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ARTIGO 203 - FERNANDO GOIS

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FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA
Os direitos trabalhistas foram conquistados ao longo do tempo. As leis surgiram como uma grande aliada para cumprimento desses direitos, o artigo 203 do código penal por sua vez veio abrilhantar essa garantia trazendo consigo uma sanção para quem descumprir os direitos assegurados pela legislação trabalhista. Trata-se de uma norma penal em branco pois necessita obrigatoriamente das Consolidações das Leis Trabalhistas para que o leitor compreenda o conteúdo supracitado no referido artigo a seguir: 
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho:
        Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
        § 1º Na mesma pena incorre quem: 
        I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;  
        II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. 
        § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.  
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Segundo Rogério Greco no que diz respeito ao caput do art. 203 do código penal, o delito é comum quanto ao sujeito ativo e próprio quando ao sujeito passivo, pois somente o empregador e o empregado, titulares do direito trabalhista frustrado, podem figurar nessa condição; doloso; material; instantâneo ou permanente. Dependendo do caso concreto, pois a situação de frustação a direito assegurado pela legislação trabalhista pode se prolongar no tempo; comissivo (podendo ser, no entanto, praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de garantidor); monossubjetivo; plurissubsistente (como regra, pois deverá ser observado no caso concreto a situação em que houve a frustação do direito assegurado pela legislação trabalhista); transeunte ou não transeunte (dependendo da hipótese concreta).
OBJETO MATERIAL E BEM JURIDICAMENTE PROTEGIDO
Segundo a doutrina os bens juridicamente protegidos são os direitos, seja do empregado ou do empregador, assegurados pela legislação trabalhista.
O objeto material é a pessoa que se vê frustrada em seus direitos trabalhistas.
SUJEITO ATIVO 
Com fulcro na doutrina o sujeito ativo poderá ser o empregador ou qualquer outra pessoa, uma vez que o tipo penal não exige nenhuma qualidade ou condição especial, tratando-se pois, de crime comum.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo conforme a doutrina de Luiz Regis Prado, é o Estado e a pessoa que sofreu frustação em seu direito trabalhista.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O delito se consuma com a efetiva frustração do direito assegurado pela legislação trabalhista.
Tratando-se de crime plurissubsistente, torna-se possível o raciocínio relativo a tentativa. Sendo admissível a tentativa.
ELEMENTO SUBJETIVO
O referido delito de frustração de direito assegurado por lei trabalhista somente pode ser praticado dolosamente, não havendo previsão para a modalidade de natureza culposa. Conforme doutrina de Rogério Greco.
Assim, aquele que negligentemente, deixar de conceder, por descuido, algum direito assegurado pela legislação trabalhista, não incorrerá na infração penal sub examen.
MODALIDADES COMISSIVA E OMISSIVA
O núcleo frustrar pressupõe um comportamento comissivo por parte do agente. 
No entanto, poderá ser o delito praticado via omissão imprópria quando o agente garantidor, dolosamente, podendo, não atuar no sentido de impedir a prática de infração penal conforme doutrina.
TIPO DE AÇÃO PENAL
Conforme a doutrina de Luiz Regis Prado a ação penal é de iniciativa pública incondicionada. A competência para julgar e processar esse delito é dos Juizados Especiais Criminais com fulcro no art. 61 da lei 9.099/1995 tratando de infração penal de menor potencial ofensivo. Admite-se a suspensão condicional do processo conforme art. 89 da lei 9.099/1995. Ressalvada a hipótese do artigo 41 da lei 11.340/2006. 
BIBLIOGRAFIA
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume III. 10.ed. Niterói, Rio de Janeiro: Ed Impetus, 2013. 
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: parte especial, volume 2. 8. Ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010.

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