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Atitudes em relação à Estatística de graduandos de Ciências Agrárias

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1 
 
Atitudes em relação à Estatística de graduandos de Ciências 
Agrárias 
 
Ulisses Vieira Guimarães1 
Vinícius de Sousa Santos2 
Verônica Yumi Kataoka3 
1 Introdução 
 O ensino da Estatística está previsto em diversas áreas do conhecimento, o que se 
justifica pelo princípio da unidade da ciência, no que se refere à necessidade de um padrão nas 
validações para todas as hipóteses de qualquer área. Na área de ciências agrárias é bem 
evidente a utilização de técnicas estatísticas na otimização de processos de produção, na 
administração rural etc, e, por conseguinte, no apoio a tomada de decisões. De acordo com 
[3], muitos estudantes encontram dificuldades com as disciplinas de Estatística, levando-os a 
baixo desempenho e interesse. De acordo com [5], quanto mais favorável a atitude, melhor é o 
desempenho na disciplina. Diversas escalas, como por exemplo, SAS - Statistics Attitudes 
Survey; ATS - Attitudes Toward Statistics; SATS - Survey of Attitudes Towards Statistics; 
EAE - Escala de Atitudes em relação à Estatística [2], vem sendo propostas para medir a 
atitude de um indivíduo em relação à essa disciplina. Neste trabalho utilizamos a EAE, que é 
uma escala brasileira, tipo likert, composta com itens que expressam o componente afetivo 
envolvido no processo de ensino e aprendizagem. 
 O objetivo deste artigo foi traçar um perfil atitudinal de alunos do cursos de 
Graduação de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Sergipe. 
 
2 Material e métodos 
 Foram sujeitos da pesquisa 98 alunos dos cursos de graduação da Universidade 
Federal de Sergipe da área de Ciências Agrárias (Ciências Biológicas, Engenharia 
Agronômica, Engenharia Florestal, Zootecnia, Engenharia Agrícola) que cursaram as 
disciplinas Introdução à Estatística ou Bioestatística. A amostragem foi do tipo não 
probabilística. 
 Os alunos foram solicitados a responder dois instrumentos, do tipo papel e lápis, na 
sala de aula, no início do segundo semestre de 2011, sendo a participação voluntária. O 
 
1 DECAT - UFS / Doutorando em Educação Matemática - UNIBAN. e-mail: ulisses@ufs.br 
2 Graduando em Estatística. DECAT-UFS. 
3 Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN 
2 
 
primeiro instrumento aplicado foi a EAE, composta de 20 itens, sendo 10 positivos (itens 3, 4, 
5, 9, 11, 14, 15, 18, 19, 20) e 10 negativos (itens 1, 2, 6, 7, 8, 10, 12, 13, 16, 17), cada um com 
quatro possibilidades de respostas: discordo totalmente (1), discordo (2), concordo (3), 
concordo totalmente (4) para os itens positivos, invertendo-se os pesos para os itens 
negativos. Dessa maneira a pontuação total da escala variou de 20 a 80 pontos, sendo o ponto 
médio igual a 50. O segundo, um questionário que tinha como objetivo colher informações de 
perfil, tais como: curso, gênero, idade, entre outras. 
 Para analisar a pontuação na escala geral de acordo com as variáveis levantadas no 
questionário, foram utilizados testes t, com nível nominal de significância de 5%. Para 
descrever a estrutura de dependência dos itens da escala (identificar as dimensões) foi 
utilizada a técnica multivariada de análise fatorial. O método para a estimação dos fatores 
baseou-se na análise de componentes principais com uma rotação promax. Para avaliar a 
consistência interna da escala foi utilizado o coeficiente Alfa de Cronbrach e para o estudo da 
viabilidade utilizou-se os testes de Kaiser- Meyer-Olkin - KMO e de esfericidade de Bartlett. 
Para todas as análises estatísticas foi utilizado o software R 2.10.1 [4]. 
 
3 Resultados e discussões 
 Dos 98 alunos, 52% são do sexo masculino, com média de idade de 20,38±3,95 anos, 
faixa etária de 17 a 44 anos, 84,69% deles estavam cursando a disciplina pela primeira vez e 
86,73% nunca cursaram outra disciplina que envolvesse a Estatística. 
 De acordo com teste de esfericidade de Bartlett e o índice de adequação da amostra 
(χ2= 1128,101, p=0,000, KMO=0,8969) a estrutura dos dados mostrou-se adequada para se 
aplicar a análise fatorial com método de extração dos fatores por componentes principais. Em 
decorrência dessa análise, foram determinadas duas dimensões da escala, uma agrupando os 
itens positivos e a outra os itens negativos (Tabela 1). 
 
Tabela 1 – Dimensões da escala determinadas pela Análise Fatorial. 
Fator Denominação Questões da Escala % acumulada de variância explicada 
1 Afetivo positivo 3,4,5,9,11,14,15,18,19,20 57,92 
2 Afetivo negativo 1,2,6,7,8,10,12,13,16,17 65,54 
 
 Observa-se pelos resultados da Tabela 1 que a variância total explicada foi de 65,54%, 
sendo que o primeiro fator explica 57,92% da variância total, indicando sua dominância e 
confirmando a unidimensionalidade da escala composta com itens apenas do componente 
afetivo da atitude. A escala apresentou excelente consistência interna, medida pelo 
3 
 
Coeficiente Alpha de Cronbach (α), igual a 0,932. A distribuição de frequência percentual dos 
participantes em cada item encontra-se na Tabela 2. 
 
Tabela 2 - Distribuição de frequência percentual (n =98) dos alunos em cada item na EAE 
Item DT D C CT 
1 Eu fico sob uma terrível tensão na aula de Estatística. 34,69 57,14 6,12 2,04 
2 Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que fazer essa matéria. 40,82 51,02 8,16 0,00 
3 Eu acho Estatística muito interessante e gosto das aulas de Estatística. 2,04 18,37 71,43 8,16 
4 A Estatística é fascinante e divertida. 3,06 54,08 36,73 6,12 
5 A Estatística me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo, 
estimulante. 3,06 59,18 35,71 2,04 
6 “Dá branco” na minha cabeça e não consigo pensar claramente quando 
estudo Estatística. 16,33 62,24 18,37 3,06 
7 Eu tenho a sensação de insegurança quando me esforço em Estatística. 13,27 66,33 18,37 2,04 
8 A Estatística me deixa inquieto(a), descontente, irritado(a) e 
impaciente. 22,45 59,18 18,37 0,00 
9 O sentimento que eu tenho em relação à Estatística é bom. 2,04 17,35 73,47 7,14 
10 A Estatística me faz sentir como se estivesse perdido(a) em uma selva 
de números sem encontrar a saída. 25,51 55,10 18,37 1,02 
11 A Estatística é algo que eu aprecio grandemente. 3,06 51,02 42,86 3,06 
12 Quando eu ouço a palavra Estatística eu tenho um sentimento de 
aversão. 17,35 69,39 11,22 2,04 
13 Eu encaro a Estatística com um sentimento de indecisão, que é 
resultado do medo de não ser capaz em Estatística. 16,33 64,29 17,35 2,04 
14 Eu gosto realmente de Estatística. 4,08 45,92 46,94 3,06 
15 A Estatística é uma das matérias que eu realmente gosto de estudar na 
universidade. 8,16 48,98 37,76 5,10 
16 Pensar sobre a obrigação de resolver um problema de Estatística me 
deixa nervoso(a). 10,20 63,27 24,49 2,04 
17 Eu nunca gostei de Estatística e é a matéria que me dá mais medo. 29,59 63,27 7,14 0,00 
18 Eu fico mais feliz na aula de estatística do que na aula de qualquer 
outra matéria. 18,37 68,37 11,22 2,04 
19 Eu me sinto tranqüilo(a) em Estatística e gosto muito dessa matéria. 6,12 47,96 39,80 6,12 
20 Eu tenho uma relação definitivamente positiva com relação à 
Estatística: Eu gosto e aprecio essa matéria. 4,08 39,80 45,92 10,20 
DT: Discordo totalmente; D: Discordo; C: Concordo; CT: Concordo totalmente 
 
 Dos participantes, 80,61% afirmaram ter sentimento bom em relação à Estatística 
(item 9) enquanto que apenas 8,16% concordam que não gostam desta disciplina e se 
assustam ao ter que cursá-la (item 2) e 50,00% deles afirmam que gostam realmente de 
Estatística (item 14). A maioria dos participantes discorda de que a Estatística é fascinante e 
divertida (item 4), sentem-se inseguros e desestimulados (item 5 e 7), no entanto, 
aproximadamente 80% deles a consideram interessante e gostam das aulas (item 3). 86,74% 
dos alunos não se sentemfelizes na aula de Estatística quando comparada com a aula de 
outras matérias (item 18), mas não se sentem nervosos, 73,47%, ao resolver um problema de 
Estatística (item 16) e discordam, 92,86%, na afirmação de que nunca gostaram de Estatística 
e é a matéria que mais dá medo (item 17). 
 Avaliando as respostas dos alunos na escala, verificou-se que as pontuações variaram 
de 36,00 a 75,00, com média de 55,44 pontos e desvio padrão de 8,45 pontos. O perfil 
4 
 
atitudinal dos alunos pode ser considerado como positivo, pois mais de 50% dos alunos 
apresentaram pontuação na escala de atitudes superior à pontuação média total na escala. No 
entanto, 75% dos participantes apresentaram pontuação igual ou inferior a 60 pontos na escala 
de um total de 80, isto é, poderíamos definir a atitude de alunos de graduação da área de 
ciências agráriasda UFS como "timidamente" positiva. 
 Na Tabela 3 encontram-se as estatísticas descritivas e as comparações entre as 
pontuações médias das atitudes de acordo com as categorias de respostas de algumas 
variáveis do questionário de perfil, utilizando o teste t. 
 
Tabela 3 - Estatísticas descritivas e comparações por grupo de variáveis das pontuações nas 
escalas de atitudes em relação à Estatística. 
Variáveis de interesse N Média Desvio Padrão Alpha de Cronbach Teste p 
Gênero t 
0,3451 
 
Feminino 47 54,91 9,53 0,9454 0,5583 
Masculino 51 55,92 7,38 0,9128 
Ensino Fundamental t 
4,9938 
 
Particular 53 53,72 8,45 0,9307 0,02776 * 
Pública 45 57,47 8,07 0,9281 
Ensino Médio t 
1,2912 
 
Particular 43 54,42 8,89 0,9375 0,2587 
Pública 53 56,38 7,98 0,9256 
Uso da Estatística t 
0,1273 
 
Não 63 55,67 8,41 0,9321 0,7221 
Sim 35 55,03 8,62 0,9335 
Cotas t 
1,4222 
 
Não 54 54,54 9,04 0,9397 0,2361 
Sim 41 56,61 7,45 0,9170 
 
 Comparando as atitudes entre os alunos do gênero masculino e feminino, verifica-se 
que não houve diferença significativa entre as médias. Este mesmo resultado também foi 
encontrado por [2], [1], [5]. Não houve diferença significativa também para a pontuação na 
escala geral quando comparada por: tipo de escola no ensino médio, ingresso na UFS 
beneficiados pelos sistemas de cotas ou não. Houve diferença significativa por tipo de escola 
no Ensino Fundamental, ou seja, os alunos oriundos de escolas públicas possuem atitude 
mais positiva do que aqueles oriundos de escola do Ensino Particular. 
 Procurou-se, também, identificar se os alunos já tiveram contato com a Estatística na 
prática com a seguinte pergunta: "Você já usou a Estatística na prática, seja em pesquisas ou 
no trabalho?". Dos 98 alunos participantes da pesquisa, 64,29% responderam que não. 
Espera-se que os alunos que já tiveram a necessidade de utilizar os conhecimentos estatísticos 
na prática tenham atitudes mais favoráveis do que aqueles que nunca a utilizaram. 
Comparando-se as médias das atitudes desses alunos, o que não foi confirmado pelo teste t. 
 
5 
 
4 Conclusões 
 Os resultados mostraram que existem evidências de validade da escala EAE aplicada 
aos 98 alunos desse estudo, por apresentar uma alta consistência interna (Alpha de Cronbach 
igual a 0,932) e ser composta de apenas dois fatores altamente correlacionadas, confirmando a 
unidimensionalidade da escala composta com itens apenas do componente afetivo da atitude 
Esses resultados estão em consonância com os encontrados no estudo de [2], que validaram 
essa mesma escala com 1154 alunos de cursos de graduação. 
 De uma maneira geral, os alunos afirmam que gostam da Estatística, no entanto não é 
a matéria mais interessante para eles, sendo o perfil atitudinal desses alunos considerado 
como "timidamente" positivo. Conhecer as atitudes dos alunos em relação à Estatística e os 
fatores associados à sua formação, manutenção ou modificação é de extrema importância para 
proposição de estratégias de ensino mais adequadas, por conseguinte, tornar o processo ensino 
e aprendizagem mais eficiente. 
 
5 Bibliografia 
[1] BONAFÉ, F.S.S; LOFFREDO, L.C.M; CAMPOS, J.A.D.B. Atitudes em relação à 
Bioestatística de discentes e docentes da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara 
- UNESP. Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2010;31(2):143-147. ISSN 1808-4532. 
[2] CAZORLA, I. M.; SILVA, C. B; VENDRAMINI, C. M. M.; BRITO, M. F. R. (1999). 
Adaptação e validação de uma escala de atitudes em relação à estatística. Anais da 
conferência internacional: experiências e perspectivas do ensino da estatística, 
Florianópolis, Santa Catarina, 45-57. 
[3] QUINTINO, Calerno Alcides Amorim; GUEDES, Terezinha Aparecida; MARTINS, Ana 
Beatriz Tozzo. Análise estatística das atitudes dos alunos de iniciação cientifica da 
Universidade Estadual de Maringá, em relação à disciplina Estatística - 2000. Acta 
Scientiarum, Maringá, v. 23, n.6, p. 1523-1529, 2001. 
[4] R Development Core Team (2009). R: A language and environment for statistical 
computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0. 
Disponível em: http://www.R-project.org. 
[5] SILVA, C. B.; BRITO, M. R. F.; CARZOLA, I. M.; VENDRAMINI, C. M. M. Atitudes 
em relação à estatística e à matemática. PsicoUSF, v. 7, n. 2, p.219-228, jul/dez 2002.

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