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Prof. Fabrício Ferreira Igreja Católica Maior proprietária de terras da Europa. Para ela, o homem tinha um destino espiritual, ou seja, uma outra vida após a morte, seja no céu ou no inferno. Por isso, na Terra, ele deveria preocupar-se exclusivamente com sua salvação. A Igreja passou a condenar o comércio que visava aos lucros, pois, segundo seus ensinamentos, os bens materiais foram dados ao homem como meios para facilitar sua salvação, e não seu enriquecimento. A finalidade do trabalho não era, portanto, o enriquecimento. Catedral de Speyer, na Alemanha (sec XI) Elite eclesiástica medieval Os objetos destinados à venda tinham seu preço justo. Não era permitido ao comerciante ter lucros. O comércio do dinheiro, ou seja, emprestar dinheiro a alguém cobrando-lhe juros, era algo ainda mais condenável. O domínio da Igreja também era garantido por meio do controle do tempo. De acordo com o tempo religioso, a história da humanidade dividia-se em duas etapas: antes e depois da vinda do salvador. O ano era orientado segundo os atos do drama na vida de Cristo. (Natal, Quaresma,Páscoa e pelos dias santos) O dia também tinha suas sub-divisões baseados na vida de Cristo. A marcação das horas era dada pelo repique dos sinos, que convocava para os ofícios religiosos e reforçava o principal objetivo dos homens medievais: a salvação da alma. A Igreja Católica O Casamento Cristão representava, desde os tempos medievais, uma das mas profundas formas de dominação social. Desde então tratava-se de restringir o comportamento sexual e controlar a reprodução da comunidade. O matrimônio público, dirigido pelo padre, salientava o caráter sagrado das relações sexo-sociais, levando-as muito além da esfera de decisões dos indivíduos envolvidos. O casamento inscrevia-se no cotidiano medieval, como uma prática disciplinadora, das diversas ordens sociais, sobretudo a nobreza. Para a nobreza era necessário controlar o comportamento feminino. A Igreja Católica O clero era o portador da tradição cristã e devia zelar pela manutenção de seus princípios no seio da comunidade européia. Deveriam combater o mal e o pecado com armas da doutrina religiosa. O controle da fé e das armas garantiam à nobreza e ao clero o poder sobre os demais grupos sociais. As divisões sociais eram justificadas como um ordenamento sagrado esclarecido a toda a sociedade por aqueles que se definiam como os intermediários entre Deus e os homens. A Igreja Católica Direito Canônico “Direito Canônico é o nome dado ao Direito da Igreja Católica e é chamado canônico por causa da palavra "cânon" que em grego significa regra” (Castro, 2008). ◦ Teve elevada influência na Idade Média, em razão da importância da Igreja Católica; ◦ Era escrito, o que proporcionava uma primazia em relação ao direito consuetudinário de origem bárbara; ◦ Dado o seu caráter unitário, universal e o domínio que esta exerceu sobre as populações da Europa nos Séculos VIII e XV, esta ofereceu o que nenhuma outra instituição poderia fazer no período. (unidade x fragmentação feudal) Direito Canônico Dominou o direito privado durante vários séculos na Idade Média, em razão dos seguintes fatores: ◦ Domínio da escrita; ◦ Consolidação do poder ideológico; ◦ Fragmentação do poder político na mão dos senhores feudais; Fontes do direito Canônico: ◦ Ius divinum: o conjunto de regras que podem ser extraídas da Bíblia e dos escritos dos doutores da Igreja; ◦ Da Legislação Canônica: formada pelas decisões dos Concílios e dos escritos dos papas; ◦ Costumes e princípios oriundos do Direito Romano; Os Tribunais Eclesiásticos. As partes, voluntariamente, poderiam submeter-se à jurisdição do Bispo de sua região; ◦ o julgamento eclesiástico possuía o mesmo valor de um julgamento laico; Os membros do clero possuíam prerrogativa de foro – só poderiam ser julgados, independentemente da matéria sob exame, pelos tribunais da Igreja; Os tribunais eclesiásticos eram onde se solucionava tudo aquilo que envolvesse temas religiosos (os Sacramentos): ◦ casamentos e divórcios; ◦ Legitimidade dos filhos; ◦ Rapto; ◦ Nulidade de casamento; ◦ Heresias; • Feitiçarias; • Adultério; • Usura; • Testamento; • Direito de Família Os Tribunais Eclesiásticos. Nas querelas cíveis, “o queixoso devia entregar o seu pedido por escrito (libellus) a um oficial que convocava o réu. Em presença das duas partes, o oficial lia o libellus; o réu podia opor exceções; depois do exame destas, o contrato judiciário ficava fixado pela litis contestatio (...). As partes submetiam seguidamente as provas (...) das suas asserções ao juiz; na falta de prova suficiente, o juiz podia ordenar um juramento litisdecisório.“ Nas demandas penais, o processo atrelava-se à queixa; ◦ O sistema de provas baseava-se em um tipo de prova “irracional”; Ordálios: ou Juízos de Deus eram considerados as principais provas para os povos bárbaros, na antiguidade, baseado "na crença de que Deus, conhecendo o passado, pode castigar aquele que jura falsamente". Unilaterais ou Bilaterais, dependendo da prova envolvida; Os Tribunais Eclesiásticos. Ordálios Exemplos de ordálios: ◦ o acusado é arremessado à água: se submergir, era inocente; se permanecesse à superfície, era culpado. ◦ O duelo judicial também era considerado um Juízo de Deus: se o acusado vencesse, seria absolvido, pois era inocente. ◦ A prova da água fervente: o réu era obrigado a colocar o braço dentro da água fervente: se, ao tirá-lo, não houvesse sofrido nenhuma lesão, era inocente. ◦ A prova do "ferro em brasa“; A inquisição A Igreja Católica perseguiu todos que buscaram contestar suas posturas durante a Idade Média. O instrumento utilizado para perseguição ficou conhecido como Tribunal de Inquisição, que condenava os hereges à morte. 14 “Durante a Idade Média a Inquisição ou, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição (nome completo da Inquisição) era o tribunal especial para julgar e condenar os hereges, pessoas ou grupos que acreditavam em um catolicismo considerado "desviado" ou praticavam atos que, naquele período em que a superstição reinava, eram indicados como bruxaria e feitiçaria.” (Castro, 2008) Na Idade Moderna este teve uma utilização política, auxiliando a formação de vários Estados Absolutistas, perseguindo opositores em diversos planos, ou utilizando-o como meio de arrecadar fundos quando precisavam (judeus). 14 15 Havia uma similitude entre os processos judiciais da Idade Média e da Idade Moderna e os processos inquisitoriais; ◦ Vigorava o sistema acusatório: não havia um “interesse público” em jogo – era na verdade uma batalha, ou um confronto entre acusador e acusado; Procedimento público, oral e formalista; Em alguns momentos, assemelhava-se a um duelo, e a vitória, ou o direito, estaria ao lado de quem vencesse o embate; “O mentiroso, consciente de sua culpa, combateria com menos veemência até por que Deus, sabedor de quem era a razão, facilitaria a sua derrota” (Castro, 2008) 15 O Tribunal do Santo Ofício e os Tribunais Seculares 16 O processo Inicialmente, as pessoas não eram iguais perante a lei – os nobres, o clero e os servos, eram diferentes entre si, para o direito. A s a c u s a ç õ e s , b e m c o m o o s procedimentos envolvendo o julgamento do feito eram sigilosos 17 As provas As provas eram classificadas pelo valor a elas atribuído: ◦ Quanto à natureza poderiam ser: Vocais: testemunhos e confissão Instrumentais: documentos e objetos Conjecturais: presunções ◦ Quanto à espécie, poderiam ser: Perfeitas; Imperfeitas; 18 As provas A prova testemunhal era a prova utilizada em mais larga escala, em razão das particularidadespróprias época; ◦ Uma só testemunha não bastava, assim como, não eram cons iderados vá l i dos os testemunhos de mulheres, criminosos, pobres e mendigos; A confissão era considerada a rainha das provas – a probatio probatissima. A tortura, então, era um meio de prova admitido à época para alcançar a confissão; 19 A tortura “Lançava-se mão da tortura colocando o réu na situação de seu próprio juiz” (Castro, 2008) ◦ “Algumas leis dispunham que o réu somente deveria ser suplicado várias horas após haver ingerido al imentos, quando já se achasse portanto enfraquecido. Exigiam-lhe então, primeiro, o juramento de que diria a verdade. Em seguida, lhe apresentavam os instrumentos que seriam utilizados, com explicações sobre o seu funcionamento. Se, para evitar o tormento, ou no seu desenrolar, o paciente confessasse o que lhe era exigido, levavam-no para outro lugar, seguro e confortável, onde ele deveria ratificar a confissão. Se esta não fosse ratificada, voltava-se à tortura, em dias subseqüentes” 20 21 As penas Além da tortura, que era uma pena em si, após a condenação, o acusado seria submetido a diversos tipos de sanção, tais como, tortura, banimento, trabalhos forçados, etc; Um outro tipo de pena aplicado à época, era a “morte civil” do indivíduo, na qual eram suprimidos todos os direitos civis da pessoa: ◦ Desapareciam os laços maritais e patriarcais; ◦ A cidadania e os direitos patrimoniais; ◦ Era aberto o processo sucessório; ◦ Tudo o que o condenado conseguisse adquiria após a condenação não poderia ser utilizado por ele; 22 A Mascara da infâmia 23 As penas Os culpados de heresias mais graves que se arrependiam recebiam prisão perpétua e tinham os bens confiscados; Outros eram mandados para a fogueira em uma procissão e cerimônia da Igreja denominada “autos de fé”; As execuções em si eram realizadas por autoridades civis, e não pelos padres, como forma de preservar a santidade da Igreja. Fonte: Palma, 2008 24
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