Caderno de Sociologia

Prévia do material em texto

Abordagem sociológica dos clássicos:
Indivíduo e Coletivo
Coletivista = Émile Durkheim
Coletivista = Karl Marx
Individualista = Max Weber (ele parte do indivíduo; pra ele, as sociedades modernas são individualistas; os fenômenos sociais partem do indivíduo)
Durkheim: coletivista; tem uma perspectiva de análise organicista da sociedade; todo é maior que as partes, e as partes se relacionam, visando o funcionamento do corpo.
A grande pergunta pra ele é a questão da integração do indivíduo com o coletivo. Como manter as sociedades de pé? O que é necessário pra que o indivíduo se integre ao coletivo?
Instituições sociais: definem regras, controlam os indivíduos, para manter os indivíduos integrados ao coletivo; estabilidade social
Marx: coletivista; ele foca na desigualdade social, que tem a ver com uma divisão de classes (esta última, uma geradora de conflitos). Ele trabalha com uma perspectiva de conflito. Ele fala que as sociedades capitalistas são desiguais, injustas. Ele propunha uma revolução,  com uma mudança gradual do modo de produção.
Weber: individualista; a ênfase/preocupação dele é com a racionalização das sociedades contemporâneas, da vida coletiva. Antes, as sociedades eram baseadas em costumes, eram baseadas mais no pessoal. Nas sociedades contemporâneas, as relações sociais são marcadas pela impessoalidade.
Os sociólogos contemporâneos tentam analisar a sociedade tendendo a um equilíbrio entre indivíduo e coletivo.
1) Explicar o que é o olhar sociológico.
2) Cada um de nós tem família e, portanto, sabemos explicar o que é uma família conforme a nossa experiência particular. Explicar o que seria, segundo Giddens, um olhar sociológico sobre família.
3) Explicar a abordagem sociológica de Giddens denominada estruturação.
4) Explicar duas contribuições do estudo da sociologia para a compreensão das sociedades.
5) Explicar a abordagem sociológica de Comte: positivismo
A sociologia possui técnicas, métodos.
Sociedade: conjunto complexo de relações sociais -> solidariedade, hierarquia (alta/baixa), poder, desigualdade, etc. 
Classe -> baixa, média, alta
Indivíduo: ser social
Como ser social, um indivíduo possui limites e possibilidades. 
- homem.                                      - mulher
- branco.                                       - negra
- grau de escolaridade.             - analfabeta
superior.                                     - mãe solteira
                                                 - necessidades especiais
Essa mulher tem muito mais limites que possibilidades. 
Auto-esclarecimento -> sabendo como a sociedade funciona, eu sei meus limites e minhas possibilidades.
Positivismo: Comte
2 significados:
- 3 estágios do conhecimento (teológica: explicações com base no sobrenatural; metafísica: explicação racional/natural, em oposição ao sobrenatural; positivismo: explicação científica/ conhecimento sujeito a verificação)
No positivismo, estaríamos num estágio mais avançado da humanidade, uma vez que é científico.
- Comte achava que a sociedade moderna estava um caos. A sociologia viria para constribuir para o entendimento das sociedades. Poderia dar organização às sociedades.
Positivismo: abordagem sociológica
* concepção da sociedade (abordagem teórica)
* método
Positivismo tem como parâmetro as ciências naturais, pois essas já tinham sustentação.
Conhecimento científico é diferente do senso comum.
Conhecimento científico -> objetividade, imparcialidade (distanciamento do pessoal/ pré - noções)
Senso comum -> explicação pessoal, superficial
Problema:
Identidade entre o objeto de estudo (sociedade) e o cientista (ser social)
Equilíbrio na natureza = leis que regem a natureza
Sociedade -> deve haver equilíbrio: leis que regem a sociedade (padrões sociais; aquilo que se repete)
O ser social não vive sem religião, mitos, leis, convenções.
Imparcialidade -> observação, comparação, através de um método empírico.
Antecedentes da sociologia: Revolução industrial, Revolução Francesa...
Ou seja, elas ocorreram entre os séculos XV e XVIII e serviram de base para o surgimento da sociologia.
1) Mudança de pensamento no sentido de mudança de paradigma -> renascimento, iluminismo
2) Mudança política/ nova ordem política -> Revolução de independência norte-americana (1776) e revolução francesa (1789)
3) Mudança econômica/surgimento de uma nova ordem econômica -> sistema capitalista, que foi impulsionado pela revolução industrial
1) -> o que inaugura a modernidade é o paradigma da razão. A razão guia o homem, em contraste com o teocentrismo da Idade Média. É a crença no conhecimento científico, numa concepção humanista (de que tudo que existe na sociedade foi feito pelo homem)
2) -> introduz o Estado Moderno, baseado no lema de liberdade e igualdade. O Estado Moderno possui constituição (direitos do cidadão), divisão de poderes, revezamento de poder, etc
3) -> nova ordem econômica instalada: capitalismo, baseado na propriedade privada dos meios de produção. A relação de trabalho é assalariada. A existência de um mercado. Há a concentração de riqueza dos meios de produção. A concepção de lucro é positiva. Há a competição no mercado. A ideia de progresso. Existe também mobilidade social.
Com todas essas mudanças, que com certeza foram drásticas, a sociologia veio para explicar os conflitos dentro da sociedade, para explicar essa nova sociedade (as sociedades modernas). Comte pensava que era necessário pensar nelas para reorganizá-las (para ele, a sociedade humana era um caos, vivia em desordem)
Émile DURKHEIM: 1858- 1917
1- Breve biografia
2 - Concepção de sociedade
3 - Consciência individual
     Consciência coletiva
4 - Objeto de estudo da Sociologia e método
5 - Tipos de coesão social:
* sociedades tradicionais/primitivas
* sociedades modernas
6 - Noção de mudança
7 - Anomia
8 - Suicídio
9 - Direito; pena
10 - Importância/contribuições do pensamento de Durkheim
Francês; nasceu em um período de grandes transformações (cinema, automóvel, avião, etc). Momento em que foi instituído o ensino laico e gratuito (6 a 13 anos) na França. Em 1884, a lei do divórcio foi instituída na França (ou seja, mudança de concepção familiar). Em 1895, a organização sindical foi criada na França. Para Durkheim, por que a sociedade não se desintegra com tantas mudanças? 
Ele estudou filosofia e direito, como todos os clássicos (ele também estudou psicologia). Ele que instituiu a cátedra sociologia na França.
Em 1895, ele escreveu as Regras do Método Sociológico, onde ele diz a respeito dos fatos sociais, da consciência social e coletiva.
Concepção de sociedade -> abordagem sociológica coletivista; ele entende a sociedade como superior ao indivíduo, ela o transcende, ela é coercitiva. Ele trabalha com a ideia de que a sociedade só se firma num sistema moral. Quem constrói essa moral é um coletivo. A partir do momento que a sociedade constrói uma moral, ela passa a ser uma "autoridade" sobre o indivíduo.
Ele faz uma distinção entre consciência individual e coletiva. A consciência individual refere-se "aos traços mentais e emocionais que caracterizam o indivíduo". Tem a ver com a personalidade do indivíduo, ao mais privado.
A consciência coletiva refere-se "ao conjunto de crenças e valores comuns à média dos aos membros de uma sociedade". Fazem parte da consciência coletiva: moral (leis, normas, padrões de comportamento, convenções), religião, costumes, mitos, língua, etc.
Para ele, a sociologia só estuda o que faz parte da consciência coletiva (Fatos sociais). Quem estuda a consciência individual é a psicologia.
Sociedade -> "Não é soma das consciências individuais, mas a combinação (síntese) das consciências individuais que resultam em um produto novo ('sui generis')." A sociedade é algo externo ao indivíduo, é algo que nos é passado. Apesar de cada um ser diferente do todo, quando se faz uma síntese, chega-se a um ponto consensual. Há um reconhecimento do que é correto, que é legitimadopela sociedade e age sobre nós de maneira coercitiva. 
É da síntese das consciências individuais que nasce a consciência coletiva.
Objeto de estudo da sociologia -> Fatos sociais. Maneiras de pensar (moral, religião) e agir (formas de comportamento) (expressão) da consciência coletiva.
Fatos sociais -> exteriores ao indivíduo, coercitivos, modificáveis.
São exteriores ao indivíduo porque são uma herança social (é colocado pra nós num processo de socialização). Também são resultado de uma multiplicidade de indivíduos (sozinho não se institui nada).
São coercitivos porque caso não siga a moral estabelecida, o indivíduo torna-se sujeito a algum tipo de sanção. 
Nós temos preconceitos porque há uma moral instituída. 
A sanção varia de acordo com a gravidade da falta cometida. Esta gravidade depende do coletivo.
São modificáveis à medida que não atendem mais às necessidades da sociedade. Se um valor (lei, ou qualquer fato social) não corresponde mais à prática social, ele perde sentido e torna-se necessário a ascenção de um novo valor (ou lei...).
Caráter de dualidade dos fatos sociais -> ao mesmo tempo que os fatos sociais são coercitivos, as pessoas compreendem a necessidade de normas, morais para se viver em sociedade (relação de amor e rejeição aos fatos sociais).
Tipos de coesão social:
Solidariedade -> laços que unem os indivíduos aos grupos (ou seja, ao coletivo) que eles pertencem. Laços, desse modo, são os conceitos morais.
Solidariedade mecânica (nas sociedades primitivas/tradicionais) -> base da coesão social é a semelhança de crenças e valores (consciência coletiva é muito forte; desse jeito, os próprios indivíduos se controlam). A garantia da coesão social se dá pelo direito repressivo da ordem social.
Solidariedade orgânica (sociedades modernas) -> base da coesão social é a diferença de funções, resultado da divisão do trabalho. As sociedades modernas tendem a um processo de individualização (podendo expressar mais suas opiniões, etc). A consciência coletiva torna-se mais fraca. Cada indivíduo tem uma função, e as funções sao complementares e interdependentes. Cada um na sua função contribui para o coletivo. Cada função leva uma obrigação perante o coletivo.
- Explicar o tipo de direito/sanção característico de cada sociedade (tradicional e moderna), que possibilitam garantir a ordem social.
- Explicar o conceito de anomia.
- Explicar a análise de Durkheim sobre suicídio.
* explicar os tipos de suicídio: altruísta, egoísta e anônimo.
- Como Durkheim entende a função da pena nas sociedades modernas?
-----
Ver "O Banquete de Casamento" do diretor Ang Lee.
Prova parcial: 25 ptos; 13/03, sexta
Matéria: o que é Sociologia (inclui Comte)
Quintaneiro: Durkheim
Aulas expositivas
Filme: O banquete de casamento
------
Tipos de solidariedade: princípios de coesão social (base da coesão social)
- sociedades tradicionais: solidariedade mecânica (indivíduos ligados diretamente, compartilhamento de valores, acontece quase como automaticamente).
- sociedades modernas: solidariedade orgânica (tem a ver com o organismo social; ideia de uma visão organicista da sociedade; sociedade como um organismo social); 
* todo é maior que as partes 
* as partes se relacionam visando ao bom funcionamento do todo
Se as partes cumprem suas obrigações morais, o todo funciona com maior estabilidade.
Garantia da ordem (coesão) social ->
Nas sociedades tradicionais:
* direito/sanção repressivo (a); 
tipo de direito que causa uma dor no indivíduo, que atinge mais profundamente o transgressor (é chamado de direito penal nas sociedades modernas). Existe para manter a coesão social. A pena existe não para incidir sobre o culpado, mas sobre os outros, segundo Durkheim. É para reavivar os valores legitimados pela sociedade. Afeta a liberdade ou a própria vida do indivíduo, causando-lhe uma dor.
Nas sociedades modernas:
* direito restitutivo: a preocupação principal neste tipo de direito é fazer com que situações perturbadas sejam restabelecidas e retornem a seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado. Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo. Sociedade com maior número de funções (e maior complexidade), nem tudo precisa ser julgado a partir do direito penal, aí então usa-se o direito cooperativo/restitutivo)
- direito penal 
- direito cooperativo: sanções restituitórias (é o predominante nas sociedades modernas; explicação acima)
Anomia -> estado de desequilíbrio das relações sociais; ausência de coesão social; é uma fragilidade do sistema moral, tendendo a ocorrer em momentos de transição (das sociedades tradicionais às modernas, por exemplo).
Instituições -> normatizam/regulamentam as relações sociais.
Na anomia, as instituições são ineficazes no controle, na regulamentação das relações sociais.
Para Durkheim, a anomia é um problema coletivo (da sociedade).
Ele diz que mudou a estrutura econômica das sociedades tradicionais para as modernas (produção industrial, maior divisão do trabalho). A moral de antes não se adequa às relações das sociedades modernas. Ou seja, falta uma regulamentação das relações de trabalho, por exemplo (na época dele, século XIX). A consequência da anomia são relações conflituosas, ações desequilibradas (a lei do mais forte). No Brasil ocorre anomia, mas não por falta de leis, mas por não segui-las (pelo descumprimento delas). Durkheim supõe que as leis são seguidas.
Suicídio:
Definição -> "todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vitima, sabedora de que devia produzir esse resultado."
Análise sobre suicídio -> a causa está sobre a sociedade; algo que ocorre na sociedade leva indivíduos com propensão ao suicídio a cometerem este ato; ele compara taxas médias de suicídio de vários países. Em determinados momentos as taxas de suicídio aumentam ou diminuem (em tempos de guerra - povo fica mais unido -, em países pobres).
Tipos de suicídio -> altruísta, anômico e egoísta. 
Suicídio anômico: aqueles que têm inclinação ao suicídio, em tempos de anomia (de crise, de transição, quando faltam regras), podem suicidar. Sociedade desregulamentada. Tendem a ocorrer nas sociedades modernas (pois nelas ocorrem muitas crises, transições).
Suicídio altruísta: indivíduo que pode entregar sua vida em prol da moral da sociedade. Adaptação/conformismo à moral. Tende a ocorrer em sociedades mais tradicionais (coesão maior, consciência coletiva mais forte).
Suicídio egoísta: o indivíduo vai se desvinculando da moral da sociedade, até o ponto que ele se sinta extremamente isolado. Afastamento da moral da sociedade. Tende a ocorrer nas sociedades modernas (maior individualismo, menor vínculo com a moral).
O Banquete de Casamento:
Consciência individual x Consciência coletiva (se expressa através de um perfil criado por ele de mulher, pela farsa do casamento, pela mudança do apartamento; tudo isso expressa a dificuldade dele de assumir a homossexualidade); diferença de valores entre a sociedade ocidental e oriental (esta possui geralmente valores mais tradicionais).
Wei Wei representa um modelo de mulher mais moderno. A mãe representa uma mulher mais tradicional.
Wei Tung e Simon expressam novos valores a partir do momento que expressam sua homoafetividade.
O casamento é um contrato para Wei Tung (para ele concretizar a farsa do casamento) e Wei Wei (para ela conseguir o visto).
George Mead -> trabalha a noção de papel social. A noção de papel vem do teatro grego. Papel social acaba também sendo uma representação.
Papeis sociais: são funções ou atividades que os indivíduos desempenham e que são determinadas pelo próprio coletivo. Cada sociedade tem seus papéis sociais. Em geral eles estão relacionados às instituições sociais.
Instituições sociais -> 
família: pai, mãe, filho (a).
escola: diretor, professor, aluno, secretária (o).
Igreja: papa, pastor, fiéis. 
Cada papel social (função, atividade) implicaobrigações. As obrigações são modelos de comportamentos, que servem de referência.
No filme, 3 papéis são bem definidos: o do pai, o da mãe e da Wei Wei (padrão de mulher mais moderno).
As instituições sociais reproduzem os valores da sociedade.
Karl Marx: 1818-1883
1- Breve biografia
2- Concepção de sociedade:
"Tese materialista da história"
3- Análise do sistema econômico capitalista:
- características principais
- mercadoria
- mais-valia
- "exército de reserva"
4- Dominação/ classes sociais
5- Alienação do trabalhador
6- Ideologia
Marx é o mais velho dos 3 clássicos. Marx dizia que o problema da sociedade era a divisão das classes. Ele nasceu na região do Rio Reno. Era na época uma região da Prússia. Região do Rio Reno já estava tendo uma mudança, já era uma região mais adiantada em relação às outras regiões. Ele era de família classe média, que era progressista. Marx, como Durkheim e Weber, teve uma formação humanista. Marx, em 1841, terminou sua tese de doutorado e queria dar aula em Universidade. Mas não conseguiu, e se tornou o redator-chefe de um jornal bastante progressista. O jornal foi fechado após críticas ao Governo e ficou sem emprego. Tentou ser escrivão mas tinha uma letra bem feia. Nunca mais conseguiu um emprego. Ele conseguiu produzir intelectualmente e militar ao mesmo tempo. Ele vivia como freelancer. Ele teve 6 filhos e perdeu 2 filhas (dizem que por falta de dinheiro para assistência médica adequada). Quem o ajudou financeiramente era Engels, um filho de industrial inglês. Engels era socialista, e Marx e ele se tornaram muito amigos. 
Marx foi para Paris e ficou por muito tempo lá. Ele acaba sendo expulso da França, e, em 1849, ele vai pra Londres, onde residiu até o fim de sua vida.
Ele tem como objeto de análise a Europa da segunda metade do século XIX. A grande parcela da população na época era formada de trabalhadores de fábricas, que ficavam 14, 15h por dia, com salário irrisório, sem férias remuneradas, etc.
Na década de 40 já começaram a ser discutidas as ideias socialistas, em reação ao resultado do capitalismo. O capitalismo gera riqueza e pobreza ao mesmo tempo.
Hegel -> falava da dialética (numa concepção idealista); Marx adotou a dialética (movimento de contrários), mas numa concepção materialista.
Marx ficou crítico a Hegel. E uma delas foi contra a ideia sobre Estado. Hegel fazia interpretação do Estado acima dos interesses individuais. Pra Marx, o Estado representava o interesse de classes dominantes. Ou seja, ele criticou a neutralidade do Estado de Hegel.
Ideologia Alemã -> livro onde Marx introduz a tese materialista da história (em contraste com a tese idealista).
Marx também escreveu um livro onde abordou a alienação. Ele fala da relação do homem com a natureza. E que o homem extrai da natureza o que ele precisa para viver. Ele cria, e ao ver o que ele criou, ele reconhece sua humanidade. Quanto mais um homem produz, mais ele põe pra fora sua natureza humana. 
Alienação é um corte a isso. É uma limitação do homem ao seu desenvolvimento.
Manifesto Comunista -> Marx escreveu com Engels; eles fizeram uma síntese do resultado do congresso socialista ocorrido. Eles fizeram uma crítica a todas tendências (anarquismo, socialismo burguês, etc).
Aí, pela primeira vez, ele fala de revolução comunista. O comunismo seria a última etapa do desenvolvimento da sociedade socialista. Seria a maior etapa da igualdade social.
Doutrina -> diretrizes gerais
Doutrina socialista -> defende maior igualdade (em termos de acesso aos bens materiais, culturais, sociais) entre os indivíduos. Pra isso, teria de ser eliminada a propriedade privada (os meios de produção). O socialismo também defende a autogestão da socieade (uma democracia mais direta). O partido (comunista) teria de considerar as necessidades da população. Seriam comunas (ou conselhos de fábrica), para ficar sabendo o que os cidadãos queriam.
O resultado seria passado por um delegado ao partido.
Manifesto Comunista
Era preciso organizar todos trabalhadores num partido único: o comunista. Para ser discutido entre todos trabalhadores do mundo, ele teria de ser traduzido em todas línguas. Assim, os trabalhadores saberiam que eles eram a base da riqueza, eram a fonte da riqueza. A partir dessa organização internacional, faria-se a revolução (pela primeira vez ele fala sobre isso). Eliminação da propriedade privada. Ele diz revolução porque os empresários não abririam mão de suas riquezas. Feita a revolução, a primeira ação seria a eliminação da propriedade privada (que seria a causa da desigualdade). A última etapa seria a autogestão, sem a noção de classes (porque pra ele as classes eram definidas a partir da propriedade privada). A igualdade seria a de participação econômica, acesso aos bens e uma participação política (mais direta nas decisões políticas).
Ele defendia, ao contrário de reformas, uma revolução. Por isso chamava os outros de reformistas, uma vez que não queriam a eliminação da propriedade privada.
Social democracia -> um racha nas ideias socialistas. Economia capitalista, mas o Estado assume tendências para chegar ao bem estar da população.
O Capital -> Análise político-economica do sistema capitalista, onde ele critica o capitalismo por criar muita desigualdade social.
Tipos de direitos:
Civis -> direitos relacionados à liberdade individual (liberdade de opinião, expressão, de crença, justiça pública, de imprensa etc)
Políticos -> direito de participar da vida política, seja como candidato seja como direito ao voto. Liberdade de organização civil.
Sociais -> apareceu no fim do século XIX; são direitos que garantem o mínimo de vida digna aos cidadãos. Estão ligados a questão da saúde pública, educação pública, aposentadoria etc.
Pai da doutrina liberal -> John Locke
Doutrina liberal defende a liberdade do indivíduo. Ela se apresenta em 2 dimensões: abrange uma dimensão econômica (liberdade no mercado; estado mínimo; defesa da propriedade privada dos meios de produção) e uma dimensão política (defesa da liberdade do indivíduo em termos de participação política - direitos políticos - e direitos civis; inicialmente os liberais conservadores defendiam o voto censitário - votavam que tinha determinada renda ou propriedade,  ou seja, pobres não votariam -). Ela não defende direitos sociais, uma vez que para ela o Estado não deve ter função social. A doutrina de Locke foi criada no século XVII, mas o Estado implementou só no século XIX. Locke contrapõe o Absolutismo com o Liberalismo, aí ele introduz os direitos naturais. No estado de natureza, os homens viviam em paz. Acontece que pela natureza humana o homem tem inclinação a defender quem ele gosta, tendendo a romper o estado de paz. Assim, os indivíduos fazem um contrato e criam um Estado, para garantir os direitos naturais.
O liberalismo, como doutrina na sua essência, nunca foi implementado, pois sempre o Estado assumiu funções sociais após o aparecimento da doutrina liberal, mesmo que pouco. Pelo menos educação pública o Estado tinha que oferecer, na visão dos liberais posteriormente.
Doutrina socialista -> defende a igualdade. Nessa caso, a igualdade depende da eliminação da propriedade privada, pois ela considera a propriedade privada a causa da desigualdade social. A igualdade dessa doutrina significa participação política (autogestão) e participação econômica (todos deveriam ter acesso aos bens produzidos). A doutrina socialista vem em detrimento ao desenvolvimento do capitalismo. O Estado é o provedor de tudo, garante todos direitos sociais. Há um cerceamento de direitos civis e políticos, pois não existe direito de ir e vir, presença de monopartidarismo, obras de arte ligadas à realidade socialista, não há outras abordagens além da socialista. Aboliu-se a religião, as Igrejas. 
1917 - Revolução russa
1949 - Revolução chinesa
1959 - Revolução cubana
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados, enquanto governos, vão cada vez mais se afastando da doutrina liberal à medidaque passam a assumir funções sociais. Para que o sistema econômico funcione, há de ter uma mudança no Estado para manter a coesão do sistema. Assim, as políticas sociais são fruto do desenvolvimento do capitalismo. 
Estado do Bem-Estar Social -> organização da sociedade civil, principalmente através de sindicatos fortes que vão estar lutando pelos interesses dos trabalhadores. A economia estava em prosperidade no pós-guerra. Existência de partidos de esquerda vitoriosos, que vão contemplar as reivindicações da sociedade civil. 
O modelo mais perfeito do Estado de Bem-Estar Social é dos países nórdicos.
- Impostos altíssimos (que são retornados à população como direitos sociais: educação pública, saúde pública, programas de habitação)
Direitos civis, políticos e sociais garantidos.
Neoliberalismo -> retorno ao liberalismo; ou seja, garantia de direitos civis e políticos e uma gradativa redução dos direitos sociais (privatizações etc)
-----
2. Concepção de sociedade:
Tese materialista da história
A tese materialista da história de Marx contrapõe a tese idealista da história de Hegel.
Elas tentam explicar como se dá o processo de desenvolvimento das sociedades, e porque se deram as passagens de sociedades ao longo da história. Ou seja, abrangem uma concepção de sociedade e uma concepção de mudança.
2.1 Concepção de sociedade
Fundamento das sociedades -> seres humanos em relação social; caráter social e biológico da reprodução humana.
Ele diz que o caráter social da reprodução tem a ver com a atividade produtiva, ou seja, as relações sociais de produção. Essas relações sociais de produção tendem a ser um mecanismo de dominação de uma classe sobre outra. A economia é o fundamento das sociedades, então toda essa produção de bens materiais é a esfera da infraestrutura.
Paralelamente a produção de bens materiais, os homens produzem "bens espirituais", que podem ser ideologias, moral, conhecimento, formas de governo. Isso ele chama de esfera da superestrutura. 
Ele diz que essas duas esferas estão extremamente relacionadas.
Concepção de mudança -> a mudança para Marx segue a questão materialista. Para ele, a mudança acontece a partir dos conflitos entre as contradições dos modos de produção.
A mudança acontece devido às contradições entre modos de produção e lutas de classe.
Modos de produção -> se constitui por: 
- meios de produção
* instrumentos/ferramentas de produção)
* matéria prima
* local de produção
- forças produtivas (grau de desenvolvimento tecnológico de uma sociedade)
meios de produção + força de trabalho humano
- relações sociais de produção
relações que os homens estabelecem entre si para produzirem em um determinado modo de produção.
Modo de produção escravista:
meios de produção -> simples, economia agrária, sem divisão do trabalho
forças produtivas -> artesanal
relações sociais -> patrícios/senhores x escravos
Modo de produção feudal:
meios de produção-> simples, +avançada, economia agrária, sem divisão do trabalho
forças produtivas -> artesanal
relações sociais -> senhores x servos
Modo de produção capitalista:
meios de produção-> complexa, variedade de mercadorias, com divisão do trabalho, grande quantidade
forças produtivas -> industrial
relações sociais -> proprietários privados dos meios de produção x assalariados
A mudança ocorre a partir das contradições de modos de produção (nobreza x burguesia, por exemplo).
Para Marx, o que caracteriza a sociedade é sua economia.
3. Análise do sistema capitalista
Características básicas: 
- propriedade privada dos meios de produção
- assalariamento
- mercado: livre concorrência (noção de competição - proprietários privados e assalariados)
- concentração de riqueza
- lucro
capital (dinheiro investido na produção) -> por isso Marx diz que é uma relação social
Quem tem poder (capacidade de mudar a vida dos outros) nas sociedades capitalistas são os que possuem os meios de produção, segundo Marx.
O Estado, como superestrutura, representaria apenas os interesses das classes dominantes.
No feudalismo, a terra era usufruto dos nobres, e não propriedade privada.
3.1 Mercadoria
Marx diz que a riqueza, diferentemente do que a maioria pensava (que a riqueza vem da circulação de mercadorias), vem do trabalho (mais valia), que acontece na produção. Ele concorda, assim, com Adam Smith.
Mercadoria, para ser mercadoria, tem que possuir dois tipos de valor: 
*valor de uso -> tem a ver com a utilidade de um produto, objeto qualquer, visando satisfazer as necessidades ("qualidade"); é pelo valor de uso que um objeto se distingue de outro.
* valor de troca -> refere-se à possibilidade de se trocar um produto por outro (quantidade) (troca-se determinada quantidade de valor de uso de uma espécie por outra quantidade de valor de uso de espécie diferente). Entende-se troca como COMÉRCIO.
Só é mercadoria se possui valor de uso e valor de troca.
Marx salienta que o que destaca no capitalismo é a troca. Assim, fica implícito o valor de uso.
Preço é diferente de valor.
No feudalismo, o que predominava era o valor de uso.
Troca: relação de equivalência.
Mercadorias: comum
"Valor": tempo de trabalho necessário para a produção de uma mercadoria
Segundo Marx, se eu gastei 4h produzindo uma carteira e 8h uma mesa, então eu teria que trocar uma mesa por 2 carteiras. 
O equivalente universal seria o ouro -> dinheiro.
Valor -> tempo de trabalho
Preço -> tem a ver com oferta/demanda, com o aspecto cultural; ele inclui mais variáveis; + variáveis, existe uma certa "arbitrariedade"
Mais-valia -> seria uma relação de não-equivalência. Parte do trabalho do trabalhador é apropriedado pelo dono dos meios de produção. Ela acontece no ato da produção.
Ex: os trabalhadores produziram 1000 carros. Se o capitalista pagá-los por 1000 carros, como ele teria lucro? O que recebemos de salário é sempre aquém do que produzimos.
------
Primeiras linhas sobre sociologia, Pierre Bourdieu
Classes -> estratificação social
Estratificação social
1. Definição
2. Tipos: 
*castas
*estamentos
*classes sociais
3. Abordagens sociológicas sobre estratificação, classes sociais:
3.1 Classes sociais para Marx
3.2 Classes sociais para marxistas contemporâneos
3.3 Estratificação social: Weber
3.4 Classes sociais para Bourdieu
1) Definição -> divisão/diferenças entre indivíduos e grupos: 
- camadas hierarquizadas
Fatores/causas dessas diferenças: econômicos (diferença de renda, propriedade dos meios de produção), religiosos, posição de nascimento, divisão do trabalho, gênero, raça, escolaridade (relativo)
Resultados/consequência -> alguns indivíduos e grupos têm mais acesso à riqueza, têm mais prestígio, têm mais poder do que os outros.
Legalmente falando, hoje, não existe mais fatores de gênero, raça, religião e posição de nascimento. O que resta hoje mesmo é a questão econômica, porque mesmo escolaridade não tem sido mais um fator (por causa da democratização da educação - educação pública; Prouni, bolsas etc).
2) Tipos de estratificação:
Castas -> tipo de estratificação característico de sociedades tradicionais  orientais
Estamento -> tipo de estratificação característico de sociedades tradicionais ocidentais
Classes sociais -> tipo de estratificação característico de sociedades modernas
As castas é o tipo de estratificação mais rígida de todas. Sub-sociedades dentro da sociedade.
Brâmanes, Xátrias, Vaicias, Sudras e Párias. Brâmanes viriam da boca do deus hindu, e seriam os sacerdotes. Os xátrias dos braços, e seriam dirigentes e guerreiros. Os vaicias provenientes das coxas (comerciantes). Sudras dos pés (trabalhador braçal). Párias seriam os excluídos da sociedade. Não têm mobilidade social. Hereditárias. Casamento endogâmico (só dentro da casta). Cada casta tem seus costumes, suas normas. A comunicação entre as castas é feita de forma rigorosa. Quem transgride as leis da casta vira um pária.
Estamentos -> hereditários também, ou semi-hereditário (algopontual); sem mobilidade social. Sociedade com sistema hierárquico.
Classes sociais -> permitem a mobilidade social; Marx trabalha muito com esse conceito.
Marx:
Classes sociais (serve para explicar o problema da dominação e o processo de mudança de uma sociedade para outra)-> abrangem critérios econômicos e políticos. É um conceito histórico-filosófico.
-> Nos critérios econômicos, Marx fica contra nosso senso comum. Classes, para ele, não se definem pela renda, pela ocupação nem pelo estilo de vida. Classes sociais se referem à posição que grupos de indivíduos ocupam em um modo de produção capitalista. Essa posição é:
- grande proprietário privado dos meios de produção -> frações de classes: 
* proprietários privados do capital industrial (burguesia industrial)
* proprietários privados do capital financeiro (burguesia financeira)
* proprietários de terra: latifundiários/agronegócios
- não proprietários -> assalariados (proletariado)
- classe intermediária -> pequenos proprietários dos meios de produção -> pequena burguesia (trabalham por conta própria)
A questão aqui é quem tem poder de decisão, e não a renda. A tendência, para Marx, é que a pequena burguesia desapareça, uma vez que a maioria não consegue competir com o grande capital e algumas cresçam a ponto de virarem donos dos meios de produção.
-> Critério político -> consciência de classe (burguesa - se manter no poder; operariado - revolucionária)
Para Marx, através de sua visão materialista, a consciência está relacionada a sua posição de classe. A posição sempre decorre de uma realidade.
- A consciência de classe operária implica numa compreensão da posição que ocupa na estrutura econômica.
Compreensão: consciência da realidade enquanto classe (aí entra os interesses de classe)
- Identificação com outros (da mesma classe) que estão na mesma posição (classe)
- "praxis" = ação
Praxis do operariado = agir contra o capital (revolução)
Para Marx, os operários tem que se juntar num grande partido para buscar a revolução.
Exército de reserva -> população economicamente ativa que está desempregada; conjunto de desempregados; tende a aumentar em crises.
Desemprego estrutural -> relacionado à tecnologia; os avanços tecnológicos fazem muitos trabalhadores serem descartados.
Compõem o exército de reserva pessoas qualificadas e não-qualificadas profissionalmente.
Para Hegel, o Estado seria uma instância racional e, num certo sentido, seria neutro (acima dos interesses individuais da sociedade civil).
Para Marx, o Estado seria o comitê da burguesia, porque não havia voto universal (voto censitário - renda e propriedade). Ou seja, o Estado não seria neutro, e representaria os interesses da classe (ou frações) da classe dominante.
Hoje: Estado representa os interesses da classe (ou frações) dominante
Estado também representa interesses de outras classes e grupos
Para Marx, só quem tem poder econômico tem poder político. Hoje, isso nem sempre acontece, pois existem tecnocratas que possuem poder. O último poder ainda é através do poder econômico.
Alienação do trabalhador -> para explicar a alienação, Marx parte da definição de natureza humana.
Na concepção idealista, a natureza humana é diferente da natureza animal. A essência humana é a racionalidade (capacidade de pensar, refletir, ter consciência). Então, ela é histórica, imutável. 
Para Marx, a natureza humana se define pela relação do homem com a natureza através do trabalho. O homen transforma a natureza e, ao mesmo tempo, se modifica e modifica a sociedade. É a ação do homem sobre o mundo (natureza física, realidade social). Assim, a natureza humana é mutável (se modifica eternamente).
Trabalho:
Para Marx, o trabalho é:
- uma atividade atraves da qual o homem produz bens (materiais e "espirituais"/ básicos e supérfluos) necessários a sua existência. 
- uma atividade através da qual o homem manifesta (expressa) a sua humanidade (diferentemente dos animais, pois ele terá que usar sua racionalidade)
- uma atividade através da qual o homem desenvolve as suas capacidades, criatividade
- uma atividade através da qual o homem se realiza.
Alienação do trabalhador
nas condições de trabalho (propriedade privada dos meios de produção, mercado, divisão/fragmentação do trabalho) numa economia capitalista, o trabalhador assalariado torna-se alienado em 4 dimensões:
- o trabalhador assalariado torna-se alienado do resultado (mercadoria) de seu trabalho
- o trabalhador assalariado torna-se alienado da atividade produtiva (do próprio trabalho)
- o trabalhador assalariado torna-se alienado da sua condição humana (natureza humana)
- o trabalhador assalariado torna-se alienado de outros (assalariados)
Algo alienado -> em uma palavra, seria algo que não é seu, algo estranho.
Marx dizia que o proprietário também era alienado, por ser submisso ao dinheiro.
Alienação -> não ter controle sobre o que faz ou o que produz; é falta de possibilidade de desenvolver suas habilidades enquanto ser humano.
A alienação também continua no socialismo, pois há a divisão do trabalho e o Estado (autoritário) planejava tudo.
Ideologia:
1. como "falsa consciência": Marx
2. como um conjunto de valores de cada classe
3. como formas de representações de grupos e de classes (Antonio Gramsci)
Predominantemente, na obra de Marx, predomina uma visão sobre ideologia como uma "falsa consciência" da realidade. Quem teria falsa consciência da realidade seria o proletariado (essa realidade seria a divisão de classes, a dominação dos proprietários dos meios de produção sobre os assalariados).
Para Marx, ideologia seria um sistema de ideias coerentes, em geral bem elaboradas, que visa ocultar a dominação e justificar a classe dominante. Elas dão certo porque partem de uma certa realidade (sociedade dividida), buscando explicá-la e justificá-la, embora o faça de maneira parcial. É uma forma de legitimar a classe dominante sem se utilizar da força.  A consciência de classe desmascaria a ideologia. 
Ideologia propõe concepções de mundo. Fornece modelos de pensamento, cria vocabulários. A ideologia tem um poder de persuasão.
Lenin dizia que havia um conjunto de valores da ideologia burguesa e um conjunto de valores da ideologia operária (do proletariado). E que era necessário fazer com que a ideologia operária conseguisse predominar sobre a burguesa.
Gramsci -> marxista comunista; "Memórias do Cárcere". Ele fala que na sociedade existem várias formas de explicação da realidade (filosofia, folclore, conhecimento científico, arte). Mas que teria uma mais avançada: os partidos, que seriam organizações políticas, capazes de mudar a sociedade. As ideologias são as diversas formas de explicar a realidade.
----------
Marxistas contemporâneos: Olin Wright, Poulantzas
A divisão das classes se complexifica.
Para eles, existe uma separação entre propriedade (privada dos meios de produção) e controle
Mesmo alguém que não tenha propriedade, o proprietário pode ter um certo nível de controle sobre sua produção.
Além do critério de propriedade, eles trabalham com a ideia de controle.
Com o desenvolvimento do capitalismo, ocorrem transformações na divisão das classes sociais.
A) por um lado, há uma perda de controle do processo de trabalho por parte dos assalariados menos qualificados ou não qualificados. "Desqualificados" = perda de controle (processo de alienação)
B) por outro lado, há uma tendência inversa: à medida que a tecnologia se modifica, e o sistema capitalista se torna mais complexo, novas especializações são necessárias e criam-se novas funções e hierarquias que passam a ser assumidas por uma outra parcela de assalariados, qualificados, que podem ter um cerro controle do processo de trabalho e sobre a força de trabalho.
Olin Wright
- Propriedade econômica real: controle total sobre o fluxo do capital (investimentos, admissão, demissão, como investir os lucros, etc)
- Propriedade legal: aspecto jurídico
- "Posse" (autonomiaparcial -> um advogado pode ter posse mas não ter propriedade): controle sobre o processo de produção (domínio técnico-profissional) e sobre a força de trabalho
Os assalariados qualificados formariam uma classe intermediária.
Poulantzas
- Burguesia -> controle total sobre tudo
- Pequena burguesia -> também possui controle; trabalhadores autônomos
- Nova pequena burguesia
- Operariado
Nova pequena burguesia + operariado -> Assalariados
Pierre BOURDIEU: 1930-2002
1. Biografia
2. Espaço social
3. Capital, diferentes tipos de capital
4. Campo
5. "Habitus"
Ele trata do problema da desigualdade/dominação. O habitus, para Bourdieu, é a estrutura.
Bourdieu faz uma relação entre estrutura e ação (coletivo e indivíduo, objetivismo e subjetivismo).
O habitus inicial permanece com a gente, é muito forte.
Biografia -> o pai do Bourdieu era carteiro e a mãe era de uma família um pouco mais abastada; Bourdieu diz que o fato de não ter nascido em Paris trouxe um "racismo social" a ele, e que ele teve que superar isso; Ele fez textos sobre sociologia, antropologia, etc. Ele passa por muitas áreas. Ele foi uma pessoa muita engajada, e participou de guerra.
Livro importante -> "A Distinção".
Espaço social -> é a sociedade, Princípios de diferenciação múltiplos. 
O espaço social é multidimensional em termos de desigualdade.
O espaço social possui uma complexidade na diferenciação/divisão (diversas elementos da dominação).
Capital -> existem vários tipos de capital, diferentemente de Marx, onde é um dinheiro investido na produção (logo uma relação social, pois implica na relação entre proprietários e assalariados).
- Capital econômico: conjunto de bens econômicos (renda, salários, imóveis) e fatores de produção (terra, trabalho).
- Capital cultural: saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos; educação, aparência, vestimenta, forma de falar, intelecto.
- Capital social: conjunto de relações sociais que podem proporcionar oportunidades (que podem ser revertidas em capital).
- Capital simbólico: prestígio/honra; rituais que passam poder.
Classe alta (burguesia) -> detém todos tipos de capital.
Classes:          *critério -> volume e composição de capital
- burguesia
- pequena burguesia -> possuem capital econômico
- populares -> totalmente desprovidos de capital
Campo -> espaço aonde a dinâmica das relações sociais ocorre; é parte do espaço social; é a própria divisão social; é como a sociedade se organiza.
Campo econômico, campo jurídico, campo intelectual, campo religioso, campo artístico, etc.
É um espaço de luta, competição. Cada um entra num campo. O agente social entra num campo com um habitus e determinados tipos de capital. Cada campo tem seu critério de reconhecimento. Os que têm maior reconhecimento são os dominantes em cada campo.
Ele supõe luta dentro dos campos para ser dominante.
Habitus -> certas disposições/atitudes; inclinação para a percepção do mundo com o processo de socialização. 
- Ethos -> morais, éticas
- Hexis corporal -> postura
- A educação escolar não é neutra, ela reproduz os valores e referências que a classe dominante acha fundamental.
MAX WEBER: 1864-1920
Alemão; vem de uma família com alto capital cultural; na casa dele corria muita discussão. Weber, como os outros, teve ampla formação humanista. Ele era protestante.
abordagem sociológica -> individualista (esta é a metodologia dele)
Para ele, os fenômenos sociais só podem ser explicados a partir do indivíduo (sentido que o indivíduo atribui a sua ação).
É uma sociologia compreensiva.
1. Ação social e relação social
2. Estratificação social: divisão do poder na comunidade (classes, estamentos e partido).
3. Poder e dominação, Estado.
Ação social é toda conduta humana dotada de um sentido subjetivo (expectativa, motivo, intenção).
Essa ação pode ser um ato, uma omissão, uma permissão, uma tolerância.
A ação social é uma ação que se orienta pela ação dos outros, estes que podem ser indivíduos conhecidos e determinados ou desconhecidos e indeterminados.
A ação social é referenciada no passado, no presente e no futuro.
Ação é social porque vivemos em sociedade. O homem, por ser racional, atribui sentido a suas ações, por mais inconsciente que seja isso. Esse sentido é em termos de probabilidade (suposição). Existe uma expectativa de como o outro vai agir, uma coisa pré - definida.
A ação pode estar ligada ao passado, ao presente e ao futuro.
O que não é ação social -> ações que acontecem sem intenção, por exemplo. 
Tudo que você faz mecanizado não é ação social.
Tipos:
1. Ação social racional com relação a fins
2. Ação social racional com relação a valores
3. Ação social afetiva
4. Ação social tradicional
1. Ação social racional com relação a fins -> tipo de ação social que tende a predominar nas relações sociais contemporâneas ocidentais. Você tem determinado objetivo, e você faz uma adequação entre meios e fins. Aí você tem que avaliar os meios disponíveis, ver quais são os mais eficazes para atingir os fins.
Fins são os objetivos. A adequação entre meios e fins é guiada por uma razão instrumental (como instrumentalmente eu posso obter o que eu quero, não importando a ética).
2. Ação social racional com relação a valores -> o motivo que o leva são convicções/valores (políticas, religiosas, éticas, etc). As convicções em primeiro lugar.
3. Ação social afetiva -> movida por emoções; o que move o indivíduo é o emocional.
4. Ação social tradicional -> o que move o indivíduo são as tradições. Weber diz que grande parte das nossas ações advém da tradição, de hábitos arraigados.
Relação social-> ação entre 2 ou mais pessoas reciprocamente orientadas.
Tipos de relação social
- provisória -> o casamento atualmente tende a ser uma relação social provisória
- permanente -> o casamento antigamente era uma relação social permanente
- pode variar de conteúdo -> uma relação de amizade pode se transformar em uma relação de amor, ou uma de amor por uma de ódio
- comunitária -> as pessoas compartilham valores, solidariedade; ideia de comunidade
- societária -> relações sociais baseadas no mercado (interesses)
2. Estratificação social
Diferenças/divisão entre indivíduos e grupos. Tipos:
- ordem (dimensão) econômica -> representada pela riqueza/classe. É uma relação entre o indivíduo e o mercado, em termos de rendimento. É a capacidade do indivíduo usufruir de bens e serviços no mercado. O rendimento pode vir do fato de ser proprietário privado, ou mesmo assalariado. Está ligado a habilitações, como o indivíduo se coloca no mercado.
- ordem (dimensão) social -> representada pela honra/prestígio/status. Tem a ver com a posição que grupos de indivíduos ocupam na sociedade. Essa posição leva esses grupos a desfrutar de prestígio. A ordem social tem a ver com grupos que possuem determinada postura, costumes, linguajar. Weber está querendo dizer que você pode ser um Rei arruinado mas que terá ainda prestígio. 
- ordem (dimensão) política -> representada pelo poder. Tem a ver com o poder que os indivíduos têm ao possuir determinadas funções políticas, que são os partidos.
Ele quer explicar o elemento primordial da divisão de cada época da história. Essas ordens são autônomas, embora possam aparecer combinadas.
Para Marx, existe uma relação necessária entre poder econômico e poder político. Para Weber, não. As instâncias podem aparecer separadas ou combinadas.
Weber define classes por meio do mercado (rendimento, renda). Já a divisão da sociedade (estratificação social) depende das três ordens. Os indivíduos podem se diferenciar pelas 3 ordens separadas ou pela combinação delas.
------
20/maio (quarta)
Estudo dirigido:
GIDDENS, Anthony
Sociologia
Capítulo: Crime e desvio
12 ptos
------
Weber
Racionalização -> sociedades contemporâneas ocidentais (economia capitalista) -> processo crescente de racionalização=razão
relacionada ao desenvolvimento da ciência, ao conhecimentotécnico - científico. 
"Desencantamento do mundo" -> antes o mundo tinha mistérios, coisas sem explicação. À medida que o conhecimento científico se desenvolve, qualquer fenômeno (natural ou social) pode ser explicado (ou quase todos).
Essa racionalização se manifesta na vida coletiva de forma que "consiste na organização da vida através da divisão do trabalho e coordenação das diversas atividades com base em estudo preciso das relações entre os homens com seus instrumentos e seu meio, com vistas à obtenção de maior eficácia e rendimento".
No fundo ela tem a ver com a divisão do trabalho, com uma hierarquia que é criada com fim de controlar as diversas atividades e tem a ver com normas. A vida coletiva tem caráter impessoal.
O Estado é manifestação do processo de racionalização das sociedades modernas/contemporâneas. Ele é uma forma de dominação, que tem normas explícitas (Constituição/leis), divisão de poder (legislativo, executivo, judiciário), hierarquia, aparato militar (para manter a ordem interna e proteger as fronteiras).
Para Marx, o Estado tem caráter negativo, uma vez que sempre representa os interesses do capital. Para Weber, o Estado é uma organização administrativa que é uma manifestação de racionalização.
Para Weber, poder e dominação são diferentes. 
Poder -> "Oportunidade de um indivíduo ou grupo de fazer triunfar em uma relação social sua própria vontade contra resistência"
Dominação -> "Refere-se à possibilidade de indivíduo ou grupo impor sua vontade, encontrando pessoas dispostas a obedecer às ordens que lhes são dadas"
Ou seja, poder é uma relação social na qual há o uso da força, é de caráter autoritário. A dominação tem legitimidade, não tem uso da força. Na dominação tem reconhecimento da autoridade que ordena.
Tipos de dominação (legitimidade)
- Dominação tradicional -> a base da legitimidade são as tradições, os costumes. Quem obedece acredita na superiodade de quem ordena.
- Dominação carismática -> alguém que tem "dom", qualidades excepcionais, oratória, "faz milagres", arrebanha multidões. Isso tende a aparecer em momentos de crise. É alguém que tem a capacidade de captar a insatisfação das massas. Ele tem sempre um aspecto revolucionário, propõe mudanças, onde tem-se identificação das pessoas. A base da legitimidade aqui é a fidelidade ao líder, que tem carisma.
- Dominação legal -> a base da legitimidade é o "estatuto" (leis, Constituição).
Burocracia -> uma forma de administração racional dentro da dominação legal.
Interpretações sobre burocracia:
1. Forma de administração disfuncional -> exagero de normas regulamentadas, falta de iniciativa, levando a uma ineficiência na administração pública ou privada (quando um caso sai da regra, o problema fica sem solução)
2. Forma de administração anti-democrática -> concentração das decisões nas mãos de poucos. Ou seja, burocracia se opõe à democracia. A decisão fica pra uma minoria. É uma centralização de poder.
3. Forma de administração eficaz -> oposto ao nosso senso comum no Brasil.
Características, para Weber:
Existência de regras (normas de funcionamento); relações de autoridades (sistema hierárquico); esferas de competência claramente definidas (setor financeiro, setor de compras etc); divisão de trabalho muito bem definida (poder legislativo, executivo e judiciário); separação precisa entre pessoa e cargo; o pessoal empregado é livre, contratado pelas suas qualificações, técnicas específicas, recebem 1 salário e tem carreira regulamentada.
A burocracia democratiza, teoricamente, pois só é necessário cumprir um pré-requisito para competir os cargos. Ela nivela as diferenças existentes. Porém, ela acaba levando a um processo de meritocratização da sociedade. Ou seja, ela acaba centralizando as decisões.