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Retórica e argumentação síntese

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Retórica e argumentação 
A velha retórica
A retórica na Grécia
A retórica referida por De Mayer, na epígrafe, é a retórica ou a argumentação inserida na própria linguagem do ser humano, o que nos leva a inferir que a retórica não é prerrogativa desta ou daquela cultura, desta ou daquela etnia. A dimensão da retórica não é particular, se não universal.
A afirmação que a retórica nasceu na Grécia deve ser tomada com cautela. Coube aos gregos, a Aristóteles, de modo especial, delimitar o campo da retórica, bem como explicá-la e sistematiza-la.
De Meyer (1997, p.262) denomina de ‘protoretórica técnica’ a retórica, cuja gênese ocorreu no século V a.C. na Grécia, mas precisamente, na Magna Graecia, com o levantamento de processos de reintegração de posse de terras usurpadas pelos tiranos e oferecidas aos mercenários como barganha politica. 
Córax e seu discípulo Tísias, compuseram um manual de retórica, cujo principio fundamental seria valer mais a aparência da verdade que a verdade, para ensinar aos interessados a arte de persuadir com o discurso, especialmente nos tribunais.
A técnica Córax, que leva o nome de seu inventor consiste em transformar algo que é inverossímil demais em verossímil , que é uma técnica bastante utilizada nos dias de hoje nos tribunais para defesa de causas ditas ‘’impossiveis’’, que o foco seria a redução da pena do réu.
O trabalho de Córax e Tísias tinha uma finalidade prática: ganhar dinheiro, como qualquer outra profissão. O grande mérito de Córax foi ter-nos legado o primeiro esboço de um arranjo ou ordem de discurso que Aristóteles acolheu e desenvolveu.
Neste aspecto a preocupação da retórica, é mais importante persuadir que convencer: o apelo da vontade e da sugestão é, em geral, mais forte que o da razão, mesmo porque o auditório, comumente, não é capaz de acompanhar raciocínios mais complicados. Toda via como diz Perelman (1986, p. 20), a eficácia do discurso persuasivo não garante sua validade.
Górgias para fundamentar sua filosofia toma por base o niilismo, a descrença por razão principal, onde nada existe de absoluto, onde não existem verdades morais e nem hierarquia de valores. A verdade não existe, qualquer saber é impossível e tudo é falso porque é ilusório.
O filósofo destrói dessa forma a possibilidade de alcançarmos a verdade absoluta. Nossa razão somente pode iluminar as situações em que os homens vivem mas não tem a capacidade de formular regras absolutas. Podemos somente analisar a condição em que nos encontramos e expor o que devemos ou não fazer e mesmo o que devemos ou não fazer muda muito dependendo da situação em que nos encontramos. Uma mesma atividade pode ser boa ou ruim dependendo de quem a pratica e em que situação se encontra.
 
Como não existe uma verdade absoluta e a falsidade está em tudo as palavras assumem uma autonomia quase sem limites pois estão desligadas do ser. As palavras são independentes e estão disponíveis para os mais diversos usos. Um dos principais usos é a retórica que utiliza a palavra para sugerir, para fazer crer e para persuadir os cidadãos. A retórica tem assim grande utilidade para a política.
A marca persuasória do discurso retorico lhe confere uma perspective pluralista, não dogmática, não reducionista da realidade, em oposição ao monismo cartesiano. A concepção filosófica pluralista, alicerça-se na visão razoável, do dialogo, da controvérsia, da multiplicidade de pontos de vista. Nessa mesma moldura é que Perelman encaixa os princípios básicos da nova retorica.
Procura-se entender que a retórica é uma jogo de persuasão entre orador, falante e interlocutor. Tal jogo desenvolve-se entre seres sociais que interagem por meio de uma linguagem portadora de argumentatividade, inscrita na língua.
Uma das grandes contribuições de Aristóteles à retórica foi dispô-la num sistema coerente e logico. Tais partes concorrem para a coesão do conjunto, razão porque alguns as chamam de sintagmáticas.
Inventio: em seu sentido original, encontrar, achar, descobrir. Trata-se da atividade de descobrir o que dizer pelo estudo dos lugares. Em outras palavras descobrir nos locais argumentos adequados que se resumem no exemplo e no entimema que constituem as chamadas provas intrínsecas, próprias, internas, imanentes á retórica e distinta, assim das provas extrínsecas, externas a retórica, como o indicio, a confissão, o testemunho.
Lugar-comum entende-se como o ponto de partida da argumentação, fundamentados não na evidencia, mas na possiblidade de varias interpretações e aplicações, aspecto em que se diferenciam dos axiomas, como diz Perelman (2000, p. 159).
Dispositio: uma vez encontrados os elementos apropriados de prova, compre coloca-los em ordem para estruturar o discurso. Nesta parte, cuida-se, então de organizar o discurso com um plano adequado, hierarquizado numa ordenação sequencial das partes dos discursos.
Exórdio: a finalidade deste é suscitar a benevolência do auditório, e expor o assunto. Ganhar a simpatia do auditório é uma das preocupações do discurso retórico, enquanto que, no discurso logico, esta mesma preocupação é absolutamente inútil. O exordio não é o momento propricio ao raciocínio, mas ao preparo do auditório.
Exordio: é basicamente o começo e apresentação do discurso. Tem por escopo preparar brevemente os ouvintes ou leitores para o conhecimento do assunto e provocar ao mesmo tempo sua atenção e benevolência.
Narrativa: trata-se de uma parte dispensável em alguns gêneros, como o deliberativo, e indispensável em outros, caso do gênero judiciário, que a reclamam. A importância da narração consiste em que ela é, muita vez, um argumento.
Confirmação: consiste na apresentação de provas (argumentos) a favor e contra os adversários. Esta parte costuma ser mais densa, desempenha um papel relevante no discurso, pois, como a narração, objetiva tornar o discurso convincente.
Perelman fala em ordem crescente (argumentos fracos e depois os fortes) e decrescente ( primeiro os fortes depois os fracos). Cada ordem tem vantagens e desvantagens. Entendendo que as circunstancias e o auditório é que vão determinar a ordem na argumentação.
Peroração: Fala em três partes, o resumo, a recapitulação do discurso, cuja finalidade é realçar a ideia, intensificando-a, sem cair no abuso, para chegar a persuasão. Para alguns autores a peroração é a pedra de toque do bom orador, especialmente na área penal. É o lugar adequado para suscitar a comoção no juiz.
Ainda com relação as partes do discurso retorico, importa frisar que elas formam um todo harmônico, coerente, integrado num corpo sistematizado de normas e participam da mesma moldura discursiva, com uma só e mesma finalidade: persuadir o auditório.
Tres são os gêneros do discurso propostos por Aristóteles e acolhidos, ao longo dos tempos, pelo estudiosos do assunto. Nesta classificação o elemento fundamental de cada gênero é o auditório; em função dele é que Aristóteles estabeleceu sua tipologia.
Gênero deliberativo: próprio das assembleias politicas cuja função é tomar decisões que se propõem para o futuro, com o aconselhamento do útil e do melhor e desaconselhamento do inútil e do pior. Portando há uma relação de utilidade.
Gênero judiciário : próprios dos tribunais com perspectiva de defesa ou ataque com relação a uma questão dúbia ou incerta no passado, com a busca do que é justo. No gênero judicativo se põe a questão de justificação. 
Gênero epiditíco : próprio a cerimonia solenes ou alegres, ou tristes. Perelman, afirma que os antigos não pareciam dar valor argumentativo a esta espécie de gênero, para os quais a apreciação moral fugiria ao caráter polemico, dado o seu caráter certo e incontestável.
De certa forma, ainda hoje alguns meio de comunicação mantem uma lembrança do gênero epidítico quando colhem junto a determinadas pessoas repercussões sobre a morte de alguém.
A retórica em Roma
É correto afirma que a retórica latina se alicerça na retórica grega, ou, antes, é a retórica grega com alguns matizes romanos. Alias
toda a cultura latina se aleitou-se da cultura grega.
O destaque para a retorica latina é Cícero, os exercícios de dissertação persuasiva mostram a influencia grega nas escolas de retorica latinas. Também estreitamente atrelado à retorica latinas. Também estreitamente atrelado à retórica helênica é o manual de retorica atribuído a Cícero 
No orator, Cícero desenvolve a elocutio , mas não a dissocia das demais partes e despensa atenção especial aos efeitos rítmicos e sonoros do discurso. Ainda sobre a retórica, são da lavra de Cícero as partitiones oratoriae e brutus.
Cícero também trata dos tópoi, porém em perspectiva prática, considerando os resultados, ao contrario de Aristóteles, cujo interesse eram as causas.
Outro nome para a oratória latina é quintiliano, ele ao contrario de Cícero, é fundamentalmente um mestre da retórica, um teórico e um historiador desta ‘’arte’’, mais do que em utente propriamente dito, um politico que faça dela um instrumento de combate.
Para encerrar essas considerações sobre a retorica latina, é conveniente ressaltar a diferença fundamental entre os discursos retóricos gregos e latino. Enquanto o primeiro era temperado por uma participação ativa no quadro politico em que o auditório era participativo, mesmo no gereno epiditico. Na roma imperial, a pratica argumentativa era ensinada apenas nas escolas, apartadas do cenário politico, fora do contexto politico. 
Embora Cícero não pleiteasse a disjunção entre as partes da retórica, manifestou a inclinação clara para a valorização da elocutio em detrimento da inventio e da dispositio, opção clara de Aristóteles e Perelman.
A retórica medieval
Podemos afirmar que, na idade média, reinava a eatas ciceroniana. A retórica ciceroniana enfatizava a elocutio, o ornato do discurso. A retórica medieval já se vai identificando com a mera composição do estilo e se inicia, então, a tendência de se reduzer a retórica à ornamentação com a quebra da visão unitário e coerente da menta retórica.
Os ensinamento de santo agostinho vão influenciar, além do instrumental retórico ciceroniano, apresenta elementos típicos de arte retórica crista: a clara consciência de persuadir imposta por cristo e a ação da graça divina a influenciar o orador quando o auditório.
O Ramismo, ao rejeitar a distinção preconizada por Aristóteles entre julgamentos analíticos e dialéticos, e ao propor a razão critica como critério único e supremo, rompeu o equilíbrio da retorica aristotélicas e tornou-se o precursor de Descartes e Port Royal.
A nova retorica
Falando em nova retorica, havemos de nos referir ao grupo de Liége, movimento dos anos 60 que voltou as origens da retórica, e a renovou ao abrir perspectivas novas no horizonte retorico e ao estabelecer laços entre a retórica e outras disciplinas.
A afinidade da retórica com a semiótica é patente: ambas buscam a identidade na alreridade; ambas convergem no sentido de que as duas exprimem um jogo de contrários; ambas tem estruturas polemicas; daí se fala em semiótica tensiva.
O trabalho do grupo de Liége não se restringe a uma só e determinada área, mas tem caráter amplo, em consonância, alias com o titulo da obre de repercussão universal: a retorica geral.
A consideração das figuras, à luz dos estudiosos do grupo de Liège, tem como finalidade principal investigar lhes a força argumentativa, aspecto relegado a segundo plano ou simplesmente esquecido até então, ou pelo menos, nos séculos XVIII e XIX, quando o discurso era simplesmente verbal afastado do uso consciente do material verbal. Grande foi a contribuição deste grupo para a revitalização dos estudos retóricos.
Assim como Aristóteles faz uma releitura de Córax e platão, Perelman e Tyteca relêm aristoteles e , dessarte e encontraram alguns pontos em comum.
Aristoteles e Perelman estruturaram a retórica no trinômio demonstração-argumentação-persuasão.
Pirelman mantem o estudo de aristoteles: para lograr a persuasão do auditório.
Ambos entendem que a interlocução, é um ponto indispensável na argumentação sem o qual sem interlocução não há adequação da mensagem ao auditório.
A base do raciocínio entre aristoteles e Pirelman é o etinema, que opera com o conceito de verossemelhança. 
E como também algumas diferenças foram detectadas.
Como por exemplo, enquanto a velha retorica se refere a auditórios determinados, a nova retorica tem em vista não só o auditório particular, mas também o auditório de cunho geral e indeterminado, universal.
Convicção 
Persuasão: os dois termos distinguem-se, de acordo com aristoteles, que fala em raciocínio dialético e raciocínio analítico. Podemos dizer que o primeiro se relaciona a persuasão e o segundo, à convicção. A nova retórica, proposta por Perelman, situa-se na área do rariocinio dialético, da persuasão e, para ele, persuadir é mais importante que convencer.
Então convencer é o primeiro passo, tem por objetivo esclarecer, fazer compreender, conscientizar.
Persuadir é um passo a mais, que leva ao ato, ao resultado e tem por objetivo conduzir, levar ao fazer.
	Convencer | persuadir
Foge a noção de tempo é temporal
Refere-se ao auditório reporta-se ao auditório particular
Universal
Busca racional busca o não racional
Usa raciocínio logico usa raciocínio plausível 
Leva à certeza leva a possibilidades
Busca o entendimento busca a vontade

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