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Direito Penal Anotações Parte Especial

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Penal – Dia 28/04/2015 – terça-feira
Art. 121/CP - Homicídio: eliminação da vida humana extrauterina (intra é aborto), provocada por outra pessoa. Qual é o elemento objetivo, o objeto jurídico e o material?
O objeto jurídico é o que se protege, a vida humana. O material é sobre quem recai a conduta, sobre a pessoa viva (se morto é crime impossível).
Espécies:
Homicídio simples - Pena reclusão de 6 a 20 anos; “Caput”
Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Homicídio privilegiado – causa de diminuição de pena, de 1/6 a 1/3; Parág. 1º
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado – Pena de 12 a 30 anos. Parág. 2º.
 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio culposo – Pena de detenção 1 a 3 anos. par. 3º.
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos.
A competência para julgar crime doloso contra a vida é do tribunal do júri (a,b,c).
O culposo é do juiz singular (d).
Quem reconhece o privilégio ou a qualificadora são os jurados. Quem aplica a pena é o juiz singular, de acordo com o que foi julgado, reconhecido pelo tribunal do júri, não pode julgar contrário ao que decidiu o júri, está vinculado, é a soberania dos vereditos. Se o jurado reconheceu a qualificadora já parte do mínimo do qualificado 12 a 30 anos, se foi privilegiado na terceira fase observa a diminuição de pena.
Crimes dolosos contra a vida: homicídio doloso, participação no suicídio, infanticídio e o aborto. Do art. 121 ao 128.
Aborto 124, 125, 126, 127, são 4 tipos.
O tribunal do júri julga outros crimes quando forem conexos (estiverem vinculado) a competência é visa atrativa, vai atrair o outro crime para o tribunal do júri.
A competência para julgar o crime de homicídio doloso é do tribunal do Júri. Compete ao tribunal do júri julgar apenas os crimes dolosos contra a vida.
São crimes dolosos conta a vida: 
Homicídio doloso;
Participação em suicídio;
Infanticídio;
Aborto.
Obs.: todos os crimes conexos ao homicídio também serão julgado pelo tribunal do júri, isso porque, a competência do tribunal do júri é atrativa (vis atractiva).
Obs.: Latrocínio é roubo qualificado, não é julgado no tribunal do júri, roubo qualificado pelo resultado morte. A competência é do juiz singular.
O crime de latrocínio está previsto no art. 157, parág. 3º, 2ª parte, do CP. Trata-se de crime de roubo qualificado pelo resultado morte.
Por não se tratar de crime doloso contra a vida, mas sim de crime contra o patrimônio, a competência para o julgamento não será do tribunal do júri, mas sim do juiz singular (juiz de direito de 1ª instância). É o que dispõe a súmula 603 do STF (A	competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri).
O homicídio culposo também é de competência do juiz singular. Não é o de praticado na direção de veículo automotor.
Em se tratando de homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor, aplica-se o art. 302 da Lei 9.503/97 (Código nacional de trânsito). Se o veículo for utilizado como uma arma ai volta para o código penal.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
        Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o  No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:   (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;  (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;  (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;  (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.  (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
§ 2o  Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente:  (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.  (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Caso o veículo seja utilizado como instrumento do crime de homicídio, estaremos diante de um homicídio doloso previsto no código penal.
Dolo eventual: não quero, mas se matar, matou.
Na embriaguez e no racha há orientações que é crime doloso, dolo eventual. Já ocorreu uma forte tendência, hoje não é tão grande. Hoje é dividido, há quem entenda que é crime culposo. A saída era pegar o art. 302 e acrescentar uma qualificadora, ou aumento de pena, acabaria a discussão.
Obs.: Guilherme Nuti admite a tentativa no dolo eventual. 
Os tribunais vêm reconhecendo a figura do dolo eventual no caso de homicídio praticado na direção de veículo automotor em situações de racha e embriaguez.
Há orientação, no entanto, no sentido de se reconhecer o homicídio culposo no CTB mesmo nas situações de racha e embriaguez.
O homicídio simples, em regra, não será considerado hediondo, salvo se praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por uma única pessoa (uma única pessoa desse grupo).
Homicídio qualificado sempre será hediondo. A lei dos crimes hediondos (Lei 8.072/90) prevê que a progressão de regime ocorrerá em 2/5 para o não reincidente e em 3/5 para o reincidente em crime hediondo.
A lei também prevê que o livramento condicional ocorrerá com o cumprimento de mais 2/3 da pena.
A Lei prevê ainda que, independente da pena aplicada, o regime inicial será sempre o fechado.
A prisão temporária será de 30 dias prorrogável por mais 30. A regra geral é 5 por mais 5.
Sujeito passivo do homicídio pode ser qualquer pessoa (desde que viva).
Sujeito ativo qualquer pessoa, trata-se de crime comum.
O homicídio admite participação e coautoria.
Autoria colateral: ocorre quando duas ou mais pessoas querem cometer o mesmo crime e agem ao mesmo tempo, sem que um conheça a intenção do outro, e o resultado morte decorre da conduta de um só dos agentes, que é identificado no caso concreto. Consequência: o que foi identificado responde por homicídio consumado; os demais irão responder por homicídio tentado. 
Autoria incerta: ocorre quando dentro da autoria colateral não se descobre quem deu causa a morte. Consequência: ambos respondem por homicídio tentado.
Autoria indeterminada: quando a suspeita não recai sobre qualquer pessoa.
Dia 29/04/2015 – quarta-feira
Crime impossível: ele afasta a tentativa, ele é chamado também de tentativa inadequada.
- impropriedade absoluta do objeto material (aquilo sobre o que recai a conduta do agente ex.: pessoa morta);
- ineficácia absoluta do meio empregado, ex.: arma não dispara.
Obs.: a relatividade leva à tentativa.
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - Não se pune
a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Consumação do homicídio: com a morte. De acordo com a Lei 9434/97 (Lei de doação de órgãos e tecidos), a morte ocorre com a cessação da atividade encefálica (o art.2º, § único).
Art. 2º - Parágrafo único. O SNT (sistema Nacional de Transplante) tem como âmbito de intervenção as atividades de conhecimento de morte encefálica verificada em qualquer parte do território nacional e a determinação do destino dos tecidos, órgãos e partes retirados.
Tentativa: Quando o crime não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente (art.14, II do CP).
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A tentativa é uma causa de diminuição de pena e, portanto, será levada em consideração na 3ª fase da aplicação da pena.
Espécies de tentativa:
Tentativa perfeita ou acabada: quando o agente pratica todos os atos executórios do crime;
Tentativa imperfeita ou inacabada: quando o agente, por circunstâncias alheias, não consegue praticar todos os atos executórios que estavam a sua disposição;
Tentativa branca ou incruenta: ocorre quando o agente pratica os atos executórios, mas a vítima não é atingida;
Tentativa cruenta: ocorre quando a vítima é atingida.
Ponto em comum: o crime não se consumou, tenho início de execução, não consumação do crime por circunstâncias alheias. Posso ter uma perfeita incruenta, ou cruenta.
Requisito da tentativa:
Início da execução de um crime;
Não consumação do crime;
Por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Não confundir tentativa (quer matar e não consegue) com progressão criminosa (começa um crime e decide cometer o outro de maior gravidade).
Progressão criminosa: ocorre quando o agente decide cometer determinado crime e, durante a execução deste crime altera o dolo e decide praticar crime de maior gravidade, ex.: a princípio queria praticar lesão corporal e durante a execução deste crime altera o dolo e decide matar.
Lesão corporal seguida de morte: é um crime preterdoloso. Ocorre quando o agente age com dolo de praticar lesão corporal, mas acaba culposamente dando causa à morte. Trata-se de um crime de lesão corporal qualificado pelo resultado morte. O agente age com dolo no antecedente e com culpa no consequente. É o denominado crime preterdoloso.
Desistência voluntária: (art.15, CP) ocorre quando o agente inicia a execução do crime, mas por ato voluntário desiste de prosseguir na sua execução. Neste caso responde pelos atos até então praticados (ou a cessa a pedido ou influência de 3º).
Desistência voluntária e arrependimento eficaz(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Não confundir desistência voluntário com tentativa. Na desistência o agente pode prosseguir com a execução do crime, mas não quer. Na tentativa o agente deseja continuar com a execução dos atos, mas não pode.
Arrependimento Eficaz: é perfeitamente conciliável com o homicídio; o agente pratica todos os atos executórios, mas em seguida adota alguma medida capaz de impedir que o crime se consuma.
Por outro lado, não podemos conciliar o homicídio com o arrependimento posterior, já que este ocorre após a sua consumação.
Arrependimento posterior(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Homicídio privilegiado: art. 121, § 1º, CP
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
- Motivo de Relevante valor social (está relacionado ao interesse da coletividade, age como se fosse um herói, todo mundo queria fazer);
- Motivo de relevante valor moral (motivação íntima, particular, do próprio sujeito ex.: eutanásia);
- sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida (não é imediatamente após, há uma flexibilidade, o período admitido é enquanto perdurar a violenta emoção) a injusta provocação da vítima (emoção estado que explode momentaneamente, a emoção é passageira, transitória, é diferente da paixão, a paixão é arraigada, perdura no tempo, é duradoura).
Natureza jurídica: Causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3. É um poder dever, um direito subjetivo do réu. Pode significa o quantum da diminuição, a faculdade do juiz é no montante da diminuição de 1/6 a 1/3.
Todas as causas de homicídio privilegiado são de natureza subjetiva.
Não confundir o privilégio com a atenuante genérica do art. 65, “c”, do CP (cometido o crime sob a influência de violenta emoção provocado por ato injusto da vítima).
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
O privilégio exige que o agente esteja sob o domínio de violenta emoção, ao passo que a atenuante exige que o agente esteja apenas sob a influência de violenta emoção. O privilégio exige reação imediata, já a atenuante não.
Dia 05/05/2015 – terça-feira
Dúvida: o crime preterdoloso (lesão corporal seguida de morte) tem dolo no antecedente e culpa no consequente, como a morte ocorreu por culpa o Tribunal responsável pelo julgamento será o juiz singular? Ou neste caso aplica-se o tribunal do júri?
Resp.: juiz singular.
Homicídio Qualificado – art. 121, §2º, CP:
- Quanto aos motivos – I e II;
- Quanto aos meios empregados – III;
- Quanto ao modo de execução – IV;
- Por conexão – V;
- Feminicídio – VI.
I – Mediante paga promessa de recompensa ou outro motivo torpe.
Pratica o homicídio por motivo paga promessa de recompensa (oferece o dinheiro para cometer o homicídio), este é chamado de homicídio mercenário, de um lado eu tenho o mandante e do outro o executor. A qualificadora se estende ao mandante? É pessoal ou elementar art. 30, CP, diz que não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal salvo quando elementares do crime. Executor é considerado o autor, o mandante é considerado partícipe.
Elementar é todo componente da figura típica que se retirar faz aparecer outro crime ou desaparecer. Ex.: peculato (funcionário público) se retirado vira apropriação indébita, é uma elementar. A elementar mexe com a tipicidade.
A circunstância só serve para alterar a pena, com ela ou sem o crime é o mesmo. Furto de dia ou noite é furto, é um dado acessório, não mexe com tipicidade só com a pena.
Assim com a paga ou sem o crime continua sendo homicídio, não mexo com a tipicidade. Dessa forma ela não é uma elementar é uma circunstância que aumenta a pena. O pagamento é motivo do crime e motivo é uma circunstância pessoal, matou para receber dinheiro, está ligada ao agente, o que levou a matar foi o recebimento de dinheiro. É sempre de caráter pessoal.
Teoria restritiva autor é só quem pratica o verbo. O executor vai responder pelo 121, §2º, I (crime qualificado) de 12 a 30 anos é hediondo, mandante
art. 121 (homicídio simples), de 06 a 20 anos. Devido a essa injustiça surgiu uma teoria chamada Teoria do domínio do fato, para esta teoria autor não é apenas o que pratica o verbo, mas todo aquele que detém o controle finalístico da ação, tem o poder de mando, manda executar ou cessar, tem todo domínio, como o mandante. Por isso não precisa mais verificar se é circunstância e elementar, assim a qualificadora aplica-se aos dois, ela é aplicada no Brasil hoje. Hoje mandante não é partícipe é autor.
Texto: nos termos do art. 30 do CP a paga e a promessa de recompensa são consideradas circunstâncias de caráter pessoal, não se comunicando a coautores e partícipes.
Para a teoria restritiva, executor é considerado o autor, ao passo que o mandante é considerado partícipe. Dessa forma, aplicando-se o art. 30, o executor responderia na forma qualificada, ao passo que o mandante responderia na forma do homicídio simples.
Para teoria do domínio do fato, autor não é apenas aquele que pratica o verbo do tipo, mas todo aquele que detém o controle finalístico da ação; é todo aquele que detém o poder de mando; é aquele que detém o poder de ordem e que possui o controle final da ação. De acordo com essa teoria, o mandante também será considera autor e, por conta disso, também responderá na forma do homicídio qualificado.
Pergunta: a paga e a promessa de recompensa são considerados ou não motivo torpe?
Por não ter como descrever todas as formas de torpeça deu 2 exemplos (sequência casuística) e após lanço uma forma genérica chamada de interpretação analógica. Torpe é motivo repugnante, motivo vil. A torpeza é uma qualificadora, não dá pra descrever todas. Exemplo matar pra ficar com a herança do pai, neste caso tenho a qualificadora do motivo torpe, causas que se assemelham a elas serão consideradas motivos torpes.
Texto: a paga e a promessa são considerados motivos torpes.
O legislador, diante da impossibilidade de descrever todas as formas de torpeza, lançou mão de uma sequência casuística (paga ou promessa de recompensa) e em seguida lançou mão de uma fórmula genérica (ou outro motivo torpe), de forma que a fórmula genérica deve ser interpretada de acordo com a sequência casuística. A isso se dá o nome de interpretação analógica. Assim, aquele que mata o próprio pai para ficar com a herança não agiu por motivo de paga ou promessa de recompensa, mas a motivação é tão repugnante, vil e desprezível quanto elas. Trata-se, portanto, também de motivo torpe.
Não confunda motivo torpe com motivo fútil
II - Motivo fútil (segunda qualificadora)
É aquele insignificante, de pequena importância, ex.: por conta de uma discussão no trânsito (motivos desproporcionais entre a ação e a causa). Há casos em que temos dúvida se é fútil ou torpe, mas não tem problema porque ambos são qualificadoras; já o motivo torpe é aquele que causa indignação, repugnância; a torpeza é o motivo vil, desprezível. A ausência de motivo não leva ao reconhecimento da qualificadora do motivo fútil.
A vingança, por si só, também não leva ao reconhecimento do motivo fútil ou torpe; tudo vai depender da causa que a originou.
O ciúme não caracteriza motivo fútil.
A existência de uma discussão forte, antes do cometimento do crime, afasta o motivo fútil, ainda que a discussão tenha se iniciado por um motivo de pouca importância, ex.: mesa de baralho, discute, briga e mata. Isso é tese de defesa.
Dia 06/05/2015 – quarta-feira
- Quanto aos meios empregados – III;
III – “Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum”.
Emprego de veneno:
Veneno só qualifica quando inoculado na vítima e ela não perceba, se segurar e aplicar uma injeção estaremos no meio cruel e não mais no veneno, será qualificado também. Algumas substâncias podem ser venenos para um e para outras não, como o açúcar pro diabético.
O homicídio praticado com emprego de veneno recebe o nome de venefício.
Para qualificar o crime o veneno deve ser inoculado de forma insidiosa, sem que a vítima perceba.
Caso seja inoculado com emprego de violência física estaremos diante do emprego da qualificadora do meio cruel.
Algumas substâncias podem ser consideradas venenosas apenas para algumas pessoas, a exemplo do açúcar par ao diabético. É de forma subjetiva, leva em consideração as condições da vítima.
Emprego de fogo:
O fogo também irá qualificar o homicídio, mas para tanto é necessário que seja considerado a causa da morte, caso haja prejuízo alheio causado pelo fogo, o dano ficará absorvido pelo homicídio, já que não existe a previsão do dano na forma culposa.
Emprego de explosivo
Assim como no fogo caso decorra prejuízo ao terceiro, o dano também ficará absorvido pelo homicídio. 
O crime de explosão por si só gera perigo comum a um número indeterminado de pessoas.
Emprego de asfixia:
Aquilo que causa o impedimento da função respiratória. Há várias formas:
1 – asfixia mecânica
Esganadura: o agente, com seu próprio corpo, comprime o pescoço da vítima. Ex.: mão, mata leão, joelho, perna no pescoço, qualquer força feita com o próprio corpo.
Estrangulamento: é a própria força do agente atuando através de objetos. Ex.: barra de ferro, pedaço de pau, fio etc.
Enforcamento: é a força da gravidade que faz com que o peso da vítima cause a sua morte. Ex.: pescoço da vítima envolto por uma corda. Obs.: quando morre enforcado, a vítima ejacula.
Sufocação: é a utilização de algum objeto capaz de impedir a entrada de ar nos pulmões. Ex.: travesseiro, algodão, saco plástico etc.
Soterramento: imersão em meio sólido. Ex.: enterrar alguém vivo, desde que não esteja dentro de uma caixa, que ai é confinamento, falta de ar naquele ambiente.
Afogamento: imersão em meio líquido.
Imprensamento: também conhecido como sufocação indireta. Ex.: coloca um peso sobre o corpo da pessoa e impede o movimento do diafragma, não consegue movimento de respiração. Impedir o movimento respiratório colocando, por exemplo, um peso sobre o tórax, impedindo o movimento do diafragma.
2 – Asfixia tóxica:
Uso de gás asfixiante: ex.: monóxido de carbono (mangueira ligada ao escapamento do veículo em local fechado).
Confinamento: trancar alguém em ambiente fechado impedindo a troca de ar com o ambiente externo. Ex.: preso tenta fugir e prendeu eles numa cela só, alguns morreram por impresamento e outros por confinamento falta de ar.
Tortura: 
A lei da tortura prevê que se dela resultar morte; aqui a tortura é empregada para matar é o meio de execução do crime, há o dolo da tortura e o dolo do homicídio; na lei da tortura ocorre o dolo na tortura e culpa no homicídio, na lei de tortura a morte não é desejada, tenho um crime preterdoloso. Aqui o crime é doloso.
A tortura, como qualificadora do homicídio, é empregada como meio de execução do homicídio; o agente age com o dolo de matar; a tortura é utilizada como meio de se atingir o resultado morte.
A lei de tortura prevê o resultado morte, mas aqui a morte se dá de forma culposa. O agente age com o dolo de torturar, mas o resultado morte ocorre de forma culposa; trata-se de crime preterdoloso, onde o agente age com dolo no antecedente (tortura) e com culpa no resultado agravador (morte).
Meio insidioso: 
É o meio ardiloso, fraudulento, que mata a vítima sem que ela perceba, como no veneno. Ex.: corta a mangueira do freio do carro.
Assim como no inciso anterior, o legislador também se utilizou da interpretação analógica. Lançou mão de uma sequência casuística, a exemplo do veneno, do fogo, do explosivo, da asfixia e da tortura e em seguida lançou mão de uma fórmula genérica (“outro meio insidioso”, a exemplo do veneno; “ outro meio cruel”, a exemplo do fogo, da asfixia e da tortura; “ ou outro meio que possa resultar perigo comum”, a exemplo do explosivo e também o fogo, é que este também pode resultar perigo comum, pessoas expostas aquela situação de risco).
Dia 12/05/2015 – terça-feira
- Quanto ao modo de execução – IV;
Art. 121, §2º
IV – Traição, emboscada ou mediante dissimulação
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima.
 modo de execução do crime;
 Natureza Objetiva.
Diz respeito ao modo de execução do crime, essas qualificadoras são de natureza objetiva (relacionadas ao fato).
Traição: Pessoa que está próximo, pessoa que você confia e te apunha-la pelas costas. 
Aproveitar-se da prévia confiança que a vítima deposita no agente para praticar homicídio, para matá-la. Ex.: mulher que mata marido dormindo.
Emboscada: é o sinônimo da tocaia, o sujeito se esconde esperando a vítima.
É sinônimo de tocaia; significa aguardar escondido a passagem da vítima para matá-la.
Mediante dissimulação: é o uso de um artifício para se aproximar da vítima. A dissimulação pode ser:
- Material: ocorre com o uso de disfarces, fantasias para se aproximar da vítima. Ex.: usa uma roupa de funcionário da CPFL. Dissimulação é o sujeito que se utiliza do disfarce.
- Moral: a pessoa se utiliza da palavra para se aproximar da vítima, por exemplo: falsas juras de amor ou de amizade, visando ganhar a confiança.
Mais uma vez trouxe a interpretação analógica, alguns exemplos e após fórmulas genéricas. Se for surpresa embora não esteja na sequência casuística está na forma genérica, pois é um meio semelhante, que assim como os demais dificulta ou torna impossível a defesa da vítima.
O legislador mais uma vez lançou mão da interpretação analógica. Trouxe uma sequência casuística (traição, emboscada e dissimulação) e em seguida trouxe uma fórmula genérica (ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima), sendo que a fórmula genérica deverá ser interpretada de acordo com a sequência casuística. 
Dessa forma, a surpresa, que não se encontra na sequência casuística também irá qualificar o homicídio por se enquadrar na fórmula genérica.
Qual a diferença entre a interpretação analógica e analogia? Na interpretação analógica tenho a norma, sim, ocorre dentro de uma norma, interpreto a norma que existe, na analogia não tenho norma, eu tenho um fato, mas não tenho a norma, procuro um caso semelhante regulamentado por uma norma, utilizo desta norma que regula o fato semelhante para aplicá-la ao fato correlato.
Analogia in bonan parte um exemplo que era assim hoje não é mais. Se a mulher fosse vítima de estupro e engravidasse poderia ocorrer o aborto de forma legal, mas não dizia nada da gravidez do atentado violento ao pudor. No estupro há a conjunção carnal, se não ocorresse era atentado violento ao puder, a lei não previa se resultado do AVP, como são situações semelhantes, o juiz utilizava a norma do estupro e aplicava no caso do AVP. Hoje não se aplica porque não tem mais o crime de AVP, o Legislador pegou o tipo penal do AVP e jogou dentro do estupro, de forma que hoje é constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça à prática da conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso (homem ou mulher).
- Por conexão – V;
V – Para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.
Conexão Teleológica: Quando for para assegurar a execução de outro crime é chamada de conexão teleológica; Primeiro pratico o homicídio para assegurar a execução de outro crime. Primeiro homicídio depois outro crime.
Conexão é um vínculo, ou liame que liga um crime ao outro. Ex.: para sequestrar um rico empresário ele mata o segurança, pratico um homicídio para assegura o crime de extorsão mediante sequestro, serão julgados pelo tribunal do júri.
Conexão consequencial: Quando for para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime é chamada de conexão consequencial. O homicídio é posterior ao crime. Primeiro tenho outro crime e após o homicídio.
Pratico um crime e devo matar alguém para o crime permanecer oculto, ou pratico um crime e alguém viu, preciso mata-lo para preservar a minha impunidade. Ou vou matar alguém para assegurar a vantagem do crime anterior. Ex.: crime de roubo, um mata o outro para não ter que dividir.
Consequência todos serão qualificados e serão julgados pelo tribunal do júri.
VI – Feminicídio
Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
§2º-A – considera-se que há condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I – Violência doméstica e familiar;
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Importante frisar que não é homicídio contra qualquer mulher que vai qualificar, é apenas em duas situações quando o homicídio contra mulher envolver: violência doméstica ou familiar, ou quando envolver menosprezo ou discriminação a condição de mulher. Não precisam morar mais juntos (lei Maria da Penha). Namorado que mata namorada depende do namoro, se for sério, duradouro existe violência doméstica sim.
A lei Maria da penha não traz nenhum crime, ela diz qualquer crime que ocorre ou decorra de um vinculo familiar ou uma relação doméstica se enquadra na Lei Maria da Penha, ela traz recursos exemplo a medida protetiva de urgência. Pego o crime e combino com a lei Maria da Penha. Descumprimento de medida protetiva de urgência leva a prisão provisória. A lei traz uma situação que envolve situação doméstica e familiar.
A premeditação (planeja, orquestra) por si só não qualifica o homicídio. Parricídio significa matar ascendente. Filicídio matar o próprio filho. Matricídio matar a própria mãe. Feminicídio matar a mulher nessas condições anteriores.
Dia 13/05/2015 – quarta-feira
?Homicídio duplamente ou triplamente qualificado como funcionará a aplicação da pena?
1 das qualificadoras servirá para qualificar as demais serão agravantes 2ª fase, se acaso não tiver presente utilizo como circunstância Judicial 1ª fase.
Caso estejamos diante de um homicídio com mais de uma qualificadora, uma servirá para qualificar o crime, sendo que as demais serão consideradas circunstâncias agravantes ou circunstâncias judiciais.
?As qualificadoras elas se comunicam ao coator ou ao partícipe?
Motivo fútil e torpe não se comunicam porque é de ordem subjetiva, só se aplica ao executor do crime.
As qualificadoras de ordem subjetiva não se comunicam aos partícipes. As de natureza objetiva irão se comunicar caso seja de conhecimento do terceiro.
?O homicídio privilegiado, ele é de ordem subjetiva objetiva ou ambas?
As 3 são de ordem subjetivas.
?É possível a figura do homicídio privilegiado e qualificado?
Portanto quando a qualificadora for de ordem objetiva será possível, de ordem subjetiva não, ex.: relevante valor moral e ao mesmo tempo motivo fútil; são inconciliáveis.
A doutrina entende ser possível a figura do homicídio qualificado privilegiado quando a qualificadora for de ordem objetiva. Isso porque o privilégio sempre será de ordem subjetiva, e uma qualificadora de ordem subjetiva será inconciliável com o privilégio.
Dessa forma, não podemos reconhecer a figura do homicídio qualificado privilegiado no caso do sujeito matar por relevante valor moral e, ao mesmo tempo, por motivo fútil, tendo em vista que ambas são de ordem subjetiva.
Por outro lado, nada impede o reconhecimento do homicídio qualificado privilegiado no caso agente matar por relevante valor moral com emprego de asfixia, uma vez que a qualificadora tem natureza objetiva.
?Se ele é privilegiado qualificado, é hediondo?
Não será considerado hediondo, não aplica os rigores do hediondo.
Art. 121, §3 do CP – Homicídio culposo
Elementos 
1 – Conduta;Até aqui é doloso
Culposo tem mais os outros.
2 – Resultado;
3 – Nexo Causal;
4 – Tipicidade;
5 – Previsibilidade objetiva;
6 – Ausência de previsão;
7 – Falta do dever de cuidado;
	- imprudência;
	- Negligência;
	- Imperícia.
- Conduta: culposa; – Resultado: não desejado; – Previsibilidade Objetiva: prever que com aquela conduta causa um resultado, o que o homem normal prevê, deve ser ordinária, o que geralmente acontece, homem médio; – Ausência de previsão: o indivíduo não prevê; – Porque agiu com a falta do dever de cuidado.
Obs.: Na lei de trânsito aplico o art. 302, Lei 9503/97. Se não for aplico o código penal, agora se utilizou o veículo para matar alguém
aplico o código penal, pois ele usou como instrumento na prática do homicídio doloso.
Dolo eventual X culpa consciente
No dolo eventual resultado previsível, não quer o resultado, assume o risco do resultado, é o chamado dane-se, para ele é indiferente o resultado.
Na culpa consciente resultado previsível, não quer resultado, não assume o risco, descarta o risco porque confia na sua capacidade técnica.
O problema é que fica na esfera subjetiva (na cabeça do indivíduo). É muito difícil no caso concreto.
No dolo eventual, embora o agente preveja o resultado e não deseja a sua produção, o resultado para ele é indiferente. Assis Toledo, explicando o dolo eventual dispôs: “seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixarei de agir”. É o chamado “dane-se”.
Já na culpa consciente, também chamado de culpa com previsão, o resultado não é desejado e o agente não assume o risco da sua produção.
Em relação ao homicídio praticado na direção de veículo automotor, doutrina e jurisprudência dividem entendimento em relação à questão da embriaguez e do racha, hora se posicionando no sentido da existência do dolo eventual, hora se posicionando no sentido da culpa consciente.
Caso a conduta seja tipificada no dolo eventual, a competência para julgamento será do tribunal do júri.
Causas de aumento de pena no homicídio culposo
Art. 121, §4º: a pena aumenta de 1/3 (+1/3)
Quando o agente deixa de prestar imediato socorro a vítima;
Só se aplica no caso do homicídio culposo. 
O aumento não será aplicado:
- se a vítima está evidentemente morta;
- se a vítima foi socorrida imediatamente por terceiro;
- se existia risco a integridade física do autor do homicídio.
Só para casos que não seja no CTB (código de trânsito)
Se o agente foge para evitar o flagrante;
Se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato;
Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício.
Dia 19/05/2015 – terça-feira
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
O suicídio não é crime, crime é induzir instigar, prestar auxílio para alguém o praticar. Induzir: plantar a ideia na cabeça da pessoa; instigar: significa encorajar, incentivar (essas são formas de participação moral); auxilio: participação material, não pratica ato executório, esse auxilio não pode ser a causa direta da morte. Suicídio pressupõe ato voluntário, quem praticar é a vítima.
Explicação: por se tratar de crime doloso contra a vida, a competência para julgamento é do tribunal do júri, a doutrina denomina o crime de “participação no suicídio”.
Suicídio é a supressão voluntária e consciente da própria vida.
Havendo violência ou ameaça por parte de outrem o crime será de homicídio. Pois elas retiram a voluntariedade da conduta.
A fraude exclui a consciência em relação ao suicídio, e o agente responderá por homicídio, ex.: adicionar veneno na bebida de alguém e convencê-lo a tomar.
Elementos objetivos:
- induzir: significa plantar a ideia do suicídio na cabeça da vítima;
- Instigar: significa encorajar, incentivar; a ideia do suicídio já existia na cabeça da vítima;
- auxílio: o agente colabora com a própria prática do suicídio, por exemplo, emprestar a corda, a armar, o veneno etc. O auxílio deve ser ato acessório do suicídio, e não a sua causa direta, sob pena do agente responder por homicídio.
O induzimento e a instigação são formas de participação moral, ao passo que o auxílio é forma de participação material.
Quantas formas se têm? 3, o sujeito pode no mesmo contexto cometer os 3 atos do suicídio. Praticar um verbo ou os 3 é um crime único.
O tipo penal traz 3 formas de se cometer o crime (induzir, instigar e auxiliar), de forma que se o agente praticar uma ou mais de uma conduta no mesmo contexto responderá por crime único. É o denominado tipo misto alternativo ou de conteúdo variado.
É possível participação por omissão, sim quando tiver o dever jurídico de agir, aquele que podendo e devendo agir se omite responde pelo resultado, crime omissivo impróprio.
Damásio diz que não pode, porque os 3 verbos traz a ideia de ação (posição adotada pelo concurso de delegado aqui).
Participação por omissão:
1ª posição – responderia pelo crime quando houvesse o dever jurídico de agir e, podendo e devendo agir, viesse a se omitir (art. 13, §2º CP) tem um nome tema da relevância penal da omissão.
2ª posição – pelo fato dos 3 verbos trazerem uma ideia de ação, não se admite a forma omissiva, nem mesmo no caso do §2º do art. 13, CP (Damásio).
Sujeito Passivo:
Qualquer pessoa que tenha alguma capacidade de discernimento e resistência. Não podem ser vítimas desse crime crianças e pessoas com desenvolvimento mental retardado. Nesses casos o agente responderá por homicídio.
O crime só pode ser punido na forma dolosa (dolo direito e dolo eventual) dolo eventual ex.: roleta russa, não quero, mas assumo o risco dela se matar. O dolo eventual pode ocorrer na hipótese da roleta russa. 
Deve haver seriedade na conduta daquele que induz ou instiga alguém a cometer o suicídio. Se, por acaso, alguém por brincadeira diz pra outrem se matar, não há dolo.
Pelo fato do crime não admitir a forma culposa, livros ou músicas que possam estimular o suicídio não geram a responsabilidade por parte dos seus autores. Ademais, a vítima deve ser pessoa certa e determinada, ou um grupo certo e determinado (ex.: seita).
Deve haver nexo de causalidade entre o auxílio prestado e a forma pela qual a vítima se matou. Dessa forma, caso o agente empreste a corda e a vítima se mate com um tiro, não se aplica o art. 122, CP. A não se que a pessoa tenha induzido ou instigado anteriormente.
Em que momento o crime se consuma? Com o resultado morte ou com a lesão corporal grave, temos a consumação. Crime material, precisa de resultado. Admite-se a tentativa? Por falta de previsão legal é atípico, pois a lesão grave é uma forma de consumação e a leve não está prevista.
A consumação ocorre com a morte ou com a lesão grave. Caso ocorra apenas lesão leve, o fato será atípico. Dessa forma não será admitida a tentativa do crime de participação em suicídio.
Causas de aumento de pena:
A pena será duplicada:
Quando o crime for praticado por motivo egoístico (ex.: para ficar com a herança);
Se a vítima é menor. (doutrina diz menor de 18 e maior de 14anos. Se menor de 14 a doutrina entende haver homicídio).
Se a vítima, por qualquer causa, tiver diminuída sua capacidade de resistência, ex.: quando o agente se aproveita de estado de embriaguez ou depressão da vítima.
Caso a capacidade de resistência seja nula haverá o crime de homicídio.
Pacto de Morte.
Um incentiva o outro, o A abre a torneira do gás (sala fechada) e só o B vem a falecer. A responde por homicídio pois praticou ato executório. Se fosse A morte e B vivo seria participação em homicídio, Se o C foi o responsável pela abertura do registro, A morre e B sobrevive, B responde por participação e C por homicídio e tentativa. 
Hipótese:
A abre o registro, vindo somente B a falecer: A responde por homicídio doloso consumado;
Na mesma situação, apenas A vem a falecer: B responde por participação em suicídio;
Se C abre o registro, vindo apenas A a falecer: C responde por homicídio consumado em relação a A e tentativa de homicídio em relação a B, ao passo que B responderá por participação em suicídio em relação a A.
A ação penal é pública e incondicionada e, no caso de haver apenas o resultado lesão grave, haverá a possibilidade da concessão do sursis processual (a pena mínima não ultrapassa 1 ano), previsto no art. 89, da lei 9099/95.
Dia
20/05/2015 – quarta-feira
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Competência do tribunal do júri.
Estado puerperal: é um conjunto de alterações psíquicas que recai sobre a mulher em razão do fenômeno do parto, não existe antes do parto, não se confunde com depressão pós parto, pode ser uma forma; ela apresenta vários graus, desde um mais leve a um mais elevado que acaba se confundindo com doença mental.
Logo após? Até quando? Não tem prazo, varia de mulher pra mulher, o que vai dizer se estava ou não sob essa influência somente perícia médica. Enquanto ela estiver sob essa influência poderá praticar infanticídio.
Anotação – Estado puerperal é o conjunto de alterações psíquicas que envolvem a mulher em razão do fenômeno do parto. Quem vai concluir pela existência ou não do estado puerperal é o médico.
Em caso de dúvida sobre a existência ou não do puerpere, este deve ser reconhecido. Aplica-se o princípio do in dubio pró reo, rsponde por infanticídio.
Obs.: sentença de pronúncia: começa no juiz singular, ele diz que não tem competência pra isso, profere uma sentença de pronuncia e encaminha os autos pro juiz do tribunal do juri, In dúbio pro societati se existir dúvida se queria matar ou não (em caso de dúvida prevalece a sociedade), a sociedade decide se ele quis matar ou não. 
Para o reconhecimento do infanticídio a morte tem que se dar durante o parto ou logo após. Trata-se do elemento temporal do crime, ou seja, o crime só poderá ser praticado em um determinado momento. O parto se inicia com a dilatação do colo do útero, e termina com o nascimento completo. A expressão “logo após” poderá variar de acordo com o caso concreto, pois a duração do puerpere difere de uma mulher para outra.
O crime só pode ser punido na forma dolosa; não se admite o infanticídio culposo. Dessa forma, caso a mãe, sob a influência do puerpere e de forma imprudente vem a rolar sobre o filho (deitar) durante o sono, vindo este a falecer, a mãe responderá por homicídio culposo (majoritária).
Damásio entende que o fato é atípico, pois não seria razoável exigir daquela mulher uma conduta de cuidado de uma pessoa normal (minoria).
E se a mãe sob puerpere sai do quarto do hospital e vai até o berço para mata-lo, ela mata o filho de uma outra pessoa por engano?
Responde por infanticídio (erro de tipo – acidental, erro quanto à pessoa), responde como se tivesse matado a vítima virtual.
Caso a mãe, por engano, venha a matar filho de outrem acreditando ser o próprio filho responderá por infanticídio. Neste caso aplica-se o erro de tipo acidental na modalidade erro quanto à pessoa. De acordo com art. 20, §3º do CP, responde como se tivesse matado a vítima virtual.
A mãe sob a influência do estado puerperal mata o próprio filho de 14 anos?
Responde por homicídio. 
Sujeito ativo: a mãe sob a influência do estado puerperal.
1 – Mãe mata contando com auxílio de um 3º:
Pelo fato da elementar se comunicar o outro responde pelo mesmo crime.
Responde por infanticídio.
2 – Mãe e 3º matam:
Responde por infanticídio.
3 – 3º mata contando com o auxílio da mãe:
Pelo fato do 3º executar o crime, por questão de política criminal, não consegue explicar, (ambos responderiam pelo mesmo crime, seria injusto para mãe). Por justiça neste caso a mãe responde por infanticídio e aplica-se uma exceção a teoria monista por homicídio (teoria pluralista).
O crime é próprio ou de mão própria?
Próprio:	Participação (funcionário público)
		Coautoria
Mão própria:		Participação (falso testemunho)
			Coautoria (não se pode praticar o verbo) não admite coautoria
Como é possível participação e coautoria ele é crime próprio.
Trata de crime próprio, uma vez que o sujeito ativo será apenas a mãe que esteja sobre a influência do estado puerperal.
Sujeito passivo: somente o nascente ou o recém-nascido.
Dessa forma, caso a mãe sob a influência do estado puerperal venha a matar não o recém-nascido, mas um outro filho de idade mais avançada, responderá por homicídio doloso.
A competência para julgamento é do tribunal do júri.
A ação penal é pública incondicionada.
Se o artigo não dizer nada a ação é pública incondicionada;
Diferença entre infanticídio e abandono de incapaz com resultado morte
No infanticídio existe o dolo de matar e a mulher age em razão do estado puerperal, enquanto no abandono, o dolo é apenas de abandonar o recém-nascido, e o evento morte ocorre na forma culposa.
Se o resultado morte for previsível é dolo eventual, responde por infanticídio.
Dia 26/05/2015 – terça-feira
Aborto
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:  (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:  (Vide ADPF 54)
Aborto necessário ou terapêutico
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro, aborto humanitário ou sentimental
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Aborto natural e acidental não é punido, só se pune o criminoso, que é justamente o doloso, não existe no CP o aborto culposo, ele responde por lesão corporal culposa, por aborto não.
Aborto conceito: é a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção.
Pode ocorrer de forma natural (interrupção espontânea); acidental (culposo); criminoso ou legal.
Aborto natural e acidental não constitui crime.
O CP trata do aborto criminoso e do legal.
Auto Aborto: art. 124, CP
Ocorre quando a gestante pratica o aborto em si mesma ou quando consente que outrem lho provoque.
No auto aborto temos duas figuras, dois comportamento quando pratica nela mesma e quando ela consente que um 3º provoque nela, ex.: procura uma clinica abortiva. Se ela praticar nela sozinha responde pelo 124, se ela consentir é 124, o 3º responde pelo 126, é uma exceção a teoria monista, aplica-se a pluralista, prevê a conduta daquele que pratica o aborto com o consentimento da gestante, cada um responde por um crime autônomo (diferente).
É possível a participação no crime 124?
Se incentivar.
É possível coautoria?
Não cai no 126.
124 é de mão própria, porque ele não admite coautoria.
Uma amiga incentiva a praticar o aborto, responde por partícipe no 124?
A enfermeira que o auxilia responde por?
É partícipe no 126.
O CP, em relação ao concurso de agentes, adotou a teoria monista, segundo a qual todo aquele que de qualquer modo concorrer para pratica de um crime, responderá pelo mesmo crime. Dessa forma, aquele que praticasse o aborto com o consentimento da gestante, deveria responder também pelo art. 124. No entanto, como a conduta de praticar aborto com o consentimento da gestante está prevista num tipo penal autônomo, deverá ser aplicada neste caso, como exceção, a teoria pluralista, sendo que a gestante responderá pelo art. 124 e 3º art. 126.
O crime de auto aborto é considerado pela doutrina como sendo crime de mão própria. 
Esse crime admite participação, mas não admite a coautoria. Eventual coautor responderia pelo art. 126.
Quem é sujeito passivo 124?
O sujeito passivo do auto aborto será apenas o produto da concepção. Não se chama de feto porque feto é uma das espécies do produto da concepção.
Art. 125 – Praticar aborto sem o consentimento da gestante
A pena é de 3 a 10 anos de reclusão.
Em algumas situações o aborto é viciado no consentimento, ex.: fraude, ameaça etc.
Em alguns casos, o aborto é praticado com o consentimento da gestante, mas o legislador entendeu que nesses casos o consentimento deve ser considerado inválido. São as hipóteses tratadas no §. Único do art. 126, em que o agente responderá pela pena cominada no art. 125:
Quando houver violência, grave ameaça ou fraude, na obtenção do consentimento da gestante (a vontade é viciada);
Gestante menor de 14 anos ou alienada mental, nesse caso o consentimento também é viciado (não tem capacidade de discernimento).
Obs.: se neste caso b) a gestante praticar o auto aborto ele é atípico (alguns entendem assim), mas o agente responde pelo art. 125, outros entendem que por não ter sido feito por médico ela responderia pelo 124.
Suejito passivo o produto da concepção e a gestante.
Art. 126 – Praticar aborto com o consentimento da gestante
O consentimento não pode ser viciado, sob pena do agente responder pelo art. 125.
O sujeito passivo será apenas o produto da concepção.
Art. 127 – Qualificadora, mas é criticada porque é aumento
A pena será aumentada de 1/3 se do aborto ou dos meios empregados resultar lesão grave, ou duplicada se resultar a morte. Parâmetro para duplicar, depende, se for sem o consentimento da gestante é uma pena, se for praticado com o consentimento é outra pena.
Se o aborto for praticado com o consentimento da gestante o parâmetro para o aumento da pena no caso de ocorrer lesão grave ou morte, será a pena cominada do art. 126.
Caso o aborto seja cometido sem o consentimento da gestante, o aumento da pena, caso ocorra lesão grave ou morte, terá como parâmetro a pena cominada do art. 125.
Só há aumento no caso do crime preterdoloso, lesão grave ou morte da forma culposa, se for doloso tenho art. 121.
No doloso tenho concurso...?
Com uma única ação mata duas pessoas, concurso formal (exasperação da pena, exceto se for o impróprio), como ele queria matar as duas uso o impróprio (cumulo material), responde por aborto mais homicídio.
O aumento de pena só se aplica na hipótese do resultado agravador lesão grave ou morte ocorrer na forma culposa. Estamos diante de um crime preterdoloso, onde o agente age com dolo em relação ao aborto e com culpa no resultado agravador lesão grave ou morte.
Caso o agente, por meio de uma única ação, aja com a vontade deliberada de praticar aborto e a morte da gestante, responderá, na forma do concurso formal impróprio, por aborto e homicídio. Por se tratar de concurso formal impróprio, as penas serão somadas (critério do cumulo material).
Art. 128 – Aborto legalizado
Quando houver risco de vida a gestante (aborto necessário ou terapêutico).
Se o médico constatar que corre risco a gestante. Se for risco iminente de vida é estado de necessidade.
Requisitos:
Que seja feito por médico;
Que não haja outro meio para salvar a vida da gestante;
Se a gravides resultar de estupro (humanitário ou sentimental)
Requisitos:
que seja feito por médico;
que a gravidez seja resultado de estupro;
que haja o consentimento da gestante, ou , se incapaz, de seu representante legal.
Obs.: em ambas as hipóteses não se exige autorização judicial.
E se o médico foi enganado (forjou o B.O. de estupro)?
O médico nada responde.
Caso a gestante minta ao médico sobre o estupro, responderá por aborto e falsa comunicação de crime.
Aborto eugênico, ou e eugenésico: refere-se ao aborto feito em razão de alguma anomalia ou doença do feto. Esse aborto não é permitido em nosso ordenamento jurídico, mas em alguns casos o juiz poderá autorizar (ex.: anencefálico).
Competência para julgamento: tribunal do júri, por se tratar de crime doloso contra a vida.

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