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Maria da Graça Fernandes Branco Estrutura e Funcionamento da Educação Básica É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Estrutura e Funcionamento da Educação Básica, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado di- nâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital ApresentAção IntroDUção .................................................................................................................................................... 5 1 estrUtUrA DIDÁtICA DA eDUCAção BÁsICA .................................................................. 7 1.1 Resumo do Capítulo ............................................................................................................................................................8 1.2 Atividades Propostas ...........................................................................................................................................................9 2 FUnDAMentos DA eDUCAção ..................................................................................................11 2.1 Resumo do Capítulo ......................................................................................................................................................... 11 2.2 Atividades Propostas ........................................................................................................................................................ 12 3 sIsteMA esCoLAr ..................................................................................................................................13 3.1 Definições Relevantes ...................................................................................................................................................... 13 3.2 Sistema de Ensino ............................................................................................................................................................. 14 3.3 Sistema Escolar Brasileiro ............................................................................................................................................... 15 3.4 Resumo do Capítulo ......................................................................................................................................................... 16 3.5 Atividades propostas ....................................................................................................................................................... 16 4 eVoLUção DA InstItUIção esCoLAr ...................................................................................17 4.1 A Escola Primária ................................................................................................................................................................ 17 4.2 A Escola Média .................................................................................................................................................................... 18 4.3 A Educação Pública ........................................................................................................................................................... 18 4.4 Resumo do Capítulo ......................................................................................................................................................... 18 4.5 Atividade Proposta ............................................................................................................................................................ 19 5 A eDUCAção BÁsICA no BrAsIL ................................................................................................21 5.1 Período da Primeira República: 1889 a 1929 ........................................................................................................... 21 5.2 Período da Segunda República: 1930 a 1936 ......................................................................................................... 22 5.3 Período do Regime Militar: 1964 a 1985 ................................................................................................................... 23 5.4 Período da Abertura Política: 1986 Até Nossos Dias ............................................................................................ 24 5.5 Resumo do Capítulo ......................................................................................................................................................... 25 5.6 Atividades Propostas ........................................................................................................................................................ 25 6 estrUtUrA ADMInIstrAtIVA DA eDUCAção BÁsICA .............................................27 6.1 A Estrutura Didática da Educação Básica a Partir da Lei 9.394/96 (LDB) ...................................................... 27 6.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) .................................................................................................................... 28 6.3 Alguns Antecedentes das Diretrizes Curriculares Nacionais ............................................................................ 29 6.4 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Fundamental ......................................................................... 30 6.5 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio ....................................................................................... 32 6.6 A LDB e o Ensino Médio .................................................................................................................................................. 32 6.7 Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) ........................................... 35 6.8 Resumo do Capítulo ......................................................................................................................................................... 40 6.9 Atividades Propostas ........................................................................................................................................................ 41 sUMÁrIo 7 LeI 9.394/96 - LeI De DIretrIZes e BAses DA eDUCAção nACIonAL (LDB) ............ 43 7.1 Estrutura da LDB ...........................................................................................................................................................43 7.2 Educação como Direito ..............................................................................................................................................44 7.3 Princípios da Educação Nacional ............................................................................................................................44 7.4 Dificuldades Para o Cumprimento da LDB .........................................................................................................45 7.5 Pontos de Destaque na LDB .....................................................................................................................................457.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................45 7.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................46 8 A esCoLA CoMo orGAnIZAção ........................................................................................... 47 8.1 Organização Administrativa da Escolas ..............................................................................................................47 8.2 As Incumbências dos Docentes ..............................................................................................................................49 8.3 A Valorização do Magistério .....................................................................................................................................49 8.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................50 8.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................50 9 ensIno FUnDAMentAL De noVe Anos ......................................................................... 51 9.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................55 9.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................55 respostAs CoMentADAs DAs AtIVIDADes propostAs ..................................... 57 reFerÊnCIAs ............................................................................................................................................. 61 AneXo ............................................................................................................................................................. 63 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. Artigo 5º da Constituição Federal Caro(a) aluno(a), A presente apostila contém o conteúdo das aulas de Estrutura e Funcionamento do Ensino Fun- damental e Médio. Dos estudos da apostila, de indicações de leituras, das atividades, aulas ou leituras orientadas via web, do fórum de discussões e do nosso convívio através do link correio, vamos oferecer as condições para que o futuro profissional da educação se insira no contexto do ambiente organizacional onde irá exercer o magistério no âmbito da Educação Básica. Para melhor aproveitamento e compreensão do conteúdo da disciplina, é necessário que o aluno providencie o texto da seguinte legislação: 1. Constituição Federal de 1988; 2. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional); 3. Lei nº 10.172, de 9 janeiro de 2001 (Estabelece o Plano Nacional de Educação). Não vamos propor uma exaustiva e inútil decoração de leis e seus artigos, mas compreendê-los de forma crítica e consciente. Desejamos a todos vocês um ótimo aproveitamento nesta disciplina. Maria da Graça Fernandes Branco IntroDUção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incen- tivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pes- soa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Artigo 205 da Constituição Federal estrUtUrA DIDÁtICA DA eDUCAção BÁsICA1 Caros(as) alunos(as), Vamos refletir! Você sabia que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) define toda a estrutura educacional brasileira? Saiba mais sobre isso lendo o material a seguir. Conforme o artigo 22 desta Lei: “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educan- do, assegurar-lhe a formação comum indispen- sável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Essas finalidades devem ser analisa- das de acordo com os pressupostos filosóficos e políticos contidos na Constituição Brasileira vigen- te. Portanto, todas as atividades de ensino-apren- dizagem devem obrigatoriamente convergir para as finalidades constitucionalmente estabelecidas. A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e tem como finalidade o desen- volvimento integral da criança até seis anos, consi- derando os aspectos físico, psicológico, intelectual e social e completando a ação da família e da co- munidade. Segundo o artigo 29 da LDB, é ofereci- da em dois níveis: “I. creches para crianças até três anos de idade; II. Pré-escolas, para crianças de qua- tro a seis anos de idade.”. O Ensino Fundamental, segundo artigo 32 da LDB, é obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com duração mínima de oito anos¹ e terá como ob- jetivo a formação básica do cidadão através: 1. do desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; 2. da compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se funda- menta a sociedade; 3. do desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisi- ção de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; AtençãoAtenção A estrutura didática da Educação Básica, instituída pela Lei n° 9.394 de 20 de de- zembro de 1996, envolve escolas de di- ferentes etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, além de modalidades específicas de ensino como a Educação de Jovens e Adultos, a Edu- cação Profissional e a Educação Especial. ¹Lei nº 11.274, de 06 de fevereiro de 2006, institui o Ensino Fundamental de Nove Anos a partir dos seis anos de idade. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 4. do fortalecimento dos vínculos de famí- lia, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assen- ta a vida social. O Ensino Médio, conforme o artigo 35 da LDB, é a etapa final da Educação Básica, com du- ração mínima de três anos. Tem como finalidades: 1. a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, tendo em vista o prosse- guimento dos estudos; 2. a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, de modo a ser capaz de se adaptar a novas condições de ocupação e aperfeiçoamentos neces- sários; 3. o aprimoramento do educando como pessoa humana, sua formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelec- tual e do pensamento crítico; 4. a compreensão dos fundamentos cientí- fico-tecnológicos dos processos produti- vos. A Educação de Jovens e de Adultos (EJA) é a modalidade de ensino prevista nos artigos 37 e 38 da LDB para jovens e adultos concluírem o Ensino Fundamental ou Médio. A Educação Profissional não se coloca como um nível de ensino, mas tipo de formação que se integra ao trabalho, à ciência e à tecnologia e con- duz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Está regulamentada nos arti- gos 39, 40 e 41 da LDB. A Educação Especial, de acordo com o artigo 58 da LDB, é uma modalidade de educação ofereci- da preferentemente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Finalmente, algumas considerações sobre Educação a Distância se fazem necessárias. Estamodalidade de ensino é mais uma forma diferen- ciada de comunicação pedagógica e de interação professor-aluno, que usa novas tecnologias de co- municação escolar, as quais podem ser usadas no nível da Educação Básica e do Ensino Superior. Saiba maisSaiba mais Para ter acesso ao texto integral da LDB, consulte o site do MEC: www.portal. mec.gov.br No site www.leidireto.com.br você con- sulta todas as alterações ocorridas na LDB Caro(a) aluno(a), No decorrer do primeiro capítulo, vimos que a estrutura básica da educação brasileira é definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei essa subordinada aos princípios filosóficos e políticos contidos na Constituição Brasileira vigente. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional envolve, por sua vez, escolas de diferentes etapas: A Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Médio, assim como outras modalidades, a saber, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Educação Profissional e a Educação Especial. Cada modalidade representa uma etapa no processo de aprendizagem e, como tal, oferecerá finalidades específicas que buscam atender aos princípios vigentes. Agora, vamos avaliar a sua aprendizagem: 1.1 Resumo do Capítulo Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 1.2 Atividades Propostas Vamos trabalhar! 1. Quais são as etapas da educação básica, previstas na LDB? 2. Quais são as modalidades de educação previstas na LDB? Vá até o final deste material e cheque suas respostas! Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a asse- gurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. Artigo 210 da Constituição Federal 2 FUnDAMentos DA eDUCAção AtençãoAtenção Liberdade, modificabilidade, desenvol- vimento, valores, finalidade e temporali- dade são categorias existenciais básicas, condição de possibilidades de uma con- duta humana específica, portanto, igual- mente condições de possibilidades ou fundamentos da educação. Caro(a) aluno(a), Quando pensamos em fundamentos da edu- cação, a que estamos nos referindo? A importância de se refletir sobre os funda- mentos da educação reside no fato de que quanto mais tivermos clareza sobre eles, mais poderemos estabelecer os princípios gerais que deverão norte- ar o ensino em qualquer nível. Os fundamentos da educação nos remetem aos seus objetivos. Os objetivos da educação po- dem ser considerados sob uma perspectiva genéri- ca, de conteúdo ético, relacionada com a sacralida- de da pessoa humana, sua dignidade, sua situação particular e histórica e suas exigências e peculiari- dades. Esses últimos objetivos são contemplados na lei maior da educação brasileira: a Lei de Dire- trizes e Bases da Educação Nacional (n° 9.394/96), que insiste especialmente na formação da cidada- nia, que é uma exigência democrática indiscutível, e na preparação para o trabalho voltada para a tec- nologia e a produção modernas. A educação deve proporcionar ao educan- do os meios necessários para entender o mundo em que vive e o momento histórico em que está situado e lhe oferecer armas para defender-se de influências nocivas para a sua própria vida e da sua comunidade, isto especificamente em uma época em que os meios de comunicação tendem a tratar a todos como seres passivos e manipuláveis. 2.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), No decorrer do segundo capítulo, vimos que os chamados Fundamentos da Educação nos reme- tem aos seus objetivos. Tais objetivos, por sua vez, encontram-se regidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Essa concepção normativa deriva, genericamente, de um conteúdo ético Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 diretamente relacionado ao contexto histórico. De maneira geral, trata-se de ter a cidadania e a demo- cracia como princípios fundamentais, bem como a preparação para o trabalho em um contexto moderno e tecnológico. Em suma, a educação deve proporcionar os meios necessários para o entendimento do mundo e das diferentes relações nas quais o educando estiver inserido. Agora, vamos avaliar a sua aprendizagem: Vamos trabalhar! 1. Qual a importância de se refletir sobre os fundamentos da educação? 2. Quando falamos em fundamentos da educação, estamos nos referindo também aos objetivos da educação. Quais são, de acordo com a leitura deste tópico, os objetivos da educação? 2.2 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 3.1 Definições Relevantes Caro(a) aluno(a), vamos agora refletir sobre alguns conceitos importantes para entender a es- trutura e funcionamento da educação. Junte-se a seus colegas e reflitam sobre: o que é um sistema? Para entender esse e outros conceitos impor- tantes, faça a leitura do texto a seguir: 3 sIsteMA esCoLAr Para Dermeval Saviani (2001), sistema é a unidade de vários elementos intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente e operante. Características básicas de um sistema Pluralidade de elementos: um sistema não se constitui na unidade isolada; ele requisita obrigatoriamente para a sua formação uma pluralidade de elementos; Combinação de elementos: a plurali- dade de elementos do sistema requer também que haja uma inter-relação/ combinação entre esses elementos, ou seja, eles são interdependentes. Ressalta- -se que tal combinação deve ser interna e externa; Intencionalidade: significa a definição clara e inequívoca do que se pretende alcançar (fins ou finalidades). Em síntese, podemos afirmar que a característica da intencionalidade representa a bússola orientadora de um sistema. Representação sistêmica Vivemos em um mundo de sistemas, onde a política, economia, religião, educação, cultura etc. representam a pluralidade de elementos que com- binados e inter-relacionados compõem o maior dos sistemas, ou seja, a sociedade. Para a teoria sistêmica, tecnicamente, a socie- dade é denominada de macrossistema e suas par- tes constitutivas são denominadas de subsistema. Base de sustentação sistêmica A estrutura sistêmica máxima exige para seu bom funcionamento um conjunto de regras orien- tadoras, normatizadoras da vida em sociedade. Isso significa dizer que a base de sustentação do macrossistema vem traduzida na Constituição Fe- deral. Nesta mesma linha de compreensão, foca- mos a educação em sua composição formal (es- cola) e apresentamos como base de sustentação normativa a LDB. AtençãoAtenção Sistema provém do grego “systema” e significa reunião, grupo, conjunto de ele- mentos inter-relacionados. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Tipos de sistemas existentes no tocante à edu- cação Sistema educacional: é o mais amplo de to- dos os sistemas existentes no tocante à educação, pois abarca processos de ensinar e de aprender que têm raiz na família, na escola, nos partidos po- líticos, na mídia, nas relações interpessoais, nas as- sociações dos mais diferentes matizes etc. O sistema educacional, portanto, vincula-se à educação formal, informal e não formal. Sistema educacional formal Educação formal é aquela edificada dentro da instituição socialmente reconhecida como escola. O processo ensino-aprendizagem traduzido por esse sistema é obrigatoriamente sistematizado, ou seja, vem organizado dentro de parâmetros específicos encontrados no mundo da escola, ou seja: currículo, disciplinas, metodologias, objetivos, avaliação e pla- nejamento, tudo isso apropriado em um corpo de recursos humanos tecnicamente preparado para al- cançar um grau de ensino e de aprendizagem desejá- velao sujeito máximo do processo – o aluno. O corpo normativo de sustentação deste sistema é a LDB. Sistema educacional não formal O sistema de educação não formal está vincu- lado às demais instituições socialmente reconheci- das como: família, igreja, mídia, partidos políticos e associações dos mais diferentes matizes. O processo ensino-aprendizagem que se es- trutura nesse modelo sistêmico dispensa o rigor da sistematização das ações presentes no sistema educacional formal, porém o processo de aprendi- zagem se estrutura efetivamente a partir das espe- cificidades de cada uma dessas instituições. Sistema educacional informal O processo de ensinar e aprender neste sis- tema dispensa a representação institucional; ele se estrutura basicamente nas relações interpessoais travadas no cotidiano de cada indivíduo e se pau- ta no senso comum, no conhecimento ou cultura popular, nas interpretações e nas deduções que o homem faz das coisas e sobre as coisas, dos acon- tecimentos do seu mundo diário. 3.2 Sistema de Ensino Diz respeito ao “como” o aluno percorre o sis- tema educacional formal em seus diferentes níveis e modalidades. O sistema de ensino pode ter uma compo- sição múltipla, ou seja, admite-se a organização do sistema de ensino brasileiro em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de período de estudos, com base na idade, na compe- tência e em outros critérios, sempre que o processo de aprendizagem assim recomendar. Sistema escolar Diz respeito a uma rede de escolas e sua es- trutura de sustentação, estrutura essa representa- da pela esfera administrativa do ensino (sentido macro) e pela esfera normativa. Essas duas esferas referidas têm vinculação às diferentes estruturas de poder, quais sejam: Poder Federal, Estadual e Municipal. Na esfera ou nível federal temos o Minis- tério da Educação (MEC) como órgão Máximo da administração do ensino brasileiro, cabendo-lhe formular e avaliar a política nacional de educação e zelar pela qualidade do ensino. Esse órgão se co- munica diretamente com o Conselho Nacional de Educação (CNE) o qual possui atribuições normati- vas, deliberativas e de assessoramento ao MEC. Em nível estadual, no polo administrativo, encontramos a Secretaria Estadual de Educação, a qual possui no estado competência no que se refe- re à administração, coordenação e supervisão das políticas educacionais estaduais. No polo normativo estadual, temos o Con- selho Estadual de Educação, órgão consultivo, deliberativo e fiscalizador do sistema estadual de educação. Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 3.3 Sistema Escolar Brasileiro Em nível municipal, temos a Secretaria Muni- cipal de Educação como órgão executivo da admi- nistração do ensino. Como órgão normativo mu- nicipal, temos o Conselho Municipal de Educação com competência para orientar normativamente toda a rede municipal de ensino. Observe as vinculações da rede de escolas que compõem o sistema escolar: Instituições Públicas Federais de Nível Superior (IFES) – MEC/CNE; Instituições Públicas Estaduais de Ensino Fund. e Médio – SEED/CEE; Instituições Públicas Municipais de Ens. Inf. e Fund. – SEMEC/CME. Em se tratando de instituições educacionais de natureza privada, registra-se que sua vinculação administrativa prende-se num primeiro plano à mantenedora da referida organização educacional; no entanto, no que diz respeito ao polo normativo, a iniciativa privada deve obrigatoriamente voltar- -se para um dos órgãos normativos do ensino (CNE, CEE ou CME), dependendo do nível ou modalidade de educação ou ensino que ofereça. Se adotarmos a definição de que sistema é “conjunto de elementos que formam um todo or- ganizado” (LALANDE apud DIAS, 1998, p. 127), va- mos observar que será difícil justificar a existência de um sistema escolar brasileiro. Contudo, existem alguns fatores que contribuem pra a unificação do sistema escolar brasileiro: a) O fato de as escolas estarem localizadas dentro dos limites do território nacional; b) O fato de os sistemas estarem a serviço da cultura brasileira, de tal maneira que escola e cultura se influenciam mutua- mente; c) O fato de o ensino ser ministrado em lín- gua nacional; d) O fato de que todas as escolas estarem sujeitas a uma legislação comum; e) O fato de existirem disposições legais que determinam, pelo menos formalmente, a articulação entre os graus e a equivalên- cia entre as modalidades de ensino. Fundamentos do sistema escolar brasileiro Para funcionar em sua plenitude, um sistema escolar deveria apresentar as seguintes caracterís- ticas: a) Do ponto de vista das entradas para o sis- tema (input): Entrada de recursos financeiros em quan- tidade suficiente para manter o sistema em plena atividade; Recrutamento de pessoal em número e qualidade adequados para as diferentes funções; Admissão de alunos de maneira que não houvesse falta ou excesso de vagas, com atendimento de 100% da demanda na idade certa. b) Do ponto de vista do processo: Currículos e programas constantemente atualizados, em função das necessidades individuais e sociais; Pessoal com qualificação adequada às suas funções; Índices satisfatórios de desempenho dos alunos, respeitadas as diferenças indivi- duais; Ausência de evasão e repetência. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 c) Do ponto de vista das saídas do sistema (output): Formação de profissionais em quantida- de suficiente para as necessidades so- ciais; Desenvolvimento cultural da população em nível suficiente para que cada indi- víduo pudesse se expressar, oral ou por escrito, com fluência e em condições de usufruir do patrimônio artístico e cultu- ral; Suficiente orientação individual no sen- tido do emprego dos próprios recursos para construir um projeto de vida e para uma fruição plena da existência. Um exame superficial nos mostra que esta- mos longe de um funcionamento que se aproxime do quadro acima descrito. Esta situação resulta de erros acumulados desde um passado distante, por falta de planejamento, mas é também reflexo de nossa condição de país em desenvolvimento. O crescimento da economia não pode prescindir de um razoável aperfeiçoamento do sistema escolar. Não podemos ficar passíveis esperando condições melhores; cada um, dentro de sua área de atuação, deve despender o esforço necessário para melho- rar o funcionamento do sistema escolar brasileiro. Caro(a) aluno(a), No terceiro capítulo, discutimos a Educação enquanto sistema, cujas características fundamentais seriam a pluralidade de elementos, combinação de elementos e intencionalidade. Para o bom funciona- mento desse sistema, são necessárias regras orientadoras – normatizadoras – cuja maior expressão é a Constituição Federal. Assim, no plano da Educação, temos a escola (unidade formal) e a LDB como base de sustentação normativa. O sistema educacional, portanto, é o sistema mais amplo de todos os sistemas ligados à educação, vinculando-se à educação formal, informal e não formal. O Sistema de Ensino diz res- peito ao “como” o aluno percorre o sistema educacional em seus diferentes níveis e modalidades. O Siste- ma Escolar, por sua vez, diz respeito a uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação (administrativa e normativa), vinculadas às diferentes estruturas de poder – Federal (MEC e CNE), Estadual (CEE e SEE) e Municipal (CME e SEMEC). Finalmente, temos o conjunto máximo, de difícil percepção, que constituí o Sistema Escolar Brasileiro, uma unidade total fundamentada a partir de critérios de entrada (input), do processo e de critérios de saída (output). Agora, vamos avaliar asua aprendizagem: 3.4 Resumo do Capítulo 3.5 Atividades propostas Vamos trabalhar! 1. Vimos que os sistemas têm algumas características básicas. Cite pelo menos três. 2. Alguns fatores contribuem para a unificação do sistema escolar brasileiro. Quais são eles? 3. Cite alguns exemplos de sistema de educação não formal. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Vamos refletir! Como era a escola na época em que você aprendeu a ler e a escrever? A escola passa por transformações lentas ou rápidas? De que forma isso acontece? Para saber mais sobre isso, vamos acompa- nhar uma evolução da agência específica para a educação: a escola! A educação sempre foi um processo duplo: primeiro ela significa a atividade desempenhada por adultos para assegurar a vida e o desenvolvi- mento da geração mais nova. Nesse sentido, os pais se constituem os primeiros educadores, logo auxiliados, e mesmo substituídos, por colaborado- res como, por exemplo, os sacerdotes, os guerrei- ros e os professores. Nessa linha de continuidade, vem surgir a escola como nova instituição social específica da educação. 4 eVoLUção DA InstItUIção esCoLAr A escola primária surge no Ocidente, quan- do na Grécia clássica surgem os primeiros profes- sores leigos que inauguraram o grupo profissional pedagógico, a classe dos professores dedicados à formação física, intelectual e moral de crianças e jovens. Já em Roma, no período republicano, os pais educavam os filhos ensinando-lhes as letras, o di- reito e as leis. Por volta de 100 a.C. existiam em Roma escolas de retórica do tipo grego, precedidas pelo ensino elementar, ludus, que passou a cha- mar-se de schola, escola. O professor primário era o ludimagister, logo chamado de gramatista, por influência grega. Em Roma, o ensino elementar era de iniciativa privada, mas no período imperial ele se enquadrava no programa didático dos grandes estabelecimentos públicos mantidos pelo Estado. Nas escolas organizadas pelos cristãos, as crianças aprendiam a ler, escrever e cantar salmos. No fim do mundo antigo, os meninos cristãos fre- quentavam as escolas do gramático e do retórico. Na Idade Média, o ensino tornou-se quase monopólio dos mosteiros. As crianças aprendiam a ler, escrever, contar e entoar salmos. Já no século XII, os comerciantes enviavam os filhos ao mostei- ro. Nessa mesma época, a floração de escolas urba- nas, paroquiais e canônicas facilitou o aparecimen- to de muitos professores particulares, clérigos que davam aulas de gramática e outras matérias; eles davam aulas particulares aos filhos dos habitantes mais ricos. No século XIII, a partir da Revolução Francesa, passou-se a enaltecer o ideal da educação secula- rizada, mas sem nenhum interesse pela educação dos filhos dos trabalhadores. O ideal e a prática de um tipo de educação universal, democrática, surgem no século XIX, nos Estados Unidos da América e se tem difundido com dificuldades para o mundo, desde então. 4.1 A Escola Primária AtençãoAtenção É na Grécia que surge o termo escola – scholé, que significa: lazer, tempo livre – para designar um estabelecimento de ensino. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Por escola média, entende-se a instituição dedicada à fase de escolarização situada entre a escola elementar e a superior. Esse tipo de escola, que corresponde à faixa etária da adolescência, co- meçou a esboçar-se no mundo ocidental durante o período medieval, assumiu forma típica na época renascentista e perdurou por vários séculos até os dias de hoje. Atualmente, no Brasil, a escola média dividiu- -se em duas partes, ficando uma delas ligada à escola elementar, constituindo-se o ensino de pri- meiro grau, enquanto a outra passou a constituir o ensino de segundo grau, com novas características que a distinguem da escola média renascentista. 4.2 A Escola Média 4.3 A Educação Pública 4.4 Resumo do Capítulo A escola começou a ser custeada pelos cofres públicos e a ser mantida pelo Estado nos países protestantes. Como o momento luterano destruiu a rede de escolas paroquiais e monásticas existentes desde a Idade Média, Lutero apelou aos príncipes que aderissem à sua Igreja, para que fundassem es- colas e as sustentassem, embora esses estabeleci- mentos fossem essencialmente religiosos. Só no século XVIII, na Alemanha, começou a educação pública puramente estatal com os reis da Prússia, Frederico Guilherme I e Frederico II. Na França, na mesma época, esse tipo de educação foi puramente teórico e existiu nos discursos. Somen- te com Napoleão Bonaparte é que se organizou o sistema público oficial. No entanto, um sistema de educação pública e verdadeiramente democrático só começou a existir de fato nos Estados Unidos, no século XIX. Caro(a) aluno(a), No quarto capítulo, vimos que a Escola constitui-se enquanto um elemento histórico mutável, um processo social que sofreu e sofrerá constantes transformações. No caso da escola primária, é na Grécia antiga que, por exemplo, surge o termo escola para designar um estabelecimento de ensino: scholé, que significava lazer, tempo livre. Ainda no mundo antigo é possível observar formações distintas de ensino, como em Roma. Modalidades diversas de ensino podem ser identificadas como resultado de sua forma de orientação, a exemplo do ensino organizado por grupos sociais, a exemplo dos cristãos. Já na Idade Média, o ensino tornou-se quase que monopólio dos mosteiros e, já durante a efervescência cultural/ política da Revolução Francesa, o ideal enaltecido foi o do ensino secularizado. Já o ideal de educação universal surge no decorrer do século XIX, nos Estados Unidos. A Escola Média, voltada para a fase de es- colarização, situada entre a escola elementar e a superior, começou a ser esboçada no Ocidente apenas durante a Idade Média, assumindo uma maior definição durante o período Renascentista. A Escola Públi- ca teve seu início nos países protestantes, como fruto da dissolução das escolas paroquiais e monásticas. Porém, apenas na Alemanha do século XVIII é que teria começado a educação pública puramente Estatal. Na França, Napoleão seria o responsável pela organização do ensino público. No entanto, a educação pública, sob a orientação democrática, apenas se iniciaria nos EUA do século XIX. Vamos agora avaliar a sua aprendizagem. Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 4.5 Atividade Proposta Vamos trabalhar! 1. Em que país surgiu o termo escola? 2. A que período da História podemos vincular o surgimento da escola pública, custeada pelos cofres públicos e mantida pelo Estado? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários nor- mais das escolas públicas de ensino fundamental. § 1º do artigo 210 da Constituição Federal 5 A eDUCAção BÁsICA no BrAsIL Caro(a) aluno(a), Agora que você já tem algumas informações sobre a evolução da escola enquanto sistema pú- blico, vamos analisar mais de perto e com mais detalhes como isso aconteceu no Brasil desde a Primeira República até os dias de hoje. A República proclamada adota o modelo po- lítico americano baseado no sistema presidencia- lista. Na organização escolar percebe-se influência da filosofia positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola pri- mária. Esses princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira. Uma das intenções da Reforma era trans- formar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominâncialiterária pela científica. Essa Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava os princí- pios pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária, já que o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando o ensino enciclopédico. O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as matérias e retira a biologia, a socio- logia e a moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da científica. A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, preten- deu que o curso secundário se tornasse formador do cidadão e não fosse apenas simples promotor a um nível seguinte. Retomando a orientação positi- vista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais e de frequência. Além dis- so, prega ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao ensino supe- rior para as faculdades. Os resultados desta Refor- ma foram desastrosos para a educação brasileira. 5.1 Período da Primeira República: 1889 a 1929 AtençãoAtenção É importante saber que o percentual de analfabetos no ano de 1900, segundo o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística, era de 75%. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 A Reforma de Carlos Maximiliano, em 1915, surge em função de se concluir que a Reforma de Rivadávia Correa não poderia continuar. Esta refor- ma reoficializa o ensino no Brasil. Num período complexo da História do Brasil, surge a Reforma João Luiz Alves, que introduz a ca- deira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes. A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de mudança das ca- racterísticas políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 1927). Além disso, no que se refere à educação, fo- ram realizadas diversas reformas de abrangência estadual, como a de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923; a de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925; a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas, em 1927; a de Fernando de Azevedo, no Distrito Fe- deral (atual Rio de Janeiro), em 1928; e a de Carnei- ro Leão, no Pernambuco, em 1928. O clima dessa década propiciou a tomada do poder por Getúlio Vargas, candidato derrotado nas eleições por Júlio Prestes, em 1930. A característica tipicamente agrária do país e as correlações de forças políticas vão sofrer mudan- ças nos anos seguintes, o que trará repercussões na organização escolar brasileira. A ênfase literária e clássica de nossa educação tem seus dias contados. A década de 1920, marcada pelo confronto de ideias entre correntes divergentes, influencia- das pelos movimentos europeus, culminou com a crise econômica mundial de 1929. Esta crise reper- cutiu diretamente sobre as forças produtoras rurais que perderam do Governo os subsídios que garan- tiam a produção. A Revolução de 1930 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo ca- pitalista de produção. A acumulação de capital, do período anterior, permitiu que o Brasil pudesse in- vestir no mercado interno e na produção industrial. A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão de obra especializada e para tal era preci- so investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona decretos organizando o ensino secundário e as universida- des brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos fi- caram conhecidos como “Reforma Francisco Cam- pos”: O Decreto nº 19.850, de 11 de abril, cria o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação (que só vão começar a funcionar em 1934); O Decreto nº 19.851, de 11 de abril, ins- titui o Estatuto das Universidades Brasi- leiras, que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o regi- me universitário; O Decreto nº 19.852, de 11 de abril, dis- põe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro; O Decreto nº 19.890, de 18 de abril, dis- põe sobre a organização do ensino se- cundário; O Decreto nº 20.158, de 30 de julho, or- ganiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras pro- vidências; O Decreto nº 21.241, de 14 de abril, con- solida as disposições sobre o ensino se- cundário. Em 1932, um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assina- do por outros conceituados educadores da época. 5.2 Período da Segunda República: 1930 a 1936 Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 5.3 Período do Regime Militar: 1964 a 1985 O Governo Provisório foi marcado por uma série de instabilidades, principalmente para exigir uma nova Constituição para o país. Em 1932, eclo- de a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Em 1934, a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira vez, que a educa- ção é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. Em 1935, o Secretário de Educação do Distri- to Federal, Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, com uma Faculdade de Educação na qual se situava o Instituto de Educação. Em função da instabilidade política deste pe- ríodo, Getúlio Vargas, num golpe de Estado, instala o Estado Novo e proclama uma nova Constituição, também conhecida como “Polaca”. Alguma coisa acontecia na educação brasi- leira. Pensava-se em erradicar definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em conta as diferenças sociais, econô- micas e culturais de cada região. A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta uni- versitária, com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, valendo, para o ingresso na Uni- versidade, o rendimento do aluno durante o curso de 2º grau (ex-Colegial e atual Ensino Médio). O período anterior, de 1946 ao princípio do ano de 1964, talvez tenha sido o mais fértil da histó- ria da educação brasileira. Neste período, atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações. Neste período atuaram educadores do porte de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Paschoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros. Depois do Golpe Militar de 1964 muitos edu- cadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Muito foram calados para sempre, alguns outros se exilaram, outros se recolheram à vida privada e outros, demitidos, tro- caram de função. O Regime Militar espelhou na educação o ca- ráter antidemocrático de sua proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram presos, feridos, nos confrontos com a polícia, e al- guns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de fun- cionar; o Decreto-Lei nº 477 calou a boca de alunos e professores; o Ministro da Justiça declarou que “estudantes têm que estudar” e “não podem fazer baderna”. Esta era a prática do Regime. Neste período deu-sea grande expansão das universidades no Brasil. E, para acabar com os “ex- cedentes” (aqueles que tiravam notas suficientes, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório. Para erradicar o analfabetismo, foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Aproveitando-se, em sua didática, no expurgado Método Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradi- car o analfabetismo no Brasil... Não conseguiu. E entre denúncias de corrupção, foi extinto (BELLO, 1993). É no período mais difícil da Ditadura Militar, no qual qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei nº 4.024, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos “slogans” propostos pelo governo, como “Brasil grande”, “Ame-o ou deixe-o”, “Milagre econômico” etc., pla- nejava-se fazer com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da produção brasileira. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de vários setores da socieda- de, que o processo de abertura política tornou-se inevitável. Mesmo assim, os militares deixaram o governo através de uma eleição indireta, na qual concorreram somente dois civis (Paulo Maluf e Tan- credo Neves). Com o fim do Regime Militar, a eleição indi- reta de Tancredo Neves, seu falecimento e a posse de José Sarney, pensou-se que poderíamos nova- mente discutir questões sobre educação de uma forma democrática e aberta. A discussão sobre as questões educacionais já havia perdido o seu sen- tido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso, contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que o das questões pertinentes à escola, à sala de aula, à didática e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, profissionais da área de sociologia, filosofia, antro- pologia, história, psicologia, entre outras, passaram a assumir postos na área da educação e a concreti- zar discursos em nome da educação. O Projeto de Lei da nova LDB foi encaminha- do à Câmara Federal, pelo Deputado Octávio Elisio em 1988. No ano seguinte, o Deputado Jorge Hage envia a Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que acaba por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos após o encaminhamento do De- putado Octávio Elisio. O Governo Collor de Mello, em 1990, lança o projeto de construção de Centros Integrados de Apoio à Criança (CIACs) em todo o Brasil, inspirados no modelo dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) do Rio de Janeiro, existentes desde 1982. Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase politicamente marcante na edu- cação foi o trabalho do Ministro Paulo Renato de Souza à frente do Ministério da Educação. Logo no início de sua gestão, através de uma Medida Provi- sória, extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o Conselho menos burocrático e mais polí- tico. Mesmo que possamos não concordar com a forma como vem sendo executados alguns progra- mas, temos que reconhecer que, em toda a História da Educação no Brasil, contada a partir do desco- brimento, jamais houve execução de tantos proje- tos na área da educação numa só administração. Entre esses programas destacamos: Fundo de Manutenção e Desenvolvimen- to do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF); Programa de Avaliação Institucional (PAIUB); Sistema Nacional de Avaliação da Educa- ção Básica (SAEB); Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). 5.4 Período da Abertura Política: 1986 Até Nossos Dias Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Caro(a) aluno(a), No decorrer do quinto capítulo, observamos com maior precisão o desenvolvimento histórico do cenário educacional brasileiro, desde a primeira república até o período de abertura política, inaugura- do após o final do regime militar. A educação na Primeira República (1889-1929) caracterizou-se pelas inúmeras reformas que objetivavam a superação do modelo educacional Imperial e, assim, substituir o ensino de caráter literário pelo científico. As transformações sociais que ocorreriam nos anos seguin- tes, que deram a tonalidade das ebulições culturais da década de 1920, transformariam o cenário so- cial, econômico, cultural e educacional do país. Durante a Segunda República (1930-1936), observa-se a industrialização e a urbanização do país, seguidos pela Revolução de 1930, assim como decretos que buscavam regimentar o ensino. Em 1934, pela primeira vez, a educação é compreendida como direito de todos. No mesmo ano, cria-se a Universidade de São Paulo. No ano de 1935, funda-se a Universidade do Distrito Federal. Com um golpe de Estado, Getúlio Vargas cria o Estado Novo. Entre os anos de 1946 e 1964, observa-se a forte presença de educadores no cenário educacional brasileiro, dando origem a um fértil período de inovações. Interrompido pelo Golpe Militar de 1964, inaugura-se um período de perse- guições, controle, e, sobretudo, de um forte caráter antidemocrático que se fez presente no cenário edu- cacional. A Abertura Política, que se seguiu ao ano de 1986 até os dias atuais, pode ser caracterizada pela criação do sistema educacional atual, constitucionalmente amparado e seguido por inúmeros projetos de aperfeiçoamento voltados para o mundo do ensino. Agora, vamos avaliar a sua aprendizagem: 5.5 Resumo do Capítulo 5.6 Atividades Propostas Vamos trabalhar! 1. Que reforma caracterizou o período da Primeira República? 2. Que reforma caracterizou o período da Segunda República? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurando às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e proces- sos próprios de aprendizagem. § 2º do artigo 210 da Constituição Federal estrUtUrA ADMInIstrAtIVA DA eDUCAção BÁsICA6 Caro(a) aluno(a), Como já estudamos, a LDB introduziu uma série de mudanças na estrutura administrativa e didática da educação brasileira. Por isso, dizemos que uma das suas principais características é a fle- xibilidade. Vamos ver como isso acontece revendo alguns conceitos e ampliando ainda mais essas questões. A Educação Básica no Brasil é composta por três etapas: Educação Infantil (que atende hoje cerca de 5 milhões de crianças de 0 a 6 anos em creches ou pré-escolas, geralmente mantidas pelo poder municipal). No Brasil, existe um contingente ainda ex- pressivo, embora decrescente, de jovens e adultos com pouca ou nenhuma escolaridade, o que faz da Educação de Jovens e Adultos um programa espe- cial que visa dar oportunidades educacionais apro- priadas aos brasileiros que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental na idade própria, cujo aten- dimento representa, aproximadamente, 3 milhões de alunos. No que se refere às comunidades indígenas, a Constituição garante-lhes o direito de utilizar suas línguas maternas e processos próprios de aprendi- zagem, o que se justifica pela existência de cerca de 1.600 escolas indígenas que hoje possuem cer- ca de 80 mil alunos índios. Apesar do grandioso número de alunos (mais de 50 milhões), o grandedesafio da educação bra- sileira, que está sendo enfrentado hoje, não é mais a oferta de vagas, mas sim a necessidade de cons- truir escolas onde se aprenda mais e melhor. Relativamente à questão curricular e à qua- lidade da educação, pode-se dizer que currículos compreendem a expressão dos conhecimentos e valores que uma sociedade considera que devem fazer parte do percurso educativo de suas crian- ças e jovens. Eles são traduzidos nos objetivos que se deseja atingir, nos conteúdos considerados os 6.1 A Estrutura Didática da Educação Básica a Partir da Lei 9.394/96 (LDB) AtençãoAtenção Ensino Fundamental (que atende cerca de 36 milhões de alunos de 6 a 14 anos; tem caráter obrigatório; é público, gratui- to e oferecido de forma compartilhada pelos poderes municipal e estadual) e Ensino Médio (que atende cerca de 7 mi- lhões de jovens de 15 a 17 anos e é ofe- recido basicamente pelo poder estadual). Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 mais adequados para promovê-los, nas metodo- logias adotadas e nas formas de avaliar o trabalho desenvolvido. A definição de quais são esses co- nhecimentos e valores vem sendo modificada nos últimos anos, devido às demandas criadas pelas transformações na organização da produção e do trabalho e pela conjuntura de redemocratização do país. Portanto, a meta de melhoria da qualidade da educação impôs o enfrentamento da questão curricular como aquilo que deve nortear as ações das escolas, dando vida e significado ao seu proje- to educativo. Currículo pode ser entendido como o projeto que preside as atividades educativas escolares, de- fine as suas intenções e proporciona guias de ações adequadas e úteis para os professores. Proporciona informações concretas sobre o que ensinar, quan- do ensinar, como ensinar e quando e como avaliar. Segundo Coll (1996, p. 43-45): Currículo é um projeto, situa-se entre as in- tenções, princípios e orientações gerais e a prática pedagógica. O Currículo é abran- gente, é mais do que as matérias e con- teúdos do conhecimento. É também sua organização e sequência adequadas, bem como os métodos que permitem o melhor desenvolvimento dos mesmos e o próprio processo de avaliação. Até 1995, não havia no país uma referência nacional para nortear os currículos propostos pe- las 27 secretarias de educação estaduais e 5.600 municipais que compõem o Estado federativo bra- sileiro. Após um longo processo de debate nacio- nal, foi aprovada, em dezembro de 1996, a Lei nº 9.394, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei máxima da educação brasileira, que, dentre suas propostas, determina como competência da União estabelecer, em colaboração com estados e municípios, diretrizes para nortear os currículos, de modo a assegurar uma formação básica comum em todo o país. De acordo com o artigo 26 da Lei de Diretri- zes e Bases da Educação Nacional: [Os] currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional co- mum, a ser complementada em cada sis- tema de ensino e estabelecimento escolar por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da socie- dade, da cultura, da economia e da comu- nidade. A concepção pedagógica subjacente na nova proposta curricular concretizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais aponta no sentido de que: a escola existe, antes de tudo, para os alunos aprenderem o que não podem aprender sem ela; o professor organiza a aprendizagem, avalia os resultados, incentiva a coopera- ção, estimula a autonomia e o senso de responsabilidade dos estudantes; nada substitui a atuação do próprio alu- no no processo de aprendizagem; o ponto de partida é sempre o conheci- mento prévio do aluno; a avaliação é um instrumento de melho- ria do ensino e não uma arma contra o aluno; a aprendizagem bem-sucedida promove a autoestima do aluno; o fracasso amea- ça o aprender e é o primeiro passo para o desinteresse. A conquista da cidadania plena, fruto de di- reitos e deveres reconhecidos na Constituição Fe- deral, depende da Educação Básica. A nação bra- sileira através de suas instituições vem assumindo responsabilidades crescentes para que a Educação Básica seja prioridade nacional. A Lei maior (Constituição Federal, artigo 208, inciso II) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) afirmam a progressi- va universalização e a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade do Ensino Médio, úl- tima etapa da Educação Básica. 6.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 6.3 Alguns Antecedentes das Diretrizes Curriculares Nacionais O Ensino Fundamental, segunda etapa da Educação Básica, é coparticipante desta dinâmica de tal maneira que o direito a ele é um dever de Estado e ao qual todos têm direito subjetivo, não podendo renunciá-lo; o poder público que o igno- re será responsabilizado, segundo o artigo 208 da Constituição Federal. A Constituição Federal e a LDB entendem o fim maior da educação sendo o pleno desenvol- vimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, baseados nos princípios de igualdade, liberdade, pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, da convivência entre instituições públicas e priva- das, propondo para tanto que haja a valorização dos professores e a gestão democrática no ensino público como garantia do padrão de qualidade e pressupondo intensa e profunda ação dos sistemas em níveis federal, estadual e municipal para que, de forma integrada e solidária, possam executar uma política educacional coerente com a demanda e os direitos de alunos e professores. Consequente com os artigos 205 e 206 da Constituição Federal, a LDB valoriza a experiência extraescolar dos alunos e propõe a vinculação en- tre a educação escolar, o trabalho e as práticas so- ciais. Os currículos e seus conteúdos mínimos (ar- tigo 210 da Constituição Federal/1988) propostos pelo MEC (artigo 9º da LDB/1996) terão seu nor- te estabelecido através de diretrizes. Estas terão como foro de deliberação a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (artigo 9º, § 1º, alínea “c” da Lei nº 9.131/95). Dentro da opção cooperativa que marcou o federalismo no Brasil, após a Constituição de 1988, a proposição das diretrizes será feita em colabora- ção com os outros entes federativos e supõe um trabalho conjunto, no interior do qual os parceiros buscam, pelo consenso, pelo respeito aos campos específicos de atribuições, tanto metas comuns como os meios mais adequados para as finalidades maiores da educação nacional. Essa noção implica responsabilizar os conse- lhos estaduais, do Distrito Federal e municipais de educação pela definição de prazos e procedimen- tos que favoreçam a transição de políticas educa- cionais ainda vigentes, encaminhando mudanças e aperfeiçoamentos, respaldados na Lei nº 9.394/96, de forma a não provocar rupturas e retrocessos, mas a construir caminhos que propiciem uma tra- vessia fecunda. Desta forma, cabe à Câmara de Educação Bá- sica do CNE exercer a sua função deliberativa sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais, reservando-se aos entes federativos e às próprias unidades esco- lares, de acordo com a Constituição Federal e a LDB, a tarefa que lhes compete em termos de imple- mentações curriculares. As propostas pedagógicas e os regimentos das unidades escolares devem, no entanto, observar as Diretrizes Curriculares Nacio- nais e os demais dispositivos legais. Com a elaboração e divulgação dos Parâme- tros Curriculares Nacionais (PCNs), o MEC propõe um norteamento educacional às escolas brasileiras.Entretanto, se os Parâmetros Curriculares Nacionais podem funcionar como elemento catalisador de ações, na busca de uma melhoria na qualidade da educação, de modo algum pretende resolver todos os problemas que afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem. A busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários dignos e planos de carreira, a qualidade do livro didático, recursos televisivos e de multimídia, a disponibilidade de materiais di- dáticos. Mas esta qualificação almejada implica co- locar, também, no centro do debate, as atividades Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 escolares de ensino e aprendizagem e a questão curricular como de inegável importância para a política educacional brasileira. Ao instituir e implementar um sistema de avaliação da Educação Básica (SAEB), o MEC cria um instrumento importante na busca pela equida- de para o sistema escolar brasileiro, o que deverá assegurar a melhoria de condições para o trabalho de educar com êxito, nos sistemas escolarizados. A análise destes resultados deve permitir aos con- selhos e secretarias de educação a formulação e o aperfeiçoamento de orientações para a melhoria da qualidade do ensino. As escolas deverão estabelecer como nortea- dores de suas ações pedagógicas: a) os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; b) os princípios políticos dos direitos e de- veres de cidadania, do exercício da critici- dade e do respeito à ordem democrática; c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de mani- festações artísticas e culturais. Ao definir suas propostas pedagógicas, as es- colas deverão explicitar o reconhecimento da iden- tidade pessoal de alunos, professores e outros pro- fissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino. As escolas deverão reconhecer que as apren- dizagens são constituídas na interação entre os processos de conhecimento, linguagem e afetivos, como consequência das relações entre as distintas identidades dos vários participantes do contexto escolarizado, através de ações inter e intrassubje- tivas. As diversas experiências de vida dos alunos, professores e demais participantes do ambiente escolar, expressas através de múltiplas formas de diálogo, devem contribuir para constituição de identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar ações solidárias e autônomas de constituição de conhecimentos e valores indispen- sáveis à vida cidadã. Neste ponto, seria esclarecedor explicitar al- guns conceitos, para melhor compreensão do que propomos: a) Currículo: atualmente este conceito en- volve outros três, que são: Currículo formal (planos e propostas pe- dagógicas); Currículo em ação (aquilo que efetiva- mente acontece nas salas de aula e nas escolas); Currículo oculto (o não dito, aquilo que tanto alunos quanto professores trazem, carregado de sentidos próprios, criando as formas de relacionamento, poder e convivência nas salas de aula); Quando nos referimos a um paradigma curricular, estamos nos referindo a uma forma de organizar princípios éticos, po- líticos e estéticos que fundamentam a ar- ticulação entre as áreas de conhecimen- to e aspectos da vida cidadã; b) Base nacional comum: refere-se ao con- junto de conteúdos mínimos das áreas de conhecimento articulados aos aspec- tos da vida cidadã. Por ser a dimensão obrigatória dos currículos nacionais – certamente âmbito privilegiado da ava- liação nacional do rendimento escolar –, a base nacional comum deve preponde- rar substancialmente sobre a dimensão diversificada; 6.4 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Fundamental Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 c) Parte diversificada: envolve os conteúdos complementares, escolhidos por cada sistema de ensino e estabelecimentos escolares, integrados à base comum, de acordo com as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da eco- nomia e da clientela refletindo-se na pro- posta pedagógica de cada escola; d) Conteúdos mínimos das áreas de conhe- cimento: refere-se às noções e conceitos essenciais sobre fenômenos, processos, sistemas e operações que contribuem para a constituição de saberes, conheci- mentos, valores e práticas sociais indis- pensáveis ao exercício de uma vida de cidadania plena. Em todas as escolas, deverá ser garantida a igualdade de acesso dos alunos a uma base nacio- nal comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade na- cional. A base nacional comum e sua parte diversi- ficada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que visa estabelecer a relação entre a Educação Fundamental com: a) a vida cidadã, através da articulação entre vários dos seus aspectos como: a saúde; a sexualidade; a vida familiar e social; o meio ambiente; o trabalho; a ciência e a tecnologia; a cultura; as linguagens. b) As áreas de conhecimento de: Língua portuguesa; Língua materna (para populações indí- genas e migrantes); Matemática; Ciências; Geografia; História; Língua estrangeira; Educação artística; Educação física; Educação religiosa (na forma do artigo 33 da LDB). As escolas deverão explicitar, em suas pro- postas curriculares, processos de ensino voltados para as relações com a comunidade local, regional e planetária, visando a integração entre a Educação Fundamental e a vida cidadã. Os alunos, ao apren- der os conhecimentos e valores da base nacional comum e da parte diversificada, estarão também constituindo suas identidades como cidadãos em processo, capazes de ser protagonistas de ações responsáveis, solidárias e autônomas em relação a si próprios, às suas famílias e às comunidades. Um dos mais graves problemas de Educação Fundamental em nosso país é sua distância em relação à vida e aos processos sociais transforma- dores. Um excessivo academicismo e um anacro- nismo em relação às transformações existentes no Brasil e no resto do mundo, de um modo geral, condenaram a Educação Fundamental, nestas últi- mas décadas, a um arcaísmo que deprecia a inte- ligência e a capacidade de alunos e professores e as características específicas de suas comunidades. Esta diretriz prevê a responsabilidade dos sistemas educacionais e das unidades escolares em relação a uma necessária atualização de conhecimentos e valores, dentro de uma perspectiva crítica, respon- sável e contextualizada, em consonância especial- mente com o artigo 27 da LDB. Desta forma, por meio de possíveis projetos educacionais regionais dos sistemas de ensino, através de cada unidade escolar, transformam-se as Diretrizes Curriculares Nacionais em currículos específicos e propostas pedagógicas das escolas. As escolas utilizarão a parte diversificada de suas propostas curriculares, para enriquecer e comple- mentar a base nacional comum, propiciando, de maneira específica, a introdução de projetos e ati- vidades do interesse de suas comunidades (artigos 12 e 13 da LDB). Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 As escolas devem, através de suas propostas pedagógicas e de seus regimentos, em clima de cooperação, proporcionar condições de funcio- namento das estratégias educacionais, do espaço físico, do horário e do calendário escolar que possi- bilitem a adoção, a execução, a avaliação e o aper- feiçoamento das demais diretrizes, conforme o ex- posto nos artigos 12 e 13 da LDB. Paraque todas as Diretrizes Curriculares Na- cionais para o Ensino Fundamental sejam reali- zadas com êxito, são indispensáveis o espírito de equipe e as condições básicas para planejar os usos de espaço e tempo escolar. Há ainda a proposta de trabalho com temas transversais para difundir va- lores: ética, meio ambiente, pluralidade cultural, trabalho e consumo, saúde e orientação sexual. A missão fundamental da educação consiste em ajudar cada indivíduo a desen- volver todo o seu potencial e a tornar-se um ser humano completo, e não um mero instrumento da economia; a aquisição de conhecimentos e competências deve ser acompanhada pela educação do caráter, a abertura cultural e o despertar da responsabilidade social. União Europeia 6.5 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio Vamos conhecer um pouco o percurso histó- rico de nossa legislação. Histórico Dificuldades nas ações práticas correspon- dentes aos objetivos, levando à inexistência de uma compreensão democrática e, consequente- mente, de uma prática democrática. A prática tem se pautado por costumes e tradições, desconside- rando a realidade concreta do cotidiano escolar, seu contexto socioeconômico e suas repercussões no processo ensino-aprendizagem, retardando a democratização do Ensino Médio. Passar do Ensino Fundamental ao Ensino Mé- dio e deste ao ensino superior ainda são pontos de estrangulamento do sistema escolar brasileiro. Nossa pirâmide educacional é uma das mais afuni- ladas: menos de 50% da população de 15 a 17 anos está matriculada na escola e desta, metade ainda não terminou o Ensino Fundamental, cuja idade regular é dos sete aos 14 anos. Dados da UNESCO indicam que o Brasil tem a taxa mais baixa de ma- trícula bruta na faixa de 14-17 anos, se comparada à de vários países da América Latina, sem falar na Europa, América do Norte ou Ásia. O caráter de Educação Básica ganha conteú- do concreto quando a LDB, em seus artigos 35 e 36, estabelece finalidades, diretrizes gerais para a organização curricular e define o perfil de saída do educando. Algumas considerações importantes sobre essa afirmação: Exclui a educação profissional, embo- ra admitindo que, atendida a formação geral, possa preparar para o exercício de profissões técnicas; Oportunidade histórica para mobilizar recursos, inventividade e compromisso na criação de formas de organização ins- 6.6 A LDB e o Ensino Médio Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 titucional, curricular e pedagógica que levem a superar o status de privilégio que o Ensino Médio ainda tem no Brasil; Objetiva atender com qualidade as clien- telas de origens, destinos e aspirações muito diferenciadas; Última etapa do processo educacional que a nação considera básica para o exer- cício da cidadania, acesso às atividades econômicas e prosseguimento nos níveis mais elevados e complexos da educação; A preparação básica para o trabalho terá como referência a mudança nas de- mandas do mercado de trabalho, dando importância ao desenvolvimento da ca- pacidade de continuar aprendendo em todos os componentes curriculares, em consonância com os quatro pilares para a educação no século XXI (aprender a co- nhecer, aprender a fazer, aprender a con- viver e aprender a ser), exigindo diálogo e a busca de consensos sobre valores, atitudes, padrões de conduta e diretrizes pedagógicas. Diante da violência, do de- semprego e da vertiginosa substituição tecnológica, revigoram-se as aspirações de que a escola, especialmente a mé- dia, contribua para a aprendizagem de competências de caráter geral, visando a constituição de pessoas mais autôno- mas em suas escolhas, mais solidárias, que acolham e respeitem as diferenças, pratiquem a solidariedade e superem a segmentação social; Mais que um conjunto de regras a ser obedecido, ou burlado, a LDB é uma con- vocação que oferece à criatividade e ao empenho dos sistemas e suas escolas a possibilidade de múltiplos arranjos ins- titucionais e curriculares inovadores. É da exploração dessa possibilidade que deverão nascer as diferentes formas de organização do Ensino Médio, integra- das internamente, diversificadas nas suas formas de inserção no meio socio- cultural para atender a um segmento jovem/adulto cujos itinerários de vida serão cada vez mais imprevisíveis, mas que temos por responsabilidade balizar em marcos de maior justiça, igualdade, fraternidade e felicidade. Deter-se so- bre o plano axiológico e tentar traduzir em uma doutrina pedagógica coerente não significa ignorar o operativo, a falta de professores preparados e a precarie- dade de financiamento. Ao contrário, o esforço doutrinário se justifica porque a superação desse estado de carências re- quer clareza de finalidades, conjugação de esforços e boa vontade para superar conflitos, que só a comunhão de valores pode propiciar. A prática administrativa e pedagógica, as for- mas de convivência no ambiente escolar, a organi- zação do currículo e das situações de aprendiza- gem e os procedimentos de avaliação deverão ser coerentes com os valores éticos, políticos e estéti- cos que inspiram a Constituição e a LDB, organiza- dos sob três consignas: a) A Estética da Sensibilidade: Em substituir a estética da repetição e padronização; Estimula à criatividade, ao espírito inven- tivo, à curiosidade pelo inusitado e à afe- tividade; Valoriza a leveza, a delicadeza e a sutile- za; Reconhece e valoriza a diversidade cultu- ral brasileira; Valoriza a qualidade, nas práticas e pro- cessos, e a busca de aprimoramento per- manente. Para essa concepção estética, o ensino de má qualidade é, em sua feiura, uma agressão à sensibilidade e, por isso, será também antidemocrático e antiéti- co; Não convive com a exclusão, a intolerân- cia e a intransigência. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 b) A Política da Igualdade: Reconhece a diversidade e afirma que oportunidades iguais são necessárias, mas não suficientes, para oportunizar tratamento diferenciado, visando a pro- mover igualdade entre desiguais; Seu ponto de partida é o reconhecimen- to dos direitos humanos e o exercício dos direitos e deveres da cidadania como fundamento da preparação do educan- do para a vida civil; Busca a equidade no acesso à educação, ao emprego, à saúde, ao meio ambiente saudável; Combate todas as formas de preconceito e discriminação por raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física; Compreende e respeita o Estado de Di- reito e seus constitutivos abrigados na Constituição: Sistema Federativo e o re- gime republicano e democrático; Fortalece uma forma contemporânea de lidar com o público e o privado. Associa- -se à ética ao valorizar atitudes e condu- tas responsáveis em relação aos bens e serviços entendidos como “públicos”; Se expressa por condutas de participa- ção e solidariedade, respeito e senso de responsabilidade, pelo outro e pelo pú- blico; Denuncia estereótipos que alimentam as discriminações; Pressupõe compromisso permanente no uso do tempo e do espaço pedagógico, as instalações e os equipamentos, os ma- teriais didáticos e os recursos humanos no interesse dos alunos. c) A Ética da Identidade: Seu ideal é o humanismo de um tempo de transição; Reconhece que a educação é um proces- so de construção de identidades: própria e do outro; Tem como fim mais importante a auto- nomia, condição indispensável à realiza- ção de um projeto próprio de vida; Para tanto, precisam desenvolver a capa- cidade de aprender, tantas vezes reitera- da na LDB. As escolas
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