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Caderno de Teoria Geral do Estado

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Unidade I - Questões propedêuticas
1. Teoria Geral do Estado, Ciência, Política, Direito Constitucional I: a compreensão adequada do OBJETO da disciplina.
2. Natureza da disciplina -> técnico-teórica
Existem 3 tipos de disciplina no curso: formação geral, técnico-teórica e profissionalizante.
3. Métodos -> indutivo (particular para o geral), dedutivo (geral para o particular) e comparativo*.
4. Correlação com outras disciplinas:
-> Direito Penal (soberania)
-> Direito Civil 
-> Direito Tributário
5. A importância da disciplina para o exercício profissional -> Observação da correlação dos conteúdos da disciplina com decisões paradigmáticas do Poder judiciário:
5.1. -> A decisão sobre fidelidade partidária
5.2. -> Judicialização da saúde
Primeira prova -> 14/09
Segunda prova -> 26/10
Prova substitutiva -> 05/11
Elementos de Teoria Geral do Estado - Dalmo de Abreu Dallari
Ciência Política e Teoria Geral do Estado - Lenio Luiz Streck
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"Quem é o povo?" Müller
Unidade II - Elementos constitutivos da sociedade:
1- Finalidade -> fim para qual todas pessoas se inclinam; todo estado atual, para Dallari, tem como finalidade perseguir o interesse coletivo. As finalidades do Estado brasileiro estão descritas na Constituição.
2 - Poder social -> não adianta ter finalidade se o indivíduo não for sancionado caso ele quebre as regras.
Coerção é meio para cumprimento do ordenamento jurídico, enquanto a sanção é consequência da lei. O poder social serve para se fazer cumprir a finalidade, e quem o possui é o Estado.
3 - Manifestação de conjunto ordenada -> para que essa manifestação se consolide, necessita-se de uma ordem social normativa (jurídica, moral, religiosa). Se essa ordem normativa não é seguida, não se consegue alcançar a finalidade. Aí entra a necessidade de ações em conformidade com o ordenamento (da maioria das pessoas). Há também a necessidade de ações reiteradas, ou seja, que têm a ver com continuidade (para se obter a finalidade). Enfim, manifestação de conjunto ordenada é basicamente um ordenamento jurídico legitimado.
4 - O Estado como um tipo de sociedade -> como uma sociedade geral (sem finalidades estabelecidas, genérica, que não precisa de todos para ser legitimada; diferentemente das sociedades empresariais, que se formam em torno de um fim)
No momento que a Constituição é respeitada por boa parte da sociedade, ocorre sua legitimação.
Unidade III - O Estado Moderno e seus elementos constitutivos:
1 - Surgimento no campo jurídico:
a) Tratado de Westfália (1648)
2 - Teoria tripartida -> SOBERANIA + TERRITÓRIO + POVO (mais em voga no Brasil)
3 - Teoria quadripartida -> FINALIDADE (autores alemães; Dallari é aliado a essa ideia; é soberania+território+povo+finalidade; a finalidade dos Estados Modernos é muito concreta para Dallari)
4 - Análise do elemento povo:
a) Povo, população e nação
Nação -> conjunto de pessoas que tem uma certa identificação cultural (compartilhamento de língua, religião); mas no contexto do pluralismo cultural isso é muito problemático, pois pode gerar uma negação às diferenças. Por isso, o conceito de nação é o menos usado atualmente em Teoria Geral do Estado.
População -> tem a ver com análise de densidade demográfica; trabalha com o conceito de pessoas que estão no território brasileiro; o problema desse conceito é não conseguir estratificar os vínculos jurídicos das pessoas (estrangeiros e brasileiros). Não serve para TGE porque não consegue trabalhar com os diferentes status jurídicos.
Povo -> são compreensões contextualizadas
b) Proposta de Muller -> Quem é o povo?
b.1) -> Povo como pólo ativo: são os nacionais que exercem direitos políticos, principalmente o direito ao voto; o problema dessa definição é que as definições estatais abrangem um grupo imenso que não é pólo ativo (crianças, estrangeiros, presos)
2 critérios para definir quem são os nacionais:
- O Ius solium (quem nasce no território deste Estado)
- O Ius sanguini (diz que o que importa é a questão da ascendência; esta ascendência depende da Constituição)
Ler o art 12° da CB
Nacionalidade derivada -> por algum tipo de interesse, eu consigo a nacionalidade de outro Estado. Aqui no Brasil, é o famoso brasileiro naturalizado.
Brasileiro nato é aquele que nasce em território brasileiro, mesmo sendo filho de estrangeiro. Se um dos pais está a serviço de outro Estado, isso não entra em questão, ou seja, não é brasileiro.
Nasceu no estrangeiro mas a mãe ou pai são brasileiros e estão prestando serviços de diplomacia -> é brasileiro
Pai ou mãe brasileira, o filho nasceu fora -> desde que seja registrado numa repartição brasileira, ele será brasileiro.
Brasileiros naturalizados -> aqueles que, na forma da lei (estatuto do estrangeiro), possuem domínio da língua portuguesa. Tambem serão se completarem um curso de ensino superior. Precisam de 15 anos de residência sem condenação criminal, com exceção aos países de língua portuguesa (só precisam de 1 ano, de forma idônea).
Para portugueses e brasileiros: brasileiros têm direitos iguais aos portugueses em Portugal, e vice-versa (na teoria).
Pra ser alistado eleitoralmente: maiores de 16 anos; pra analfabeto, o voto é facultativo. Quem trabalha nas forças armadas (conscritos) é proibido.
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-> Povo como ícone: está lá legitimando o Estado, mas não tem consonância com o que o Estado realmente quer. Ícone porque traz a incompatibilidade com o que ela deveria significar e o que significa. Se não é pra fazer de forma adequada, que não faça. É a ideia de povo sem qualquer referenciamento real de participação.
Plebiscito: a sociedade é chamada para ser ouvida; é uma consulta prévia; o Estado não sabe o rumo que quer ainda.
Referendo: a sociedade é chamada para ser ouvida; o Estado já tomou as providências, porém ele quer uma confirmação da sociedade civil. É uma consulta posterior.
Ambas têm o sentido de tomar decisões que vão de acordo com o desejo da sociedade civil.
-> Povo como instância global de legitimidade: em democracias representativas, a legitimidade do poder legislativo (e executivo) se dá mediante a regularização do processo eleitoral; é uma legitimidade a priori, é como se a gente desse pra eles um cheque em branco. Se o voto explica a legitimidade na democracia representativa, o poder judiciário se legitima (sua investidura) através de concursos de provas ou títulos ou quinto Constituição (2 formas de obtenção dessa função), ou seja, quem legitima o corpo de Magistrado é a Constituição. É uma legitimação indireta, uma vez que a Constituição é construída indiretamente pelo Povo. É instância global porque legitimaria tudo na sociedade.
-> Povo como destinatário das prestações civilizatórias: prestações civilizatórias são termos de garantias que estão nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos. Em todo tratado desse o destinatário é o ser humano. Essa definição é a mais ampla, pois abrange todo e qualquer ser humano. Esse conceito encontra aplicação no âmbito das Constituições (direitos fundamentais). O ponto de questionamento é se podemos usar sempre essa expressão. A resposta é não, pois perderíamos totalmente a noção de soberania e território - seríamos uma aldeia global.
Povo como combate:
Müller fala da divisão da sociedade em superintegrados e sub-integrados, que seriam, respectivamente, os que têm seus direitos respeitados e os que não. Pra ele, qualquer conceito de povo têm de ficar longe dessa divisão citada. Para Müller, isso é a exclusão jurídica, que seria o item mais perverso do Ordenamento Jurídico. Ou seja, ela deve ser combatida de qualquer forma, com a definição de povo devida.
Povo operacional:
1 - Contexto (a escolha da definição de povo não deve desrespeitar a inclusão jurídica; ou seja, de acordo com o contexto, devemos escolher a definição de povo que não cause a exclusão jurídica)
2 - Combate a exclusão jurídica
5 - Análise do elemento território:
a) Limite, fronteira e território
Mar territorial -> 12 milhas
limite: último demarcador que vai separar o território de 2 estados; geralmente são definidos por tratados. São limites geográficos ou artificiais.
fronteira: faixa contígua; é algo bem próximo do limite; é área de proteção especial; são usadas para controlar a segurança nacional. Essa faixa de fronteira possui bens da União (o país como todo).
território: é a porção de um determinado estado nacional, onde há aplicação jurídica de uma certa ordem. É terra firme, domínio aéreo e marítimo.
b) jurisdição x território (para cada território há uma jurisdição):
b1 -> domínio marítimo: 12 milhas
b2 -> domínio físico: é caracterizado pelas definições limítrofes
b3 -> espaço aéreo: vai até onde o Estado  consiga justificar o domínio útil daquele espaço aéreo; mas existem tratados internacionais de aeronaves para civis.
Qualquer Estado que queira extraditar algum estrangeiro do Brasil precisa de autorização da justiça brasileira.
6 - A soberania nos primeiros Estados Modernos:
a) Conceito jurídico-político: é um poder supremo, nenhum poder pode contrastar a ele; a decisão em última instância será decidida pela soberania; é um tipo de poder qualificado como supremo; é ele quem vai definir em última instância o direito aplicável.
b) Características:
b1 -> Una: não pode ser dual: ter duas soberanias; 
b2 -> Indivisível: as três funções (executivo, legislativo e judiciário) representam a soberania; não pode ser dividido;
b3 -> Inalienável: alienabilidade significa transferência; se um dia um Estado alienar sua soberania, ele deixa de ser soberano; ela é intransferível;
b4 -> Imprescritível: o fator tempo não opera a perda do poder.
7 - Estado de direito
7.1 - Compreensão
Após esses movimentos, o que exerce (ou quem) a soberania é mitigado pelo Direito.
7.2 - Contexto histórico (logo após a Revolução Gloriosa na Inglaterra; logo após a Revolução Francesa na França; e logo após a Revolução Norte-americana nos EUA)
Eles se caracterizaram pela Constituição Moderna; a soberania não é mais ilimitada; vai estar nestas Constituições até aonde o poder pode ser exercido. Criou-se um escudo de proteção para os indivíduos, os chamados direitos fundamentais.
Estado de Direito Liberal -> Estado de Bem-Estar social -> Estado Democrático de Direito (a partir de 1965 +/-)
7.3 - Estado de Direito Liberal:
a) Surgimento: logo após os movimentos liberais
b) Finalidade: alcançar duas coisas -> limitar o poder político (separação dos poderes, princípio da legalidade) dos governantes e garantir a autonomia do indivíduo.
c) Surgimento das Constituições escritas
d) Constitucionalização dos direitos de primeira geração (direitos e garantias)
e) Público x privado
f) Igualdade formal
h) A relação entre as funções estatais: equilíbrio ou supremacia?
Separação dos poderes -> teoria que vem do século XVIII pelo menos; Locke, Montesquieu e os federalistas foram importantes nesta questão.
Separação orgânico-funcional: confiar as funções estatais a órgãos diversos para ter competências diversas. Uma função atípica tem de estar explícita na Constituição.
Poder legislativo: legisla e fiscaliza (o poder executivo). Uma das funções atípicas do poder legislativo é julgar presidentes (impeachment por exemplo). Administrar é também uma função atípica do poder legislativo. As garantias vêm em forma de imunidade (pro bom desempenho do mandato, tem-se algumas prerrogativas). Privilégio é uma condição de pessoa e continua até o falecimento. Ou seja, imunidade não viola o princípio da igualdade. Prerrogativa de foro (julgamento apenas pelo STF) é outra garantia.
Poder executivo: governar e administrar (por meio de atividades políticas e administrativas). Uma função atípica do poder federal é legislar (medidas provisórias). Outra é julgar (medidas administrativas). O presidente tem uma imunidade maior (crimes estranhos à função), a chamada imunidade absoluta. Tem também prerrogativa de foro (ou seja, julgado pelo STF).
Poder judiciário: função jurisdicional (aplicar o direito brasileiro - ou até direito estrangeiro - para resolver conflitos de interesse). O judiciário também legisla e administra a seu modo. 3 garantias: inamovibilidade (só vai ser retirado do lugar que trabalha por grande maioria), vitaliciedade (não perde função, exceto em julgamento em transitório) e irredutibilidade do subsídio (o salário não pode ser abaixado).
Sistema de freios e contrapesos: um poder regula o outro, com exceção do legislativo e do executivo sobre o judiciário (em última instância - STF)
As decisões do STF não podem ser reformadas.
Direitos e garantias de primeira geração: vida, liberdade e propriedade. Eles têm de ser lidos a partir da ideologia liberal. A propriedade era vista a partir do interesse privado. A liberdade que entra nas Constituições é a externalizada. São todas dimensões da liberdade. A Constituição deve proteger o coexistir e o morrer, a vida mesmo (não entra no mérito de vida digna). Esses 3 direitos entram no bojo da Constituição.
Direito de votar e ser votado é também direito de primeira geração, mas ele demorou a ser institucionalizado como os outros.
Princípio da legalidade: vale tanto pra iniciativa privada quanto para as relações entre indivíduo e Estado. Pro particular, aquilo que não é proibido é permitido. Pro Estado é o contrário. Aquilo que não está permitido na lei significa proibição para o Estado. Se não tem autorização pro Estado, ele não pode interferir.
Público x privado -> quanto menos Estado, maior era a proteção da autonomia privada do indivíduo. 
O público ficava com a incumbência de cumprir a Constituição quando as relações privadas dessem errado. Enquanto o privado ficava com todo o resto. Clara preponderância do privado sobre o público.
Igualdade formal -> a igualdade do século XVIII e XIX é formal; ela não é igual à material; ela não trata as desigualdades de forma desigual (como é feito hoje em dia). Passa-se a ter um único ordenamento jurídico para tratar de todos cidadãos. É a igualdade perante a lei, que tenta nivelar todos para que todos respondam a um único ordenamento jurídico.
A relação entre as funções estatais: equilíbrio ou supremacia?
Teoricamente o objetivo é o equilibro das funções estatais. Porém, na França (e em todos países que seguiram o modelo francês), por exemplo, houve supremacia do legislativo sobre os outros poderes. Por razões históricas, onde havia ressalvas com os poderes executivo e judiciário (pela força anterior que elas tiveram), o legislativo ganhou força e tomou lugar de supremacia. Há maior dificuldade de entender o sistema de freios e contra-pesos nesta situação.
Nos Estados Unidos foi diferente. Desde os primórdios da nação norte-americana, há uma tendência da supremacia do poder judiciário. 
O juiz nesta época se apoiava no método da subsunção. É um processo cognitivo que trabalha com uma premissa maior e uma menor. Premissa maior é a norma, e a menor é o caso concreto, com a conclusão sendo a decisão. Não há criação neste caso. O juiz não criava o direito, não poderia haver hipóteses fora do ordenamento. O juiz era considerado boca da lei.
Este Estado vai ruir, com crise de natureza econômica e social. O modelo econômico tinha como fundamento clássico a liberdade privada. Liberdade de mercado, de concorrência. Não havia mecanismos de interferência estatal na economia. Começou a haver movimentos de fusão e associação, levando a monopólios e oligopólios, colocando o livre mercado e a liberdade de iniciativa em risco.
A ausência de preocupação do Estado aos excluídos é também um problema.
1824/1891 -> Constituições liberais, em especial a de 1891
8) Estado de Bem-Estar Social -> permitia os direitos de segunda geração (direitos sociais) e interferia muito na economia.
Constituição de Weimar (1919) e a Constituição do México (1917) são emblemáticas desta época.
O fundamento era a busca de justiça social, materializada pelo Estado. Proteção da autonomia coletiva, entendida como autonomia pública.
Fundamentos: nomenclatura
-> Estado assistencialista paternalista
Características:
a) surgimento dos direitos de segunda geração -> direitos sociais e econômicos.
natureza social -> direito à saúde, educação, lazer, cultura, trabalho, direitos sociais
natureza econômica -> garantia da liberdade de iniciativa e liberdade de concorrência. Geralmente são pessoas jurídicas.
Os direitos de primeira geração exigem abstenção do Estado. Os direitos de segunda geração, por sua vez, precisam de ações estatais para efetivação deles.
A Constituição prometia muito, mas nem sempre o Estado conseguia efetivar o que "prometia".
b) igualdade material -> lógica de igualdade que não é perante a lei; tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade; toda política de cotas é feita baseada nisso; mas tem de haver mensuração dessa igualdade material pra não haver abusos
c) público x privado -> o público prevalece sobre o privado; o interesse público é maior que o privado.
d) mudanças no princípio da separação de poderes:
d.1) distribuição de funções; -> ou seja, nada tem a ver com quebra de característica da soberania
d.2) função legislativa atribuída ao Executivo; -> executivo pode intervir, mas com autorização prévia da Constituição
d.3) atuação do Judiciário; -> o juiz se pauta no alcance do interesse social; não se limita a ser uma mera reprodução da lei. O problema disso é abandonar a lei e buscar Direito e justiça por meio do magistrado.
d.4) expansão do Poder Executivo -> é o grande concretizador das ações sociais;
e) Crise -> entra em crise por 2 motivos:
inefetividade/ineficácia social -> o que estava prescrito na Constituição não se encontrava na realidade; sentimento de anomia constitucional, leva a uma descrença quanto à Constituição. Até a década de 90, no Brasil, via-se em hospitais e postos de saúde a sonegação de direitos. Houve mudança porque o Estado mudou de fundamentos. Na Europa, a crise se deu por causa da continuidade do Estado de Bem-Estar Social (menos pessoas para financiar os direitos sociais -> relaciona-se à queda na taxa de natalidade) e por causa de 2 crises econômicas.
1934/37/47/67 -> Constituições de Estado de bem-estar social
9) Estado Democrático de Direito:
9.1 - Fundamentos: 
- resgatar a efetividade social dos direitos fundamentais (de primeira, segunda e terceira gerações)
- resgate do princípio democrático (exige que o cidadão possa participar das três funções estatais além do voto)
9.2 - Características:
a) Direitos de terceira dimensão: especialmente os de natureza transindividuais (de uma coletividade indeterminada). Toda a sociedade (não só a presente, mas a futura também) é afetada. Possui a intergeracionalidade e a transindividualidade. Questões relacionadas ao meio ambiente, à biotecnologia e à democracia são exemplos.
b) Igualdade à diferença:
Aqui duas questões são ressaltadas ->
* dentro dos grandes grupos, há diferenças que devem ser contempladas (individualidades)
* a ideia de uma igualdade à diferença remete à pluralidade. Porém, deve-se lembrar que todos devem ter seus direitos resguardados pela Constituição. Ou seja, não deve haver sonegação de direitos.
c) Certeza e segurança jurídica: sempre esteve ligada à previsibilidade do resultado das decisões judiciais (Direito era visto como interpretação das normas jurídicas). O pós-positivismo vem para dizer que cada situação jurídica se difere. Nesta perspectiva, o direito (no Brasil) é a interpretação do texto normativo adicionada ao fato juridicamente relevante (ele às vezes possui mais relevância que os princípios jurídicos). A certeza e a segurança jurídica agora se relaciona com o meio (antes tinha a ver com o fim).
d) Público x privado
Ocorre uma tentativa de conciliar o público e o privado. "Equiprimordialidade entre público e privado" (igual relevância). O público hoje não é exclusivo do estatal. Existe uma série de entidades que se encaixam mais na esfera pública apesar de possuírem personalidades jurídicas de direito privado.
e) A relação entre as funções estatais
O poder judiciário, no Brasil, está sobrecarregado. E isso se dá devido ao Presidencialismo por Coalizão, pois o Judiciário vira o fiél da balança. Cabe ao Judiciário, também, controlar a atuação dos poderes. Outro fato é o enfraquecimento da credibilidade do Executivo e do Legislativo.
Porém, perante a CF/88, não existe supremacia do Judiciário sobre os outros dois poderes. Eles teoricamente possuem o mesmo peso.
Teoria dialógica dos poderes estatais -> se preocupa em estabelecer diálogo entre os poderes.
1988 -> Constituição que inaugurou o Estado Democrático de Direito
Todos os direitos conquistados continuam nas Constituições. Por exemplo, os direitos de primeira geração se mantêm na Constituição de 1988.
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Soberania
Poder -> jurisdição territorial
Jurisdição também tem uma expressão de competência.
1) Mais para o Direito internacional (pois delimita o território e, por consequência, a soberania)
Art.4° CR/88 -> determina independência, auto-determinação e não intervenção em relação aos outros Estados. A soberania é igual entre todos Estados. Todos podem se auto-determinar. Hegemonicamente eles são diferentes (em relação à economia, etc), mas no que tange ao Direito eles são iguais na soberania.
Carta de Bogotá/1948 -> tornou jurídica a Organização dos Estados Americanos (OEA)
Direito internacional público surgiu em 1648 -> Guerra; guerra dos 30 anos; Tratado de Westfália
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2) Leia a decisão e identifique algumas características que o grupo apontou na primeira questão. É relevante a associação da característica com o paradigma de Estado.
Unidade IV - Forma de Estado
1 - Compreensão
Quanto mais o poder se espalha, mais se aproxima do Estado Federado. Quanto mais ele se centraliza, mais se aproxima do Estado Unitário. Mais de 90% dos países reconhecidos pela ONU são Estados Federados.
2 - Tipos:
2.1 - Estado Unitário (não tem divisão do poder legislativo) -> só existe uma única Lei, a nacional. Dividiu o Poder Legislativo, não existe mais Estado Unitário. Centralização do Poder Legislativo e Judiciário (como se fosse apenas organizado o Judiciário da União). O executivo é que vai variar.
* simples -> o Executivo também é centralizado
* desconcentrado -> o Executivo vai ter representantes no território, apesar de ser centralizado ainda
* descentralizado -> as administrações passam a gozar de personalidade jurídica, ou seja, possuem autonomia.
2.2 - Estado Regional
2.3 - Estado Autonômico
2.4 - Estado Federado (Legislativo tem competências regionais)
3 - Análise do Estado Unitário Simples:
-> único centro de poder (apenas uma lei nacional; qualquer demanda administrativa ou de governo há de ser recorrida a este centro de poder) -> acaba gerando uma dificuldade em termos de eficiência. Gera uma morosidade imensa. 
-> questões para reflexão: eficiência e democracia
4 - Estado Unitário Desconcentrado
-> único centro de poder, com desconcentração da função executiva (sem poder de decisão)
-> representantes ou delegatários do Poder Legislativo e do Poder Judiciário no território.
desconcentração -> horizontal; pego o meu poder e passo para representantes, estes que vão passar as demandas para mim (eles não têm poder decisório). 
descentralização -> vertical; o poder não é mais central, pois cria-se novas pessoas jurídicas com poder de decisão próprio (no poder executivo).
5 - Estado Unitário Descentralizado
-> autonomia administrativa
-> centralização do Poder Legislativo e do Poder Judiciário
-> aprimoramento do princípio da eficiência (representantes possuem mais poder) e do princípio democrático (aumenta-se a legitimidade).
Estado Regional (Itália)
-> descentralização do Poder Executivo
-> descentralização do Poder Legislativo
Uma lei nacional, que vale pro país inteiro, e uma lei para cada região (formada por províncias). Não há poder judiciário regionalizado, senão representações do Poder Judiciário (ou seja, desconcentrado).
O Poder Legislativo divide-se em Estado Nacional e Regiões (conjunto de Províncias)
Município (no Brasil) -> Comuna
Estado (no Brasil) -> Província
Regiões
Estado Nacional
Estado Autonômico -> como se fosse uma réplica do Estado italiano, mas com divergências.
Cada região definiu, a partir das competências materiais que o Governo Central ofereceu, suas competências. Algumas regiões, que decidiram não legislar sobre certa matéria, possuem a lei nacional como lei para valer em suas regiões (supondo hipoteticamente que a Catalunha preferiu não legislar sobre direito administrativo, o que vai acontecer é que o que o governo central definiu como direito administrativo vai valer na região).
-> Estado Federal:
a) Federação x Confederação: forma de solução de conflitos (tribunal interno com poder coercitivo na federação para resolver conflitos de Estados-membros; tribunais muito mais frágeis em coercitividade na confederação para resolver conflitos de Estados-nacionais; antigamente era por meio da guerra), soberania/autonomia (estado-membro tem poder mitigado na federação pela Constituição, isto é, não tem soberania, mas sim autonomia; o Estado-nacional tem soberania), vinculação jurídica (constituição na federação, tratado internacional na confederação; ou seja, a vinculação jurídica da federação é muito mais forte)
b) Principais características do Federalismo:
b1) autonomia constitucional (só quem é ente federado, que, no Brasil, é a União, Estados-membros, Distrito Federal e os municípios)
1- auto-organização (composição e regras de funcionamento) -> os municípios têm lei orgânica, enquanto os Estados possuem Constituição estadual
2- auto-administração (prestação de serviços)
3- capacidade legislativa e financeira própria (todo Estado federado tem de dar um conjunto de competências a si mesmo, no sentido de legislar certas matérias; os Estados-membros estabelecem os tributos próprios)
b2) vedação quanto à separação do território -> impedimento de que parte do território se separe do país; é proibido que uma parte do território seja separado deste território; pode haver remodelação do território brasileiro, mas não pode haver desintegração de território (nao há direito de secessão)
b3) repartição de competências -> O federalismo não sobrevive se não tiver repartição de competências; o que cabe a cada um? Competências materiais (serviço de saúde, de lixo, etc) e tributárias (como se dá a arrecadação fiscal e quem fica com o que). Há mais de 5.000 municípios no Brasil, e há alguns que não possuem receita suficiente para conseguir seguir suas competências.
b4) Senado Federal (?) -> Todo Estado Federal organiza seu poder legislativo através de um bicameralismo: Câmara dos Deputados (representa o povo) e Senado (representa os entes federativos, como Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, etc). Ou seja, o Senado Federal teoricamente representa os interesses dos Estados no federalismo, o que levanta questionamentos sobre sua necessidade, pois muitos senadores
c) Tipos de federalismo:
c1) centrípeto (quando maior parte das competências está na mãos da União, como no Brasil; no campo da formação do Federalismo, pode-se dizer de centralização, saindo de vários estados para a formação de um só, como nos EUA) x centrífugo (quando maior parte das competências está na mãos dos e
Estados-membros, como nos EUA; quanto à formação, pode-se dizer de descentralização, saindo de um Estado para uma divisão, como no Brasil)
c2) simétrico (quando o tratamento aos entes federativos for igual; olhar normativo) x assimétrico (quando o tratamento aos entes federativos for desigual; olhar sociológico)
Sistemas de governo (foca na relação entre legislativo e executivo):
-> Presidencialismo
1) chefia unipessoal -> uma única pessoa que governa internamente e que representa o Estado externamente
2) mandato -> aquele que governa tem mandato; são eleições separadas
3) poder de veto -> o Parlamento cria uma lei e o Presidente pode vetá-la
-> Parlamentarismo (separação entre chefia de Estado e de governo - dualidade na governança do Estado - presidente e primeiro-ministro, nas repúblicas parlamentaristas, e rei e primeiro-ministro, nas monarquias parlamentaristas) 
1) distinção entre chefe de estado e governo
2) responsabilidade política do chefe de governo: possibilidade do voto de desconfiança (o chefe de governo precisa manter a confiança do parlamento; ele cai se não possui maioria no parlamento ou se faz alguma ação que traga desconfiança; o voto de desconfiança entre primeiro-ministro e parlamento;
3) possibilidade de dissolução do parlamento (o primeiro-ministro fica no governo enquanto estiver maioria no parlamento; o rei pode dissolver o governo  e convocar novas eleições)
-> Sistema diretorial: governo da concordância -> Suíça; sete governam; esses sete são escolhidos pelo Parlamento; eles pegaram as 3 variáveis (religião, partido e língua) e fizeram cruzamentos, de forma que os 7 possam representar a sociedade.
Forma de governo
Monarquia:
1) vitaliciedade -> característica mais relevante das monarquias; para alguns, isso permite uma maior segurança aos Estados
2) hereditariedade
3) irresponsabilidade do monarca -> o chefe do governo não tem responsabilidade; não há como destituí-lo
República:
1) temporalidade -> há a necessidade de alternância do poder;
2) eletividade -> através do voto direto da população
3) responsabilidade -> aquele que governa tem responsabilidade perante a constituição e a população

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