Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Prof. Fabrício Ferreira 2008.2 2 Contexto Europeu Europa – Séc. XIX – tomada de territórios por Napoleão; Se não possuía colônias, a forma de obter mercados era por meio do domínio político e/ou territorial; – “Bloqueio marítimo da Franca” x “Bloqueio Continental” Portugal: Estado baseado em uma aristocracia parasitária, com estamentos quase feudais, sem noção de proteção à nação, que colocava seus interesses e conforto acima de qualquer coisa, inclusive de seu país; – Resultado: • Perda da posição de vanguarda no período das Grandes Navegações; 3 A Situação de Portugal Economia portuguesa dependente das colônias; Dependência econômica crescente, subordinando os lusitanos aos ingleses; Convenção Secreta de Londres/1807 – transferência da Monarquia Portuguesa para o Brasil, ampliação das forças navais inglesas com unidades portuguesas, bases militares em colônias de Portugal. 4 A Corte portuguesa no Brasil e subordinação à Inglaterra Vinda da Família Real para o Brasil; Portugal invadida pelos Franceses; Impossibilidade de manutenção do pacto colonial (exclusividade da metrópole na comercialização); Abertura (provisória) dos Portos às Nações Amigas: liberação do comércio do Brasil para outros lugares que não a metrópole, caso contrário toda a economia brasileira estaria paralisada. Imposição de imposto geral sobre produtos importados (24%). Forma de arrecadação de renda para a Família Real (e para os parasitas); Resultado: grande desenvolvimento do comercio interno e externo brasileiro, a tal ponto das cidades se desenvolverem e a balança comercial com Portugal, que antes era deficitária, tornar-se favorável ao Brasil. 5 A Liberação das Manufaturas Revogação do Alvará de 1785, que proibia a manufatura brasileira, pelo Alvará de 1808, que permitia a industrialização brasileira; – Porém, os efeitos não foram os esperados – pouco desenvolvimento dos setores têxtil e metalúrgico; – Haviam algumas barreiras que limitavam o desenvolvimento industrial brasileiro: • O escravismo (consumo); • A concentração de grande parte do capital existente na manutenção do sistema agrícola baseado no latifúndio e no escravismo; • Concorrência dos produtos ingleses; 6 Reorganização do Estado Português no Brasil e Entrega do Mercado brasileiro 1808 – inicio da montagem do Estado português no Brasil; Transplantados todos os órgãos do Estado p o r t u g u ê s : m i n i s t é r i o s , ó r g ã o s administrativos e da justiça; Utilização deste aparato burocrático para a locar a nobreza paras i tá r ia que acompanhou a Família Real para o Brasil; 7 Criação do Banco do Brasil (1808) Instituição criada, não para fomentar o desenvolvimento brasileiro, mas com o intuito de servir como tesouro real e para emitir moeda para cobrir tanto os gastos do estado, quanto os rombos causados pela já instalada corrupção; Apesar da distancia entre a Corte e a sociedade colonial, as transformações administrativas deram ao Brasil um centro aglutinador antes não existente; A mudança da Família Real para o Brasil, terminou por legar à Colônia a herança de dependência econômica de Portugal com a Inglaterra, representado, principalmente, pelo Tratado de Aliança e Amizade, de 1810, e o Tratado de Comércio e Navegação (dominância inglesa no Brasil suplantando o controle dos portugueses; pagamento de menos impostos para a entrada de mercadorias inglesas no Brasil); 8 A relação comercial com a Inglaterra Ambigüidade: caráter provisório das medidas liberais e tentativa de proteção do comércio português. Conseqüências: diminuição do custo de vida da população (início), porém, terminou por entregar o comercio brasileiro aos ingleses, causando enormes prejuízos para o Brasil no que concerne ao comércio com outros países; – Fim do colonialismo e início do imperialismo; Contradição da política econômica de Dom João: adoção do liberalismo destruiria as bases coloniais; a manutenção desse sistema era impossível nas novas condições; – cerne da discussão sobre a independência. 9 O Tratado de Comércio e Navegação: A Inglaterra obtinha o direito de reexportação de gêneros tropicais; Seriam criadas tarifas alfandegárias preferenciais – 15% para Inglaterra; 16% para Portugal e 24% para demais nações; Os súditos ingleses deveriam ter liberdade religiosa garantida. 10 A Justiça no Período Joanino Estrutura judiciária transposta para o Brasil; – Instauração de uma justiça militar, para cuidar das questões relativas as armadas e armadores; – Instauração de conselhos militar (Conselho Supremo Militar) e de justiça (responsável pelo conhecimento e decisão dos processos criminais cujos réus tivessem foro militar). – Fusão dos tribunais superiores portugueses, instituindo a “Meza do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens”, composto de um presidente e desembargadores nomeados pelo regente e deputados; 11 Transformação da Relação do RJ em Casa de Suplicação, considerada como STJ: findar pleitos em última instancia,... Criação do cargo de Intendente Geral de Polícia, com jurisdição sobre juízes criminais; Juiz Conservador da Nação Britânica: – Juiz escolhido pelos ingleses residentes e somente ele poderia julgá-los; (aberração! – privilégios aos ingleses) A Justiça no Período Joanino 12 A elevação do Brasil à condição de Reino Unido Não havia uma determinação portuguesa (D. João VI) sobre a situação jurídica do Brasil desde a vinda da família real (1808) até 1815; – O Brasil estava em um “limbo”: ainda não era Reino, mas tão somente “Sede do Governo”, e nem era mais Colônia, por que os portos já estavam abertos “às nações amigas”; Conflito: elevar o Brasil a Reino seria colocá-lo como igual a Portugal, dando um status jurídico que não poderia ser retirado, ou seja, o Brasil não mais poderia voltar a condição de Colônia; – Todas as nações européias já designavam o Brasil como reino. Carta de Lei de 16/12/1815 – Reinos Unidos: Portugal, Brasil e Algarves. 13 14 BRASIL COLONIAL – Retorno da Família Real para Portugal - 1821 • derrota de Napoleão em 1817 – volta da estabilidade política na Europa • D. Pedro permanece como regente – Brasil mantém sua estrutura política – passa a ter deputados na Corte de Lisboa • portugueses tentam retomar o pacto colonial • o Brasil declara-se independente em 1822 15 BRASIL IMPÉRIO A Independência do Brasil e a Constituinte de 1823: – processo de independência não desencadeado por processos ideológicos; – elementos da elite pleiteavam a continuidade da união com Portugal, guardadas as liberdades conseguidas com a condição de Reino Unido; • Opções: – aceitar a volta do Brasil à condição de colônia, obedecendo às Cortes Portuguesas; – deixar os “radicais” insuflando o povo contra as cortes e conseguir uma independência com características democráticas e republicanas; 16 Aceitação pela elite brasileira de um comando por um monarca, afim de excluir os “radicais”. Monarquia significava a manutenção do status quo: – Latifúndio; monocultura; exportação e escravocracia; • Quando, a partir da Lei Áurea a monarquia já não garantia mais esse estado de coisas, veio a República. A Convocação da Constituinte de 1823 foi uma tentativa de barrar os ideais de “recolonização” das Cortes Portuguesas: – A “preparação do terreno” para a Assembléia Constituinte: • extermínio da oposição, por meio de eleições restritas a um grupo pequeno de pessoas (direito de voto a cidadãos emancipados, com mais de 20 anos; excluídos os religiosos regulares, estrangeiros não naturalizados, criminosos, os que viviam de salário,...) • “Limpeza” como forma de excluir os ideologicamente de tendência mais democrática (degredo) e a imprensa (jornaisfechados e calados, ficando apenas os apoiadores do governo); BRASIL IMPÉRIO 17 BRASIL IMPERIAL 18 Justificativa de Dom Pedro I para as medidas tomadas: “salvar o Brasil”; Constituinte formada sob o jugo da perseguição fadada a obedecer subservientemente a vontade do Imperador ou a afrontá-la e ver o poder imperial fechá-la (constituinte consentida); Constituinte tendo de funcionar fielmente ao sistema monárquico; – 272 artigos inspirados no liberalismo econômico e na soberania nacional, princípios iluministas. – Defendia a restrição da participação de estrangeiros na vida política nacional; – seguia uma tendência classista imoderada na discriminação dos poderes políticos. BRASIL IMPÉRIO 19 Eleição condicionada à renda como forma de afastar a m a i o r i a d a p o p u l a ç ã o ( C O N S T I T U I Ç A O D A MANDIOCA): – eleitores de 1o. Grau: renda de 150 alqueires de farinha de mandioca; – elegendo os eleitores de 2o. grau; renda de 250 alqueires de mandioca; – elegendo deputados e senadores, que, para candidatarem-se, precisavam apresentar renda de 500 a 1.000 alqueires, respectivamente. Anteprojeto valorizava: a representação nacional, estabelecendo a indissolubilidade da Câmara e o veto do imperador aos projetos aprovados pela Câmara seria de caráter suspensivo; sujeição das forças armadas ao parlamento, e não ao imperador. Assembléia fechada e Dom Pedro nomeia uma comissão para fazer uma nova Constituição, alegando que o anteprojeto traria “graves perigos à Nação”. BRASIL IMPÉRIO 20 A Constituição Outorgada de 1824 Constituição outorgada, imposta por D. Pedro I, sendo, apesar das críticas, assimilada por imposição. Pontos da constituição: – Necessidade de identificação do governo com uma monarquia constitucional; – participação do poder de parte da elite econômica (liberalismo); – necessidade de Constituição, com separação de poderes. Constituição Imperial: – divisão de poderes em quatro (poder moderador – poder privativo do Imperador); – ministros de Estado nomeados pelo Imperador, acabando com a possibilidade de um parlamentarismo real; – Legislativo escolhido pelo Imperador; – candidaturas mediante idade e muito dinheiro, ou ser príncipe. 21 O Poder Moderador Por meio do Poder Moderador, o Imperador podia: – fechar a Câmara dos Deputados e convocar eleições alegando a “salvação do Estado”; – Nomear senadores; – Expedição de decretos e regulamentos pelo Imperador; – Vetar ou “deixar de sancionar leis”: Poder judiciário dependente do Imperador – juízes nomeados por ele, como chefe do Poder Executivo. HOJE: GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO: I N D E P E N D E N C I A O R Ç A M E N T Á R I A , VITALICIEDADE, IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIOS, INAMOVIBILIDADE 22 O Poder Judiciário ORGANIZAÇAO Judiciária: – Juízes de primeira instância e Relações (Tribunais de Segunda Instância) em todas as províncias; Era possível a conciliação antes do julgamento; A Arbitragem (feita por Juízes de Paz); A Publicidade deveria ser observada; Havia a previsão de um “Supremo Tribunal de Justiça”, para substituir a “Mesa da Consciência e Ordens e a Casa da Suplicação”: responsável pelos recursos de revista que eram oferecidos com base na nulidade manifesta ou injustiça notória; Interpretação da Lei cabia ao Legislativo; Muitos pontos existentes mas não levados em consideração, na prática: – Censura; – não referência aos escravos (não obstante a cópia dos escritos franceses e ingleses); – liberdade de religião (documentação restrita a católicos + poder da igreja concentrado nas mãos do Imperador) 23 BRASIL IMPERIAL Principais marcos do Brasil Império: – Primeiro reinado – 1822/1831 • período marcado por: – guerras internas e externas – insolvência do Banco do Brasil – crescimento da dívida pública – tratados de comércio com França e Inglaterra – criação dos Conselhos Gerais das Províncias – criação do Supremo Tribunal de Justiça • necessidade de assumir o trono português, pacificar revolução em Portugal e os conflitos internos no Brasil: – levaram à abdicação em favor de Pedro II, que no tempo não tinha a maoridade 24 Código Criminal de 1830 Necessidade de elaborar a legislação civil e criminal, para substituir a legislação do Reino de Portugal; Divisão Código Criminal de 1830: – dos crimes e das penas; – dos crimes públicos; – dos crimes particulares; – dos crimes policiais; Pena de morte autorizada, mas, poderia ser suspensa; – Não poderia haver pompa no enterro do condenado, e havia previsão do estilo de roupa que deveria trajar no momento da execução; – pena de morte executada pela forca; – Somente a mulher grávida poderia escapar, temporariamente, da condenação; 25 Demais penas: – Galés, prisão com trabalho, prisão simples, banimento, degredo, desterro e suspensão dos direitos políticos do condenado; Introdução da pena de multa; Garantia constitucional contra a penas como açoite, tortura, marca de ferro quente e demais penas cruéis (exceto para escravos); Inimputáveis: – Menores de 14 anos; – Loucos de todo o gênero; – Pessoas que cometem crimes levados por força ou medo irresistíveis; • Deveriam reparar o mal causado; Princípio da Legalidade; Não havia previsão de crimes culposos; “Mulher honesta” – art. 222 – p. 378; Adultério, apenas se não houve consentimento; Não diferenciação entre roubo e furto; Crime de prática de atos religiosos em público; Código Criminal de 1830 26 Código de Processo Criminal de 1832 e Ato Adicional de 1834 Código de Processo Criminal: necessidade, visto que o Código Criminal não contemplava o processo; Municipalização (descentralização): municípios habilitados a exercer atribuições judiciárias e policiais; Circunscrições: distrito (juiz de paz); termo (corpo de jurados, juiz municipal, escrivão das execuções e oficiais de justiça); comarca (um a três juízes de direito, um deles sendo chefe de polícia) Juiz de paz eleito pela população; juiz municipal e promotores públicos nomeados pelo presidente da província; Juízes de direito escolhidos pelo Imperador; 27 Estrutura trazendo problemas gravíssimos: eleição do juiz de paz levando em conta o poder dos latifundiários; Surgimento do HABEAS CORPUS 1841 – reforma do Código de Processo Criminal, acabando com a descentralização, toda a autoridade jurídica e policial submetida a uma rígida hierarquia, dependente do poder central. Código de Processo Criminal de 1832 e Ato Adicional de 1834 28 Ato Adicional de 1834 Mistura de descentralização e centralização, que resultou em ingovernabilidade; concessão de maiores poderes e deveres aos Conselhos Provinciais, que passaram a ser Assembléias Legislativas; sendo que o poder executivo permanecia sendo exercito por um presidente nomeado pelo Imperador; Poder Moderador permanecia (governo central forte, misturado a uma certa descentralização através de pequenas concessões de poder para as províncias) Mudança da regência trina para uma. 29 BRASIL IMPERIAL Principais marcos do Brasil Império: – Segundo reinado – 1831/1889 • Fase das Regências – 1831/1840 – Regência Trina Provisória – Regência Trina Permanente 1831/1835 – Ato Adicional à Constituição – 1834 • experiência de república e de sistema parlamentarista • Assembléias Legislativas Provinciais • regência una, eleita pelo voto popular • limitação do Poder Moderador para o regente • Fase da Antecipação da Maioridade – 1840/1850 – decretada em 1840 – visou combater as revoltas – enfatizou o parlamentarismo com forma de governo 30 Dom Pedro II 31 REGENCIA TRINA PROVISORIA REGENCIA UNA DE ARAUJO SILMA REGENCIA UNA DE PADRE FEIJÓREGENCIA TRINA PERMANENTE PERIODO REGENCIAL REVOLTA DOS MALÊS GUERRA DOS FARRAPOS CABANAGEM SABINADA BALAIADA SABINADA 32 33 Segundo Reinado1831-1889 Neste período o Brasil buscou afirmar-se como nação A economia do per íodo passaria a ter o café como produto fundamental e seriam ampliadas as pressões inglesas para a extinção do tráfico negreiro Fundação do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil – 1843; E m 1 8 4 7 f o i c r i a d a a Presidência do Conselho de Ministros-Parlamentarismo Criação da Lei de Terras e do Código Comercial - 1850 34 A Escravidão no Brasil Elemento de mão-de-obra utilizado pelos portugueses na implementação de sua política exploratório-colonizadora; Bem de excelente valor comercial na época; Justifica: – a escravidão era benéfica ao escravo, porque seriam civilizados e conheceriam o cristianismo; – Era indispensável à nação, porque, sem esta mão-de-obra, o Brasil iria à bancarrota; Poderia ser sujeito de toda a sorte de obrigações civis: hipoteca, penhor, compra e venda, doação, etc; Havia duas formas de se tornar escravo: ser filho de mãe escrava (analogia com os animais) ou ter sido capturado na África; 35 Não se incentivava o casamento entre negros escravos uma vez que, caso fossem separados por algum desejo de seu senhor, haveria uma ruptura do preceito religioso que determina que a mulher deve acompanhar seu marido aonde este for; O estupro de escravas era uma atividade lícita; Uma prática comum à época era a venda, como escravos, dos filhos que o senhor tinha com suas escravas; No Código Penal o negro tem dupla situação: é pessoa se for o agente do crime; e, coisa, se for vítima; A Escravidão no Brasil 36 As Leis Abolicionistas A consolidação das Idéias Iluministas terminaram por espalhar o pensamento, entre os intelectuais da época, que a escravidão era uma barbárie cometida pelo homem, e por ele poderia ser revogada; não se cuidava de um desígnio de Deus, como se pensava outrora; O interesse econômico dos países capitalistas europeus (notadamente a Inglaterra) via na escravidão um entrave para o desenvolvimento de sua política econômica, em razão do reduzido número de consumidores de seus produtos; 37 ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO Foi editada para responder às p r e s s õ e s i n g l e s a s q u e reclamavam o cumprimento dos tratados assinados; Embarcações encontradas com escravos seriam confiscadas e os negros seriam reenviados para a África; Na prática, estes permaneciam escravos no Brasil; Discussão acerca de possível violação do d i r e i t o cons t i tuc iona l à propriedade; N ã o h a v i a a liberdade propagada em seu seio; Obrigação de pagar pela alforria após os 60 anos, ou cumprir mais 3 anos de escravidão a título de indenização ao senhor; A p ó s , d e v e r i a permanecer junto ao senhor por mais 5 anos – domicílio;
Compartilhar