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Weber para graduação modernização 2015

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Max Weber
Profa. Rosimeri Carvalho da Silva
EA-UFRGS
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Introdução
Weber era um observador das sociedades modernas e, especialmente, um analista das tendências da sociedade industrial.
Formado dentro dos ideais liberais, se perguntava sobre como adaptar tais idéias a uma realidade muito mais complexa do que aquela sonhada pelo liberalismo dos séculos XVIII e XIX.
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Contexto
Unificação alemã, liderada por senhores latifundiários sob a liderança de Bismarck.
Período da 1ª Guerra Mundial.
Industrialização tardia e intensiva da Alemanha, marcada pelo ‘atraso’ com relação às potências européias.
Modelo britânico de industrialização tem um longo período de maturação – mais de meio século. Na Alemanha ocorre em poucos anos no final do século XIX.
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Contexto
A realidade histórica evidenciava a impossibilidade dos ideais da sociedade auto-regulada que poderia ser organizada eficientemente por sua instituição mais racional: o mercado.
Pelo contrário: realidade muito mais complexa - uma sociedade de grupos, organizações e instituições e, como tal, não poderia ser abordada a partir do individualismo liberal.
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Preocupação
Sua preocupação com a Alemanha o leva a pensar os problemas mais gerais das sociedades modernas: compreender o processo geral da racionalização ocidental.
Encontrar um esquema que articulasse de modo mais racional possível democracia, capitalismo e sistema político.
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Categorias centrais ao pensamento Weberiano:
Estado (moderno)
Política
Legitimidade
Poder
Dominação
Racionalidade
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Tipo ideal: meio para compreender
Tipo ideal = Tipo puro; quer dizer uma construção ideada, construída de modo racional pelo pensamento (não significa modelo a ser seguido).
Serve para estabelecer o significado cultural dos fenômenos e para formular proposições empíricas sobre os fenômenos.
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Tipo Ideal
“Constitui um tipo ideal um quadro conceitual que não é a realidade histórica, pelo menos não a ‘verdadeira’, e que muito menos está destinado a servir como esquema sob o qual se deverá subsumir a realidade como espécimen, mas que, diferentemente, tem o significado de um conceito limite puramente ideal, com respeito ao qual a realidade é medida e comparada a fim de esclarecer determinados elementos significativos de conteúdo empírico.”
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Conteúdo do tipo ideal (puro)
Utopia à qual não corresponde nenhum caráter de realidade, obtida a partir de um “deslizamento” da mesma.
“Intensificação unilateral” da realidade.
Exagero de alguns dos elementos característicos da realidade, a partir de um determinado ponto de vista.
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Tipo ideal (puro) e realidade
Nunca será encontrado na realidade, já que seu conteúdo configura uma arbitrária irrealidade, uma sugerida ficção, um exagero das tendências de alguns aspectos da realidade, que tornam o quadro típico ideal desproporcional com relação à realidade.
					
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Como chegamos à sociedade moderna?
Questão central em Weber:
Como se constrói a ordem?
Por que as pessoas obedecem?
Busca resposta através do estudo de diversas sociedades em épocas diferentes.
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Ação Social
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Significado e objetivo da ação
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Racional referente a fins
Ação racional quanto ao seu fim, significa o uso dos meios adequados a um fim determinado.
O agente faz uso de suas expectativas sobre a conduta dos objetos exteriores e dos outros seres humanos como ‘condições’ ou ‘ meios’ para conseguir, como resultado, a realização de suas próprias intenções, racionalmente perseguidas e calculadas.
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Racional referente a valores
Ação racional quanto a seus valores.
É uma tentativa de realização de um valor transcendente.
O agente pode crer, conscientemente, no valor intrínseco e incondicional de um tipo determinado de ação em nome de um valor estético, ético, religioso ou de outra índole, puramente e por si mesmo, à margem de suas conseqüências.
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Afetiva
Emocionalmente determinada.
Resulta de impulsos emocionais e estados de ânimo.
Difere da ação orientada por valores, pois esta última elabora conscientemente os alvos últimos pelos quais se orienta consequente e planejadamente.
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Tradicional
Expressão do costume estabelecido.
Weber o considera um comportamento que se encontra no limite do que se pode chamar ação orientada pelo sentido, pois frequentemente, não passa de reação surda a estímulos habituais.
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Tipos de racionalidade padrões e regularidades da ação social
Prática - vê e julga as ações em relação aos interesses pragmáticos e egoísticos / usa a razão instrumental.
Teórica - processo cognitivo abstrato pelo qual se introduzem novas regularidades.
Substantiva - ordena a ação segundo postulados de valor.
Formal - se relaciona a algumas esferas da vida (econômica, legal e científica) e com a organização burocrática.
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Alguns conceitos fundamentais
Poder: A probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade.
Dominação: é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, entre determinadas pessoas.
Obediência: quando a ação de quem obedece ocorre substancialmente como se este tivesse feito do conteúdo da ordem e em nome dela a máxima de sua conduta, sem tomar em consideração a opinião própria sobre o valor ou desvalor da ordem como tal.
Disciplina: é a probabilidade de encontrar obediência pronta, automática e esquemática a uma ordem, entre um conjunto de pessoas, em virtude de atividades treinadas.
Política: “Política significa o esforço para compartilhar o poder ou por influir em sua distribuição. [...] Quem atua em política se esforça para obter o poder, seja como meio para servir a outros fins, ideais ou egoístas, ou como poder pelo poder mesmo.”
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Legitimidade
A força deve ser legítima para que a ordem política seja duradoura e estável, já que só um poder legítimo pode constituir o Estado como comunidade política.
Por que os seres humanos obedecem, qual é a razão última pela qual em toda sociedade estável e organizada há governantes e governados?
Por que atores sociais seguem e acatam diferentes normas que lhes são apresentadas como obrigatórias ou como modelos de conduta?
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Legitimidade e poder
A legitimidade é o fundamento principal do poder político, já que transforma um poder de fato (coerção violenta) em um poder de direito; de tal modo que a obediência se manifesta em termos de relações de direito: o direito dos governantes a mandar e a obrigação dos governados de obedecer.
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Poder e dominação
Poder - “Probabilidade de impor a própria vontade em uma relação social contra qualquer tipo de resistência por parte de outros participantes nessa relação.” (poder é socialmente amorfo, se realiza em infinitas situações e relações sociais)
Dominação - “Probabilidade de que um mandato com conteúdo determinado seja obedecido por um conjunto de pessoas.” (dominação remete à idéia de eficácia e autoridade)
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Dominação = Poder legítimo
“Consideramos como ‘dominação’ um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (‘mandato’) do ‘dominador’ ou dos ‘dominadores’ influi sobre atos de outros (do ‘dominado’ ou dos ‘dominados’), de tal modo que em um grau socialmente relevante esses atos ocorrem como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de seu fazer o conteúdo do mandato (‘obediência’).”
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Dominação = Poder legítimo
A dominação é um tipo de poder: aquele que é legítimo. 
Toda dominação pretende despertar e fomentar a crença em sua legitimidade. Por isso, um poder político é legítimo quando tende a ser aceito e mantido.
Os motivos dessa aceitação podem ser de natureza diferente tipos ideais de dominação.
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Tipos ideais de dominação
A partir de diferentes pretensões de legitimidade se organizam distintos tipos de obediência e distintos quadros administrativos destinados a garantir essa obediência.
A distinção entre os tipos de dominação decorre da justificativa que o dominado apresenta para o seu ato de legitimação, e não da execução do poder pelo dominador.
O dominado pode legitimar o poder da autoridade: pela crença na santidade das tradições exercidas; pela fé ou crença nas qualidades de uma pessoa e nas ordenações que dela derivam; ou pela legalidade das ordenações instituídas.
Tipos de dominação: carismática, tradicional, racional-legal.
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Atenção!
“Nenhum dos três tipos ideais [...] costuma dar-se em forma ‘pura’ na realidade histórica. [...] A tipologia sociológica oferece ao trabalho histórico a vantagem nada depreciável de poder dizer no caso particular de uma forma de dominação o que nela há de ‘carismático’ [...], de ‘burocrático [...], etc., ou no que se aproxima de um desses tipos puros. [...] Estamos muito longe de pensar que a realidade histórica se deixe ‘prender’ no esquema de conceitos que desenvolvemos.”
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Dominação tradicional
“Se baseia na autoridade do passado, dos costumes santificados por uma validade imemorial e pela orientação habitual para submeter-se. Este é o domínio tradicional exercido pelo patriarca e pelo príncipe patrimonial de então.”
	É a forma de dominação mais estável, já que se apóia fundamentalmente no cotidiano. 
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O quadro administrativo da dominação tradicional
“O soberano não é um ‘superior’, mas um senhor pessoal; seu quadro administrativo não é constituído por ‘funcionários’, mas por ‘servidores’ e os dominados não são ‘membros’ da associação e sim ‘companheiros tradicionais’ ou ‘súditos’. As relações do quadro administrativo para com o soberano não se determinam pelo dever objetivo do cargo, mas por fidelidade pessoal do servidor. Não se obedece a disposições estatuídas, mas à pessoa definida pela tradição ou pelo soberano tradicionalmente determinado.” 
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A dominação carismática
“A dominação carismática, pelo contrário, é a mais instável, já que depende da presença de fatores extraordinários na medida em que se se assenta[...] na autoridade do dom de graça extraordinário e pessoal (carisma), na confiança e devoção absolutamente pessoal na revelação, heroísmo ou outras qualidades da direção individual. Esse é o domínio carismático exercido pelo profeta, ou no terreno da política pelo chefe guerreiro eleito, o governante eleito por plebiscito, o grande demagogo ou o chefe de um partido político.”
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O corpo administrativo da dominação carismática
“Não há nenhuma ‘carreira’, só o chamado pelo senhor segundo sua própria inspiração [...]. Não existem nem ‘jurisdição’ nem ‘competências’, só determinação espacial ou de objetos, só a ‘missão’.”
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Carisma e renovação
“O carisma é a grande força revolucionária nas épocas vinculadas à tradição [...], o carisma pode ser uma renovação a partir de dentro que, nascida da indigência ou do entusiasmo, significa uma variação na direção da consciência e da ação, com reorientação completa de todas as atitudes frente às formas de vida anteriores ou frente ao ‘mundo’ em geral.” 
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A dominação racional legal
“A dominação racional legal repousa sobre a validade das seguintes idéias, entrelaçadas entre si: que todo direito, ‘pactuado’ ou ‘outorgado’, pode ser estatuído de modo racional [...]; que todo direito é um cosmos de regras abstratas [...] e que a administração supõe o cuidado racional dos interesses previstos pelas ordenações da associação, dentro dos limites das normas jurídicas e segundo princípios identificáveis; que o soberano legal típico [...] enquanto ordena e manda obedece à ordem impessoal que orienta suas disposições; os membros da associação ao obedecer não o fazem em atenção à sua pessoa, obedecem àquela ordem impessoal.”
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Categorias fundamentais do quadro administrativo da dominação racional legal: a burocracia
Um exercício continuado, sujeito à lei, de funções dentro de um âmbito de deveres e serviços objetivamente limitados em virtude da distribuição de funções.
Hierarquia administrativa.
Qualificação profissional.
Rege o princípio da separação plena entre o quadro administrativo e os meios administrativos e de produção – separação clara entre o público e o privado.
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O quadro administrativo burocrático
“Se compõe de funcionários individuais [...], os quais são pessoas livres, que devem obediência apenas aos deveres objetivos do cargo, com uma hierarquia administrativa rigorosa, com competências rigorosamente fixadas, em virtude de um contrato, sobre a base de uma seleção da qualificação profissional [...]. Exercem seu cargo como única profissão, têm ante si uma ‘carreira’ ou ‘perspectiva’ de ascensão.”

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