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Saiba Mais Aula 10 – Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência da Empresa No Brasil, a insolvência presume: Impontualidade – sem relevante razão de direito, o devedor não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos. Não basta o devedor estar em atraso; é preciso que sua impontualidade seja injustificada (art. 94, I); Execução frustrada – o executado por qualquer quantia líquida não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal (art. 94, II); Prática de atos de falência – caracteriza-se a falência se o empresário incorrer nos atos elencados no art. 94, III, da LRF. Juízo falimentar – universal O juízo competente para o processamento da falência será o do principal estabelecimento do devedor (art. 76). Autofalência O empresário que julgue não atender aos requisitos para a recuperação judicial deverá requerer sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguir com sua atividade empresarial. Legitimidade ativa Estão autorizados a requerer falência (art. 97): a) o próprio devedor empresário (autofalência); b) qualquer credor; se empresário, provar a condição de regular; c) o cônjuge sobrevivente; d) os herdeiros do devedor; e) o inventariante; f) o sócio ou acionista da sociedade; g) o credor não domiciliado no Brasil, desde que preste caução. Hipóteses em que não será declarada A falência requerida com base na impontualidade não será declarada se o requerido provar as causas excludentes de falência previstas no art. 96 da LRF. Responsabilidade dos sócios Pela nova lei, os sócios solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações sociais terão sua falência decretada e ficarão sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida (art. 81). Os efeitos trazidos pela nova lei aplicam-se também aos sócios que tenham se retirado da sociedade há menos de dois anos. Já a responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo (art. 82). Todavia, a ação de responsabilização prescreverá em dois anos, contados do trânsito em julgado do encerramento da falência. Rito falimentar A falência segue rito diferente em função de seu autor (arts. 94 a 96, 98 e 105 a 107). Defesa do devedor impontual Uma vez citado, o devedor poderá em 10 dias (art. 98): a) depositar a importância equivalente ao seu débito, sem contestar (nesse caso, extingue-se o processo de execução); b) depositar e apresentar defesa (nesse caso, também, se extingue o processo de execução); c) não depositar, limitando-se a apresentar defesa (terá, então, sua falência declarada). RECURSOS Sentença declaratória Recebidas e cumprida as diligências, o juiz proferirá a sentença, declarando ou não a falência. A sentença declaratória de falência desafia o recurso de agravo por instrumento no prazo de 10 dias (art. 100). O agravo por instrumento pode ser interposto pelo falido, pelo credor e pelo representante do Ministério Público. Sentença denegatória Na sentença denegatória de falência, o juiz apreciou o mérito e julgou improcedente o pedido do credor. Nesse caso, o recurso cabível será o de apelação, no prazo de 15 dias (art. 100). Termo legal Proferida a sentença, o juiz fixará o termo legal da falência. Termo legal é o lapso temporal anterior à falência, suscetível de investigação. O termo legal poderá retroagir, no máximo, 90 dias, contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do primeiro protesto por falta de pagamento, excluindo-se, os protestos que tenham sido cancelados (art. 99, II). Efeitos da sentença declaratória A sentença declaratória de falência produz uma série de efeitos. 1- Quanto aos direitos dos credores – Vencimento por antecipação das obrigações do falido (art. 77) e a suspensão das ações, execuções e dos juros – contra a massa não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência (art. 124). De acordo com a lei, após a quebra não correm mais juros enquanto não for pago o valor principal. Excetuam-se da suspensão dos juros as obrigações decorrentes de garantia real, bem como os credores debenturistas. 2- Quanto à pessoa do falido – Impõe inúmeras obrigações, dentre as quais: assinar aos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do nome e sua qualificação (art. 104). O falido, entretanto, tem o direito de fiscalizar a administração da massa. 3- Quanto aos bens do falido – A falência atinge todos os bens do devedor, inclusive direitos e ações, salvo aqueles bens absolutamente impenhoráveis e inalienáveis, bem como a meação do cônjuge e as substâncias entorpecentes ou que causam dependência física ou psíquica (art. 108). 4- Quanto aos contratos do falido – Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou se for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê (art. 117); nos unilaterais (nos quais só uma das partes possui obrigações) o administrador judicial, mediante autorização do comitê, poderá dar cumprimento ao contrato, se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada (art. 118). Os contratos de conta-corrente, embora sejam bilaterais, se resolvem com a falência, devendo ser encerrados (art. 121). Lacração do estabelecimento O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a execução da arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores (art. 109). Revogação de atos praticados pelo falido antes da falência Alguns atos praticados pelo falido antes da falência poderão ser revogados, tenha ou não o contratante conhecimento da situação econômica do falido. Se revogados pelo juiz, os bens devem ser restituídos à massa em espécie, com todos os acessórios; não sendo possível, deverá o falido providenciar a indenização correspondente (arts. 129 e 130). É importante ressaltar que alguns atos objetivamente ineficazes (previstos nos incisos I a III e VI do art. 129) não perdem a eficácia se estavam previstos no plano de recuperação. Ação revocatória É instrumento adequado para reaver os bens transferidos a terceiros. Deve ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de três anos, contados da decretação da falência (art. 132). Administração da falência Como visto anteriormente, cabe ao administrador judicial a administração da falência. Restituição ou embargos de terceiros O administrador judicial, quando nomeado, providenciará a arrecadação dos bens do falido em favor da massa. Há situações em que parte desses bens encontra-se protegida por direito real ou decorrente de contrato. Dessa forma, se arrecadados, ensejarão o pedido de restituição ou embargos de terceiros pelo legítimo proprietário (art. 85). Verificação dos créditos Vide comentários anteriores. Classificação dos créditos Depois de o administrador realizar o atendimento aos credores da massa e as restituições em dinheiro (art. 84), deverá efetuar o pagamento dos demais créditos, os quais são classificados conforme sua origem,na seguinte ordem (art. 83): a) créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidente de trabalho; b) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; c) créditos tributários; d) créditos com privilégio especial; e) créditos com privilégio geral; f) créditos quirografários; g) créditos subquirografários. Liquidação Nessa fase ocorrerá a realização do ativo para pagamento do passivo do devedor falido (art. 139). O administrador deve pagar primeiramente os credores da massa; em seguida as restituições em dinheiro; os credores da falida; e finalmente, restando recursos, os sócios (art. 149). Encerramento da falência Após o julgamento das contas do administrador judicial, este apresentará em juízo o relatório final no prazo de 10 dias, indicando o valor do ativo e do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que continuará o falido. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença. Contra a sentença de encerramento cabe recurso de apelação (art. 155). Porém, para que o falido possa reabilitar-se à prática das atividades empresariais, ainda é necessário que sejam julgadas extintas suas obrigações.
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