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1 AS POTENCIALIDADES DO USO DO COCO BABAÇU NA GERAÇÃO DE ENERGIA SILVA, Cristiano da. Coordenação de Engenharia de Produção – UNINOVAFAPI CEP: 64073-505 Teresina – PI – Brasil – Fax: (86) 2106-0700 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar por meio de uma análise de literatura a cerca do tema as possíveis potencialidades da exploração do coco babaçu em seu aspecto energético que possa contribuir com a substituição gradativa das fontes fósseis de energia atualmente utilizadas pela indústria de base. Sabe-se que a cultura do cultivo do babaçu apresenta um grande potencial ainda pouco explorado, pois somente é utilizado 7% (em peso) do fruto, para a extração do óleo, o que já garante parcialmente sua viabilidade econômica, sendo rejeitado o endocarpo fibroso que representa 59% do fruto, um material de boa qualidade energética (18000kJ/kg). Com base nos valores da safra de 1996, por exemplo, foi calculada uma disponibilidade de 1,07 milhões de toneladas-ano de endocarpo, o que representa um potencial termodinâmico (gerador de energia calórica) de 20 milhões de GJ/ano. Distribuídos uniformemente ao longo do ano, nos dá um potencial de 615 MW, se considerado somente o período da safra 1070 MW. Com relação à distribuição geográfica, este potencial se concentra nas principais unidades produtoras, os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins. O estudo bibliográfico revelou que é importante proceder a uma análise de viabilidade de desenvolvimento econômico e social para a região norte e nordeste, bem como uma fonte de energia capaz de vir a suprir a demanda local e nacional. Palavra-chave: Energia, Coco babaçu. ABSTRACT Este trabajo es objetivo de presentar a través de un análisis la literatura sobre el tema de la posible potencial de babasú exploración en su aspecto energético que puede contribuir a la sustitución gradual de las fuentes de energía fósiles utilizados actualmente por la industria de base. Se sabe que la cultura agrícola de babasú tiene un gran potencial todavía sin explorar, sólo se utiliza el 7% (en peso) de la fruta para extraer el aceite, lo que garantiza ya parcialmente su viabilidad económica, y rechazó la con núcleo fibrosa que representa 59% de la fruta, un material de alimentación de buena calidad (18000kJ / kg). Sobre la base de los valores de la cosecha de 1996, por ejemplo, la disponibilidad se calculó a endocarpio 1,07 millones de toneladas-año, que es un potencial termodinámico (generador de energía calórica) de 20 millones de GJ / año. Uniformemente distribuida en el año, le da un potencial de 615 MW, si sólo se considera el período de cosecha 1.070 MW. En cuanto a la distribución geográfica, este potencial se concentra en las principales unidades de producción, los estados de Maranhão, Piauí y Tocantins. El estudio bibliográfico reveló que es importante llevar a cabo un desarrollo económico y social del estudio de factibilidad para el norte y noreste, así como una fuente de energía capaz de llegar a satisfacer la demanda local y nacional. Palabra clave: Energía, coco babasú. 2 INTRODUÇÃO O coco babaçu é uma amêndoa fruto da palmeira, uma árvore nativa brasileira importante no ciclo natural de conservação e melhoramento do solo, como uma mata sucessional da capoeira (ou desmatamento) para a floresta de grande porte. O fruto do babaçu, de onde se extrai o óleo, é responsável por quase 30% da produção brasileira de extrativos vegetais, empregando mais de 2 milhões de pessoas. Mesmo com grande destaque na economia de estados da União, é uma cultura que ainda carece de maiores estudos sobre a exploração do seu potencial, uma vez que seu aproveitamento econômico está ligado à extração e aproveitamento do óleo da castanha, rejeitando 90% do fruto, que pode ser aproveitado com as tecnologias disponíveis, quer como fonte energética ou como matéria- prima para alimentação de fornos e caldeiras de vários tipos de indústrias, principalmente a de alimentos. Na pesquisa bibliográfica extraímos um trecho da pesquisa realizada por VIVACQUA FILHO (1968), em que a planta do babaçu apresenta múltiplas formas de aproveitamento: a madeira do tronco – construção; a palha – telhado; palmito – alimentação; frutos – amido, óleo e farinha protéica da amêndoa e energia do endocarpo, sejam na utilização em queima direta como lenha, quer pela produção de carvão vegetal. A análise bibliográfica também revelou que o óleo combinado com outros tipos de energia líquida (óleo diesel, querosene, gasolina, álcool, etc.) tem potencial enorme para aproveitamento energético, bem como da utilização do endocarpo e do mesocarpo subprodutos da exploração e jogado fora. Neste sentido, portanto, o objetivo deste trabalho foi o de demonstrar apenas com um estudo de pesquisas já realizadas durante os últimos anos que é importante em face do esgotamento das fontes fósseis de energia, sendo estas as mais nocivas ao ambiente atmosférico, que é importante explorarmos com mais atenção a possível potencialidade escondida do coco babaçu, até como fonte de diversificação energética do país. MATERIAL Para a realização deste estudo foi-se necessário verificar por meio de teses científicas e demais artigos importantes a cerca do tema, sobre porque é importante explorarmos a temática das biomassas voltadas para o coco babaçu pegando como pontos o poder calorífico de cada parte integrante do babaçu, as produção deste fruto nas diversas regiões do pais e o potencial energético anual, cada uma dessas informações foram transcritas de pesquisas na área. No trabalho desenvolvido por VIVACQUA FILHO (1968) verificamos através da tabela confeccionada por este pesquisador as características energéticas de cada componente do coco babaçu. Vejamos a Tabela 1. Tabela 1: Características do fruto, componentes e seus respectivos poderes caloríficos. Componentes Percentual (%) Poder Calorífico (KJ/kg) Epicarpo 11 18045,1 Mesocarpo 23 16202,9 Endocarpo 59 18840,9 Amêndoas 7 - Total 100 18094m2 Para a delimitação das áreas de produção do coco babaçu foi-se utilizado os dados da EMBRAPA (1984), que identificou que a área de ocorrência desse fruto se concentra no nordeste (maior região produtora), norte, centro-oeste e Mato Grosso, como podem ver abaixo, Figura 1. Figura 1: Áreas de ocorrência do babaçu (EMPBRAPA, 1984) 3 No trabalho de AMARAL FILHO (1990) encontramos uma descrição bastante detalhada do que é, em termos sociais, econômicos, industriais e políticos a cadeia do babaçu. Constitui-se de uma estrutura de produção-comercialização que tem como base social a pequena produção mercantil, na sua maioria, famílias de posseiros, arrendatários agrícolas, pequenos proprietários e parceiros de grandes propriedades de terra. Desta força de trabalho, vale destacar o papel fundamental desempenhado pelas mulheres e crianças, responsáveis pela etapa de quebra e separação da castanha, com aproveitamento endógeno da casca e do endocarpo (como carburante em fornos a lenha) e do mesocarpo para alimentação. Numericamente, estes trabalhadores da zona rural no estado do Maranhão (o maior produtor nacional), representam 73,77% da população segundo dados de 1980. A produção do babaçupelas diferentes unidades da federação pode ser vista na Tabela 2, onde estão listados todos os estados com ocorrência registrada deste extrativismo vegetal. Tabela 2: Produção de babaçu no Brasil, safra de 1996, (IBGE, 1996) Estados Produção (toneladas/ano) Cocos Amêndoas Amazonas 0 1 Roraima 0 1 Rondônia 0 9 Goiás 0 12 Bahia 2 17 Paraíba 0 21 Minhas Gerais 7 28 Ceará 154 424 Pará 401 482 Tocantins 129 4642 Piauí 139 6828 Maranhão 943 114387 Total 1775 126852 A partir destes dados, AMARAL FILHO (1990) também expôs os volumes de cocos coletados, incluindo aqueles de que só foram aproveitadas as castanhas, para chegar aos volumes produzidos do endocarpo, divididos entre unidades da federação. Com base nestes valores de produção de amêndoas e coco, foram calculados os volumes de frutos retirados das palmeiras, quer tenham sido beneficiados antes, e em decorrência, o volume de endocarpo produzido. Estes valores podem ser visto na Tabela 3 abaixo. Tabela 3: Volumes associados à cultura do babaçu Estados Produção (toneladas/ano) Total de cocos Endocarpo Amazonas 14 8 Roraima 14 8 Rondônia 129 76 Goiás 171 101 Bahia 245 144 Paraíba 300 177 Minas Gerais 407 240 Ceará 6211 3665 Pará 7287 4299 Tocantins 66443 39202 Piauí 97682 57632 Maranhão 1635043 964675 Total 1813946 1070228 Com essas informações foi-se obtido a Tabela 4 que revelou o potencial energético em Giga Watts ano por estado produtor, vejamos. Tabela 4: Potenciais máximos calculados para a cultura do babaçu. Estados Energia (GJ/ano) Potência (MW) Ano todo Só na safra Amazonas 159 0,01 0,01 Roraima 159 0,00 0,01 Rondônia 1429 0,04 0,08 Goiás 1906 0,06 0,10 Bahia 2722 0,08 0,15 Paraíba 3335 0,10 0,18 Minas Gerais 4524 0,14 0,24 Ceará 69043 2,12 3,68 Pará 80999 2,48 4,32 Tocantins 635179 19,49 33,88 Piauí 1,08 x 106 33,31 57,91 Maranhão 18,17 x 106 557,59 969,40 CONCLUSÕES Vimos por meio da análise dos dados extraídos do referencial teórico utilizado como material-base para este estudo que o fruto do babaçu apresenta um grande potencial energético comparável ao potencial apresentado pela cultura da cana-de-açúcar, e seu aproveitamento passa pela utilização integral do fruto não excluindo ou jogando no lixo nenhum parte deste, ou seja, o mesocarpo (que contém mais da metade da massa e a maior parte do potencial energético) antes era lançado no lixo, portanto, um desperdício de energia potencial. A partir das tabelas pode-se observar que o potencial do babaçu é de 615 MW, se considerarmos que a sua utilização é feita durante todo o ano, uma vez que as palmeiras dão este fruto durante o ano todo sem fim. 4 Se for considerado somente o período auge da safra, os estudos revelaram que o potencial pode chegar a 1,07 GW. Em ambos os casos, não são números insignificantes, se observarmos que muito deste potencial aparece concentrado em três estados: Tocantins, Piauí e Maranhão, respectivamente com 19,49; 33,31 e 557,59 MW ao longo do ano e 33,88; 57,91 e 969,40 MW, considerando somente a safra. Portanto, podemos observar que o Brasil não está sabendo aproveitar de modo racional e prático um recurso natural abundante, que produz o ano todo, e que atrelado ao desejo social e ambiental por mudanças nos recursos energéticos em virtude do aquecimento global, do desmatamento das áreas de preservação ambiental e da queima em escala de recursos fósseis, esta pode ser uma oportunidade ímpar de liderarmos a corrida pelos recursos renováveis de energia potencial, mas é importante que governos, sociedade e iniciativa privada venham a investir na ampliação da produção com melhoria nos processos, mecanização, ampliação de áreas plantadas e no uso racional do babaçu. CONSIDERAÇÕES Todos sabem que a indústria do petróleo e do carvão mineral possui uma grande influencia frente aos governos para evitar a proliferação das fontes renováveis de energia em detrimento destes últimos, contudo, a emergência ambiental é mais importante do que a briga por mercado e dinheiro, estamos falando da rápida degradação de áreas ambientais importantes para a manutenção da vida no planeta: áreas árticas e polares que garantem o nível normal dos oceanos e preservação de espécies animais e vegetais; a redução de áreas verdes para a queima do carvão vegetal culminando com grande impacto ambiental na fauna e flora e a diminuição das áreas de repulsão dos raios ultravioletas, e a queima exagerada de recursos fósseis termina por influenciar o aquecimento terrestre em virtude do efeito estufa, o que reflete negativamente em diversas outras áreas do planeta. REFERÊNCIAS AMARAL FILHO, JAIR DO. 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