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12- JEC_Parte_II

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JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ESTADUAL
(Lei nº 9.099/95)
Thyago Luis Barrêto Braga
Procurador Público Efetivo do Município de João Pessoa, Ex-Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, Ex-Assessor Jurídico de Gabinete do TJPB, Professor de Direito Processual Civil da Faculdade Maurício de Nassau de João Pessoa e Professor em nível de Pós-Graduação da Faculdade Maurício de Nassau – JP / Escola Superior da Advocacia – ESA/PB
1. (DES)NECESSIDADE DE ASSISTÊNCIA DE ADVOGADO
Em sede de Juizado Especial Estadual, a presença de advogado é facultativa para as causas cujo valor não seja superior a 20 (vinte) salários mínimos. 
Com efeito, as demandas, cujo valor da causa seja superior a 20 (vinte) salários mínimos, geram a intervenção obrigatória de advogado. Nesse sentido, dispõe o art. 9º, caput, da Lei nº 9.099/95: 
“Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.”
Entretanto, na fase recursal, precisamente para interposição do Recurso Inominado, a intervenção do advogado é obrigatória, senão vejamos: 
“Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.”
Observação: No Juizado Especial Federal (Lei nº 10.259/2001), a presença de advogado não é necessária em momento algum, consoante estabelecido pelo seu artigo 10:
“Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, ADVOGADO OU NÃO.” 
2. SÍNTESE DO RITO PROCEDIMENTAL EM SEDE DE JUIZADO ESPECIAL ESTADUAL (LEI N. 9.099/95)
A) Propositura de Demanda (art. 14)
- escrita (através de petição inicial)
- oral
B) Citação, em regra, por carta registrada com Aviso de Recebimento. Caso a citação não possa ser postal, será por Oficial de Justiça (citação pessoal ou por hora certa). Jamais haverá citação por edital em sede de Juizado (Art. 18, §§§ 1º, 2º e 3º)
C) Audiência de Conciliação. Presença do Conciliador, escolhido, preferencialmente, entre os bacharéis em Direito (art. 7º). Homologada a conciliação, haverá julgamento com resolução de mérito (art. 269, inciso III, CPC), fazendo coisa julgada material. O título executivo daí decorrente pode ser executado dentro do próprio juizado especial, em caso de inadimplemento da obrigação. O acordo celebrado pode ser superior a 40 salários mínimos, conforme já destacado.
D) Caso não seja obtida a conciliação, as partes já saem intimadas para a audiência de instrução, ocasião em que o réu deverá apresentar contestação escrita ou oral (art. 30). Em seguida, serão produzidas as provas periciais, podendo haver inclusive esclarecimento pessoal de um perito. O que não pode ocorrer, jamais, é a realização de perícia dentro do JEC, posto que sua competência é voltada para o julgamento das causas de menor complexidade probatória. Caso seja reconhecida a necessidade de perícia técnica, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução de mérito.
D.1) Em regra, a fase instrutória é realizada pelo Juiz Togado, o qual, de acordo com o art. 7º, da Lei nº 9.099/95, deverá ser escolhido entre advogados com mais de cinco anos de experiência. 
Observação: De acordo com o art. 7º, parágrafo único, os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas funções. Poderão, assim, advogar fora dos juizados em que atuam.
E) Finda a fase instrutória, não há alegações finais, sendo o caso de julgamento da demanda.
F) De acordo com o princípio da identidade física do juiz, o julgamento deverá ser realizado pelo Juiz Leigo, caso este tenha presidido a audiência de instrução, ocasião em que a decisão somente produzirá efeitos após homologação pelo juiz togado. O juiz togado não está obrigado a homologação a decisão apresentada pelo juiz leigo, podendo proferir decisão substitutiva. Importante observar o disposto no art. 40 da Lei do JEC Estadual: 
“Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis.”
G) Proferida sentença, caberá embargos de declaração no prazo de 05 (cinco) dias, consoante disposto no art. 49 da Lei 9.099/95.
Observação: Em sede de Juizado Especial, os embargos de declaração não possuem efeito interruptivo, mas efeito suspensivo à luz do artigo 50: “Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para recurso”. 
H) Julgados os embargos de declaração através de nova sentença, caberá a interposição de Recurso Inominado, no prazo de 10 dias, para a Turma Recursal. As custas do recurso podem ser pagas no prazo de até 48 horas depois de sua interposição, consoante previsão do art. 42, § 1º, da lei 9.099/95 (trata-se de exceção à regra de que os recursos, quando interpostos, já devem estar acompanhados de preparo, sob pena de não conhecimento).
I) Após a interposição do recurso, a parte adversa será intimada para oferta contrarrazões ao recurso no prazo de 10 (dez) dias. Inteligência do art. 42, § 2º.
J) A Turma Recursal composta por 03 (três) juízes de primeiro grau proferirá decisão. Contra essa decisão colegiada, pode-se interpor embargos de declaração no prazo de 05 (cinco) dias. Após o julgamento, cabe apenas Recurso Extraordinário ao STF.
Pergunta: Por que é cabível Recurso Extraordinário contra acórdão da Turma Recursal, mas não é cabível Recurso Especial?
Resposta: De acordo com o art. 102, inciso III, da Constituição Federal, cabe ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida violar a Constituição Federal. Nesse caso, sabendo que a Turma Recursal é a última instância dentro do sistema do Juizado Especial, revela-se cabível Recurso Extraordinário ao STF, caso a decisão ofenda à Constituição Federal.
Por outro lado, dispõe o art. 105, inciso III, da Constituição Federal, que cabe ao STJ julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida ofender lei federal. Como o julgamento da Turma Recursal não é julgamento oriundo de Tribunal (Federal ou Estadual), mas de Turma Recursal, não é cabível o Recurso Especial.
3. CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA
A questão encontra-se disciplinada pelo art. 55 da Lei nº 9.099/95, que dispõe: 
“Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. EM SEGUNDO GRAU, o recorrente, vencido, PAGARÁ AS CUSTAS E HONORÁRIOS DE ADVOGADO, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.”
Portanto, o pedido de justiça gratuita somente se faz necessário, quando a parte estiver para interpor Recurso Inominado, uma vez que, antes disso, em primeiro grau de jurisdição, não há, em regra, pagamento de custas processuais, nem de honorários sucumbenciais.
Aos amigos alunos, bons estudos!
Thyago Braga

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