à igualdade, art. 1º, CF. A
igualdade de tratamento pode ser vista sob a perspectiva da legislação, igualdade formal, perante a lei, ou
substancial, na lei.
[17]
 Para o processo civil a paridade possui uma perspectiva voltada a igualdade de
oportunidades, ou seja, paridade de armas diante do combate
[18]
. O juiz ao presidir o processo deve garantir
que as partes possuam idênticas oportunidades durante o embate judicial, seja em relação a prazos, a provas,
a audiências, a sustentação oral, a atendimento às partes e seus advogados etc.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
* Sem correspondência no CPC/73. Ver arts.1º, III, 5º, LIV e 37, CF/88.
Anotação: ver anotação inicial deste capítulo com destaque a parte final sobre o cabimento de recurso
especial. Recomenda-se a leitura de ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos
princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros; CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito constitucional e teoria da
constituição. Coimbra: Almedina; SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos
fundamentais na Constituição federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente
ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 309, incisos II e III;
III – à decisão prevista no art. 699.
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: O artigo reafirma a regra do contraditório prévio à decisão judicial. A exceção é a tomada de
decisão inaudita altera parte (sem ouvir a outra parte). As exceções em que se permite a tomada de decisão
sem ouvir a parte adversária estão relacionadas a situações de urgência, ou de direito evidente. Ver as
anotações dos arts. 292 e seguintes, 309 e 699.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: O contraditório é objeto de destaque expresso no novo Código. Não é incomum na prática forense
atual que a parte se dedique a desenvolver sua argumentação voltada a demonstrar que merece vencer por ser
a titular do direito. Porém, ao final, poderia ser surpreendida por uma decisão judicial extintiva do processo,
sem enfrentar o mérito. Fundamento a respeito do qual jamais fora chamada a se manifestar. Outra hipótese é
a adoção de fundamento sob perspectiva jurídica que surpreende por jamais ter sido alvo de debate entre as
partes, mas que o magistrado reputa essencial para solução do litígio. Essas condutas sempre foram
admitidas sob os adágios do da mihi factum, dabo tibi ius e iura novit curia, ou dá-me os fatos e te darei o
direito ou o juiz conhece a norma.
[19]
 Contudo, diante de um novo sistema processual em que a cooperação
entre juiz e partes ganha relevo, não mais deve ser tolerada a decisão que surpreende com fundamentação
jurídica jamais debatida nos autos. Privilegia-se a aplicação substancial do contraditório ao determinar que
antes de julgar, em qualquer grau de jurisdição, o juiz deverá ouvir as partes a respeito de perspectiva jurídica
que possa determinar a fundamentação de sua decisão. Se um fundamento jurídico for cogitado pelo juiz sem
que tenha sido debatido ele terá que oportunizar às partes manifestação prévia à tomada de decisão. Se no
Tribunal, antes do julgamento deverá explicitar a questão jurídica e dar vista às partes. Note-se que essa regra
aplica-se mesmo em questão de ordem pública, a respeito da qual o magistrado deva se pronunciar de ofício -
por conta própria.
Art. 131. O juiz apreciará
livremente a prova, atendendo
aos fatos e circunstâncias
constantes dos autos, ainda
que não alegados pelas partes; Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder
mas deverá indicar, na
sentença, os motivos que lhe
formaram o convencimento.
Art. 165. As sentenças e
acórdãos serão proferidos
com observância do disposto
no art. 458; as demais
decisões serão
fundamentadas, ainda que de
modo conciso.
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode
ser autorizada somente a presença das partes, de seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério
Público.
Anotação: O dispositivo trata dos princípios da publicidade e da motivação. Reproduz texto do art. 93, IX,
CF. Ver sobre o tema BARBOSA MOREIRA, José Carlos. A motivação das decisões judiciais como
garantia inerente ao Estado de Direito. In Temas de direito processual. São Paulo: Saraiva. O parágrafo
excepciona casos de segredo de justiça antes constantes do art. 155 do CPC/73. Ver também arts. 107, I, 152,
V, 189 e, sobre a fundamentação, ver especialmente o art. 489, parágrafo 1º.
Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão.
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição
para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput:
I – as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência
liminar do pedido;
II – o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em
julgamento de casos repetitivos;
III – o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas
repetitivas;
IV – as decisões proferidas com base nos arts. 482 e 930;
V – o julgamento de embargos de declaração;
VI – o julgamento de agravo interno;
VII – as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII – os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX – a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão
fundamentada.
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões
entre as preferências legais.
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela
parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da
instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em
que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o
processo:
I – que tiver sua sentença ou acordão anulado, salvo quando houver necessidade de
realização de diligência ou de complementação da instrução;
II – quando ocorrer a hipótese do art. 1.037, inciso II.
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: O artigo 12 se ocupa em materializar o princípio da igualdade (art. 1º, CF) por meio da criação de
um procedimento específico de controle da ordem cronológica de julgamentos. Combate privilégios indevidos
e o tratamento desigual na ordem de julgar, impondo um critério objetivo de antiguidade, ressalvando
circunstâncias excepcionais ou voltadas à preservação de direito ou de coerência a mecanismo legal como a
publicação de acórdão em modalidade de repetitivo (art. 1.037, II). Este último por ser mecanismo que
suspende a tramitação do processo até o julgamento do paradigma, não podendo ser considerado no
cronograma enquanto não cessada a suspensão. E devendo ser julgado imediatamente quando do resultado do
paradigma a ser reproduzido.CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
* Sem correspondência no CPC/73.
Art. 1.211. Este Código regerá
o processo civil em todo o
território brasileiro. (...).
* Correspondência parcial.
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas
processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
específicas previstas em tratados, convenções ou acordos
internacionais de que o Brasil seja parte.
Art. 1.211. (...). Ao entrar em
vigor, suas disposições
aplicar-se-ão desde logo aos
processos pendentes.
* Correspondência parcial.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os
atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Anotação: O CPC entra em vigor após decorrido um ano da data de sua publicação oficial, conforme artigo
1.042 das disposições transitórias, porém, segue respeitada a regra de aplicação imediata das normas
processuais tão logo esteja em vigor o Código. O CPC/15 deve ser aplicado aos processos em tramitação não
importando a fase processual em que a ação se encontre. Nada obstante, os atos processuais e as situações
jurídicas superadas e consolidadas à luz do CPC/73 deverão ser respeitados. Isso não significa que as novas
ferramentas processuais voltadas para satisfação do direito não possam ser invocadas para efetivação de
execuções, inclusive as arquivadas, desde que não prescrito ou caducado o direito reclamado.
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.
* Sem correspondência no CPC/73
Anotação: Segundo o art. 22, I da CF/88 compete privativamente à União legislar sobre o direito processual.
Isso significa que apenas à norma infraconstitucional federal cabe regular sobre processo. Com efeito, dada a
organização judiciária brasileira que subdividiu o Poder Judiciário em órgãos diversos (art. 92, CF/88) e
também dada a especialização da prestação jurisdicional para determinados tipos de direitos materiais, v.g.
eleitoral, trabalhista. Existem normas federais que regulam os mais diversos procedimentos em contraditório,
ou seja, os processos judiciais. Com efeito, entendeu o legislador, para além da previsão de normas especiais
que expressamente apontam o CPC como fonte supletiva e subsidiária
[20]
 de eventual lacuna, por exemplo,
a CLT, art. 769, que também seria pertinente indicar a partir do CPC ser ele invocável para processos
eleitorais e trabalhistas. A Comissão Especial do CPC aceitou a sugestão sob a justificativa de que a Lei nº
6.830/80 (Lei das execuções fiscais) tem sido utilizada no processo trabalhista, o que geraria confusão. Nada
obstante o desejo de contribuição manifestado, é importante lembrar que o art. 889 da CLT segue indicando
expressamente tal norma. Interessante ainda observar a extensão da aplicação do CPC também aos processos
administrativos, ou seja, não judiciais. A previsão é coerente com o art. 93, IX, CF/88, relativo à exigência da
publicidade e da motivação dos julgamentos, o qual desde sempre foi entendido como sendo aplicável
também ao processo administrativo.
 
 
Artigos 16 a 41, por Ricardo Strauch Aveline
[21]
LIVRO II - DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
TÍTULO I - DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO 
Anotação: Jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade
do particular pela intervenção do Estado. Através do seu exercício, declaram-se direitos preexistentes.
[22]
 Sobre o tema, ver
CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. Volume 1. Campinas: Bookseller, 2000,
p. 59-60; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. Volume 1. 4.ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 145; AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil.
Volume 1. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 15.
Art. 1º A jurisdição civil, contenciosa e voluntária,
é exercida pelos juízes, em todo o território
nacional, conforme as disposições que este Código
estabelece.
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e
pelos tribunais em todo o território nacional,
conforme as disposições deste Código.
 
Anotação: A jurisdição, que em latim significa “ação de dizer o direito”, decorre da soberania do Estado e, juntamente com
as funções administrativa e legislativa, compõe as funções estatais típicas.
[23]
 A jurisdição civil engloba pretensões de
natureza fiscal, administrativa, constitucional, civil, comercial, etc.
[24]
 Ver sobre o tema AMENDOEIRA JR., Sidnei.
Manual de direito processual civil. Volume 1. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 25.
Art. 3º Para propor ou contestar ação é necessário
ter interesse e legitimidade.
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter
interesse e legitimidade.
Anotação: Refere-se ao proveito da tutela jurisdicional. Não convém ao Estado movimentar o seu aparato judicial sem que
dessa atividade possa ser extraído algum resultado útil. Sobre o tema ver PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito
Processual Civil Contemporâneo. Volume 1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 190.
Art. 6º Ninguém poderá pleitear, em nome próprio,
direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em
nome próprio, salvo quando autorizado pelo
ordenamento jurídico.
Anotação: O artigo 18 mantém a regra da legitimação ordinária, colocando a extraordinária como exceção que depende de
autorização legal expressa. Sobre o tema ver PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil
Contemporâneo. Volume 1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 199.
Art. 4º O interesse do autor pode limitar-se à
declaração: I - da existência ou da inexistência de
relação jurídica; II - da autenticidade ou falsidade
de documento.
Ar t . 19. O interesse do autor pode se limitar à
declaração: I – da existência, da inexistência ou do
modo de ser de uma relação jurídica; II – da
autenticidade ou da falsidade de documento.
Anotação: O artigo 19 repete a redação do artigo 4.º do antigo Código de Processo Civil. Sobre o tema ver PINHO,
Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. Volume 1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 190.
Art. 4.º (...)
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória,
ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
A r t . 20. É admissível a ação meramente
declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do
direito.
Anotação: O artigo 20 repete a redação do parágrafo único do artigo 4.º do antigo Código de Processo Civil. Sobre o tema ver
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. Volume 1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 190.
TÍTULO II - DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
CAPÍTULO I - DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: Andou bem o legislador ao alterar o nome deste capítulo do Código de Processo Civil. Anteriormente utilizava o
termo “Da Competência Internacional” e, agora, passou a utilizar “Dos Limites da Jurisdição Nacional”. O termo
“competência internacional” vem sendo utilizado para designar a competência de tribunais internacionais, tais como a Corte
Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional, ambos situados em Haia na Holanda.
[25]
 Já o termo “limites da
jurisdição nacional” remete ao estudo dos critérios adotados pelo legislador para definir quando o Poder Judiciário nacional é
competente para julgar questões envolvendo pessoas naturais ou jurídicas estrangeiras e seus negócios jurídicos com pessoas
naturais ou jurídicas brasileiras. 
Ar t . 88. É competente a autoridade judiciária
brasileira quando: I - o réu, qualquer que seja a sua
nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no
Brasil tiver deser cumprida a obrigação; III - a
ação se originar de fato ocorrido ou de ato
praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do
disposto no n.º I, reputa-se domiciliada no Brasil a
pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência,
filial ou sucursal.
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações em que: I – o réu,
qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver
domiciliado no Brasil; II – no Brasil tiver de ser
cumprida a obrigação; III – o fundamento seja fato
ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo
único. Para o fim do disposto no inciso I,
considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Anotação: Dada a autonomia jurisdicional dos Estados, cada um deles tem inteira independência para indicar em sua
legislação quais são as causas que podem ser julgadas em sua jurisdição.
[26]
 Assim, nos casos previstos no artigo 21 do novo
CPC, o direito brasileiro admite a possibilidade de a justiça de outro Estado ser igualmente competente para julgar a causa.
Trata-se, pois, de competência concorrente.
[27]
 Sobre o tema ver PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito
Processual Civil Contemporâneo. Volume 1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 204.Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I – de alimentos,
quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais
como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II –
decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III –
em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: No artigo 22, o legislador inseriu hipóteses de competência interna que já vinham sendo reconhecidas pela
jurisprudência, destacando-se as compras realizadas por consumidores brasileiros em sites estrangeiros na internet. Tal
hipótese demandava interpretação e aplicação do artigo 101, I, do Código de Defesa do Consumidor no tocante ao foro
privilegiado do consumidor. Agora o CPC retirou qualquer dúvida: o consumidor pode processar o fornecedor estrangeiro no
Brasil. Sobre o tema, ver DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de Direito Internacional Privado. 9.ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2011, p. 114, 175 e 185; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. Volume
1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 223.
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira,
com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de
ações relativas a imóveis situados no Brasil; II -
proceder a inventário e partilha de bens, situados
no Brasil, ainda que o autor da herança seja
estrangeiro e tenha residido fora do território
nacional.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira,
com exclusão de qualquer outra: I – conhecer de
ações relativas a imóveis situados no Brasil; II -
em matéria de sucessão hereditária, proceder à
confirmação de testamento particular, inventário e
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira
ou tenha domicílio fora do território nacional; III -
em divórcio, separação judicial ou dissolução de
união estável, proceder à partilha de bens situados
no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional.
 
Anotação: O Estado é composto por povo, território e autoridade estatal.
[28]
 Os imóveis, por sua vez, compõem parte do
território, por isso, os legisladores, nos mais diversos países, procuram dar competência à autoridade judiciária interna para
tratar deles, defendendo, assim, a soberania do Estado. Com este espírito e, seguindo o que vinha entendendo a
jurisprudência, o artigo 23 do novo CPC incluiu a hipótese de competência da autoridade judiciária brasileira em casos de
divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável quando houver bens situados no Brasil. Em muitos casos, o
advogado ingressará com uma ação de divórcio no Brasil, por exemplo, arrolando os bens aqui situados e deverá mover
outra ação, em outro país, se o casal tiver bens imóveis no exterior. Isto ocorre uma vez que o juiz brasileiro não possui
competência para julgar ações que envolvam imóveis situados no exterior. Trata-se, pois, de foros exclusivos ou absolutos.
Sobre o tema, ver DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de Direito Internacional Privado. 9.ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2011, p. 209 e RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado. 12.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 258.
 
A r t . 90. A ação intentada perante tribunal
estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que Ihe são conexas.
A r t . 24. A ação proposta perante tribunal
estrangeiro não induz litispendência e não obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de
tratados internacionais e acordos bilaterais em
vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de
causa perante a jurisdição brasileira não impede a
homologação de sentença judicial estrangeira
quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a
jurisdição brasileira não impede a homologação de
sentença judicial estrangeira quando exigida para
produzir efeitos no Brasil.
 
Anotação: A ação que tramita em outra ordem jurídica não gera litispendência no Brasil. Assim, entende-se que mesmo que
a ação já tenha sido decidida no país estrangeiro, com trânsito em julgado, tal circunstância deve ser ignorada pelo juiz
brasileiro, pois somente depois de homologada pelo STJ é que a sentença estrangeira terá eficácia no Brasil. Sobre o tema,
ver PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. Volume 1. 4.ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 205; AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil. Volume 1. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 124; DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de Direito Internacional Privado. 9.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.
245.
 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando
houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na
contestação.
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas
neste Capítulo.
 
§ 2º Aplicam-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º.
* Sem correspondência no CPC/73.
Anotação: O artigo 25 corrobora o entendimento do STF sobre o tema ao emitir a Súmula 335 que dispõe que: “É válida a
cláusula de eleição de foro para os processos oriundos de contrato.” Tal entendimento é criticado por parte da doutrina que
afirma que a autonomia da vontade, neste caso específico, estimula uma espécie de forum shopping. Ver sobre o tema,
BAPTISTA, Luiz Olavo, Contratos Internacionais. São Paulo: Lex Magister, 2011, p 182.
 
CAPÍTULO II - DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
* Sem correspondência no CPC/73. 
Anotação: A efetividade do Direito em um cenário de intensificação das relações internacionais, seja no âmbito civil,
comercial, trabalhista, migratório ou informacional, demanda uma crescente cooperação internacional e, até mesmo, uma
integração entre os países. Neste sentido, as “relações jurídicas não se processam mais unicamente dentro de um único
Estado Soberano, pelo contrário, é necessário cooperar e pedir cooperação de outros Estados para que se satisfaça as
pretensões por justiça do indivíduo e da sociedade”. Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e
Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 15;LOULA, Maria
Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum,
2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO,
Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado do qual o Brasil seja parte e
observará: I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; II – a igualdade de
tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à
tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; III – a publicidade
processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente;
IV – a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; V – a
espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. § 1º Na ausência de tratado, a
cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via
diplomática. § 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença
estrangeira. § 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem
ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.
§ 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação
específica.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Com o passar dos anos, a cooperação jurídica internacional deixou de ser exclusivamente um ato de cortesia
ent re os Estados e passou a ser uma obrigação decorrente de tratados internacionais. Destaca-se, entre os tratados
internacionais, a Convenção de Haia de Comunicação de Atos Processuais de 1965, que trouxe a obrigação de cada Estado
parte designar uma Autoridade Central para receber os pedidos de cooperação jurídica. A autoridade central é um órgão
técnico-especializado responsável pela boa condução da cooperação jurídica que cada Estado exerce com as demais
soberanias. No Brasil, tal função é exercida pelo Ministério da Justiça. Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica
Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 20;
LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte:
Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. In
TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: I – citação, intimação e notificação judicial e
extrajudicial; II – colheita de provas e obtenção de informações; III – homologação e cumprimento de
decisão; IV – concessão de medida judicial de urgência; V – assistência jurídica internacional; VI –
qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: As cartas rogatórias destinam-se ao cumprimento de vários dos atos citados no artigo 27 do novo CPC, tais
como, citação, notificação e cientificação, denominados ordinários ou de mero trâmite, de coleta de provas, chamados
instrutórios; e ainda os de caráter restritivo, chamados executórios. Em síntese, é o veículo de transmissão de qualquer
pedido judicial. Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em
Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 38; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento
Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes
da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito
Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
SEÇÃO II - DO AUXÍLIO DIRETO 
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: O auxílio direto é uma modalidade de cooperação que surgiu diante da necessidade de respostas mais rápidas aos
pedidos formulados. Trata-se de cooperação efetuada entre autoridades centrais de Estados parte de tratados internacionais
que prevejam esta modalidade. Um exemplo é a Convenção de Haia sobre Aspectos Cíveis do Sequestro de Menores. Sobre
o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed.
Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 43; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de
Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da.
“Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito
Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade
central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em
Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 43; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento
Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes
da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito
Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil seja parte, o auxílio direto terá os
seguintes objetos: I – obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso; II – colheita de provas, salvo se a
medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade
judiciária brasileira; III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: No caso de pedidos de informação, a ordem judicial estrangeira pode ser dispensada, havendo um auxílio direto
entre as Autoridades Centrais. Tais situações poderão ocorrer, por exemplo, quando da aplicação da Convenção de Nova
Iorque sobre Prestação de Alimentos de 1956. Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e
Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria
Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum,
2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO,
Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Ar t . 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se
necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de
cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes
de tratado.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Idem comentários ao artigo 30. Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação
de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria Rosa. Auxílio
Direto: Novo Instrumento Brasileirode Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA,
Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen;
BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de
prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Idem comentários ao artigo 30. Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação
de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria Rosa. Auxílio
Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA,
Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen;
BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-
Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. Parágrafo único. O Ministério Público
requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Sobre o tema, ver LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica
Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica
Internacional e Auxílio Direto”. In TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo.
Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de
auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em
Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento
Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes
da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito
Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
SEÇÃO III - DA CARTA ROGATÓRIA 
Art. 35. Dar-se-á por meio de carta rogatória o pedido de cooperação entre órgão jurisdicional brasileiro
e órgão jurisdicional estrangeiro para prática de ato de citação, intimação, notificação judicial, colheita de
provas, obtenção de informações e de cumprimento de decisão interlocutória, sempre que o ato
estrangeiro constituir decisão a ser executada no Brasil.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: O meio clássico para obter a cooperação de uma autoridade estrangeira é a carta rogatória, que é o instrumento
que contém o pedido de auxílio feito pela autoridade judiciária de um Estado a outro Estado estrangeiro. A autoridade
judiciária rogada aplica sua própria lei quanto ao cumprimento das diligências solicitadas.
[29]
 Sobre o tema, ver
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado. 12.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 259.
 
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição
contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. § 1º A defesa restringir-
se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o pronunciamento judicial estrangeiro
produza efeitos no Brasil. § 2º Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento
judicial estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: O artigo 36 trouxe para o novo CPC a competência do STJ para o procedimento da carta rogatória, o que havia
sido fixado pela Emenda Constitucional n.º 45 de 2004. Anteriormente a competência era do STF. Sobre o tema, ver
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado. 12.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 312 e ss.
 
SEÇÃO IV - DAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES ANTERIORES 
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade brasileira competente será
encaminhado à autoridade central para posterior envio ao Estado requerido para lhe dar andamento.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em
Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento
Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes
da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito
Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os documentos anexos
que o instruem serão encaminhados à autoridade central, acompanhados de tradução para a língua oficial
do Estado requerido.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: As cartas rogatórias, de modo geral, precisam ser redigidas na língua da justiça rogada. Esse princípio estabelece
exceções quando permitido por convenções ou tratados internacionais. Sobre o tema, ver RECHSTEINER, Beat Walter.
Direito Internacional Privado. 12.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 312; Manual de Cooperação Jurídica Internacional e
Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria
Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum,
2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. I n TIBÚRCIO,
Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar manifesta
ofensa à ordem pública.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: As cartas rogatórias podem ser ativas e passivas. As primeiras são aquelas expedidas por autoridades judiciárias
brasileiras e as segundas emanam de juízes ou tribunais estrangeiros e são direcionadas ao Superior Tribunal de Justiça.
Cartas rogatórias que tenham como objeto uma medida contrária à ordem pública serão recusadas. Sobre o tema, ver
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado. 12.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 312; Manual de
Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª ed. Brasília: Ministério da
Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de Cooperação Jurídica
Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. “Cooperação Jurídica
Internacional e Auxílio Direto”. In TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito Internacional Contemporâneo.
Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se-á por meio de
carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o art. 957.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Anotação: A sentença decorrente de outro Estado necessita passar por um processo de homologação no STJ para que
possa ser executada pela Justiça Federal no território nacional. No processo de homologação de sentença estrangeira há
possibilidade de ampla defesa e contraditório. Sobre o tema, ver CASTRO, Amilcar de. Direito Internacional Privado. 6.ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008, p. 474.
 
Art. 41. Considera-seautêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica internacional,
inclusive tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por meio de
autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer
procedimento de legalização. Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a
aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.
* Sem correspondência no CPC/73.
 
Sobre o tema, ver Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos. Cooperação em Matéria Civil. 3.ª
ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2012, p. 44; LOULA, Maria Rosa. Auxílio Direto: Novo Instrumento Brasileiro de
Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Editora Forum, 2010; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da.
“Cooperação Jurídica Internacional e Auxílio Direto”. In TIBÚRCIO, Carmen; BARROSO, Luís Roberto. Direito
Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 
 
 
Artigos 42 a 66, por Márcio dos Santos Vieira
[30]
TÍTULO IV TÍTULO III
DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS
AUXILIARES DA JUSTIÇA DA COMPETÊNCIA INTERNA
CAPÍTULO I CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA DA COMPETÊNCIA
 Seção I
 Disposições Gerais
Anotação: O CPC/15 traz uma inovação em sua organização topográfica ao estabelecer uma Parte
Geral e uma Parte Especial. A Parte Geral está dividida em 6 livros, sendo que o tema da
competência está inserido em seu Livro II – Da Função Jurisdicional. O Livro II, por sua vez, está
organizado em 3 títulos: I – Da Jurisdição e Da Ação; II - Dos Limites Da Jurisdição Nacional e
Da Cooperação Internacional; e III – Da Competência Interna. Este título III é dividido em 2
capítulos: Capítulo I – Da Competência, e Capítulo II – Da Cooperação Nacional. Por fim, o
capítulo Da Competência, que é o objeto de estudo neste momento, esta dividido em três seções:
Seção I – Das Disposições Gerais; Seção II – Da Modificação da Competência; Seção III – Da
Incompetência. A organização aqui sumariamente descrita representa uma melhoria em relação ao
CPC/73. Este continha as disposições gerais sobre a competência, a seguir disciplinava a
competência internacional, e depois passava a tratar das regras da competência relativa (território
e valor) e absoluta (matéria e função), das modificações da competência e da declaração de
incompetência. A partir de agora, as regras até então denominadas como da competência
internacional passam a ser disciplinadas em capítulo próprio, denominado, de forma mais
apropriada, como “Dos Limites da Jurisdição Nacional”
[31]
 (artigos 21 a 25 do CPC/15). Do
ponto de vista sistemático, portanto, se observa um avanço no tratamento do tema da
competência pelo CPC/15.
Art. 86. As causas cíveis serão processadas
e decididas, ou simplesmente decididas,
pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de
s u a competência, ressalvada às partes a
faculdade de instituírem juízo arbitral.
Art. 42. As causas cíveis serão
processadas e decididas pelo juiz
nos limites de sua competência,
ressalvado às partes o direito de
instituir juízo arbitral, na forma
da lei.
Anotação: A jurisdição é poder estatal insuscetível de fracionamento.
[32]
 Por uma questão de
ordem prática, há a necessidade da divisão do trabalho, limitando-se as atividades dos juízos
segundo critérios previamente estabelecidos. Esta limitação é a competência, que a doutrina
tradicional afirma se tratar de uma medida da jurisdição atribuída a cada juiz.
[33]
 O presente
dispositivo, da mesma forma que outros neste capítulo, reproduz em essência o quanto disposto
no CPC/73, atendendo ao que o Ministro Luiz Fux, presidente da comissão de juristas que
elaborou o anteprojeto do novo Código de Processo Civil, vem sustentando, e inclusive consta da
exposição de motivos do projeto entregue ao Senado
[34]
, no sentido de manter-se institutos cujos
resultados foram positivos, incluindo-se tantos outros necessários à atualização e modernização
do CPC.
Art. 87. Determina-se a competência no
momento em que a ação é proposta. São
irrelevantes as modificações do estado de
fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem o órgão judiciário
o u alterarem a competência em razão da
matéria ou da hierarquia.
Art. 43. Determina-se a
competência no momento do
registro ou da distribuição da
petição inicial, sendo irrelevantes
as modificações do estado de
fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência
absoluta.
Anotação: Trata-se da regra da perpetuação da competência, ou perpetuatio jurisdicionis. Vale
dizer: uma vez fixada a competência para uma determinada causa, esta não mais se modificará, a
não ser em casos muito especiais. Sugere-se consultar as obras de ALVARO DE OLIVEIRA,
Carlos Alberto e MITIDIERO, Daniel. Curso de Processo Civil: volume I: teoria geral do
processo civil e parte geral do direito processual civil, BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao
Código de Processo Civil, Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, vol. I, e DIDIER JR, Fredie,
Curso de Direito Processual Civil, Teoria geral do processo e processo de conhecimento, Volume
I, 11a. ed, Salvador Juspodivm, 2009. Há também um pequeno ajuste no texto ao passar a referir
a competência absoluta lato sensu, ao inves de mencionar a competência em razão da matéria ou
da hierarquia, que são dois critérios de distribuição da competência a partir do regime de
competência absoluta, conforme era disposto no art. 87 do CPC/73. A medida parece acertada,
p ois passa a abarcar todos os critérios de distribuição de competência a partir do regime da
competência absoluta. Para mais detalhes neste ponto, ver ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos
Alberto e MITIDIERO, Daniel, e também DIDIER JR, Fredie, nas obras já citadas
[35]
.CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA INTERNA
Seção I
Da Competência em Razão do Valor e da
Matéria
Art. 91. Regem a competência em razão do
valor e da matéria as normas de organização
judiciária, ressalvados os casos expressos
neste Código.
Art. 92. Compete, porém, exclusivamente
ao juiz de direito processar e julgar:
I - o processo de insolvência;
II - as ações concernentes ao estado e à
capacidade da pessoa.
Seção II
Da Competência Funcional
Art. 93. Regem a competência dos tribunais
as normas da Constituição da República e de
organização judiciária. A competência
funcional dos juízes de primeiro grau é
disciplinada neste Código.
Art. 44. Obedecidos os limites
estabelecidos pela Constituição
Federal, a competência é
determinada pelas normas
previstas neste Código ou em
legislação especial, pelas normas
de organização judiciária e, ainda,
no que couber, pelas
constituições dos Estados.
Anotação: O CPC/15 simplifica a referência às fontes legais que regem a competência. O CPC/73
observa a clássica divisão dos critérios de fixação de competência: (a) objetivo, (b) funcional e (c)
territorial
[36]
. As fontes legais dos critérios objetivos do valor e da matéria estão no art. 91, e da
função no art. 93. Já o CPC/15 opta, no art. 44, em estabelecer as fontes legais da competência em
geral, independentemente do critério para sua fixação. Nada obstante, vale referir que os estados
da federação detém competência para legislar, seja em normas de organização judiciária, seja nas
constituições estaduais, sobre certos aspectos, em especial sobre os critérios objetivo e funcional.
Sugere-se, neste passo, a consulta à obra de ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto e
MITIDIERO, Daniel, já citada.
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao
juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas,
entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade
profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I – de recuperação

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