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04/06/2013 1 HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrária –CCA Departamento de Farmácia e Nutrição Curso de Nutrição Disciplina: Ética e Atuação Profissional A alimentação: essencial desde o nascimento - oferta de nutrientes necessários ao funcionamento do organismo Os nutrientes são digeridos, absorvidos, transportados, metabolizados e excretados. Acredita-se que o homem teria começado a se alimentar de frutos e raízes após observar o comportamento de outros animais. 04/06/2013 2 Descobriu a cerâmica, terras e povos distintos e realizou inúmeras experiências com alimentação, até chegarmos aos dias de hoje, onde contamos com uma ciência especializada no assunto: a Nutrição. • Depois, teria passado a consumir carne crua e moluscos in natura. • Mais tarde, aprendeu a assar e cozinhar. Pré-história A trajetória do homem apresenta muitos mistérios. Acontece o mesmo quando se trata de alimentação. Ninguém sabe de que frutos e raízes o homem se alimentava e nem de onde surgiu o instinto irracional que o fez consumir tais alimentos. Os frutos parecem ter sido o cardápio inicial do homem e nenhum estudo arqueológico provou o contrário. • É mais fácil ver e colher um fruto maduro do que adivinhar uma raiz comestível enterrada. • Mas na tentativa e erro muitos alimentos, principalmente crus foram “descobertos”. Acredita-se que a primeira “sobremesa” foi o mel de abelhas, que já existia no período Cretáceo (há 135 milhões de anos), quando as flores surgiram. 04/06/2013 3 Grande descoberta: FOGO A presença do fogo possibilita maior diversidade de alimentos, pois afastam a fase exclusiva de raízes e frutos. Aumenta a oferta de nutrientes “Teria sido o homem pré-histórico vegetariano?” Estudos na área de paleontologia indicam que os chamados “infra- homens” (cro-magnon e homo sapiens) se alimentavam da carne de caça que abatiam diariamente e assavam. O homem de Neanderthal, segundo análise de fósseis, parece ter sido antropófago. A agricultura 04/06/2013 4 A agricultura No período Paleolítico (500.000 a.C. a 1.000 a.C.), o homem ainda não conhecia a agricultura e a domesticação de animais. A subsistência era garantida com a coleta de frutos e raízes, além da pesca e da caça bastante diversificada de animais: ursos, rinocerontes, elefantes, renas, cavalos, mamutes, entre outros. Para isso, empregavam-se instrumentos rudimentares, feitos de ossos, madeira ou lascas de pedra. A escassez de alimentos e a hostilidade do meio ambiente obrigavam os grupos humanos a viver como nômades. A migração de animais e seres humanos também foi estimulada pelas profundas mudanças climáticas e ambientais. Assim, os homens primitivos foram ocupando as diversas regiões do globo. Enquanto andavam de um lugar para outro, foram percebendo que as sementes que caíam sobre a terra multiplicavam suas colheitas em poucos meses. Com a agricultura os primitivos trocaram a vida nômade pela vida em pequenas aldeias. A abundância de cereais em algumas regiões, especialmente de aveia, trigo e cevada iniciou o processo de desenvolvimento agrícola pelos povos antigos. 04/06/2013 5 A invenção do arco e flecha e de outros instrumentos de captura e abate permitiram maior segurança. Os homens passaram a se organizar socialmente, chegando a constituir vilas. Idade dos metais Idade dos metais Na Idade dos Metais (entre 10.000 a 3.000 a.C.) a ação do homem sobre a natureza tornou-se mais intensa e as colheitas, especialmente de cereais, tornaram-se mais abundantes e favoreceram o aumento da população. Assim, formaram-se grupos familiares maiores — as tribos. Nessa época inicia-se a base de nossa alimentação tradicional. 04/06/2013 6 Trigo e arroz Trigo e arroz Cereais como trigo, milho, arroz e cevada foram os primeiros grãos cultivados pelos povos antigos. Em tempos pré-históricos o trigo era o alimento básico do homem e no antigo Egito já era cultivado 3.000 anos a.C. Os faraós usavam o trigo como forma de pagamento e já fabricavam o pão. Antes da era cristã, gregos e romanos produziram trigo e o levaram para o resto da Europa. Tratava-se de um cereal nobre, preferido pelos ricos, enquanto a plebe e os escravos consumiam a cevada. Hoje o trigo é uma planta cultivada no mundo todo e constitui a base da alimentação de muitos povos. Quanto ao arroz, não se tem certeza se é originário da Índia ou da China. Por volta de 2.800 anos a.C. o arroz era considerado uma planta sagrada do imperador da China. Do Oriente, o arroz se espalhou para outras regiões e hoje alimenta mais da metade da humanidade. 04/06/2013 7 Grécia Textos de Hipócrates (Grécia, 460 – 370 a.C.) revelam alguns produtos alimentícios consumidos pelos gregos e também a associação entre alimentos e o combate a doenças. “Que a comida seja teu alimento e o alimento tua medicina” São citados o cultivo de cevada, trigo, favas, grão-de-bico, lentilhas, gergelim; a criação de bovinos, suínos, ovinos e de cães (para consumo); A caça de javalis, lebres, raposas e aves; a pesca de peixes e moluscos; destaca-se o consumo de queijos, frutas secas e frescas, hortaliças como alho, cebola e agrião e condimentos como manjericão e tomilho. A principal bebida era o vinho. A alimentação na Grécia antiga era bastante parecida com a alimentação de Roma Antigo Egito 04/06/2013 8 Antigo Egito As tumbas do antigo Egito, a partir do 4000 a. C., mostram os alimentos consumidos pelos faraós: massas, carnes, peixes, laticínios, frutas, legumes, cereais, condimentos, especiarias, mel e bebidas. • Nos tempos antigos, as elites tinham uma comida farta e variada. Como se alimentava o homem comum egípcio nesse mesmo período? As fontes escritas e figurativas do Egito antigo apontam a agricultura, criação de animais, caça e pesca como modalidades de produção alimentar. Para os egípcios, a saúde e a longevidade dependiam dos prazeres da mesa. A inapetência era considerada sinal de doença. Eram grandes conhecedores dos segredos da farmacopéia e das propriedades das ervas medicinais e relacionavam a alimentação com a cura de doenças. Idade Média 04/06/2013 9 Idade Média As cozinhas da Idade Média (séculos X a XV d. C.) destacavam pelo sabor: Forte: especiarias (ou temperos); Doce: uso do açúcar; Ácido: vinagre, vinho e sucos de frutas cítricas. Nessa época preocupava-se mais com a aparência do que com o sabor dos pratos. Idade Moderna Idade Moderna Na Idade Moderna (séculos XV a XVIII), a agricultura que antes era de subsistência, passa a ter fins comerciais. O açúcar, café, especiarias foram motivos de grandes navegações e descobertas. Idade Contemporânea 04/06/2013 10 A agricultura de mercado continuou crescendo na Idade Contemporânea (séculos XIX a XXI) e, com isso, passou a ser cultivada e consumida uma variedade cada vez maior de frutas e verduras. O consumo do açúcar, até então restrito às elites sociais, difundiu-se na alimentação popular. Houve aumento no consumo de ovos e especialmente de gorduras, tanto de origem vegetal quanto animal. Atualmente, o homem conta com uma variedade enorme de produtos alimentícios. As novidades surgem diariamente e acompanhar as mudanças na área de alimentos tornou-se um desafio. Produtos, como alface ou tomate, podem ser cultivados através de processos sofisticados, como os hidropônicos, e até mesmo modificados geneticamente (transgênicos). Crescem cada vez mais as alternativas nas indústrias de alimentos, como alimentos congelados e pré- cozidos, enlatados, conservas. Também é crescente os serviços de alimentação, como drive-thru, fast-food, delivery e self-service. 04/06/2013 11 Os tipos de alimentos consumidos nos diferentes países tendem a ser cada vez mais semelhantes. Os comportamentos alimentares são adaptados à cultura de cada povo, país e região. Simopoulos, 2001 Hipotética evolução do consumo de lipídios e vitaminas CULTURA E ALIMENTAÇÃO 04/06/2013 12 O que é cultura? Na antropologia, a cultura pode ser entendida como um sistema simbólico, ou seja, um conjunto de mecanismos de controle, planos, regras e instruções que governam o comportamento humano. Esses símbolos e significados são partilhados entre os membros do sistema cultural, assumindo um caráter público e, portanto, não individual ou privado. O que é cultura alimentar? Nossos hábitos alimentares fazem parte de um sistema cultural repleto de símbolos, significados e classificações, de modo que nenhum alimento está livre das associações culturais. Essas associações determinam aquilo que comemos e bebemos, o que é comestível e o que não o é. A influência da Cultura na Alimentação “Toda substância nutritiva é alimento, mas nem todo alimento é comida.” O que influencia na alimentação? Crenças e Tabus; Religião; Região / país: localização; 04/06/2013 13 Tabus e Crenças: comer carne e peixe na mesma refeição encurta a vida; tomar cachaça e depois caldo de cana provoca dor de estômago; comer pepino e tomar cachaça dá congestão; comer ovo e chupar abacaxi dá congestão; manga com leite faz mal; ovos com banana faz mal; Religião: Hindus: Não come carne de gado; Adventistas: Não comem carne de porco; África: galinha e galo são animais para o sacrifício e não para comer; Região, localização, colonização: Oferta ambiental; Condição social; Fatos históricos; Influências na Alimentação Brasileira Questões Históricas: Cozinha portuguesa; Cozinha indígena; Cozinha africana; 04/06/2013 14 Contribuição indígena: Mandioca em diversas preparações; Refresco de guaraná; Paçoca; Camarão, lagosta, caranguejo; Moqueca; Beiju, mingau; Contribuição portuguesa: Criação de gado, cereais, trigo, aves, couves, alfaces, pepinos, abóboras, lentilhas, alho, cebola, cominho, coentro e gengibre . Festas tradicionais: Páscoa, São João e Natal Valorizavam o sabor do sal e açúcar. Contribuição dos africanos: A população negra que vivia no Brasil plantou inúmeros vegetais que logo se tornaram populares, tais como: quiabo, inhame, erva-doce, açafrão, gergelim, pimenta malagueta, amendoim, entre outros. O cardápio dos escravos consistia em farinha de mandioca, feijão preto, toucinho, carne-seca, laranjas, bananas e canjica.
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