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Processo Civil (Procedimentos Especiais)

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Contratos Civis
Prof. Orlando Guarizi Júnior
Processo Civil (Procedimentos Especiais)
Prof. Marco Antônio Kalikowski Verrone
AVALIAÇÃO CONTINUADA: 
Bibliografia:
	11/08/2011
	1. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
	É forma especial de pagamento que visa extinguir as obrigações. Se o credor, por motivos ilegítimos, se recusar a receber ou dar quitação ou houver dúvida sobre quem deva receber o pagamento, o devedor para desonerar-se e afastar os efeitos da mora deve consignar o pagamento.
1.1. Hipóteses
Art. 335, CC – A consignação tem lugar:
se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
1.2. Objeto
	A consignação será feita com o depósito, judicial ou extrajudicial, de dinheiro ou de qualquer outro bem, que seja objeto da obrigação, podendo ser móvel ou imóvel. É possível que o pagamento seja feito por consignação, quando a obrigação é de pagamento ou de entrega de coisa certa, móvel ou imóvel, por exemplo, na consignação das chaves de um imóvel, que o devedor pretende restituir e o credor se recusa a receber.
	Somente as obrigações de fazer ou não fazer é que não podem ser extintas por consignação.
	A consignação em pagamento cabe quando há mora do credor, provocada pela recusa em receber o pagamento (ou dar quitação) ou pela omissão em ir buscar o pagamento, quando isso lhe competir. E, mesmo em mora, o devedor poderá consignar. É preciso que ofereça ao credor o valor da divida, acrescidos dos encargos decorrentes de sua mora, como juros, correção monetária e eventual multa contratual.
	Se assim for, o credor não pode recusar o pagamento, salvo em duas hipóteses:
quando ele não for mais útil ao credor;
quando ele já tiver ajuizado ação em decorrência da mora.
1.3. Exceção
	Despejo, busca e apreensão em alienação fiduciária.
1.4. Pedido
	Na petição inicial, o autor requererá o depósito do valor ou da coisa, no prazo de 5 (cinco) dias, para liberar-se da dívida. Caso tenha depositado extrajudicialmente o valor, instruirá a inicial com o respectivo comprovante.
	Nada impede que, ao invés de requerer o prazo para depósito, o autor já o comprove, no momento do ajuizamento da ação. Caso esteja em mora, deve depositar o valor do débito, com todos os encargos.
18/08/2011
1.5. Competência
	É preciso distinguir obrigações quesíveis (quérable) ou portáveis (portable). A obrigação quesível é aquela em que incumbe ao credor mandar e receber ao mesmo tempo, lugar e condições devidos, e ele não faz; a obrigação portável é aquela em que a iniciativa é do devedor, que deve procurar o credor, no tempo, lugar e condições devidos, para efetuar o pagamento. Salvo previsão contratual em contrário, as obrigações são quesíveis.
	A competência variará conforme a natureza da dívida. Sendo portável, a ação deve ser proposta no foro do domicilio do réu, e se quesível, no domicilio do devedor-autor.
	Em ambas as hipóteses, a competência é relativa, e pode ser derrogada, quando as partes instituírem outro foro de pagamento, que não os de seus domicílios, ou quando houver eleição de foro.
	25/08/2011
	2. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS
	Consiste na apreensão detalhada de todos os itens de crédito e débito da administração de negócios alheios, apurando-se se há ou não saldo devedor.
	A lei brasileira enumera situações das quais resulta a obrigação de prestar contas.
	CÓDIGO CIVIL
	CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
	DIREITO COMERCIAL
	obrigação do tutor e do curador, pela gestão de bens e negócios do tutelado ou curatelado (arts. 1756 e 1774)
	administrador da massa na insolvência
	contratos de sociedade, pois qualquer sócio pode pedir aos demais que prestem contas da sua administração da sociedade
	sucessor provisório, em relação aos bens dos ausentes (art. 22, caput)
	imóvel ou empresa no usufruto executivo
	contratos de comissão e mandato mercantil
	inventariante e do testamenteiro, por sua gestão à frente do espólio (arts. 2020 e 1980)
	curador de herança jacente
	administrador da falência, que deve prestar contas de sua gestão
	mandatário frente ao mandante (art. 668)
	eventualmente, depositário
	
2.1. Ações dúplices
	Característica da ação de prestação de contas é a sua natureza dúplice. O art. 918, do Código de Processo Civil, estabelece que:
O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execução forçada.
	Mas pode haver saldo credor tanto em favor do autor da ação, quanto do réu. Na sentença, o juiz pode reconhecer saldo em favor deste, sem que ele o postule. Reconhecido, o saldo poderá ser executado, seja em favor do autor ou do réu.
	O que caracteriza as ações dúplices é a possibilidade de o réu formular a sua pretensão na própria contestação, sem necessidade de reconvir.
2.2. Legitimidade
	Havendo uma relação jurídica da qual resulte a obrigação de prestar contas, e tendo a ação natureza dúplice, há legitimidade tanto daquele que as tem de prestar como daquele que pode exigi-las.
	Para que haja interesse é preciso que:
aquele que tem obrigação de prestar contas, se recuse a fazê-lo; ou
aquele que a quem as contas devem ser prestadas, se recuse a recebe-las; ou
que haja divergência sobre a existência e o montante do saldo apontado nas contas prestadas.
2.3. Ação de exigir contas
	A ação de exigir contas vem tratado no art. 915, do Código de Processo Civil, da seguinte forma:
Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a ação.
	
	O que caracteriza o seu procedimento é a existência, em regra, de 2 (duas) fases: a primeira para que o juiz decida sobre a existência ou não da obrigação de o réu prestar contas. Se o juiz decidir que não, o processo encerra-se nessa fase; mas se decidir que sim, haverá uma segunda, que servirá para que o réu preste as contas, e o juiz possa avaliar se o fez corretamente, reconhecendo a existência de saldo credor ou devedor.
2.3.1. Primeira fase
	A petição inicial deve preencher os requisitos do art. 282, do Código de Processo Civil, cuidando o autor de expor com clareza as razoes pelas quais tem o direito de exigir contas do réu. Na inicial, ele pedirá ao juiz que mande citar o réu para, no prazo de 5 (cinco) dias as apresentar ou contestar a ação.
Uma vez citado, o réu poderá ter uma entre várias condutas possíveis:
pode reconhecer a obrigação de prestar contas, e já as apresentar, caso em que o juiz considerará superada a primeira fase e passará desde logo à segunda;
pode permanecer inerte, sem contestar ou prestar as contas solicitadas, caso em que o juiz, aplicando ao réu os efeitos da revelia, julgará antecipadamente a lide, determinando que o réu preste ao autor as contas solicitadas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não ser lícito impugnar as que o autor apresentar;
pode apresentar resposta;
pode o réu contestar, negando a obrigação de prestar contas, mas, ao mesmo tempo, já apresenta-las.
2.3.2. Segunda fase
Tendo o réu sido condenado a prestar contas, passar-se-á à segunda fase, na qual ele será intimado para o fazer, em 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não poder impugnar as que forem apresentadas pelo autor.
	O réu poderá tomar 2 (duas) atitudes possíveis:
apresentar as contas, caso em que a segunda fase processar-se-á na forma do art. 915, § 1.º, do Código de Processo Civil:
Prestadas as contas, terá o autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas; havendo necessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento; em caso contrário, proferirá desde logo a sentença.
não prestar as contas, caso em que se procederá na forma do art. 915, §3.º, 2ª parte, do Código de Processo Civil:
Se o réu apresentar as contasdentro do prazo estabelecido no parágrafo anterior, seguir-se-á o procedimento do § 1.º deste artigo; em caso contrário, apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas segundo o prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, a realização do exame pericial contábil.
Se o réu não prestar contas, e o autor também não o fizer, o processo não terá como prosseguir. Cumpre ao juiz intimar o autor para que de andamento ao feito, sob pena de extinção sem julgamento do mérito.
2.4. Ação de dar contas
	A ação de prestar contas vem prevista no art. 916, do Código de Processo Civil:
Aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.
	
	Difere esta ação da ação de exigir contas, porque a iniciativa é daquele que está obrigado a prestá-las, e quer eximir-se da obrigação. Por isso, não haverá a discussão sobre a existência da obrigação de prestar contas, já que o próprio obrigado a reconhece. Assim, não haverá 2 (duas) fases, como na ação de exigir contas.
	O autor apresentará a inicial, que deve preencher os requisitos do art. 282, do Código de Processo Civil, indicando as razões pelas quais deve prestar as contas, e informando sobre a recusa do réu em aceita-las. A inicial deve vir instruída com as contas e com os documentos necessárias à sua instrução.
	O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar. No primeiro caso, o processo será extinto com julgamento de mérito, por ter havido reconhecimento jurídico do pedido. Se o réu não manifestar-se, o juiz considerá-lo-á revel e julgará antecipadamente, salvo nas hipóteses em que a revelia não produzir efeitos.
	Se o réu contestar as contas, o juiz determinará as provas necessárias, incluindo perícia contábil, e designará audiência de instrução e julgamento. Mas, para que o juiz possa levar em conta as alegações do réu, é preciso que ele impugne as contas do autor de forma especificada, apontando de forma discriminada os erros do cálculo.
	Ao final, o juiz julgará as contas, verificando se há saldo em favor de alguma das partes.
	01/09/2011
	3. AÇÕES POSSESSÓRIAS
	A lei brasileira confere proteção à posse, permitindo que o possuidor a defenda de eventuais agressões de duas maneiras: pela autotutela e heterotutela (ações possessórias).
	A autotutela vem tratada no art. 1210, § 1.º, do Código Civil:
O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
	Esse mecanismo de defesa é feito sem a instauração de processo, e sem a intervenção do Judiciário, interessando, assim, as ações possessórias e seu procedimento (heterotutela).
	São 3 (três) as ações ou interditos possessórios, previstos em nosso ordenamento jurídico:
a ação de reintegração de posse;
a ação de manutenção de posse;
o interdito proibitório.
O que as caracteriza é a pretensão do autor, de recuperar, conservar ou proteger a posse, objeto de agressões ou ameaças.
A ação, para ser qualificada de possessória, tem de estar fundada na posse do autor, que vem sendo agredida ou está em vias de o ser. Não interessa se o bem é de propriedade do autor, mas se ele tem ou teve a posse, e se ela lhe foi tirado de forma indevida.
	Diante disso, não podem ser confundidas com as ações possessórias: a) ação de imissão da posse, b) ação reivindicatória, c) ação de nunciação de obra nova, d) embargos de terceiro.
	A ação de imissão de posse é aquela atribuída ao adquirente de um bem, que tenha se tornado seu proprietário, para ingressar na posse pela primeira vez, quando o alienante não lhe entrega a coisa. Essa ação nunca poderia ter natureza possessória, porque o seu autor não tem, nem nunca teve a posse.
	a ação reivindicatória é a que tem o proprietário para, com base em seu direito, reaver a posse da coisa, que está indevidamente com o terceiro; a ação possessória é a ação que tem o possuidor, cuja posse está sendo agredida ou ameaçada. O fundamento da ação reivindicatória é o direito de propriedade e o direito de sequela do proprietário, de buscar a coisa em mãos de quem quer que com ela esteja indevidamente.
	A ação de nunciação de obra nova não é possessória, porque não tem por finalidade proteger a posse. Sua função é permitir àquele que tem posse ou propriedade impedir a construção de obra nova em imóveis vizinhos; ou o condomínio, que impeça que o coproprietário altere a coisa comum.
	Os embargos de terceiro é a ação que mais se aproxima das possessórias. Sua função é permitir ao terceiro, que não é parte do processo, recuperar a coisa objeto de constrição judicial. Não é possessória porque pode ser ajuizada não apenas pelo possuidor, mas também pelo proprietário, e visa proteger o terceiro, não propriamente de esbulho, turbação ou ameaça, mas de apreensão judicial indevida.
3.1. Interditos possessórios
	As ações possessórias são também chamadas interditos possessórios. São elas: a reintegração de posse, a manutenção de posse e o interdito proibitório, cabíveis quando houver, respectivamente, esbulho, turbação ou ameaça.[1: No esbulho pressupõe-se que a vítima seja desapossada do bem, que o perca para o autor da agressão. É o que ocorre quando há uma invasão e o possuidor é expulso da coisa.][2: A turbação pressupõe a prática de atos materiais concretos de agressão à posse, mas sem desapossamento da vítima, como, por exemplo, o agressor que destrói o muro da vítima; ou ingressa frequentemente, para subtrair frutas ou objetos de dentro do imóvel.][3: Na ameaça não há atos materiais concretos, mas o agressor manifesta a intenção de consumar a agressão. Se ele vai até a divisa do imóvel, e ali se posta, armado, com outras pessoas, dando a entender que vai invadir, haverá ameaça.]
3.2. Peculiaridades das ações possessórias
3.2.1. Fungibilidade
	O princípio da fungibilidade vem expressamente prevista no art. 920, CPC:
A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados.
	Diante da dúvida sobre a natureza da agressão à posse, o legislador houve por bem considerar fungíveis as ações possessórias. Ao fazê-lo, a lei flexibilizou o principio da adstrição do juiz ao pedido, permitindo que conceda medida diversa da postulada.
	A fungibilidade pode ser usada em 2 (duas) circunstancias:
quando a parte qualificar a agressão de uma determinada maneira (por exemplo, como turbação), postulando a proteção correspondente e o juiz considerar que a qualificação adequada é outra (esbulho, por exemplo);
quando, no curso do processo, um tipo de agressão transformar-se em outro.
3.2.2. Cumulação de pedidos
	O art. 292, do CPC autoriza, genericamente, a cumulação de pedidos, nos processos em geral, desde que compatíveis entre si, o juízo tenha competência para julgar todos, e os procedimentos sejam os mesmos.
	Uma importante peculiaridade das ações possessórias é a que vem consignada no art. 921, do CPC:
É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
condenação em perdas e danos;
cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;
desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.
Os pedidos mencionados nos incisos acima mencionados observam o procedimento ordinário. A ação possessória que autoriza a concessão de liminar específica é a de força nova, que observa o procedimento especial.
Os pedidos que podem ser cumulados sem prejuízo do rito são:
reparação de danos;
multa cominatória;
desfazimento de construção e plantação.
3.2.3. Natureza dúplice
	O art. 922, CPC estabelece que:
É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
	Esse dispositivo atribui às possessórias, caráter dúplice,pois autoriza o réu a formular pedidos contra o autor, na contestação, sem reconvir. O réu poderá cumular, na contestação, os 4 (quatro) pedidos indicados no art. 921, o possessório, o de reparação de danos, o de multa e do desfazimento de construções e plantações. Só não pode pedir liminar, já que o procedimento só permite que seja postulada pelo autor.
	Em razão da natureza dúplice, em regra não caberá reconvenção nas ações possessórias, já que ela será desnecessária. Mas não se pode afastar sua apresentação, quando o réu formular contra o autor algum pedido, que preencha os requisitos do art. 315, do CPC, mas não esteja entre aqueles do art. 921, como, por exemplo, o réu pode reconvir para postular rescisão ou anulação de contrato.
3.2.4. Exceção de domínio
	A exceção de domínio consiste na possibilidade de o réu defender-se, com êxito, na ação possessória, alegando a sua qualidade de proprietário do bem.
08/09/2011
3.3. Procedimentos
3.3.1. Procedimento especial
	O procedimento especial será observado nas ações possessórias de força nova, ajuizada até 1 (um) ano e dia após a agressão à posse. O que o torna especial é a liminar, que pode ser concedida de plano ou após a audiência de justificação.
	Exige prova inequívoca da verossimilhança do direito alegado, e risco de dano irreparável ou de difícil reparação. Sem esses requisitos, será negada. Como exige-se risco de dano, essa medida é considerada tutela de urgência.
3.3. Procedimento ordinário
 
	Se a data da agressão for inferior a 1 (um) ano e dia a ação segue rito especial. Passando o prazo processual é ordinário.
	A contagem do prazo terá início quando cessar a violência ou clandestinidade.
	15/09/2011
	4. DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
	Herança é uma universalidade de bens.
Espólio é uma massa, ainda indivisa de bens deixada pelo falecido.
	Com a morte, termina a personalidade civil do homem, tem início a sua sucessão e ocorre a transmissão aos seus herdeiros, legítimos ou testamentários, dos bens.
	Por força do princípio da saisine (art. 1784, CC), essa transmissão opera-se no momento do falecimento. Mesmo assim, é preciso fazer o inventário e posterior partilha dos bens, para que a situação fique regularizada.
	O patrimônio do de cujus (ativos e passivos) comporá uma massa indivisa, que receberá o nome de espólio. Ele não tem personalidade jurídica, mas a lei lhe atribui capacidade de ser parte. Enquanto não houver a partilha, o espólio figurará como parte em todas as ações de cunho patrimonial, que versem sobre os interesses da massa.
	No inventário se fará a descrição do monte-mor, incluindo não só os ativos e passivos que integram a herança, mas também a meação do cônjuge, uma vez que, nesse momento inicial, ainda não é possível distinguir o que compõe uma coisa e outra.
4.1. Inventário
	O inventário consiste na enumeração e descrição de todos os bens e obrigações que integram a herança, para que oportunamente possa haver a adjudicação ou partilha aos sucessores. É processo de conhecimento, de jurisdição contenciosa e procedimento especial, destinado a catalogar o patrimônio deixado por alguém que morreu, indicando ainda quem são seus herdeiros ou sucessores.
4.1.1. Finalidade do inventário
	Entre as finalidades do inventário é possível enumerar:
a de elencar e enumerar bens, direitos e obrigações deixados pelo de cujus;
isolar quais bens integram a herança, e quais a meação;
elencar quem são os herdeiros e legatários do de cujus;
verificar se a herança tem forças suficientes para o pagamento das dívidas, já que os herdeiros só respondem pelas do falecido nos limites das forças dessa herança;
estabelecer como serão feitos o pagamento das dívidas do espólio;
estabelecer como será feita a partilha, e que quinhão será atribuído a cada um dos sucessores;
permitir a regularização dos imóveis perante o Cartório de registro de Imóveis, com a expedição do formal de partilha ou carta de adjudicação, que deverá ser levada a registro;
permitir a regularização dos aspectos tributários, com o pagamento dos tributos pertinentes;
permitir que os interesses dos incapazes sejam fiscalizados pelo Ministério Público;
permitir que as disposições de última vontade do de cujus sejam respeitadas e cumpridas.
22/09/2011
4.1.2. Inventário negativo
	O inventário tem cunho estritamente patrimonial e sua função está adstrita a regularizar a transmissão do patrimônio do de cujus aos seus sucessores. Se ele não deixa nenhum patrimônio, em principio não haveria que se falar em inventário.
	No entanto, a doutrina e a jurisprudência tem admitido a possibilidade de promover-se o inventário negativo, que não tem previsão legal. Sua finalidade é permitir aos herdeiros e sucessores demonstrar que o de cujus faleceu sem deixar nenhum bem, o que pode ser de grande relevância para que sejam afastados eventuais credores.
	Também pode ser útil o inventário negativo para que o viúvo ou viúva possam contrair novas núpcias, sem incorrer nas restrições do art. 1523, I, CC.
	O inventario negativo será processado no mesmo foro e juízo em que se processaria o comum. O interessado pedirá que o juiz tome suas declarações por termo, que conterá seu nome, qualificação, último domicilio do de cujus, o dia, hora e local do falecimento e todas as informações a respeito de cônjuge supérstite e herdeiros. O interessado declarará, ainda, que o falecido não deixou bens a inventariar.
	O juiz ouvirá o Ministério Público, se houver interesses de incapazes, e a Fazenda Pública. Não havendo impugnação, julgará de plano.
4.1.3. Obrigatoriedade do inventário
	O inventário é obrigatório quando houver testamento, partes incapazes ou falta de concordância entre os herdeiros.
4.1.4. Desnecessidade do inventário
	O art. 1º, caput, da Lei 6.858/80 estabelece quais os bens que não precisam ser inventariados:
Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento.
	E o art. 2.º:
O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao Imposto de Renda e outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros bens sujeitos a inventário, aos saldos bancários e de contas de cadernetas de poupança e fundos de investimento de valor até 500 (quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional.
4.2. Inventário e partilha
	Se o inventário serve para enumerar os bens que compõem o acervo hereditário, a partilha presta-se a atribuir a cada herdeiro o quinhão que lhe corresponde. As finalidades são diferentes: pode haver inventário sem partilha. Só haverá partilha se houver mais de um herdeiro. Do contrário, a ele serão adjudicados todos os bens.
	Mas ela não significa, ainda, a efetiva divisão dos bens, com a correspondente extinção do condomínio. Havendo mais de um herdeiro, a partilha atribuirá a cada qual um quinhão, sobre os bens da herança, que pode consistir em uma fração ideal do bem.
	Imagine-se, por exemplo, que o de cujus tenha deixado dois imóveis e dois herdeiros. Em regra, a partilha implicará na atribuição, a cada um dos herdeiros, de metade ideal sobre os dois terrenos. Se eles quiserem dividir a herança de forma diferente, poderão fazê-lo, desde que maiores e capazes, e de acordo com a forma da partilha.
	Do contrário, cada qual ficará com metade ideal das coisas comuns, constituindo-se sobre elas um condomínio, cuja extinção pode ser requerida a qualquer tempo, seja pela divisão da coisa comum, quando divisível, seja pela alienação judicial, quando indivisível.
29/09/2011
4.3. Procedimentos
	Existem 3 (três) tipos de procedimento do inventário:
inventário tradicional (arts. 982 a 1030, CPC);
arrolamento sumário(art. 1031, CPC);
Será utilizado quando todos os herdeiros forem maiores e capazes, e estiverem concordes entre si, seja qual for o valor dos bens.
arrolamento comum (art. 1036, CPC).
Será utilizado quando os bens inventariados forem de baixo valor, até 2000 ORTNs, independentemente da existência de herdeiros incapazes ou da divergência entre os interessados.
4.3.1. Prazo para abertura
	O art. 983, do CPC estabelece prazo para que o inventário seja aberto:
O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
O prazo estipulado visa evitar conflitos decorrentes de dívidas e créditos patrimoniais do de cujos, para que estes sejam resolvidos sem grandes conflitos.
	Não havendo a abertura de inventário no prazo, as partes ficam sujeitas à multa, que pode ser estabelecida em Lei Estadual. Em São Paulo, a multa será de 10% (dez por cento) do valor do Imposto no caso de atraso superior a 60 (sessenta) dias, e 20% (vinte por cento) se for superior a 180 (cento e oitenta) dias.
4.3.2. Primeiras declarações
	Entre as atribuições do inventariante está a de prestar as primeiras declarações. Para tanto, ele tem o prazo de 20 (vinte) dias, a contar da data em que presta o compromisso.
O art. 993, do CPC enumera o que elas devem conter. Resumidamente, as primeiras declarações fornecerão informações sobre o morto, sobre o cônjuge e o regime de bens, sobre os herdeiros e sua qualidade, bem como todos os bens que compõem o espólio.
Das primeiras declarações, lavrar-se-á termo circunstanciado, que será assinado pelo juiz, escrivão e inventariante.
Pode ocorrer que todas as informações já tenham constado da petição em que se requereu a abertura do inventário, caso em que bastará ao inventariante ratificá-las.
Elas devem ser apresentadas de forma clara e precisa. Se houver obscuridade ou equivoco, o juiz determinará que sejam sanadas.
Caso o cônjuge, herdeiro ou legatário tenha consigo algum bem não arrolado, deverá informar ao juízo, sob pena de ficar configurada a sonegação (art. 1992, CC), com a consequente perda do direito que o omisso tinha sobre o bem. A imposição da pena, porém, depende de ação própria.
4.3.3. Citações
	De acordo com o art. 999, CPC, feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se o finado deixou testamento.
	Controvertida a necessidade de citação dos cônjuges dos herdeiros. Como o inventário é ação pessoal e não real, a ele não se aplica o art. 10, § 1º, CPC. Por isso, não há necessidade de citação dos cônjuges dos herdeiros.
	Mas haverá necessidade de participação do cônjuge toda vez que, no inventário, houver disposição de bens. O direito à sucessão aberta é bem imóvel por determinação legal, nos termos do art. 80, II, CC. Assim, se houver cessão ou renúncia total ou parcial do direito à herança, é preciso outorga uxória. Esta também se fará necessária se a partilha for feita de modo diferente do previsto em lei, ou se houver alienação de bens.
	A Fazenda Pública será citada, já que ela tem interesse decorrente da incidência dos impostos de transmissão causa mortis.
	O Ministério Público só participará se houver incapazes.
4.3.4. Impugnações
	Somente depois de concluídas todas as citações correrá o prazo comum de 10 (dez) dias, para que os citados possam impugnar as primeiras declarações, apresentadas pelo inventariante. De acordo com o art. 1000, CPC, cabe à parte:
arguir erros e omissões;
reclamar contra a nomeação do inventariante;
contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.
Caso acolha a impugnação, o juiz mandará retificar as primeiras declarações. Se ela versar sobre a nomeação do inventariante, o juiz o substituirá.
	Mas, se tratar de matéria de alta indagação, como, por exemplo, a referente à condição de herdeiro não reconhecido, o juiz remeterá as partes às vias ordinárias, e sobrestará, até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido. Quando a matéria referente à condição não for de alta indagação, o juiz decidirá nos próprios autos do inventário.
	O art. 1001, do CPC permite ainda que a impugnação seja apresentada por aquele que não foi incluído, e que se julga preterido. Antes da partilha, ele requererá a sua admissão no inventário. O juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias, e decidirá.
	Se verificar que a decisão envolve questão de alta indagação, remeterá o requerente para as vias ordinárias, mandando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litigio.
06/10/2011
4.3.5. Avaliações
	Superada a fase de impugnação, passar-se-á à de avaliação dos bens do espólio. O juiz nomeará um perito, se na comarca não houver avaliador judicial (art. 1003, CPC).
	A avaliação de bens tem duas finalidades principais:
permitir o cálculo dos impostos, que tem por base de cálculo o valor dos bens;
verificar a correção da partilha, para que nenhum sucessor fique prejudicado.
Por essa razão, a avaliação poderá ser dispensada quando:
todos os herdeiros forem maiores e capazes, e estiverem de acordo com o valor dos bens atribuído nas primeiras declarações, inexistente impugnação da Fazenda;
tiver havido informação do Fisco a respeito do valor dos bens, sem impugnação;
não ter havido impugnação da Fazenda, a partilha seja feita com a instituição de condomínio sobre os bens, respeitada a fração ideal de cada um dos herdeiros, já que, assim, não há risco de que algum deles seja prejudicado.
O perito ou avaliador apresentará o laudo, e os interessados poderão apresentar impugnações que o juiz decidirá, mandando fazer nova avaliação se a primeira contiver vícios.
4.3.6. Últimas declarações
	Depois de concluída a fase de avaliações, será lavrado o termo de últimas declarações, cuja finalidade é permitir que o inventariante tenha a oportunidade de completar, emendar ou corrigir as primeiras. Se não houver nada a corrigir ou a acrescentar, bastará que as ratifique.
	Prestadas as últimas declarações, as partes serão ouvidas no prazo comum de 10 (dez) dias. Havendo impugnações, o juiz decidirá, determinando as correções necessárias.
	Com as últimas declarações, estará concluída a fase do inventário.
4.3.7. Colações
	A colação consiste no ato pelo qual os descendentes que concorrem à sucessão de ascendente comum, são obrigados a conferir as doações e dotes que receberam em vida, sob pena de sonegados, com a finalidade de igualar suas legitimas e a do cônjuge sobrevivente.
	Os ascendentes podem fazer doações a seus descendentes. Mas isso é considerado adiantamento de legitima (art. 544, CC), como se o antecessor estivesse antecipando ao sucessor a entrega de bens da herança.
4.4. Partilha
A partilha tem início depois de concluída a fase de inventário, apurados quais bens que efetivamente compõem a herança, os herdeiros, e o quinhão que cabe a cada um.
Consiste na distribuição de bens entre os sucessores. Pressupõe a existência de mais de um herdeiro, pois se houver um só, os bens serão adjudicados sucessor único.
Os herdeiros não se tornam proprietários dos bens da herança somente após a partilha, que não é atributiva de propriedade. Por força do princípio da saisine são coproprietários dos bens da herança, desde a morte. Mas, por meio da partilha será declarado o que cabe a cada um deles.
Antes da partilha, é preciso identificar o que é herança e o que é meação, o pagamento dos credores e trazer a colação os bens que tenham sido doados, descendentes em vida. Com isso, será apurado o monte partível, objeto de distribuição entre os herdeiros.
4.4.1. Espécies de partilha
Nas hipóteses do art. 982 do CPC, o inventário e a partilha podem ser feitos por escritura pública, sem intervenção do Judiciário.
Mesmo queo inventário tenha sido feito judicialmente, os interessados poderão promover a partilha extrajudicial, desde que maiores e capazes, e estejam de acordo. É o que dispõe o art. 2.015 do CC:
Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.
A partilha amigável, quando judicial, deve ser homologada pelo juiz (CPC, art. 1.031), e pode ser anulada em caso de vício de consentimento, na forma do art. 1.029 do CPC.
Se houver incapazes, ou existir desacordo entre os herdeiros, a partilha será sempre judicial (CC, art. 2.016).
O art. 2.018 do CC ainda traz a possibilidade de a partilha perfazer-se por vontade dos ascendentes, seja por ato entre vivos, seja por disposição de última vontade. Frequentemente, buscando evitar divergências entre seus herdeiros após a sua morte, o titular já transfere a propriedade de seus bens a eles, dividindo-os quando ainda vivo. Isso normalmente é feito por doação, com reserva do necessário para a própria subsistência. Será preciso, nesse caso, que se respeite a legítima dos herdeiros necessários.
O autor da herança pode preferir, ainda, dispor da forma pela qual os bens serão partilhados, por meio de testamento, estabelecendo qual o quinhão que deverá caber a cada um. Tais disposições deverão ser respeitadas, contando que não violem a legítima dos herdeiros necessários.
4.4.2. Procedimento da partilha
O Código Civil trata da partilha a partir do art. 2.013 e o CPC, a partir do art. 1.022.
Depois de feito o pagamento dos credores, e apurado o conjunto de bens que deverá ser partilhado, o juiz concederá às partes o prazo de dez dias para formular o seu pedido de quinhão. Em seguida, também no prazo de dez dias, deliberará sobre a partilha, resolvendo o pedido das partes e designando o quinhão de cada um (CPC, art. 1.022).
Conquanto a lei denomine de despacho tal deliberação, parece-nos que o seu conteúdo decisório é manifesto, o que autoriza a interposição de agravo de instrumento. Pode ser que o autor da herança tenha deixado, por testamento, a forma pela qual os seus bens serão partilhados, caso em que a sua vontade será respeitada, salvo se o valor dos bens não corresponder às quotas estabelecidas (art. 2.014, do CPC).
Depois da deliberação sobre a partilha, os autos serão enviados ao partidor, para que elabore um esboço, de acordo com o que juiz decidiu, observando as dívidas atendidas, a meação do cônjuge, a parte disponível e os quinhões hereditários, a começar do herdeiro mais velho. Sobre o esboço as partes terão prazo comum de cinco dias para falar.
Na partilha, não é necessário que sejam atribuídas frações ideais de todos os bens da herança a todos os herdeiros, estabelecendo-se um condomínio geral. Se possível, a partilha será feita de modo a atribuir a cada um dos herdeiros bens no valor correspondente à sua quota, evitando-se o condomínio. Mas o juiz deve observar sempre, quanto ao valor, natureza e qualidade dos bens, a maior igualdade possível.
Pode ocorrer que não possam ser divididos, e não caibam na meação ou no quinhão dos herdeiros, isto é, que o seu valor ultrapasse a parte que caiba a cada um. Nesse caso, proceder-se-á na forma do art. 2.019 do CC:
Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos.
§ 1.º Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada.
§ 2.º Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar-se-á o processo de licitação.
Depois de as partes manifestarem-se sobre o esboço de partilha, feito o pagamento de imposto mortis causa, o juiz julgará a partilha por sentença, contra a qual cabe apelação.
É preciso fazer uma distinção entre a sentença que homologa a partilha, quando há acordo entre todos os herdeiros, e a que a julga, havendo divergência. A primeira, é meramente homologatória e pode ser desconstituída por ação anulatória, não rescisória, como determina o art. 486 do CPC. O prazo de anulação é decadencial de um ano, nos termos do art. 2.027, parágrafo único, do CC. O prazo corre da data em que há o acordo entre os herdeiros a respeito da partilha.
Quando não houver acordo, a sentença não será apenas homologatória, mas julgará efetivamente a partilha. Havendo trânsito em julgado, só poderá ser desconstituída por ação rescisória, no prazo de 2 (dois) anos, nas hipóteses do art. 1.030 do CPC:
no caso de coação, do dia em que ela cessou;
no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade;
se feita com preterição de formalidades legais;
se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.
A legitimidade para ajuizar tanto a ação anulatória como a rescisória é de qualquer interessado, o que abrange os herdeiros, o cônjuge supérstite, e outros, como cessionários, credores e até o cônjuge do herdeiro, que não tenha concedido outorga uxória, nos casos em que é necessária.
Depois do trânsito em julgado, a partilha ainda pode ser emendada, nas hipóteses do art. 1.028 do CPC:
quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens;
o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais.
Com o trânsito em julgado da sentença que julga a partilha, ou que determina adjudicação de todos os bens a único herdeiro, desaparece o espólio e cessam funções do inventariante. A partir daí, todas as ações patrimoniais que digam respeito aos interesses que eram do de cujus deverão ser dirigidas contra os herdeiros.
4.4.3. Formal de partilha
Depois do trânsito em julgado da sentença que julga a partilha, será expedido o formal de partilha (se não tiver havido partilha, mas apenas adjudicação a um herdeiro, será expedida a carta de adjudicação).
O formal indicará os bens que cada herdeiro receberá. Dele, devem constar as peças indicadas no art. 1.027 do CPC:
termo de inventariante e título de herdeiros;
avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
pagamento do quinhão hereditário;
quitação dos impostos;
sentença.
Se houver bens imóveis, os interessados poderão levar o formal para registro no Cartório de Registro de Imóveis, com o que passarão a figurar em nome do herdeiro beneficiado, e não mais em nome do de cujus.
4.4.4. Sobrepartilha
Foi prevista no art. 1.040 do CPC, como mecanismo de partilha de bens, após o julgamento da partilha originária. Os bens que devem ser sobrepartilhados são: os sonegados, os que integram a herança, mas que só foram descobertos depois da partilha; os litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa e ao situados em lugar, remoto da sede do juízo em que se processa o inventário.
O procedimento da sobrepartilha será o do inventário e partilha, e correrá nos mesmos autos.
	03/11/2011
	5. EMBARGOS DE TERCEIRO
	Os embargos de terceiro são a ação atribuída àquele que não é parte para fazer cessar a constrição judicial que indevidamente recaiu sobre um bem do qual é proprietário ou possuidor.
	Distinguem-se das ações possessórias em 2 (dois) aspectos:
podem ser ajuizadas não só pelo possuidor, mas também pelo proprietário;
tem por finalidade afastar não o esbulho, turbação ou ameaça, mas apreensão judicial, indevida porque recai sobre bem de que não é parte.
Os embargos de terceiro estão sempre associados a uma outra ação, na qual há determinada a apreensão indevida.
5.1. Pressupostos
	A parte não poderá valer-se dos embargos de terceiro, pois, figurando no processo, deve usar outros mecanismos processuais para afastar a constrição. Pode recorrer da decisão que a determinou, ou nas exceções civis, valer-se dos embargos ou da impugnação.
O terceiro, por sua vez, terá de valer-se dos embargos, que tem natureza de ação autônoma, se quiser afastara constrição.
processo em curso com constrição judicial;
o terceiro não ter sido incluído no processo.
É uma ação/processo de conhecimento com natureza constitutiva negativa.
5.2. Requisitos
	Os embargos de terceiro tem natureza de ação e implicam a formação de um novo processo. Por isso, devem preencher os pressupostos processuais e condições da ação, comuns a todos os processos e ações em geral. Além disso, possuem requisitos específicos, a saber:
ato de apreensão judicial;
interposição pelo proprietário ou possuidor;
que o embargante seja terceiro
apreensão indevida.
5.3. Prazo
Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta (art. 1048, CPC).
5.4. Exceções
	Os principais casos de extensão de responsabilidade patrimonial a terceiros são:
cônjuge;
sócio, em caso de desconsideração da personalidade jurídica;
adquirente de bens, em fraude à execução.
	10/11/2011
	6. AÇÃO MONITÓRIA
	A ação monitória vem tratada no CPC, arts. 1102-A. 1102-B e 1102-C, introduzidos pela Lei 9.079/95. Antes disso, não era admitida em nosso ordenamento jurídico.
	A ideia da monitoria é permitir ao credor de uma obrigação de pagar, ou entregar coisa fungível ou determinado bem móvel, munido de prova escrita dotada de força executiva, obter mais rapidamente o titulo executivo judicial, quando o devedor não oferecer resistência.
	Pelo sistema tradicional do CPC, quando o devedor é citado e não oferece resposta, o juiz, reconhecendo a revelia, profere sentença, condenando-o ao cumprimento da obrigação. A sentença pode ser objeto de recurso, e só quando contra ela não couber nenhum que seja dotado do efeito suspensivo, poderá ser executada.
	Na monitória, a coisa se simplifica, porque se o réu não opuser resistência, o mandado inicial converte-se em executivo. Passa-se diretamente da fase de conhecimento, para a de execução, sem necessidade de sentença ou qualquer tipo de decisão. O transcurso in albis do prazo de resposta do reu é bastante para que, de pleno direito, o mandado inicial se converta em executivo. Se o réu oferecer resistência, a monitória segue pelo procedimento ordinário, sendo necessária sentença, examinando as alegações das partes.
6.1. Espécies do procedimento monitório
	Há 2 (dois) tipos de monitório: o puro e o documental. O primeiro dispensa o documento escrito, sem força executiva, que comprove a obrigação. Basta a alegação do autor, de que ela existe, e a omissão do réu, que não resiste à pretensão inicial, para que se passe da fase de conhecimento para a de execução.
	Já o monitório documental é aquele que exige, para o ajuizamento da ação, obrigação comprovada por documento escrito, sem força de título executivo.
	O nosso CPC acolheu tão somente a monitória documental. Não foi adotado entre nós o monitório puro.
6.2. Facultatividade do procedimento monitório
	O credor da obrigação de pagar ou entregar coisa fungível ou móvel, que tenha documento escrito comprobatório da obrigação, pode, valer-se da ação monitória, mas não está obrigado a fazê-lo. Pode preferir a ação condenatória comum, de procedimento ordinário ou sumário.
A ação monitória só é vantajosa quando o réu não resiste à pretensão inicial, pois se oferecer embargos, se processará daí por diante pelo rito ordinário. A adoção do procedimento monitório é sempre facultativa.
6.3. Natureza da ação monitória
É tema dos mais controvertidos, tanto na doutrina quando na jurisprudência. É possível classificar as diversas opiniões em duas principais: para uns, a monitoria é um novo tipo de processo, que não se encaixa nem como de conhecimento, nem de execução, nem cautelar. Para outros, é apenas um novo tipo de procedimento especial.
Para os primeiros, que se fundam na lição de Carnelutti, há um verdadeiro processo monitório, que não se encaixa em nenhuma das espécies de processos tradicionais. Seria uma nova espécie, intermediária entre o processo de conhecimento e o de execução. Ela começa como processo de conhecimento, mas não havendo resistência, sem sentença, passa para a fase de execução. Ela conteria, em seu bojo, as duas fases. Para os que sustentam esse entendimento, os embargos teriam a natureza de nova ação, de conhecimento, utilizada pelo devedor para defender-se, tal como os embargos de devedor, nas execuções por título extrajudicial.
A monitoria constitua um tertium genus, uma nova espécie de processo. A ideia de que contém uma fase de conhecimento e outra de execução não é bastante para justificar essa conclusão, uma vez que, desde a edição da Lei 11.232/2005, em todos os processos em que há sentença condenatória, haverá mesmo duas fases: a de conhecimento e a de execução, formando o “processo sincrético”.
O que há de particular é que a passagem de uma fase à outra prescindirá de sentença, se não houver resistência do réu.
Parece-nos mais razoável considerar que há um procedimento monitório, e não um processo monitório. A desnecessidade de sentença, quando inexiste resistência do réu, diz respeito à estrutura do procedimento. Tanto que se ela for oferecida, o procedimento será o comum e se concluirá com uma sentença. E, mesmo não oferecida, haverá a constituição de um título executivo judicial, tal como ocorreria em uma ação condenatória comum, com a diferença de que esse título não será a sentença.
Enfim, a ação monitoria é uma ação de conhecimento, de procedimento especial porque, não havendo resistência do réu, constitui-se de pleno direito o título executivo judicial e passa-se à fase de execução, sem sentença. O que há de peculiar nesse tipo de processo de conhecimento, de natureza condenatória, é que o credor pode obter mais rapidamente o título executivo judicial, quando o réu não resistir à pretensão inicial.
A natureza que se atribua à monitoria repercute sobre a dos embargos que o devedor apresenta, quando quer resistir à pretensão inicial: para aqueles que sustentam que se trata apenas de um processo de conhecimento de procedimento especial os embargos não teriam natureza de ação autônoma de defesa, mas de verdadeira resposta, contestação do réu.
6.4. Procedimento
6.4.1. Petição inicial
Não há peculiaridade importantes na petição inicial da ação monitoria, que deve preencher os requisitos dos arts. 282 e 283 do CPC. O autor exporá os fundamentos de fato e de direito em que se funda a sua pretensão e requererá a expedição de mandado de pagamento ou de entrega de coisa fungível ou bem móvel.
E fundamental que a inicial venha instruída com o documento escrito sem força executiva, que embasará a ação. Não há diferenças de competência na monitoria, que segue as regras gerais do CPC.
6.4.2. Decisão inicial
Ao examinar a petição inicial, o juiz verificará, além dos requisitos comuns a todas as ações, se o procedimento monitório é ou não admissível naquele caso concreto.
É preciso um cuidado especial, nessa decisão, que se limitará a verificar se estão presentes os requisitos de admissibilidade, sem se pronunciar ainda sobre a existência efetiva da obrigação. O juiz não pode, examinando os documentos juntados com a inicial, concluir pela existência ou inexistência do crédito, pois estaria antecipando o julgamento. O que deve verificar são os requisitos de admissibilidade, se há documento escrito que, em cognição sumária, indique a possível existência do crédito. O juízo nesse momento é o de mera plausibilidade, verossimilhança. O recebimento da inicial se contenta com indícios da obrigação, consubstanciados no documento escrito. O juiz apenas verificará se o documento tem a aparência de veracidade, e se traz indicativos da existência da obrigação mencionada na inicial.
Ao realizar esse exame, o juiz pode concluir que a inicial não está em termos, mas que tem um vício sanável, caso em que determinará a emenda, no prazo de dez dias. Não nos parece razoável que o juiz deva, verificando que o documentojuntado não atende às exigências da lei, indeferir a inicial de plano, pois o autor deve ter a oportunidade de, não sendo possível a monitoria, adaptar a sua inicial ao procedimento comum.
Se a inicial contiver algum vício insanável, ou se o vício sanável não for corrigido no prazo, o juiz a indeferirá.
Se estiver em termos, determinará a expedição de mandado de pagamento ou de entrega da coisa, no prazo de quinze dias. E também a citação do réu, dando-lhe ciência do prazo de quinze dias para os embargos. Do mandado constará, ainda, a advertência de que a falta deles implicará a conversão, de pleno direito, do mandado inicial em executivo. Em síntese, o réu deve tomar ciência das condutas que pode tomar, e das consequências de cada uma delas.
6.4.2. Necessidade de fundamentação
Em regra, nas ações de procedimento comum, o juiz não precisa fundamentar o recebimento da petição inicial, bastando que determine a citação do réu. A situação é diferente no procedimento monitório, porque, caso não haja resistência do réu, é essa decisão que, de pleno direito, adquirirá eficácia de título executivo judicial.
Assim, não basta que o juiz determine a expedição de mandado de pagamento e citação do réu, sendo necessário fundamentar a sua decisão. Ao fazê-lo, deve tomar cuidado: limitar-se a examinar se há documento escrito sem força executiva que torne plausível a existência do crédito. Não lhe cabe ainda decidir se o credito existe.
A posição do juiz é delicada porque, se o réu oferecer embargos, o processo seguirá pelo procedimento comum, e as questões suscitadas serão decididas por sentença. Será ela o título executivo judicial. Mas se o réu não os opuser, será essa decisão inicial que se converterá de pleno direito em título executivo judicial.
Ela não pode ser absolutamente desfundamentada, nem pode ser fundamenta como uma sentença, em cognição exauriente. A fundamentação deve ser dada e cognição superficial, e o juiz se limitará a examinar os requisitos de admissibilidade
6.4.3. Natureza jurídica da decisão inicial
É tema bastante controvertido, pois depende da natureza que se atribua à própria ação monitoria, o que também é tema de acesa discussão.
Para os que entendem que a monitoria é um novo tipo de processo, um terce gênero, que não se confunde com de conhecimento, nem com o de execução, e decisão inicial será interlocutória, pois desencadeia o processo monitório e a expedição de mandado de pagamento, cuja eficácia poderá ser suspensa pelos embargos. Se não o for, passar-se-á diretamente para a fase de execução, sem solução continuidade.
Já para que os entendem que a monitoria não é um novo tipo de processo, processo de conhecimento de procedimento especial, a natureza dessa decisão inicial variará conforme a conduta tomada pelo réu, depois da citação, porque procedimento variará conforme ele resista, opondo embargos, ou não.
Se o réu resiste, essa decisão não terá eficácia de título executivo judicial, apenas uma decisão interlocutória que determinou a expedição de mandado de recebimento. Oferecidos os embargos, o processo seguirá pelo rito comum, e ao final proferirá sentença, que, esta sim será o título judicial, a embasar o cumprimento de sentença.
Mas se o réu não opuser embargos, aquela decisão inicial converter-se-á de pleno direito em título executivo judicial, e o mandado inicial em mandado executivo. Tal decisão conquanto não condene o autor, adquirirá a força de uma sentença condenatória ao pagamento do valor postulado, ou à entrega da coisa fungível ou bem móvel.
À falta de embargos, a decisão inicial converte-se em título executivo ciai, com força e eficácia de sentença, revestindo-se da autoridade da coisa julgada material, o que viabiliza até mesmo o ajuizamento de ação rescisória.
6.4.4. Citação do réu
Na decisão inicial, o juiz ordenará a expedição de mandado de pagamento e a citação do réu. Ao ser citado, ele tomará ciência do prazo de embargos, e das consequências da não apresentação.
Como a lei se refere à “mandado de pagamento”, surgiram controvérsias a respeito da possibilidade de citação por carta na monitoria. Prevalece amplamente, e com razão, o entendimento de que a citação pode ser por carta, já que o art. 227 do CPC não a inclui entre as ações em que a citação deve ser feita obrigatoriamente por mandado.
Também admite-se a citação por edital, nos termos da Súmula 282 do STJ (“Cabe a citação por edital em ação monitoria”). Por fim, também admite-se a com hora certa, nos casos de ocultação.
Havendo citação ficta, por edital ou com hora certa, haverá nomeação de curador especial, legitimado a opor embargos de devedor (como, a nosso ver, os embargos não têm natureza de ação incidental, mas de mera defesa do devedor, o curador especial deverá apresentá-los ainda que por negativa geral, como nas contestações comuns, quando não tiver outros elementos de defesa).
6.4.5. Das possíveis atitudes do réu e suas consequências sobre o procedimento monitório
O réu é citado para, em 15 (quinze) dias, fazer o pagamento ou entrega a coisa, ou oferecer embargos. A atitude que tomar, nesse prazo, será de grande relevância para o procedimento a ser observado. Nos itens seguintes, serão examinadas todas as variantes.
6.4.5.1. O cumprimento do mandado
O réu pode, no prazo de 15 (quinze) dias, fazer o pagamento ou entregar a coisa fungível ou bem móvel, caso em que o processo será extinto com julgamento de mérito, por reconhecimento jurídico do pedido. Como forma de estimulá-lo, o art. 1102-C, § 1.º, do CPC estabelece que “cumprindo o réu o mandado, ficará isento as custas e honorários advocatícios”. Para fazê-lo, o réu nem precisa constituir advogado, já que haverá apenas satisfação voluntária da obrigação.
6.4.5.2. A omissão do réu
O réu pode deixar transcorrer o prazo de 15 (quinze) dias in albis, sem cumprir o mandado nem apresentar defesa. Aplicar-se-á o art. 1102-C, § 3º, do CPC: “Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta lei”.
Passar-se-á da fase de conhecimento à de execução, de pleno direito. A decisão inicial, em que o juiz determinou o processamento da monitória, transformar-se-á em título executivo judicial, e prosseguir-se-á sob a forma de cumprimento de sentença.
A grande vantagem do procedimento monitório é que, não existindo resistência do réu, é possível passar para a fase executiva, sem nenhum ato judicial intermediando uma fase e outra. Por isso, não deve o juiz proferir nenhum tipo de sentença ou decisão interlocutória, determinando a conversão. Se o fizer, estará afastando grande parte das vantagens da monitoria. Não é preciso que ele “transforme” a fase de conhecimento e em execução, ou converta uma coisa na outra, porque essa conversão faz-se de pleno direito, e não por intervenção judicial. Ultrapassado o prazo, ele apenas proferirá as determinações inerentes à fase de execução, observando o art. 475-J e ss., do CPC.
6.4.5.3. A resposta do réu
O réu tem prazo de 15 (quinze) dias para o oferecimento de resposta. O mecanismo de defesa foi denominado, pelo art. 1102-C, de embargos, que tem o condão de suspender a eficácia do mandado inicial. Eles serão examinados nos itens seguintes.
Mas eles não constituem a única forma de resposta do réu. A Súmula 292 do Superior Tribunal de Justiça não deixa dúvida quanto à possibilidade de reconvenção: “A reconvenção é cabível na ação monitoria, após a conversão do procedimento em ordinário”.
O que torna o procedimento ordinário é a apresentação de embargos, pelo réu. Ocorre que a reconvenção tem que ser apresentada no prazo dos embargos. Assim, ela deve ser oferecida não propriamente depois da conversão do procedimento em ordinário, mas no momento mesmo em que, opostos os embargos, dá-se a conversão.
Também será possível o oferecimento das exceções rituais, de incompetência, impedimento e suspeição. As primeiras, no prazo de embargos; as demais, no prazo de 15 (quinze) dias, acontar da data em que as partes tomam ciência da causa de suspeição ou impedimento.
A impugnação ao valor da causa também será oferecida no prazo de resposta. Como o procedimento converte-se em ordinário, não há óbice à ação declaratória incidental, nos casos em que a lei a admite.
6.4.5.3.1. Dos embargos à monitoria
A forma por excelência de defesa do réu na ação monitoria são os embargos, nos termos do art. 1102-C do CPC. Conforme sejam ou não apresentados, o procedimento variará. Se apresentados, seguir-se-á na fase de conhecimento, pelo rito ordinário; se não, passar-se-á, de pleno direito, à fase de execução.
As opiniões a respeito da natureza dos embargos podem ser resumidas a 2 (duas) principais:
há os que consideram que eles têm natureza de ação autônoma, de natureza incidental e cognitiva, que se presta a veicular a defesa do executado.
há os que consideram que eles não têm natureza de ação autônoma, mas constituem verdadeira resposta do réu, como uma contestação.
6.4.5.4. Após a apresentação dos embargos
O processo seguirá pelo procedimento ordinário. Nos casos previstos em lei, o juiz dará ao autor a oportunidade de réplica, determinará as providências preliminares e verificará se há ou não necessidade de provas. Em caso negativo, promoverá o julgamento antecipado; em caso afirmativo, designará audiência preliminar, saneará o processo, fixará os pontos controvertidos e determinará as provas necessárias.
Ao final, proferirá sentença, julgando não os embargos, mas a monitoria. Em caso de procedência, ela será condenatória.
Contra a sentença que julga a ação monitoria o recurso é apelação, que se processará no duplo efeito. Faz-se a ressalva, no entanto, de que, para aqueles que entendem que os embargos têm natureza de nova ação, o juiz julgará não a monitoria, mas os embargos. Passar-se-á à fase de execução em caso de improcedência dos embargos, caso em que a apelação teria apenas efeito devolutivo, por aplicação do art. 520, V, do CPC.
6.4.6. Da fase de execução
A ação monitoria objetiva sempre pagamento em dinheiro ou entrega de coisa. Não havendo cumprimento voluntário da obrigação, será necessário promover a execução, por quantia ou para entrega de coisa. Ela estará sempre fundada em título executivo judicial: se não houver embargos, a decisão inicial adquirirá força executiva, e valerá como título judicial. Já houver, o juiz os examinará e julgará a monitoria, por sentença, que será o título executivo judicial.
Em ambos os casos, a execução se fará na forma do art. 461-A (execução para entrega de coisa) e art. 475-1 a 475-R (execução por quantia).
Por isso, na fase executiva, o executado que queira defender-se deverá opor impugnação – nunca embargos – depois de o juízo estar garantido pela prévia penhora de bens. Essa impugnação só poderá versar sobre as matérias enumeradas no art. 475-L do CPC.
Há importante corrente doutrinária que sustenta que o conteúdo da impugnação poderá variar, conforme tenham ou não havido embargos monitórios. Se eles não tiverem sido opostos, a fase de conhecimento ter-se-á convertido em fase executiva de pleno direito, e o título executivo será a decisão inicial. Nesse caso, as matérias alegáveis em impugnação não estariam limitadas àquelas do art. 475-L, do CPC, pois o executado, não tendo apresentado nenhuma defesa na fase inicial, poderia apresentar qualquer uma na fase executiva.
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