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Recurso de Apelação em Ação de Obrigação de Fazer

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS
Processo no :...
GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO S.A., pessoa jurídica de direito Privado, CNPJ nº .., com sede administrativa na cidade de ..., Rua..., nº ..., Bairro ..., no Estado de ..., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art., interpor 
RECURSO DE APELAÇÃO
em face da sentença de fls. ..., que julgou parcialmente procedente a ação, condenando em face da sentença de fls. ... a apelante ao pagamento de indenização por perda de uma chance e de indenização por danos morais, cada qual fixada em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), nos autos do processo em epígrafe, em que litiga com BRUNO ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., portador da Cédula de identidade nº ..., inscrito no CPF sob nº ..., residente e domiciliado na Rua ..., Nº ..., Bairro ..., na cidade de ...., Estado de ....
Requer que Vossa Excelência se digne a receber e processar o presente recurso e, posteriormente, o remeta ao Tribunal de Justiça, a quem caberá o julgamento do mérito.
Postula, ainda, pelo recebimento da apelação no efeito devolutivo e suspensivo, nos termos do artigo 1.012 do NCPC. Requer a intimação do apelado para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal.
Informa-se que se encontra anexada a guia de pagamento do depósito recursal.
Nestes termos, pede deferimento.
Porto Alegre, 16 de setembro de 2015.
ADVOGADO ...
OAB ...
RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: Globo Comunicação e Participação S.A.
APELADO: Bruno ...
ORIGEM: 12ª Vara Cível Do Foro Central Da Comarca De Porto Alegre 
PROCESSO Nº ...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
I - DA SÍNTESE PROCESSUAL
Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de antecipação de tutela proposta por Bruno ... em face de Globo Comunicação e Participação S.A. O autor, ora recorrido, alegou, em síntese, ter sido vencedor de promoção da demandada para participação em programa de reality show, tendo sido, posteriormente, preterido da escolha dos participantes. Em sede de antecipação de tutela, requereu o ingresso no programa "Nas Ondas de Noronha" ou, subsidiariamente, a condenação da empresa ré ao pagamento de danos materiais, morais e de indenização por perda de uma chance. Requereu o benefício da AJG.
Devidamente citada, a ré apresentou contestação. Relatou ser impossível o cumprimento da antecipação de tutela, pois as gravações do programa já haviam ocorrido. Argumentou a não ocorrência da perda de uma chance e a inexistência de danos materiais ou morais a serem indenizados.
Dados os tramites processuais, sobreveio sentença julgando parcialmente procedentes os pedidos do autor, nos seguintes termos:
“Isto posto JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação ajuizada por BRUNO..... contra GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO S/A, revogando a antecipação de tutela em razão da perda de seu objeto, para:
Condenar a demandada ao pagamento de indenização pela perda de uma chance, no valor de R$ 15.000,00 corrigidos pelo IGPM e com incidência de juros legais de 1% ao mês a contar da data da publicação da sentença;
Condenar a demandada ao pagamento de indenização por dano moral, no valor de R$ 15.000,00 corrigidos pelo IGPM e com incidência de juros legais de 1% ao mês a contar da data da publicação da sentença. 
Sucumbentes ambas as partes, condeno a parte autora ao pagamento de 1/3 das custas processuais, e honorários advocatícios ao procurador da demandada no valor de R$ 1.000,00 nos termos do § 4º do artigo 20 do CPC, e condeno a parte demandada ao pagamento de 2/3 das custas processuais, e honorários advocatícios ao procurador do demandante à razão de 10% sobre o valor da condenação nos termos do § 3º do artigo 20 do CPCSuspendo a exigibilidade das verbas sucumbenciais devidas pela parte autora, em razão de estar litigando sob o palio da AJG.
A parte ré deverá pagar o valor da condenação, voluntariamente, no prazo 15 dias a contar da data do transito em julgado da sentença (ou acordão), sob pena de incidência de multa, nos termos do artigo 475-J do CPC, na fase de cumprimento da sentença.
Publique-se.
Registre-se.
Intime-se.”
Diante da decisão do magistrado a quo, não resta outra opção a demandada, senão a interposição do presente recurso de apelação para que a sentença seja reformada, julgando-se improcedentes os pedidos do autor, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: 
II DAS RAZOES PARA A REFORMA DA SENTENÇA
Primeiramente, cumpre referir que o presente recurso é o cabível para recorre da decisão de primeiro grau, nos termos do artigo 1.009 do NCPC.
Ademais, tendo em vista que se trata de sentença de mérito, este é o meio para pleitear reforma da decisão a quo.
Assim, merece ser reformada a decisão que julgou parcialmente procedente a pretensão inicial do autor, frisa-se, mantendo-se os pontos aqui não atacados, nos termos a seguir propostos:
II.1. Da não configuração da perda de uma chance
	Não merece prosperar o pedido do autor, devendo ser reformada a respeitável sentença nesse ponto, uma vez que em momento algum é possível se visualizar que o apelado efetivamente perdeu uma chance ao não ingressar no programa. 
Em seu pedido de indenização, o autor alegou ter sido excluído da escolha dos participantes do reality show da demandada. Todavia, tal situação não configura perda de vantagem concreta, pois o recorrido apenas foi um dos finalistas selecionados e não vencedor propriamente dito, conforme insistentemente relatou na inicial. Entre os concorrentes selecionados por votação pública via internet, são escolhidos os participantes definitivos do programa. O fato de o demandante ter recebido a maior pontuação pelos internautas não obriga a empresa ré a elegê-lo para integrar o quadro de participantes do “Nas Ondas de Noronha”.
Ressalta-se, ademais, que não havia possibilidade do apelado participar do aludido programa televisivo, pois este se destinava apenas para surfistas amadores, o que evidentemente não era o caso do autor. Embora não estivesse expressamente descrito nos requisitos da inscrição a necessidade de possuir experiência mínima no esporte, esta é IMPLICITA pelo próprio tipo de competição efetuada e finalidade do reality show. Qualquer telespectador do “Nas Ondas de Noronha” tem ciência de que o evento é promovido unicamente para surfistas, tornando-se, inclusive, perigosa a participação de um candidato que nunca esteve sobre uma prancha de surfe, considerando a força e amplitude das ondas daquela ilha.
Por outro lado, a fundamentação do apelado no que tange à perda de uma chance diz respeito não à possibilidade de vencer o programa e obter o prêmio da competição, mas sim à oportunidade de promoção de sua carreira pessoal como modelo e ator através da vasta audiência da demandada. Ocorre Ilustríssimos desembargadores, que, conforme já demonstrado, este não é o propósito do evento, não podendo o autor vincular a não ascensão de sua carreira artística à conduta da ré.
A perda de uma chance é um instituto apto a reparar o dano causado pela perda de uma vantagem futura, concreta e real devido a ato ilícito realizado por terceiro. Ora, este não é o caso dos autos, pois, não há como afirmar que a carreira de modelo e ator do apelado despontaria após a sua participação no reality show. A questão que se busca destacar é que A VANTAGEM AQUI NÃO É EFETIVA, TAMPOUCO CERTA, o que seria requisito intrínseco para caracterizar a perda de uma chance.
Corroborando esse entendimento, a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça:
APELAÇÕES CÍVEIS. ENSINO PARTICULAR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS, PATRIMONIAIS E PERDA DE CHANCE. Para caracterizar a hipótese de um dano na subespécie perda de chance, fundamental é que reste demonstrado nos autos um efetivo prejuízo - a perda da vantagem pela não aprovação, não se reconhecendo a não aprovação
no concurso como o prejuízo em si mesmo, principalmente quando sequer esta circunstância fática restou demonstrada. Ainda que a titulação reclamada tivesse sido alcançada, tal circunstância não significaria a aprovação no concurso mencionado, considerando-se a convocação para o curso de formação como apenas mais uma etapa do certame. Não resta, portanto, configurada a perda da chance. [...] RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70041374000, Quinta Câmara Cível - Serviço de Apoio Jurisdição, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Claudia Cachapuz, Julgado em 08/04/2015)....
APELAÇÃO CÍVEL. ENSINO PRIVADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. PEDIDO DE MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. AFASTAMENTO DE HIPÓTESE DE PERDA DE CHANCE. Quando se trata de perda de chance, analisa-se a hipótese de desaparecimento da probabilidade de ocorrência de um evento que possibilitaria um benefício futuro para a vítima. Não é, portanto, a perda pura e simples de um determinado negócio jurídico, mas a efetiva frustração de expectativa de obtenção de uma determinada vantagem. Tanto assim que a indenização deve corresponder à perda da oportunidade de obter uma vantagem, e não equivaler à perda da própria vantagem. Do contrário, se estaria a falar de hipótese de lucro cessante, que é circunstância próxima, porém distinta. Em qualquer caso, fato é que a inscrição, como bem decidiu o julgador a quo, foi indevida e assim se manteve até o cumprimento da liminar deferida nos presentes autos. Suficientemente ponderada a situação de estipulação de quantum indenizatório pelo juízo de 1º grau, qualquer majoração dependeria, em concreto, de visualização de situação extraordinária a determinar alteração de compreensão de ocorrência de um prejuízo. Ponderação realizada em razão da aplicação, para a fixação do quantum, da teoria da perda de chance - ao final, não caracterizada -, que resta por afastar a pretensão recursal. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. (Apelação Cível Nº 70059921676, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Claudia Cachapuz, Julgado em 26/06/2014)
Considerando, Colenda Câmara, que o autor sequer veio aos autos pleitear a perda da oportunidade de vencer o programa, mas tão somente visou que não poderia divulgar sua imagem, não há como se falar em perda de uma chance. Salienta-se que a empresa demandada não tem relação alguma com o intuito do apelado de promoção pessoal, não podendo ser a ela atribuída uma responsabilidade por um suposto dano causado pela não popularização do nome e imagem do recorrido, vez que, de forma alguma, é possível visualizar que a apelante tivesse tal compromisso.
	Não obstante, é valido ressaltar que a foto do apelado, bem como suas qualificações pessoais ficaram disponíveis no site da demandada por aproximadamente três meses, até o encerramento das votações do concurso. Desse modo, verifica-se que houve uma real divulgação da imagem do autor para a mídia, o que lhe traz préstimos e possibilidade de se promover com base na vinculação da sua pessoa ao programa de reality show.
	Assim, não há que se falar em responsabilidade da apelante pela não promoção da carreira pessoal do autor através do programa televisivo, enquanto sequer esse fosse um objetivo da promoção. Ademais , conforme devidamente explanado houve efetiva divulgação da imagem do recorrido nos meios de comunicação da empresa ré, mesmo que não da forma pretendida pelo demandante. Desse modo, resta incontestável a inocorrente da perda de uma chance e, portanto, inexiste o dever de indenizar, o que torna imprescindível a reforma da respeitável sentença.
II.2. Da ausência de danos morais
	Novamente, mostra-se necessária a reforma da decisão do juízo de primeiro grau, diante da inexistência de danos extrapatrimoniais a serem ressarcidos.
A apelante não agiu de forma a ensejar abalo moral ao autor, bem como não foi imprudente, imperita ou negligente quando do seu agir. Apenas finalizou o processo seletivo do reality show, o que não incluiu o apelado no programa. Nobres julgadores, o simples aborrecimento por não ter sido um dos vencedores para compor o quadro de participantes do espetáculo televisivo não enseja o direito a dano moral. Essa situação tão somente configura mero dissabor do dia a dia, o que afasta a possibilidade de indenização, conforme pacífico entendimento jurisprudencial: 
APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO PÚBLICO. ENERGIA ELÉTRICA. CONSUMIDOR RURAL. RECLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. RECURSO DO AUTOR. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. Ausente prova de abalo significativo apto a gerar dano extrapatrimonial cometido pelo réu. Contrariedade e dissabor que não têm o condão de causar ofensa de ordem moral ao demandante, à luz da presunção hominis. O fato que deu azo à presente ação não se reveste da potencialidade ofensiva necessária para ocasionar o prejuízo moral que narra o apelante, numa envergadura tal a ensejar o dever de indenizar. RECURSO DA CONCESSIONÁRIA. Mera cópia ou colagem dos argumentos trazidos na contestação, com ausência absoluta de qualquer abordagem à fundamentação da decisão recorrida. Precedentes. NÃO CONHECERAM DO RECURSO DA CONCESSIONÁRIA E NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DO DEMANDANTE. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70064355647, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 03/06/2015).
Igualmente, o recorrido não apresentou qualquer prova de que sofreu abalos com a não concretização de seu ingresso no programa promovido pela apelante, apenas se restringiu a alegar a ocorrência de dano. Nesse sentido o artigo 337, I do NCPC estabelece que cabe ao autor a prova do fato constitutivo de seu direito. Uma vez que este se incumbiu de seu ônus de demonstrar a efetiva ocorrência de dano, não há que se falar em dever de indenizar.
	Ainda o Codigo Civil é taxativo ao determinar, em seu artigo 927, a responsabilidade por ressarcir o dano causado a um terceiro por aquele que cometer ato ilícito. Ora este evidentemente não é o caso dos autos, pois, conforme resta claro, não houve ato ilícito praticado pela demandada. A responsabilidade civil está abancada na prática voluntária de ato imperito, imprudente ou negligente, o que não pode ser atribuído à conduta da ré, no presente caso. 
	Ora se não houve dano experimentado pelo apelado, tampouco ato ilícito por parte da empresa ré, não há como prosperar o pedido de indenização do autor. Ilustres Desembargadores, é evidente que a manutenção da sentença irá promover o enriquecimento ilícito do apelado, que vê no sucesso financeiro da apelante meio de adquirir vantagem ilegal para si, prática repudiada pelo direito.
	Assim deve ser reformada a respeitável sentença, julgando improcedente inclusive este pedido, a fim de afastar da apelante qualquer responsabilidade para com o apelado, pois inexiste prática de ato ou fato danoso.
II.3. Da redução do quantum indenizatório
Alternativamente, caso Vossas Excelências não entendam ser o caso de afastar as responsabilidades civis da apelante, mera hipótese remota, uma vez que evidente a má-fé do autor em adquirir vantagem ilícita em face da situação econômica da recorrente, requer seja o quantum indenizatório minorado par valor razoável.
Quanto à perda de uma chance. O valor da indenização não deve equivaler à vantagem que poderia ser efetivamente alcançada, mas a um valor correspondente à perda da oportunidade de se obter aquela vantagem, tendo esta indenização um caráter meramente apaziguador. Assim, a fixação do valor de R$ 15.000,00 para sanar esse agir supostamente ilícito da apelante é exagerado e extravagante.
O valor fixado a titulo de indenização deve ser o estritamente necessário e razoável à reparação do dano, atendendo também ao seu condão educativo, sem jamais proporcionar o enriquecimento ilícito do requerente. Deste modo, razoável a fixação do valor para tanto em nada além de R$ 5.000,00, uma vez que é declarado que a intenção do autor com o programa era promover sua imagem, o que sequer
se sabe se aconteceria ou, ainda, se poderia vir a repercutir positivamente trazer ganhos ao apelado.
Agora no tocante ao dano moral, também descabida a fixação do valor de R$ 15.000,00 a titulo de indenização, pois sequer foram demonstrados os danos causados ao recorrido, ônus que lhe incumbia comprovar. Assim, tendo em vista que, inclusive, que o perfil e foto do apelado foram divulgados através do site da empresa ré, o que trouxe benefícios ao recorrido e em momento algum dano, caso Vossas Excelências optem por manter a indenização, esta necessariamente deve ser fixada ate o limite de R$ 2.000,00.
Deste modo, mais uma vez, faz-se necessária a reforma da decisão atacada.
III. DOS PEDIDOS
	Ante o exposto, requer o conhecimento e total provimento do presente recurso de apelação para que a sentença seja reformada, afastando-se a condenação da recorrente ao pagamento de indenização por perda de uma chance e de indenização por danos morais, eis que devidamente desconfigurada a sua incidência no caso sub judice. Não entendendo os Ilustres desembargadores pelo afastamento da condenação, requer, subsidiariamente, a redução do quantum fixado a titulo indenizatório pelo magistrado a quo.
	Por conseguinte, restando exime de dúvida a necessidade de reforma da decisão atacada, postula-se, ainda, pelo afastamento da condenação da recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Nestes termos pede deferimento.
ADVOGADO ...
OAB ...

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