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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Aula 3 – Debates Teóricos sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente
* Debates Teóricos sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente– AULA 3
POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
- Identificar as principais linhas teóricas sobre a questão ambiental.  - Relacionar as concepções teóricas com a realidade ambiental global 
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Introdução
o tema ambiental é cercado de inúmeras polêmicas, desde aquelas que questionam a validade de dados científicos para justificar grandes mudanças de padrão comportamental, até as variadas concepções sobre as saídas para a degradação ambiental e a harmonia na relação entre o homem e a natureza.
Esta temática ambiental existe por que toda uma discussão teórica a precedeu e a moldou ao longo do tempo.
Que tal conhecermos juntos estas linhas teóricas?
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No limiar do sec. XIX para o sec. XX, o ambientalismo começou lentamente a se aproximar das discussões e preocupações reais das elites, sobretudo nos meios acadêmicos e políticos, e isso porque diversas posições sobre o mundo natural – a Terra – começavam a se traduzir em posturas e atores diferenciados. 
Neste momento, nos Estados Unidos principalmente, emerge o debate entre os preservacionistas e os conservacionistas
Quanto ao meio ambiente
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Preservacionistas x Conservacionistas 
Os preservacionistas, observando o estágio de desenvolvimento da produção e os danos causados ao meio ambiente, defendiam uma postura radical de preservação ambiental baseada na proteção integral de determinados ecossistemas, com o objetivo de garantir sua intocabilidade pelo homem ou que fossem assimilados pela lógica da expansão do desenvolvimento urbano.
Esse grupo teve um importante papel na criação dos primeiros parques nacionais nos Estados Unidos, como o Parque Nacional de Yellowstone (1872) e o Parque Nacional de Sequoia
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Os conservacionistas, por sua vez, admitiam os riscos da exploração dos recursos naturais e também o avançado estágio da degradação produzido pelo desenvolvimento.
 No entanto, defendiam um uso racional e eficiente justamente como garantia para a conservação.
Conservar era justamente utilizar a natureza de uma maneira sustentável, consumir adequadamente de acordo com necessidades equilibradas e considerar as necessidades futuras, e não – como defendiam os preservacionistas – guardar esses recursos e ignorar as necessidades humanas.
Preservacionistas x Conservacionistas 
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A maior parte dos movimentos ambientalistas inclusive, se baseia na visão conservacionista, que se tornou, gradualmente, um consenso entre as nações ao longo do sec. XX e está na base das políticas instruídas pela ideia de desenvolvimento sustentável. 
Preservacionistas x Conservacionistas 
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os preservacionistas adotavam posições radicais, defendendo que grandes áreas fossem garantidas em sua intocabilidade e fossem, no máximo, usadas para fins recreativos ou educacionais.
Já os conservacionistas defendiam uma postura mais moderada, defendendo a viabilidade em explorar recursos naturais de uma maneira racional, sem promover a degradação ambiental ou extinguir recursos para as gerações futuras.
Preservacionistas x Conservacionistas: o que fazer? 
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Além desses dois grupos, convém indicar também os chamados desenvolvimentistas adeptos de que o crescimento econômico deveria acontecer a qualquer custo, sem qualquer preocupação quanto às questões ambientais ou aos danos provenientes da exploração contínua e de grandes proporções sobre os recursos naturais.
Vejamos:
“Desenvolvimento, progresso e industrialização transformam-se em termos equivalentes, almejados por todas as nações. Caberia, assim, às nações subdesenvolvidas alcançarem as demais através da industrialização” (NOVAES, p.31, 2000).  
E temos mais um grupo...
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Essa concepção compreende que crescimento econômico e desenvolvimento são as mesmas coisas, portanto, é natural ao ser humano – e as suas demandas por desenvolver-se em sociedade – o consumo crescente de recursos naturais e energia.
Desenvolvimento e progresso
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Nas décadas posteriores, os debates dentro da esfera ambiental basicamente se polarizaram entre o antropocentrismo e o ecocentrismo:
a) O antropocentrismo percebe a natureza como um conjunto de elementos que servem ao homem todos os direitos de utilização dos recursos naturais através de meios científicos e tecnológicos. 
Essa concepção se baseia na premissa de que a natureza é um tipo de reserva, sem valor em si ou importância autônoma, ou seja, o papel da natureza seria atender as demandas e necessidades do homem. 
Logo, todas as consequências da atuação do homem sobre a natureza são legitimadas pelas necessidades naturais da humanidade.
O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
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B) O ecocentrismo (ou biocentrismo), ao contrario da premissa anterior que privilegiava o homem, baseia-se na ideia de que a natureza e o mundo natural – a Terra – possuem um valor em si, e não são apenas reservas de recursos para as necessidades humanas. 
Na verdade, para os defensores desta premissa a natureza já tem um valor em si, mesmo que não apresente recursos necessários ou úteis à humanidade, por isso estão bastante influenciados pelas ideias preservacionistas da proteção total e intocabilidade humana. 
Logo, há uma incompatibilidade entre as atividades humanas e esse estado de preservação ambiental. 
O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
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Também podemos falar do tecnocentrismo, cuja característica principal é o otimismo quanto a evolução tecnológica e as soluções que esses meios poderão oferecer em termos de gestão eficiente dos recursos naturais e assuntos afins.
Para os tecnocentristas, a postura cientifica e a racionalidade econômica são elementos fundamentais na compreensão dos problemas ecológicos e próprios da sociedade.
O berço filosófico do tecnocentrismo encontra-se na revolução científico-tecnológica do século XVII, responsável por colocar a ciência e a tecnologia num alto grau de confiabilidade por parte dos homens.
O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
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O tecnocentrismo, então,  pode ser visto como um pensamento antropocentrista, a medida que coloca nas mãos do homem a atuação sobre o meio ambiente, de acordo com suas necessidades e interesses.
Nos dias atuais, tanto o ecocentrismo como o tecnocentrismo se valem de resultados científicos a fim de fortalecer suas proposições e ideias. As interpretações sobre tais resultados, entretanto, diferem de acordo com a linha de pensamento:
O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
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Na visão tecnocentrista a evolução cientifica prova as possibilidades humanas de administrar e dominar a natureza.
Já o ecocentrismo reivindica as relações de harmonia
com a natureza amparadas na ecologia e leis naturais. 
O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
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Embora importante, o debate entre o antropocentrismo, ecocentrismo e tecnocentrismo remonta a outras linhas teóricas que estão na base dessas concepções:
A) Ecologia Profunda: trata-se de um conceito filosófico que enxerga o homem como parte integral da complexa estrutura da natureza, portanto, assim como as outras espécies, o homem deve ser preservado e respeitado para garantir o equilíbrio da biosfera.
B) Ecologia Social: este grupo sustenta que os problemas ecológicos estão ligados aos problemas na evolução da própria sociedade sob um sistema político hierárquico e dominante. Dessa forma, apenas medidas tomadas pela coletividade no sentido de romper os tradicionais laços sociais podem surtir efeito sobre as questões ecológicas. 
Raízes Teóricas
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C) Eco-Socialismo: este pensamento, como o próprio nome indica, se apodera das reflexões marxistas sobre as consequências do capitalismo para analisar a degradação ambiental como resultado da expansão do modelo econômico vigente e dominante, ou seja, o próprio capitalismo.
 Para os partidários desse pensamento, então, a expansão do capitalismo gerou a exclusão social, a miséria, a guerra e, evidentemente, a degradação ambiental. Eco-socialistas, portanto, defendem que apenas o desmantelamento do capitalismo e do Estado podem garantir a existência dos recursos naturais.
Raízes Teóricas
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Também conhecida como Hipótese Biogeoquímica, a Teoria de Gaia baseia-se na proposta de que a biosfera e os elementos físicos da Terra estão completamente integrados, de forma a gerar um complexo sistema interligado que mantém as condições viáveis de sobrevivência e transformação do Planeta Terra;
A Terra seria um super organismo vivo e a biosfera seria um ser único auto regulável.
Proposta pelo cientista britânico James E. Lovelock, foi originalmente vista com descrédito pela comunidade cientifica internacional, se aproximando apenas de grupos ecológicos, místicos e alguns grupos de investigadores interessados em respostas avessas às tradicionais teorias vigentes.
Teoria de Gaia
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Ao longo do tempo, no entanto, com o aquecimento global e as transformações climáticas na Terra, a hipótese levantada por Lovelock – que sempre a considerou uma teoria cientifica –, tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre a questão global.
Neste ponto, já podemos começar a abordar teorias que visam explicar e indicar caminhos para reverter o processo de degradação ambiental, aceitando, portanto, que a atuação do homem e o desenvolvimento foram – e são – fatores reais e impactantes sobre o meio ambiente.
Teoria de Gaia
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Temas inseridos numa relação de interdependência – como as questões ambientais – implicam em custos para os envolvidos
A principio, não podemos definir se os benefícios gerados deste relacionamento serão maiores que seus custos, pois nada garante que as relações de interdependência possuam benefícios mútuos, mesmo assim não é viável desconsiderar essas questões.
Como a relação entre economia e meio ambiente tem sido vista desde a ascensão dos temas ambientais na década de 1960/70?
Inicialmente podemos dizer que há ao menos três posturas a serem observadas, e todas concordam que a intervenção do Estado deve ocorrer a fim de resolver as questões do meio ambiente. E então começam as diferenças: como deve ser essa intervenção? 
Teorias sobre economia ambiental
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Para o Professor americano Richard Coase e o britânico A. C. Pigou, não há como negar que o meio ambiente é profundamente influenciado pela economia.
 Mas eles possuem argumentos diferentes:
 Enquanto o Professor Coase acredita que “as livres forças de mercado (são) capazes de, quase por si só, chegar a acordos”, o Professor Pigou diz que “a intervenção estatal é necessária em certos casos para corrigir as falhas do mercado e garantir a conservação dos recursos naturais”.
Por outro lado, o Professor americano Mark Sagoff acredita que “a esfera econômica nada tem a fazer nos domínios da natureza, a qual possuiria valores intrínsecos ou implícitos que os homens deveriam ser obrigados a respeitar”.
Teorias sobre economia ambiental
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Podemos, enfim, relacionar essas três visões às chamadas visões globais, sobre a relação economia e meio ambiente, do americano James Turner, que são:
Orientada para o desenvolvimento dos recursos e crescimento, próxima à visão do Professor Coase.
De tutela dos recursos e crescimento controlado, presente no pensamento do Professor Pigou e o papel intervencionista do Estado.
De conservação de recursos e crescimento limitado.
Preservação extrema que prevê um crescimento zero, como coloca o Professor Sagoff
Teorias sobre economia ambiental
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Governança Global:
Embora os debates sobre governança global não sejam recentes, há, paralelo ao movimento de integração política em grande parte do mundo, principalmente a partir da década de 1970, uma percepção crescente sobre a necessidade – ou conveniência – da adoção de aspecto transnacionais de regras e normas para a gestão de temas transfronteiriços, ou seja, que “atingem” livremente diferentes nações e espaços geográficos. 
Mas, afinal, o que é Governança Global? 
O Estado e o Sistema Internacional: a questão do meio ambiente
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“(...) Concepção político-ideológica de uma nova ordem mundial caracterizada por um sistema transnacional de gestão (leis e instituições) estabelecido por um Pacto Global, cuja autoridade normativa e executiva supera a soberania absoluta dos Estados-Nação, para solução dos problemas de âmbito nacional (globalização econômica, criminalidade internacionalizada, pobreza, fome e doenças mundiais, direitos humanos e meio-ambiente), para a preservação da paz e promoção da prosperidade geral” (COUTINHO, PEREIRA, 2009).
A governança global, entretanto, só é viável se imaginarmos uma estrutura normativa aceita pelos Estados.
Governança Global
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Caso contrário, teríamos um sistema de pouca ou nenhuma legitimidade, e isso porque dificilmente haveria condições políticas de impor aos Estados um conjunto de leis internacionais que entrasse em conflito com os interesses nacionais ou a cultura local.
Para atender essa necessidade de legitimar uma proposta de governança global então, partiríamos do pressuposto de uma ordem global construída “de baixo para cima” no que tange o papel dos Estados 
Governança Global
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Percebemos que são muitas teorias e discussões que podemos ter no que tange a temática ambiental, mas as mais aceitas e pregadas hoje estão relacionadas a atitudes menos depreciativas e mais conscientes para a sobrevivência de nossa espécie.
Conclusão da aula
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Nesta aula vimos:
- As principais linhas teóricas sobre a questão ambiental.  - As concepções teóricas voltadas para a realidade ambiental global 
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