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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO - FMU ADAP DP

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DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 1 
 
REGULAÇÃO JURÍDICA DO PODER PÚBLICO 
 
O PODER 
Para entendermos o que significa poder, necessário tecer alguns comentários 
preliminares. 
Desde o início das civilizações, os seres humanos se organizam em pequenos 
grupos para aumentar a sua capacidade de sobreviver. 
Sem dúvida, os seres humanos não vivem sós. A própria vida em sociedade impõe 
a formação de grupos sociais. 
 A Vida humana é uma experiência compartilhada, em que cada ser humano interage 
com o grupo ao qual ela faz parte. Esses grupos sociais são formados 
naturalmente, em todas as ordens, desde sociais até familiares. 
Todavia, a convivência dos indivíduos em grupo depende de um fator essencial: 
EXISTÊNCIA DE REGRAS ESTABELECENDO COMO DEVEM SER AS RELAÇÕES 
ENTRE TODOS QUE ALI CONVIVEM. 
 CONCLUSÃO: A CONVIVÊNCIA DEPENDE DE ORGANIZAÇÃO. 
 Grupo social: reunião de pessoas que se submetem a determinadas regras. 
 
IMPORTANTE: como essas regras existem e porque as pessoas as 
respeitam? 
 Pela força, que produz e faz permanecer AS REGRAS. Essa força é 
chamada de PODER. 
 
Assim, vamos analisar o que entendemos por poder: 
Conceito de poder - Poder é a possibilidade de contar com a obediência a ordens 
específicas por parte de um determinado grupo de pessoas. Todo poder carece do 
aparelho administrativo para a execução das suas determinações. O que legitima o 
poder não é tanto, ou não é só, uma motivação afetiva ou racional relativa ao valor: 
a esta se junta a crença na sua legitimidade. O poder do Estado de direito é racional 
quando, escreve Weber, "se apóia na crença da legalidade dos ordenamentos 
estatuídos e do direito daqueles que foram chamados a exercer o poder" (Bobbio, 
2000, p. 402). 
 
Em outras palavras, poder é a submissão de alguns em detrimento de outro; 
através dele se obtêm um comportamento humano, pois as pessoas acham que é 
aquele modo de proceder é certo, ou mesmo legítimo. Se o poder não existisse, cada 
uma agiria de acordo com o que julga certo, ou mesmo com base em convicções e 
crenças puramente individuais. 
 
O PODER POLÍTICO 
É certo que a formação de todo grupo pressupõe o exercício de um poder. 
Portanto cada grupo exerce diferentes formas de manifestação do poder, como por 
exemplo, a família, o trabalho, o clube, a academia etc. 
 
IMPORTANTE: 
O Brasil, por se caracterizar como um grupo, indiscutivelmente sujeita seus 
habitantes a um poder, que nós chamamos de PODER POLÍTICO. 
Mas, quais são as características de poder, vamos a elas: 
 
CARACTERÍSTICAS DO PODER POLÍTICO: 
1ª) USO DA FORÇA FÍSICA (para aqueles que não seguem as regras) 
Obs. importante: o Estado reserva para si o uso exclusivo dessa força, portanto a 
segunda característica é: 
2ª) NÃO RECONHECIMENTO A NINGUÉM DE PODER SEMELHANTE AO SEU – 
ESTADO. O ESTADO USA EXCLUSIVAMENTE A FORÇA FÍSICA. 
Uma vez reduzido o conceito de Estado ao de política e o conceito de política ao de 
poder, o problema a ser resolvido torna-se o de diferenciar o poder político de todas 
as outras formas que pode assumir a relação de poder. 
“O poder político vai-se assim identificando com o exercício da força e passa a ser 
definido como aquele poder que, para obter os efeitos desejados (retomando a 
definição hobbesiana) tem o direito de se servir da força, embora em última instância, 
como extrema ratio. (...). Se o uso da força é a condição necessária do poder político, 
apenas o uso exclusivo deste poder lhe é também a condição suficiente." (Noberto 
Bobbio, Estado, poder e sociedade, p. 78-80 e 81) 
3ª) SOBERANIA: não reconhece nenhum poder interno ou externo superior 
ao seu (se impõe perante eles). 
 
Portanto, o poder político é o poder ou expressão da manifestação do Estado, 
tendo como característica primordial manter-se com o uso da força de forma 
exclusiva e soberana. 
 
ESTADO-PODER E ESTADO-SOCIEDADE 
No Estado quem é o detentor do poder e quem é o seu destinatário? 
 Detentor do poder político é chamado de Estado-poder 
 Destinatário é chamado de Estado-sociedade 
Vamos analisá-los: 
Estado-Poder - integrado por aqueles que definem as regras de convivência e 
aplicam o uso da força se necessário (ex: Presidente da República, Ministros, 
Deputados, Senadores, Governadores, Prefeitos, Vereadores, Juízes, servidores 
públicos). É uma pessoa jurídica comumente chamada de Estado – nação política e 
juridicamente organizada. O Estado é um ente criado – não tem existência física. As 
pessoas que ali estão (chamadas de agentes públicos), não agem em nome próprio, 
mas em nome do Estado, a pessoa jurídica que eles representam! 
Estado-sociedade - é formado por todos os habitantes do país. 
 
O ESTADO-PODER E A NORMA JURÍDICA 
Estado poder é aquele que cria ou faz cumprir as regras e rege as relações entre as 
pessoas; caso as regras não sejam cumpridas espontaneamente, o Estado socorre-
se do uso da força para obter a obediência. 
Portanto, essas regras criadas e impostas são chamadas de NORMAS 
JURÍDICAS. 
Normas jurídicas são regras de conduta, impostas à sociedade. 
Mas o que diferencia uma norma de uma norma jurídica (ex.: não cortar fila)? 
A jurídica, caso descumprida, permite a sua imposição através do uso da força. 
Mas como é a convivência entre o Estado e a sociedade? Existem regras disciplinando 
essa convivência? 
SIM. As chamadas normas jurídicas existem para reger as relações entre as pessoas 
e entre as pessoas e o Estado. 
 
DISTINÇÃO ENTRE PODER PÚBLICO E PRIVADO. 
O Direito privado é o ramo do direito que disciplina as relações entre os particulares 
– indivíduos, dentro do Estado-sociedade. 
Já o direito público é o ramo do direito que disciplina as relações entre o Estado e os 
indivíduos, organiza a distribuição do poder político dentro da pessoa jurídica - Estado 
(agentes e órgãos) e regula as relações entre os vários Estados (entre detentores de 
poder político). 
O estudo da matéria tangencia a análise das normas jurídicas do poder político. 
Mas, porque existe um sistema em que são fabricadas as normas jurídicas para que 
todos se submetam a elas? 
Para que haja convivência harmônica e buscar o bem comum dos indivíduos 
coletivamente considerados. 
 
QUESTÕES 
1) O que é poder? 
2) Como se define o poder político? 
3) Quais são as características do poder político? 
4) Diferencie estado-poder e estado-sociedade. 
5) O que distingue o direito público do direito privado? 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 2 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA REGULAÇÃO DO PODER POLÍTICO 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Importância: contextualização do direito no aspecto histórico, político e ideológico. 
O estudo do direito público deve ser feito a partir das normas vigentes no país, 
mas para entendê-las melhor, é preciso situá-las na história, já que o direito é fruto 
de produção cultural. 
É preciso entender que a partir das Revoluções americanas e francesas as 
relações entre os indivíduos e o Estado ganharam uma nova concepção. Por 
isso faz-se necessário o estudo dessa evolução histórica. 
 
FASES EVOLUTIVAS 
 
1ª) PRÉ-HISTÓRIA 
O uso da força manifestava o poder. Aqui não se fala em poder político, já que não 
havia reservado uso da força a uma pessoa em especial. O que ocorreria era que 
qualquer um disputava suas posições nos grupos por meio da força. 
Só há um início de poder político quando as pessoas começam a se fixar nas terras, 
com fixação de regras e um líder no comando. 
Aqui não há Estado ou sociedade como conhecemos hoje. As regras existentes são 
estabelecidas por eles próprios; mas existem regras relacionadas com o exercício do 
poder, como a sucessão de um chefe por outro e divisão de atribuições. 
 
2ª) ANTIGUIDADE 
Gregos e Grécia – a lei que regulava a vida nas cidades – explicitado através do poder 
divino dos soberanos. 
Lei para eles era SAGRADA E IMUTÁVEL, ADVINDA DE UM PODER DIVINO, QUE 
INTEGRAVA O CONCEITO À RELIGIÃO. 
O julgamento é realizado por autoridades públicas – mas as normas que 
disciplinavam esse julgamento (hj chamado de processo civil) não tinham nenhuma 
autonomia. 
Só havia julgamento de casos envolvendo indivíduos, e não entre esses e o Estado – 
Poder Público. 
IMPORTANTE: não há como questionar, perante um órgão julgador, o desrespeito 
pelos detentores do poder político das normas que regulavam seu exercício. 
Portanto só tenho proteção e as regras entre os cidadãos – entre si! O Estado 
encontra-se ACIMA DOS TRIBUNAIS. 
Até havia o julgamento de autoridades e questões relativas ao próprio Estado, mas 
esse não era feito por um órgão judicial, mas sim por funcionários que tinham um 
grande poder coercitivo, que não se submetem à fiscalização judicial ou intervenção 
de juízes. 
Nesse momento desconhecia a noção de divisão de tarefas – PL e PE, não existindo 
um direito administrativo, que regula essas atividades. 
Não existem direitos individuais; em especial no que tange ao direito à liberdade 
individual em face da autoridade. O homem nesse contexto histórico não se acha 
titular de direitos em face da cidade e dos deuses – caráter sagrado e religioso. 
Conclusão: não houve nesse período a distinção entre direito público e direito 
privado, já que não era possível estudar-se a fundo a regulação jurídica do poder 
político. 
 
3ª) IDADE MÉDIA 
Marcada pela dispersão da autoridade entre inúmeros centros de poder – igreja, 
senhores feudais, corporações de oficio etc. 
Com a autoridade central enfraquecida, todos (principalmente os religiosos e 
senhores feudais) disputam o poder e o estabelecimento das regras de natureza 
judicial, legislativa e executiva. 
Como não há uma definição de autoridade central única, havendo estabelecimento 
de regras por várias autoridades menores (igreja, senhores feudais, corporações de 
oficio, imperador) faz com que se aumente a importância para o surgimento de ordem 
e autoridade, que seria o embrião do Estado moderno. 
 
4ª) ABSOLUTISMO 
Idade Moderna. Tem como característica a centralização do poder no soberano – 
clara relação de submissão. Aqui tem-se a origem do Estado moderno: poder 
soberano dentro de um território, que sujeita os demais – normas ligadas ao poder 
político. Todavia, o poder soberano não encontra limitações nem interna nem 
externamente. 
Princípio que rege o período: ninguém poderia ser obrigado a obedecer a si próprio. 
Normas que explicitam o poder político: 
1) O Estado é criador da norma jurídica, mas não se submete à ela. 
2) O Estado, e portanto o soberano, não pode ser questionado via julgamento. 
Parecia ilógico o estado julgar a si próprio. 
3) O Estado era irresponsável juridicamente. 
4) Estado polícia (poder de polícia): impunha restrições e limitações às atividades 
particulares. Não existiam limitações do indivíduo frente ao Estado, somente entre 
os indivíduos. 
5) Todos os poderes são centrados na mão do soberano. 
Portanto, esse período é marcado pelas idéias: poder deve ser acatado e ilimitado. 
Não podemos falar ainda em desenvolvimento do estudo do direito público. 
 
5ª) IDADE CONTEMPORÂNEA 
Fase de regulação do poder político. Aqui surge a ciência do direito público. Tem 
como marcos as Revoluções francesas e americanas. 
Os sujeitos que exercem o poder político deixarão de simplesmente impor regras, 
mas também se submetendo a ela – dever de obediência – há possibilidade do 
controle do poder pelos destinatários. 
1º marco: Magna Carta de 1215, do Rei João sem terra. 
Surge aqui o conceito de Estado de Direito, ou seja, estado que realiza suas 
atividades sob o manto da ordem jurídica (contraposição ao Estado-polícia). 
 
QUESTÕES 
1) Identifique quais são as fases históricas da evolução do poder político. 
2) Qual das fases estudadas corresponde a atual situação do ordenamento jurídico 
brasileiro? 
3) Os poderes do Estado conhecem algum limite no absolutismo? 
4) Qual a diferença entre o poder na antiguidade e o poder na idade contemporânea? 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 3 
 
O ESTADO DE DIREITO 
 
Para começarmos a aula de hoje, é necessário entender que o conceito de Estado 
de Direito está incluído em todas as demais classificações de Estado (liberal, 
social e democrático), uma vez que o Estado de Direito nada mais é do que a 
submissão do titular do poder político às regras que são impostas à 
sociedade. Essa é a diferença entre Estado de Direito e Estado de Polícia, que como 
visto na aula anterior, nada mais é do que o Estado que estabelece regras, mas que 
não se submete a elas (chamada de fase de irresponsabilidade do Estado). 
Assim, a partir do momento que o Estado tem responsabilidade frente à sua 
sociedade, tem-se o chamado Estado de Direito, repisa-se característica 
presente no Estado liberal, Estado social e Estado democrático de Direito. 
O Estado de Direito é aquele que se caracteriza por ter Separação dos 
Poderes em diversas autoridades e uma norma máxima a ser respeita por 
todos, que chamamos de Constituição. 
A partir dessa informação, extraímos o conceito de Estado de Direito, como sendo 
aquele “criado e regulado por uma Constituição, onde o exercício do Poder Político 
seja dividido em órgãos autônomos e harmônicos, que controlem uns aos outros, de 
modo que a lei produzida por um deles tenha de ser necessariamente observada 
pelos demais e que os cidadãos, sendo titulares de direitos, possam opô-los ao 
próprio Estado” (Carlos Ari Sundfeld, Fundamentos de Direito Público, p. 38-39) 
Com base nessas breves considerações, as relações entre os indivíduos e o Estado 
tem como pontos de toque os seguintes temas: 
1) Supremacia da Constituição 
2) Separação dos Poderes 
3) Superioridade da lei 
4) Garantia dos Direitos Individuais. 
Vamos analisá-los, com base no funcionamento e relacionamento entre eles: 
 
1º) Supremacia da Constituição 
A norma jurídica mais importante de um Estado é a Constituição Federal. 
Nela estão consagrados os mais fundamentais e estruturais direitos, 
organizando o Estado e o Poder, bem como garantindo direitos fundamentais a todas 
as pessoas. 
Classicamente, o ordenamento jurídico é visto como uma pirâmide, estando no topo 
dela a Constituição Federal. Por estar acima de todas as demais normas, é ela que 
estabelece a forma de funcionamento do Estado, julgamento dos conflitos, bem como 
a forma de confecção das leis. 
É por esta razão que as leis tiram seu fundamento de validade da própria 
Constituição. Se a lei foi confeccionada, seguindotodos os trâmites constitucionais, 
será obrigatória a todos os Poderes. Da mesma forma as sentenças judiciais e os atos 
administrativos. 
Assim, a Constituição é suprema em relação a todas as demais normas jurídicas, só 
podendo ser alterada por processo mais dificultoso, chamado de emendas 
constitucionais, como manifestação do poder constituinte derivado. 
 
2º) Separação dos poderes 
O objetivo de Montesquieu ao idealizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, 
era preservar os privilégios da sua própria classe, a nobreza, ameaçada tanto pelo 
rei, que almejava recuperar sua influência nacional, quanto pela burguesia, que 
dominando o poder econômico, intentava o poder político. Elaborou, então, sua teoria 
que repartia o poder entre a burguesia, nobreza e realeza, afastando, deste modo, a 
possibilidade da burguesia em crescimento ser a sua única detentora. 
Mesmo tendo essa origem histórica, a separação dos poderes se mostra de extrema 
importância ao Estado de Direito, já que há divisão do poder, que originalmente 
emana do povo, bem como o controle mútuo entre os exercentes desse poder. 
A separação dos poderes está prevista no artigo 2º da Constituição Federal, com 
divisão do poder entre o Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Cada poder tem sua função típica ou precípua. Vamos analisá-los: 
Legislativo: elabora as leis (desde a Emenda Constitucional até as leis ordinárias), 
bem como exerce o controle político do Poder Executivo e realizar a fiscalização 
orçamentária de todos os que lidam com verbas públicas. 
O Poder Legislativo Federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal (sistema bicameral). 
Executivo: exercido pelo Presidente da República em âmbito federal, tem a função 
de administrar e executar as leis feitas pelo legislativo, coordenando toda a função 
administrativa do Estado brasileiro. 
Judiciário: sua atribuição é solucionar conflitos que surgidos na sociedade, julgando 
com base na Constituição Federal e nas demais normas vigentes no país. É exercido 
pelos juízes em primeira instância, e pelos desembargadores e ministros na segunda 
instância. 
 
3ª) Superioridade da lei 
A lei, instrumento que representa a vontade geral das pessoas, é imposta a todos e 
também ao próprio Estado, que a cria. A lei, portanto, condiciona todos os Poderes, 
devendo ser observada e respeitada. Essa submissão do Estado às leis é a 
principal característica do Estado de Direito. 
 
4ª) Garantia de direitos individuais fundamentais: o Estado Liberal cria os 
chamados "direitos de primeira geração", que decorrem da própria condição de 
indivíduo, de ser humano, situando-se, desta feita, no plano do ser, de conteúdo civil 
e político, que exigem do Estado uma postura negativa em face dos oprimidos, 
compreendendo, dentre outros, as liberdades clássicas, tais como, liberdade, 
propriedade, vida e segurança, denominados, também, de direitos subjetivos 
materiais ou substantivos. 
É preciso ressaltar que tais direitos exigiam do Estado uma conduta negativa, isto é, 
uma omissão estatal em não invadir a esfera individual do nacional, que deixou de 
ser considerado mero súdito, elevando-se à condição de cidadão, detentor de direitos 
tutelados pelo Estado, inclusive contra os próprios agentes estatais. 
Ao lado dos direitos subjetivos materiais, criaram-se as garantias 
fundamentais, também chamadas de direitos subjetivos processuais (ou adjetivos 
ou formais ou instrumentais), visando, efetivamente, assegurar os direitos 
substantivos, como, p.ex., o habeas corpus, que tem o escopo de assegurar o direito 
à liberdade. 
 
QUESTÕES 
1) Conceitue Estado de Direito. 
2) Identifique cada uma das principais características do Estado de Direito, 
apontando a sua importância. 
3) Qual a importância da Constituição no Estado Democrático de Direito? 
4) O que são “direitos individuais de primeira geração”? 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 4 
 
ATIVIDADES DO ESTADO – PARTE 1 
 
O ESTADO COMO PESSOA JURÍDICA 
O Estado por ser titular de deveres e de direitos perante o ordenamento jurídico é 
considerado uma pessoa jurídica. 
Temos por pessoa jurídica o centro, ou unidade, ou conjunto de direitos e deveres. 
Ao se reconhecer a certo ente a qualidade de centro de direitos e deveres, o 
ordenamento jurídico lhe outorga personalidade jurídica. 
Assim, o artigo 1º do Código Civil estabelece que toda a pessoa é titular de direitos 
e deveres na ordem civil. Por ser o Estado titular de tais direitos e deveres é que 
possui o status de pessoa. 
O que distingue a pessoa física da pessoa jurídica é que a primeira é aquela 
que diante de uma norma jurídica é possível identificar qual é o ser humano 
cujo comportamento está sendo regulado; já a segunda é aquela que diante 
de norma jurídica que confere direitos e deveres apenas sabemos qual 
comportamento a ser realizado, mas não identificamos diretamente a 
pessoa obrigada a realizá-lo. 
A pessoa jurídica, portanto, não passa de um conjunto de normas jurídicas: as 
normas que definem os seres humanos que realizarão os comportamentos impostos 
pelo Direito à pessoa jurídica. 
Reconhecer ao Estado a condição de pessoa jurídica significa concluir o seguinte: 
É pessoa, portanto, centro de direitos e deveres. 
O Estado ao se envolver nas relações jurídicas só é possível identificar o ser humano 
cujo comportamento está sendo vinculado se consultarmos outras normas: as de 
organização e deveres. 
 
PERSONALIDADE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DO ESTADO 
A Constituição Federal através do Poder Constituinte cria o Estado e lhe dá a 
incumbência de produzir normas jurídicas. Decorre disso que a personalidade jurídica 
do Estado lhe é atribuída pela Constituição, logo é uma personalidade jurídico-
constitucional. 
O Direito divide-se em dois grandes ramos: o Direito Público e o Direito Privado. No 
Direito Privado vigora o Princípio da Autonomia da Vontade, pelo qual as partes da 
relação jurídica podem eleger livremente os fins que pretendem alcançar e os meios 
pelos quais atingirão tais fins, desde que, nem fins nem meios sejam proibidos pelo 
Direito (o que não é proibido é permitido – princípio da legalidade em sentido amplo). 
No Direito Público não vigora tal princípio. Vige a idéia de função, ou seja, de dever 
do atendimento do interesse público (O Estado só pode fazer aquilo que a lei 
determinar - princípio da legalidade em sentido estrito) 
A Constituição Federal e as Leis Infraconstitucionais que determinam qual será o 
regime jurídico aplicado em determinada situação. Assim, por exemplo, a Exploração 
Direta de Atividade Econômica pelo Estado, nos termos do art. 173 da Constituição 
Federal, será submetida a Regime de Direito Privado, não obstante a submissão ao 
Direito Privado não ser integra, como no caso da regra de concursos públicos para a 
contratação de pessoal, que é regida pelo Direito Público. 
Uma primeira conclusão que podemos extrair do exposto, é que se há dinheiro 
público, as regras que regerão a relação serão de Direito Público. Outra é que as 
“pessoas de Direito Público cuidam dos interesses públicos estabelecendo – através 
de atos unilaterais praticados no uso do poder extroverso - relações jurídicas 
verticais,em que comparece como autoridade, de modo a criar deveres para os 
particulares.” (Carlos Ari Sundfeld, Fundamentos de Direito Público, p. 70) 
O Estado pode desenvolver por si próprio a função administrativa ou prestá-la por 
meio de outros sujeitos. No primeiro caso, fala-se em Administração Direta ou 
Centralizada (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Assim, se a 
União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os Municípios prestam a Função 
Administrativa por seus diversos órgãos, fala-se em Administração Direta, que é 
sinônimo de Administração Centralizada. A propósito, os entes da Federação ou entes 
Federativos (U, E, M, DF) são chamados de Pessoas Políticas porque possuem 
Capacidade Política ou Autonomia, que é a capacidade de editar as próprias leis 
conforme a competência definida diretamente na CF. Exemplo: a União e a Lei 
8.112/90 – Estatuto dos Servidores Públicos da União. Evidentemente, os Entes da 
Federação têm Personalidade Jurídica de Direito Público. No segundo caso, 
isto é, se a Função Administrativa for prestada por pessoas alheias ao Estado, fala-
se em Administração Descentralizada. A Descentralização pode ocorrer pela 
Criação de uma Pessoa Jurídica por parte do Estado a quem serão transferidas a 
titularidade e a execução da Função Administrativa, exigindo-se Lei Específica para 
tanto (Também ocorre a Descentralização da Função Administrativa na hipótese de o 
Estado transferir apenas a execução dela a pessoa já existente, mediante, 
basicamente, os Contratos de Concessão e de Permissão de Serviços Públicos. 
Enquanto Administração Direta é sinônimo de Administração Centralizada, a 
legislação não estabelece equivalência entre as expressões Administração 
Descentralizada e Administração Indireta. Na legislação, Administração Indireta 
diz respeito apenas às pessoas criadas pelo Estado para o exercício de uma Função 
Administrativa. São entidades da Administração Indireta as Autarquias, as Fundações 
Instituídas e Mantidas pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de 
Economia Mista. 
As Autarquias são Pessoas Jurídicas de Direito Público e, por isso, submetem-se a 
Regime Jurídico de Direito Público. Assim, seus atos são administrativos, seus 
contratos são administrativos, seus bens são públicos, sua responsabilidade é, de 
regra, objetiva etc. 
As Fundações Instituídas e Mantidas pelo Poder Público, segundo a corrente 
majoritária, podem ser criadas como Pessoas Jurídicas de Direito Privado ou de 
Direito Público. Caso sejam Pessoas Jurídicas de Direito Público, serão submetidas ao 
Regime da Autarquia e, portanto, chamadas de Fundações Autárquicas ou Autarquias 
Fundacionais. Exemplo: a maioria das universidades públicas. A Fundação, de toda 
sorte, é um patrimônio vinculado ao cumprimento de um fim de interesse social. 
As Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista são Pessoas Jurídicas 
de Direito Privado da Administração Pública Indireta, sendo que a Empresa Pública é 
formada com capital integralmente público e a Sociedade de Economia Mista é 
formada com capital público e privado. A Sociedade de Economia Mista é sempre S.A. 
(Sociedade Anônima), enquanto que a Empresa Pública pode assumir Qualquer 
Forma Societária admitida pelo direito (Ex: Caixa Econômica Federal). 
As Pessoas Jurídicas de Direito Privado da Administração Pública Indireta 
submetem-se a Regime Jurídico de Direito Privado, com derrogação por normas 
de Direito Público (exemplo: seus empregados submetem-se a concurso público, mas 
são regidos pela CLT). 
 
QUESTÕES 
1) Qual o conceito de pessoa jurídica? 
2) Qual a diferença entre Administração Pública Direta e Administração Pública 
Indireta? 
3) A que regime jurídico se submetem as Pessoas Jurídicas de Direito Privado da 
Administração Pública Indireta? 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 5 
 
ATIVIDADES DO ESTADO – parte 2 
 
Atividades dos particulares e do Poder Público 
As pessoas podem realizar todas as ações cuja exclusividade não tenha sido conferida 
ao Estado, com a consequente interdição da atuação privada. Assim, qualquer 
atividade que não seja atribuída ao Estado pelo ordenamento jurídico, pode ser 
exercida pelos particulares, com fundamento nos vários direitos previstos no artigo 
5º da Constituição Federal. 
O Estado, nos termos da Constituição Federal, pode exercer atividade econômica 
residualmente. Isso implica dizer, que ao Estado é reservada toda atividade que não 
seja propriamente econômica. 
Os particulares, nas suas atividades, são regidos pelo regime jurídico de direito 
privado. 
A administração pública pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou a 
regime jurídico de direito público. A opção é feita de acordo com os critérios 
estabelecidos na Constituição, a exemplo do art. 173, e nas leis infraconstitucionais. 
Por exemplo, o art. 173, diz que as empresas estatais exploradoras de atividade 
econômica se submetem ao regime jurídico das empresas privadas. 
Já o art. 175, permite que o Poder Público preste seus serviços diretamente ou sob 
o regime de concessão ou permissão. O que não pode é a Administração, sem 
autorização constitucional ou legal, optar, via ato administrativo, pelo regime que lhe 
parecer mais adequado. 
É importante mencionar, entretanto, que independentemente do regime adotado, 
nunca o serviço público será prestado em regime estritamente privado. 
Nunca é demais lembrar a seguinte divisão, feita por Hely Lopes. Serviços Públicos 
próprios do Estado, que “são aqueles que se relacionam intimamente com as 
atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc) e para 
a execução dos quais a Administração usa sua supremacia sobre os administrados. 
Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas, sem 
delegação a particulares” (Hely Lopes Meirelles - Direito Administrativo Brasileiro, 
Malheiros, p. 318). Serviços impróprios do Estado, que não afetam substancialmente 
as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus 
membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos 
ou entidades descentralizadas, ou delega sua prestação. 
 
CONCEITO DE SERVIÇO PÚBLICO 
“Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime 
de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias 
da coletividade” (Carvalho Filho). Esse conceito aponta as características do serviço 
público: 
 - Sujeito Estatal (art. 175 da CF). Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, 
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, 
a prestação de serviços públicos); 
 - Interesse coletivo, pode ser essencial ou secundário; 
 - Regime de Direito Público (nunca será regido integralmente pelas normas de 
direito privado) 
OBS: Para Celso Antônio é serviço público apenas se a atividade de oferecimento de 
utilidade ou comodidade material for fruível diretamente pelos administrados. 
 - Acepções: 
  Material: Considera que determinadas atividades, por sua natureza, 
devem ser consideradas serviço público. Seria serviço público toda atividade que tem 
por objeto a satisfação de necessidades coletivas. Adotada pela escola 
essencialista. Subjetiva: Considera público qualquer serviço prestado diretamente 
pelo Estado. Essa concepção entrou em declínio a partir do surgimento das formas 
de prestação indireta de serviços públicos mediante delegação a pessoas privadas. 
  Formal: Considera serviço público qualquer atividade de oferecimento 
de utilidade material à coletividade, desde que, por opção do ordenamento jurídico, 
essa atividade deva ser desenvolvida sob regime de direito público. Corresponde à 
corrente formalista, adotada pelo Brasil 
 - No Brasil, a Constituição enumera, de forma não exaustiva, uma série de 
serviços que devem ser prestados como serviços públicos. 
 - Quadro dos serviços públicos em nosso ordenamento jurídico: 
 a) São públicos os serviços enumerados na Constituição; 
 b) Não é serviço público nenhuma prestação material que se enquadre como 
“exploração de atividade econômica”, mesmo que feita diretamente pelo Estado, pois 
submete-se a regime de direito privado (CF, art. 173); 
 c) Poderão ser serviços públicos, à opção do legislador, as demais atividades 
que, embora não expressamente arroladas na Constituição, não sejam enquadradas 
como “atividade econômica”. Nesse caso, a lei deve determinar que a atividade seja 
prestada sob regime de direito público. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
1) Em sentido amplo e em sentido estrito 
 - Em sentido amplíssimo, serviço público é “toda atividade que o Estado exerce 
para cumprir seus fins”. Abrange a atividade judiciária, legislativa e administrativa. 
 - Em sentido amplo, serviço público é toda atividade da Administração voltada 
à satisfação de interesses essenciais ou secundários da coletividade. Abrange a 
prestação de serviços públicos em sentido estrito, a realização de obras públicas, o 
exercício do poder de polícia e os serviços comerciais ou industriais (atividades 
econômicas) prestados pelas Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas. 
 - Em sentido estrito, serviços públicos são atividades não econômicas 
desenvolvidas pela Administração ou seus delegados para a satisfação direta de 
interesse público essencial ou secundário, excluídas as atividades judiciais, 
legislativas, as obras públicas e a atividade de polícia. 
 
2) Serviço próprios e impróprios (Hely) ou indelegáveis e delegáveis 
(Carvalho Filho) 
 - Serviço indelegável é aquele que só pode ser prestado pelo Estado 
diretamente, ou seja, por seus órgãos e agentes. Ex: defesa nacional, fiscalização de 
atividades, segurança interna. Corresponde ao serviço próprio do Estado. 
Essenciais e necessários para a sobrevivência do próprio Estado. 
 - Serviço delegável e aquele que pela sua natureza ou pelo fato de assim dispor 
o ordenamento jurídico, comportam ser executados pelo Estado ou por particulares 
colaboradores. Corresponde ao conceito de serviço público impróprio. Também 
chamado de serviço de utilidade pública, pois oferecem uma comodidade, 
convenientes. 
Observação: Para Celso Antônio, Saúde e Educação não são serviços públicos quando 
prestados por particulares, uma vez que a Constituição não limitou sua prestação ao 
Estado ou quem lhe faça as vezes. 
 
3) Serviço individual e serviço geral 
 - Classificação sob a ótica da prestação. Interesse para o estabelecimento da 
forma de remuneração. 
 - Serviço geral (indivisível oi uti universi): prestado a um número 
indeterminado e indeterminável de indivíduos; não permite cobrança de taxa nem de 
preço público. Não é suscetível de ser exigido pela via cominatória, uma vez que é 
prestado de acordo com as opções e prioridades da Administração de conformidade 
com os recursos de que disponha. 
 - Serviço individual (divisível ou uti singuli): prestado a um número 
determinado ou determinável de indivíduos e passível de utilização separada e 
mensurável (ou estimável); podem ser remunerados por taxa ou por tarifa. Geram 
direito subjetivo à sua prestação se o indivíduo se mostra em condições técnicas de 
recebê-los. Pode ser exigido diretamente do particular delegado. 
Subdivide-se em: 
Serviço facultativo: o Poder Público pode suspender-lhe a prestação em caso de 
não pagamento. De regra é remunerado por tarifa. 
Serviço compulsório: não é permitida a suspensão, porque o Estado o impôs 
coercitivamente, como também porque, sendo remunerado por taxa, tem a Fazenda 
mecanismos privilegiados para a cobrança da dívida. ATENÇÃO: O STJ já decidiu que 
a utilização obrigatória dos serviços de água e esgoto não implica que a respectiva 
remuneração tenha a natureza de taxa. 
 
USUÁRIO DE SERVIÇO PÚBLICO 
Direitos do usuário: 
  a prestação adequada do serviço e a indenização no caso de ser mal prestado 
ou interrompida sua prestação, causando-lhe prejuízo, aplicando-se a disciplina do 
Código de Defesa do Consumidor (art. 6º do CDC); 
  o art. 37, §3º da CR88 prevê que a lei disciplinará as formas de participação 
do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: 
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas 
a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa 
e interna, da qualidade dos serviços; 
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de 
governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; 
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, 
emprego ou função na administração pública 
  o art. 175 parágrafo único II e IV prevê que a lei disporá sobre os direitos do 
usuário de serviço público e sobre a obrigação de manter serviço adequado. 
OBS: Segundo a Lei nº 8.987/95, art. 6º, § 1º: “Serviço adequado é o que satisfaz 
as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, 
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas” 
 
Deveres do usuário são de três ordens: 
  Administrativa: referentes aos dados a serem apresentados junto à 
Administração; 
  Técnica: relativas às condições técnicas para a prestação do serviço; 
  Pecuniária: pagamento dos serviços remunerados. 
 
QUESTÕES 
1) Diferencie “serviço público próprio de Estado” de “serviço impróprio do Estado”. 
2) A exploração de atividade econômica pode ser considerada serviço público? 
3) Sob a ótica da prestação como se classifica o serviço público? 
4) Quais são os direitos do usuário de serviço público? 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., 
Malheiros. 
 Hely Lopes Meirelles - Direito Administrativo Brasileiro, 27ª ed., Malheiros. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 6 
 
EQUILÍBRIO ENTRE AUTORIDADE E LIBERDADE 
 
A SOCIEDADE COMO TITULAR E DESTINATÁRIA DO PODER 
O Estado, através de seus agentes, exerce o poder político que lhe é conferido pela 
Constituição. O exercício do poder faz nascerem relações jurídicas entre o Estado e 
os governados. Em tais relações, o Estado e os indivíduos assumem reciprocamente 
direitos, poderes, deveres e faculdades. 
Em um Estado Democrático de Direito, como o que vivemos, os particulares, tomados 
em conjunto, não são meros destinatários, isto é, sujeitos passivos em face do poder. 
Na verdade, são os titulares do poder político. Assim, o Estado só desfruta do poder 
como representante de seu legítimo titular,que é o povo. 
As relações jurídicas mencionadas acima, que surgem no relacionamento entre 
Estado e indivíduos, são vínculos entre um sujeito que exerce o poder político, mas 
não é seu titular (agente público) e um sujeito que é o titular do poder, considerado 
em conjunto com os demais indivíduos, mas não o exerce. 
Cabe ao Direito Publico a difícil tarefa de regular, de um modo equilibrado, as relações 
entre o Estado (detentor do poder) e os particulares, que se sujeitam ao poder até o 
limite dos direitos que são titulares em face do ordenamento jurídico. 
Não se pode esquecer que nas relações de direito público o Estado exerce poder de 
autoridade, com prerrogativas que não encontram equivalente no direito privado. 
Assim, o ente publico pode, por exemplo, impor deveres unilateralmente aos 
indivíduos e alterar as relações jurídicas já constituídas. Contudo, o poder de 
autoridade conhece limites. São dois, intimamente ligados, a saber: 
1) a competência; 
2) os direitos dos particulares. 
 
COMPETÊNCIA 
Para o Direito, a competência representa o poder conferido pelo ordenamento 
jurídico, cujo exercício só é lícito se realizado: a) pelo sujeito apontado na lei; b) 
sobre o território de sua jurisdição; c) quanto às matérias indicadas na norma; d) no 
momento adequado; e) diante dos pressupostos fáticos previstos na norma; e f) para 
atingir o fim que levou a outorga do poder. 
Difere do termo direito subjetivo, que representa a possibilidade de agir, conferida 
aos sujeitos de direito, para que eles realizem seus próprios interesses. Por isso, o 
direito subjetivo é um fim em si mesmo. 
A competência é sempre conferida pela norma para que seja atendida finalidade 
determinada. É um meio para um fim, ou, melhor dizendo, um poder vinculado a 
certa finalidade. 
Como as competências são conferidas aos agentes públicos para a o alcance de 
determinados objetivos, o não uso delas implicaria renúncia à sua realização. Assim, 
a competência, para o agente público, é de exercício obrigatório, não ficando ao livre 
arbítrio de seu titular. 
 
DIREITOS DOS PARTICULARES 
O outro limite imposto aos poderes do Estado em suas relações com os particulares 
é os direitos que a ordem jurídica assegura aos próprios particulares. Tais direitos 
traduzem-se em liberdade, que para os cidadãos representa: 
a) a possibilidade de participar do exercício do poder nas formas previstas na 
Constituição (tais como as eleições, os plebiscitos e referendos); 
b) a garantia (pelo próprio Estado) de segurança nas fruições privadas (espaços de 
ação dos indivíduos, protegidos da ingerência do Estado – exemplos: direito de 
propriedade, de manifestação e expressão). 
 
CONCLUSÃO 
Diante de tudo o que foi exposto, resta claro, em síntese, que a relação jurídica de 
direito público, entre Estado e particulares, é equilibrada por dois fatores: 
a) o fator autoridade, que confere prerrogativas especiais ao Estado; 
b) os limites da autoridade, correspondentes a competência e o respeito aos direitos 
dos particulares. 
 
QUESTÕES 
1) Em um Estado Democrático de Direito o poder de autoridade do Estado conhece 
limites? Quais? 
2) O agente público pode deixar de exercer sua competência? Por que? 
3) O Estado é o titular do poder político? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 7 
 
Dicotomia entre direito público e privado e Princípios de Direito – parte 1 
 
O principal critério distintivo entre os dois institutos é quanto ao sujeito: o direito 
público trata das relações do Estado e o direito privado das relações entre os 
particulares (esse é o campo de incidência) 
O segundo quando ao interesse: público - interesse público e privado - interesses 
particulares. 
O melhor critério distintivo é saber qual o regime jurídico que incide sobre àquela 
questão. Para melhor entendermos o regime jurídico, necessário se faz o estudo dos 
princípios no direito. 
 
Considerações iniciais 
A corrente jusfilosófica que predominou inicialmente no direito foi o jusnaturalismo, 
que tinha como características a universalidade, a eternidade, dentre outros. Além 
disso, o jusnaturalismo era tido como direito acima do direito positivo, servindo o seu 
propósito principalmente na época em que leis eram extremamente rígidos. Num 
segundo momento, o positivismo jurídico enfraqueceu o jusnaturalismo e até hoje o 
positivismo prevalece. O positivismo se preocupa mais com segurança jurídica, tendo 
como um dos principais expoentes HANS KELSEN na obra Teoria Pura do Direito, 
onde Kelsen procurou tratar o direito como ciência, que é conhecimento 
sistematizado de um objeto, mas o obstáculo de KELSEN é que direito era tido como 
algo sem objeto, aí KELSEN disse que o objeto do direito é o mesmo em qualquer 
sociedade, qual seja, A NORMA (Axioaspiração do Direito). O conteúdo do direito não 
é objeto do direito, só a norma. 
Tanto o jusnaturalismo como o positivismo procuram diferenciar Princípio e Norma. 
Norma. É um comando obrigatório. É algo que necessariamente deve ser seguido. 
Princípio. É apenas uma diretriz, um conselho ao legislador, segundo o Positivismo 
e Jusnaturalismo. 
 
Pós-positivismo ou Neopositivismo 
Esse novo alinhamento doutrinário tem como características principais: 
1) Importância dada aos valores. Ao contrário de KELSEN, o pós-positivismo 
defende o fato de que o objeto do direito deve incluir o conteúdo valorativo da norma. 
2) Elevação dos princípios à categoria de normas jurídicas. Princípios não são 
apenas diretrizes, são considerados normas jurídicas obrigatórias, de caráter 
vinculante. A Norma vai ser o gênero que tem duas espécies: os Princípios e as 
Regras. 
 
Distinções entre Princípios e Regras. 
Existem alguns critérios doutrinários distintivos de princípios e regras. Vamos 
analisá-los. 
1º) Abstratividade ou Generalidade. As cinco características de uma norma 
jurídica são: abstratividade (norma se refere à situação abstrata), generalidade 
(norma se dirige não a um individuo, mas a todos os indivíduos em situação 
semelhante, imperatividade (não é conselho, é imposta), bilateralidade (impõe 
deveres para uns e outros), coercibilidade (não precisa, a norma, necessariamente 
ter uma sanção, mas toda norma precisa ter conseqüência jurídica). 
Assim, os princípios são normas generalíssimas que é um termo utilizado no sentido 
de abstrativíssima, princípios prevêem situações mais abstratas que as regras. 
Assim, enquanto as Regras possuem pressuposto fático homogêneo, os Princípios 
prevêem hipóteses heterogêneas. Se princípios e regras são normas jurídicas, ambos 
são abstratos, só que princípios são ainda mais abstratos. Ex. Quando CF fala de 
aposentadoria compulsória é um regra, porque você consegue visualizar a situação, 
o homicídio do CP também é regra. Quando Constituição Federal fala que um dos 
fundamentos da república federativa do Brasil é a preservação da dignidade humana, 
é um princípio, porque você não consegue visualizar a priori todas as hipóteses em 
que a dignidade humana será avaliada. O princípio da moralidade, eficiência, 
razoabilidade, também são princípios, porque preciso de uma norma mais concreta 
para poder visualizar quais as hipóteses de violação desses princípios. 
 
2º) Dimensão. ROBERTALEXY foi quem criou o segundo critério distintivo. No Brasil 
citamos EROS ROBERTO GRAU, GILMAR FERRERIA MENDES e PAULO BONAVIDES 
como adeptos. 
ROBERT ALEXY diz que enquanto Princípios e Regras possuem a dimensão da 
validade, apenas os Princípios possuem a dimensão da importância, peso ou valor. 
Segundo o autor no campo da validade podemos ter conflito de qualquer tipo de 
norma. Conflito de validade se dá quando duas normas entram em conflito e uma 
delas deve ser excluída do ordenamento. No campo da importância, não há conflito, 
há colisão porque as duas são válidas abstratamento, mas no caso concreto tenho 
que adotar apenas uma, em detrimento da outra (ponderação de interesse). 
Somente pode ponderar quando se trata de princípios. 
 
Atuação prática ou aplicação 
Como, quando aplico princípios e quando aplico regras. 
As Regras impõem resultados, possuem aplicação automática devendo ser aplicadas 
na medida exata de suas prescrições. 
RONALD DWORKIN. Segundo este autor as regras obedecem à lógica do tudo ou 
nada. Ocorreu a hipótese prevista na regra ou aplica ou não aplica. Se não aplicar é 
porque a regra foi abandonada. 
Já o Princípio, toda vez em que estiver envolvido, não há necessidade de sua 
aplicação automática, em havendo uma situação em que o princípio é aplicado, pode 
não ser aplicado em razão de outros princípios. Principio tem que ser levado em 
consideração sempre, mas nem sempre aplicado. 
Segundo ROBERT ALEXY princípios são mandamento de otimização, ou seja, 
normas que ordenam que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo 
com as possibilidades reais e jurídicas existentes. 
O que determina o âmbito de atuação do princípio será o caso concreto e a 
possibilidades jurídicas (conforme os outros princípios envolvidos e outras normas), 
porque princípio nunca está sozinho na ordem jurídica. 
 
QUESTÕES 
 1) Com base no Positivismo, diferencie princípio e norma. 
2) Para o Neopositivismo o que são princípios? 
3) O que é colisão de normas? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 5ª Ed. São Paulo: Método, 2011. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 8 
 
Princípios de Direito - parte 2 
 
 
Importância dos princípios no direito público 
A norma fundamental funda, ou legitima, um Poder Constituinte Originário, que 
inaugura a ordem jurídica calcada numa Constituição. Se é uma ordem, não pode 
haver contradição, então, o ordenamento jurídico deve ser uníssono. Entretanto, 
verificamos no cotidiano que pode haver conflitos de Leis. É um paradoxo? Em 
termos. Aí, que entram em cena os princípios que compõem uma ordem jurídica. 
Tratam-se de normas superiores, e como tais, dispõem-se de forma harmoniosa. 
Com relação às Leis conflituosas, podemos dizer que esta é uma situação de 
problemas de linguagem, de expressão equivocada do legislador. 
Os princípios fazem parte do ordenamento jurídico. São por causa deles que a ordem 
jurídica é um sistema que possui um encadeamento lógico, harmonioso e racional. 
Não se tratam os princípios de meros enunciados científicos, mas de verdadeiras 
normas jurídicas, sendo, pois, aplicáveis na solução de problemas jurídicos da vida 
real, explica Carlos Ari Sundfeld: 
"O princípio jurídico é a norma de hierarquia superior à das regras, pois determina o 
sentido e o alcance destas, que não podem contrariá-lo, sob pena de pôr em risco a 
globalidade do ordenamento jurídico. Deve haver coerência entre os princípios e as 
regras, no sentido que vai daqueles para estas. (...) Por isso, conhecer os princípios 
do Direito é condição essencial para aplicá-lo corretamente. Aquele que só conhece 
as regras ignora a parcela mais importante do Direito – justamente a que faz delas 
um todo coerente lógico e ordenado. Logo, aplica o Direito pela metade. Em outras 
palavras: aplicar as regras desconsiderando os princípios é como não crer em Deus, 
mas preservar a fé em Nossa Senhora!" (Sunfdeld, 2000, p. 146-147) 
 Para Sundfeld, no ordenamento jurídico do Direito Público brasileiro, os princípios 
são: "a-) autoridade pública; b-) submissão do Estado à ordem jurídica; c-) função; 
d-) igualdade dos particulares perante o Estado; e-) devido processo; f-) publicidade; 
g-) responsabilidade objetiva; igualdade de pessoas políticas" – como estudaremos 
nas próximas aulas. 
 
Os princípios de direito público e a supremacia do interesse público 
O Estado não é um fim em si mesmo, é um meio para a concretização dos interesses 
públicos. Porém, este mesmo Estado, titular dos interesses públicos, tem sua 
autoridade limitada, visando o controle do exercício do poder, protegendo as pessoas 
sob seu imperium. Pois de nada adianta a autoridade suprema se não há liberdade. 
Há de se conjugar, portanto, autoridade com liberdade. Notemos, entretanto, que os 
interesses públicos – aqueles que os indivíduos isolados não podem alcançar – 
possuem preferência sobre os interesses privados, quando se confrontam. Esse poder 
de autoridade do Estado, segundo Carlos Ari Sundfeld, pode manifestar-se de duas 
maneiras: "a-) impondo unilateralmente comportamentos aos particulares; b-) 
atribuindo direitos aos particulares, através do vínculo não-obrigacional." 
Carlos Ari Sundfeld entende que não há supremacia dos interesses públicos sobre os 
interesses privados, há somente prioridade do primeiro quanto ao segundo: 
"Supremacia é a qualidade do que está acima de tudo. O interesse público não está 
acima da ordem jurídica; ao contrário, é esta que o define e protege como tal. 
Ademais o interesse público não arras nem desconhece o privado, tanto que o Estado, 
necessitando de um imóvel particular para realizar o interesse público, não o confisca 
simplesmente, mas o desapropria, pagando indenização (o que significa haver 
proteção jurídica do interesse do proprietário, mesmo quando conflitante com o do 
Estado)." 
Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, entende que a superioridade do 
interesse público sobre o privado é "pressuposto de uma ordem social estável", tendo 
como conseqüências: "a-) posição privilegiada do órgão encarregado de zelar pelo 
interesse público e de exprimi-lo, nas relações com os particulares; b-) posição de 
supremacia do órgão nas mesmas condições." 
Verificamos, porém, que desta relação privilegiada podem ocorrer algumas distorções 
que podem prejudicar umas pessoas em detrimento de outras. Na teoria do Direito, 
tudo é perfeito, pois se trata de uma realidade formal, com um comprometimento 
formal com a realidade. É certo que, conforme exposto, o Estado é regido por 
normas de Direito Público que lhe limitam a atuação para que não cometa 
arbitrariedades contra os particulares e que os submetam, todos, a uma 
posição de igualdade perante sua autoridade. Sabemos, porém, que há possibilidade 
de se tomar o Estado e impor interesses outros, que não são públicos, mas impostos 
como se o fossem, de modo a controlar a sociedade, ou mesmo fustigar vozes 
discordantes, o que é uma verdadeira supressão das liberdades e direitos 
fundamentais do ser humano. 
Destarte, tendo em vista que o Estado é regido pelo interesse público, se faz de 
extrema importância o estudo dos princípios, em especial, de direito público, para o 
ordenamento jurídico e de toda a sociedade. 
 
Função dos princípiosna interpretação das regras 
De acordo com Carlos Ari Sundfeld (p. 148), são as seguintes: 
1) É incorreta a interpretação da regra, quando dela derivar contradição, explícita ou 
velada, com os princípios. 
2) Quando a regra admitir logicamente mais de uma interpretação, prevalece a que 
melhor se afina com os princípios. 
3) Quando a regra tiver sido regida de modo tal que resulte mais extensa ou mais 
restrita, respectivamente, para calibrar o alcance da regra como o do princípio. 
 
Por fim, os princípios gerais de direito são utilizado como de integração em caso de 
lacuna da lei, como preceitua o artigo 4º da Lei de Introdução às Normas (LICC). 
 
QUESTÕES 
 1) No sistema jurídico os princípios ocupam posição inferior ou superior as regras? 
Por quê? 
2) O que se entende por supremacia do interesse público? 
3) Quais as funções dos princípios na interpretação das regras jurídicas? 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., 
Malheiros. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 9 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PÚBLICO – PARTE 1 
 
Vamos analisar quais os princípios gerais de direito público definem e delimitam o 
regime jurídico: 
 
1) AUTORIDADE PÚBLICA 
O exercício do poder político – há outorga ao Estado de poderes especiais frente aos 
particulares. Assim os demais princípios limitam a autoridade, controlam o exercício 
do poder político. Visam o equilíbrio entre autoridade e liberdade. 
O Estado existe para atender aos interesses públicos ou coletivos, esses mais 
relevante que os interesses particulares. Há prevalência do interesse público sobre o 
privado. Contudo, o interesse público não é supremo, pois previsto no próprio 
ordenamento. 
A autoridade pública conferida ao Estado pelas normas jurídicas é a conseqüência da 
previsão constitucional de ter certos interesses mais relevantes. 
O interesse público surge quando as normas atribuem ao ente que dele cura poderes 
de autoridade. 
"Supremacia é a qualidade do que está acima de tudo. O interesse público não está 
acima da ordem jurídica; ao contrário, é esta que o define e protege como tal. 
Ademais o interesse público não arras nem desconhece o privado, tanto que o Estado, 
necessitando de um imóvel particular para realizar o interesse público, não o confisca 
simplesmente, mas o desapropria, pagando indenização (o que significa haver 
proteção jurídica do interesse do proprietário, mesmo quando conflitante com o do 
Estado)." Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, entende que a superioridade 
do interesse público sobre o privado é "pressuposto de uma ordem social estável", 
tendo como conseqüências: "a-) posição privilegiada do órgão encarregado de zelar 
pelo interesse público e de exprimi-lo, nas relações com os particulares; b-) posição 
de supremacia do órgão nas mesmas condições." 
 
2) SUBMISSÃO À ORDEM JURÍDICA 
O Estado é proibido de agir contra a ordem jurídica e todo poder por ele exercido tem 
sua fonte e fundamento na ordem jurídica. 
O Estado está sob a ordem jurídica. 
A atividade legislativa se desenvolve com base na Constituição Federal, e a lei editada 
baseia-se no princípio da necessária constitucionalidade das leis. 
No âmbito da administração se submete à legalidade. A atividade desenvolvida deve 
se dar nos termos da lei. 
O exercício da força pelo Estado é regido e aplicado segundo o Direito, mais 
especificamente sob permissão do princípio da legalidade, que "além de assentar-se 
na própria estrutura do Estado de Direito e, pois, do sistema constitucional como um 
todo, está radicado especificamente nos arts. 5.º, II, 37 e 84, IV da Constituição 
Federal". Porém, os particulares podem agir, de acordo com o previsto no artigo 5.º, 
II da Constituição Federal: "II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de Lei." 
A partir do exposto, podemos dizer que o Estado só pode fazer o que estiver 
autorizado por Lei, enquanto os particulares podem fazer o que a Lei não lhes proibir. 
Qual o significado disso? Há uma restrição à conduta dos particulares que, contudo, 
tece, por meio das Leis, o próprio Direito. O Estado regulado e estruturado por Leis 
é uma proteção contra a arbitrariedade e a violação dos direitos dos particulares. 
Daí, podemos conferir que surge também uma nítida noção de que o poder deve ser 
exercido segundo limites e que o titular de todo o poder é o povo e não o soberano, 
ou qualquer déspota que o faça parte. Nada mais é o que foi consagrado na 
Constituição Federal de 1988, artigo 1.º, parágrafo único: "Todo poder emana do 
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos 
desta Constituição". Os ingleses singelamente diriam que há o império da Lei e não 
dos homens, ou seja: 
"O princípio da legalidade contrapõe-se, portanto, e visceralmente, a quaisquer 
tendências de exacerbação personalista dos governantes. Opõe-se a todas as formas 
de poder autoritário, desde o absolutista, contra o qual irrompeu, até as 
manifestações caudilhescas ou messiânicas típicas dos países subdesenvolvidos. O 
princípio da legalidade é o antídoto natural do poder monocrático ou oligárquico, pois 
tem como raiz a idéia de soberania popular, de exaltação da cidadania. Nesta última 
se consagra a radical subversão do anterior esquema de poder assentado na relação 
soberano-súdito. 
Instaura-se o princípio de que todo poder emana do povo, de tal sorte que os 
cidadãos é que são proclamados como os detentores do poder. Os governantes nada 
mais são, pois, que representantes da sociedade. (...) Além disto, é a representação 
popular, o Legislativo, que deve, impessoalmente, definir na Lei e na conformidade 
da Constituição os interesses públicos e os meios e modos de persegui-los, cabendo 
ao Executivo, cumprindo ditas leis, dar-lhes a concreção necessária." (Celso Antonio 
Bandeira de Mello, p. 83-84) 
 
3) FUNÇÃO 
A função administrativa é uma das três funções do Estado, já que convive com as 
funções Legislativa e Jurisdicional. A função administrativa é exercida 
predominantemente, isto é, como função típica, pelo Poder Executivo. A propósito, a 
função administrativa também é chamada de função executiva. Não obstante, os 
Poderes Legislativo e Judiciário também exercem a função administrativa, mas, o 
fazem de modo secundário, e isso ocorre quando eles dispõem sobre seus serviços, 
seus bens e a vida funcional de seus servidores. Assim, a concessão de férias a 
servidor de qualquer um dos Três Poderes é ato administrativo. 
 
Características da Função Administrativa – São elas: 
1) É Concreta: porque se aplica a lei ao caso concreto, já que a função administrativa 
destina-se a traduzir a vontade da lei concretamente. Excepcionalmente, aplica-se a 
CF diretamente na prática do ato administrativo. Exemplo: artigo 84, inciso VI, alínea 
“b” da CF – “Artigo 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – 
dispor, mediante decreto, sobre: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando 
vagos”. 
 
2) Não inova inicialmente a Ordem Jurídica porque é a lei quem cria direitos e 
obrigações, em face do Princípio da Legalidade contido no art. 5º, II da CF. 
3) É Direta ou Parcial porque o Estado-Administração exerce a Função Administrativacomo parte interessada. A Função Jurisdicional, diferentemente da Função 
Administrativa, é indireta e imparcial. 
4) É Subordinada porque se sujeita a Controle Jurisdicional, uma vez que, conforme 
o art. 5º, XXXV da CF “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito”. Vige no Brasil o Sistema da Jurisdição Única ou Inglês em que os 
conflitos são decididos definitivamente no Poder Judiciário, ainda que a Administração 
Pública esteja envolvida. Não vigora o Sistema do Contencioso Administrativo ou 
Francês em que são Tribunais Administrativos, alheios ao Poder Judiciário, que 
decidem os conflitos envolvendo a Administração Pública. 
5) É sujeita a um Regime Jurídico de Direito Público. O Regime Jurídico Administrativo 
é formado pelo binômio (Binômio = Polaridade) das Prerrogativas e Sujeições, pelo 
qual, de um lado, está a Administração Pública, que é dotada de certas Prerrogativas 
que lhe possibilitam agir com autoridade para o bom atendimento do Interesse 
Público, e, de outro lado, estão os Indivíduos, de modo que a Administração se 
submete a Restrições ou Sujeições para que eles não sejam indevidamente atingidos 
em sua liberdade. 
6) A Função Administrativa é exercida de ofício, quer dizer, não depende de 
provocação do interessado. Diferentemente da Administração Pública, a Jurisdição é 
Inerte, só podendo ser exercida por provocação. 
 
QUESTÕES 
 1) Em se tratando da liberdade de agir, qual a diferença entre o Estado e os 
particulares? 
2) Os Poderes Legislativo e Judiciário exercem função administrativa/executiva? De 
que modo? 
3) A função administrativa se subordina ao controle judicial? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., 
Malheiros. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 10 
 
Princípios gerais de direito público – parte 2 
 
4) IGUALDADE DOS PARTICULARES PERANTE O ESTADO 
Prescreve o caput do art. 5º da nossa Constituição Federal de 1988: "Todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à igualdade, a segurança e a propriedade, (...)". 
Veja-se, portanto que o princípio da igualdade tem sede explícita no texto 
constitucional, sendo também mencionada inclusive no Preâmbulo da Constituição. 
Destarte, é norma supraconstitucional; estamos diante de um princípio, direito e 
garantia, para o qual todas as demais normas devem obediência. 
A igualdade de todos os seres humanos, proclamada na Constituição Federal, deve 
ser encarada e compreendida, basicamente sob dois pontos de vista distintos, quais 
sejam: o da igualdade material e o da igualdade formal. 
Entendimento da igualdade material, deve ser o de tratamento equânime e 
uniformizado de todos os seres humanos, bem como a sua equiparação no que diz 
respeito à possibilidades de concessão de oportunidades. Portanto, de acordo com o 
que se entende por igualdade material, as oportunidades, as chances devem ser 
oferecidas de forma igualitária para todos os cidadãos, na busca pela apropriação dos 
bens da cultura. 
A igualdade material teria por finalidade a busca pela equiparação dos cidadãos sob 
todos os aspectos, inclusive o jurídico 
A igualdade formal interessa imediatamente ao jurista. Essa igualdade seria a pura 
identidade de direitos e deveres concedidos aos membros da coletividade através dos 
textos legais. 
 
5) DEVIDO PROCESSO 
O Princípio do Devido Processo Legal, só foi surgir expressamente no Brasil, na 
Constituição Federal de 1988, apesar de estar implícito nas Constituições 
anteriores. Ele está assim disposto no art. 5º, inciso LIV da nossa Carta Magna: 
Art.5º “ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes : 
LIV _ ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal.” 
O Princípio do devido processo legal é uma das garantias constitucionais mais 
festejadas, pois dele decorrem todos os outros princípios e garantias constitucionais. 
Ele é a base legal para aplicação de todos os demais princípios, independente do 
ramo do direito processual, inclusive no âmbito do direito material ou administrativo. 
Assim, o devido processo legal garante inúmeros outros postulados como os 
princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação (apesar de autônomos e 
independentes entre si), integrando-se totalmente os incisos LIV e LV, ambos do 
artigo 5º da Carta Magna de 1988. Tais princípios ajudam a garantir a tutela dos 
direitos e interesses individuais, coletivos e difusos. 
O contraditório é o direito que tem as partes de serem ouvidas nos autos, ou seja, é 
o exercício da dialética processual, marcado pela bilateralidade da manifestação dos 
litigantes. 
Já a ampla defesa possui fundamento legal no direito ao contraditório, segundo 
o qual ninguém pode ser condenado sem ser ouvido. 
Do que se conclui que os Princípios do contraditório e da ampla defesa (apesar de 
serem autônomos) são necessários para assegurar o devido processo legal, pois é 
inegável que o direito a defender-se amplamente implica conseqüentemente na 
observância de providência que assegure legalmente essa garantia. 
 
6) PUBLICIDADE 
É o princípio que estabelece a necessidade de CONHECIMENTO ou CIÊNCIA, que são 
conseqüências do princípio. O titular do poder administrativo é o POVO, o cidadão, 
assim, deve tomar conhecimento do que está sendo feito com o direito do qual é 
titular. Publicidade significa também o início de produção de efeitos, ou seja, condição 
para ser eficaz. 
Uadi Lamêgo Bulos (Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, p. 563) 
ressalta que a atenção ao princípio da publicidade tem como escopo "manter a total 
transparência na prática dos atos da Administração Pública", associando-o assim à 
garantia de acesso do cidadão aos registros públicos. 
A Constituição dá a estrutura da Administração pública, de forma bastante 
minudenciada, no artigo 37 da Constituição Federal. E aqui se sente em casa o 
princípio da publicidade, como pilar indispensável para o controle dos atos públicos 
por parte dos administrados e cidadãos em geral. Os atos materiais de gerenciamento 
da coisa pública são possíveis devido ao aporte dos recursos que a nação 
disponibiliza, por meio de tributos e outras receitas. Sendo contribuinte, direto ou 
indireto, tem qualquer cidadão legitimidade para requerer do administrador a 
prestação de contas. 
Esta prestação é obrigação de todas as funções da República – Judiciário, Legislativo 
e Executivo. Deste último, explicitamente o caput do art. 37 da Constituição Federal 
trata, alinhando outros princípios a que deve obediência o administrador. Do 
legislativo, espera-se prestação de contas tanto do dinheiro público gasto no seu 
sustento como do mandato popular, legitimada pelo voto. 
 
QUESTÕES 
1) Conceitue igualdade formal. 
2) Somente o Poder Executivo deve respeitar o princípio da publicidade? 
3) Qual a importância do princípio do devido processo legal? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 11 
 
7) RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO 
O Estado pode causar prejuízo aos particulares no desenvolvimento de suas 
atividades, seja por meio de atos comissivos, seja por atos omissivos. Assim, cabe 
ao Estado responder por tais prejuízos. Maria Sylvia Zanella Di Pietro assim leciona: 
“a responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar 
danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou 
omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”. 
(Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, p. 512.) 
É a própria Di Pietro que nos traz uma breve exposição acerca da evolução histórica 
do trato da questão, a saber: 
“O tema da responsabilidade civil do Estado tem recebido tratamento diverso no 
tempo e no espaço; inúmeras teorias têm sido elaboradas, inexistindo dentro de um 
mesmo direito uniformidade de regime jurídico que abranja todas as hipóteses. Em 
alguns sistemas, como o anglo-saxão, prevalecem os princípios de direito privado; 
em outros, como o europeu-continental, adota-se o regime publicístico. A regra 
adotada, por muito tempo, foi a da irreponsabilidade; caminhou-se, depois, para a 
responsabilidade subjetiva, vinculada à culpa, ainda hoje aceita em várias hipóteses; 
evoluiu-se, posteriormente, para a teoria da responsabilidade objetiva, aplicável, no 
entanto, diante de requisitos variáveis de um sistema para outro, de acordo com 
normas impostas pelo direito positivo.”(Obra citada, 512.) 
Em linhas gerais, pode-se dizer que a teoria da irresponsabilidade era adotada na 
época dos governos absolutistas. No século XIX, tal tese da irresponsabilidade restou 
superada, quando então, passou-se à acolhida das teses civilistas, ou seja, admite-
se a responsabilidade desde que demonstrada a culpa. Somente em meados do 
século XX é que se passou às teses publicistas, da responsabilidade objetiva. 
Constata-se que a teoria da irresponsabilidade do Estado não foi acolhida pelo direito 
pátrio. As Constituições de 1824 e 1891 não continham disposições tratando do tema, 
havia disposições infraconstitucionais tratando do assunto e prevendo a 
responsabilidade do Estado, a exemplo do que ocorria com o art. 15, do antigo Código 
de 1916. A Constituição de 1937 acolheu a tese da responsabilidade estatal com 
culpa. Foi na Constituição de 1946 que se introduziu a teoria da responsabilidade 
objetiva, que atualmente prevalece. 
A responsabilidade civil do Estado, por atos comissivos ou omissivos de seus agentes, 
é de natureza objetiva, isto é, prescinde da comprovação de culpa. Neste particular, 
houve uma evolução da responsabilidade civilística, que não prescinde da culpa 
subjetiva do agente, para a responsabilidade pública, isto 
é, responsabilidade objetiva. Esta teoria é a única compatível com a posição do Poder 
Público ante os seus súditos, pois, o Estado dispõe de uma força infinitamente maior 
que o particular. Aquele, além de privilégios e prerrogativas que o cidadão não 
possui, dispõe de toda uma infra-estrutura material e pessoal para a movimentação 
da máquina judiciária e de órgãos que devam atuar na apuração da verdade 
processual. Se colocasse o cidadão em posição de igualdade com o Estado, em uma 
relação jurídica processual, evidentemente, haveria um desequilíbrio de tal ordem 
que comprometeria a correta distribuição da justiça. 
O Estado responde objetivamente por dano causado por seu agente, em substituição 
à responsabilidade deste, sem indagação de culpa. E o ônus financeiro da assunção 
dessa responsabilidade objetiva é suportado por toda sociedade, que provê os cofres 
públicos através de tributos. Os tributos são pagos pelos cidadãos para propiciar 
ao Estado recursos financeiros necessários ao cumprimento de suas atribuições, 
inclusive para indenizar os danos por ele causados, a terceiros, no desempenho 
dessas atribuições. Daí a teoria do risco administrativo, que fundamenta toda a 
doutrina da responsabilidade objetiva do Estado. 
O prejudicado pela ação estatal sempre terá o direito à indenização a ser pleiteada 
contra a Fazenda Pública ou contra a pessoa jurídica privada prestadora de serviço 
público a que pertencer o agente causador do dano. A ação nunca é dirigida contra 
o agente público ou de quem faz as suas vezes. Estes limitam-se a responder 
regressivamente em casos de dolo ou culpa. 
 
8) IGUALDADE DAS PESSOAS POLÍTICAS 
A Constituição adotou como forma de Estado o federalismo, que se 
caracteriza como uma “aliança ou união de Estados”, baseada em uma 
Constituição, onde o Poder central é repartido entre os entes federativos 
que passam a possuir autonomia e participação política na formação da 
vontade federativa, sendo necessárias rígidas regras constitucionais 
tendentes a manter a unidade federativa, se possível, até com previsão da 
via excepcionalíssima da intervenção de um ente federativo em outro. 
O art. 19 da Constituição Federal de 1988 cuida de manter a igualdade entre os entes 
federados e seus cidadãos. 
A autonomia das entidades federativas pressupõe a repartição de competências 
(legislativas, administrativas e tributárias) contidas no texto constitucional, como 
forma de preservação da própria Federação. Esta distribuição de poderes é ponto 
nuclear da noção de Estado Federal. A Constituição estruturou um sistema que 
combina competências exclusivas, privativas e principiológicas, com competências 
comuns e concorrentes, buscando reconstruir o sistema federativo segundo critérios 
de equilíbrio ditados pela experiência histórica. 
 
QUESTÕES 
 1) Conceitue “responsabilidade civil objetiva”. 
2) No Federalismo, o poder é concentrado em um único ente público? 
3) O prejudicado pela ação estatal necessita acionar o agente público que 
diretamente causou o dano? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª 
ed., 2010. 
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007. 
 Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
 
 
DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Público 
 
 
Semana 12 
 
Regime Jurídico Administrativo e os 
Princípios Constitucionais da Administração Pública 
 
O Regime Jurídico Administrativo é o regime que se aplica ao Direito Público; 
existe a expressão Regime Jurídico da Administração Pública que engloba todo 
e qualquer regime a que a Administração está submetida, seja de direito público ou 
privada. 
A Constituição Federal e as leis infraconstitucionais determinam qual será o 
regime jurídico aplicado em determinada situação. 
 
O Regime Jurídico Administrativo é caracterizado pelo binômio: Prerrogativas e 
Sujeições. Vamos estudá-los: 
 
1º) As prerrogativas conferem autoridade à Administração Pública, colocando-a em 
posição de Supremacia (superioridade) diante do Administrado. Tal afirmação 
decorre da supremacia do interesse público sobre o interesse do particular, 
de tal sorte que a prática de atos que são vedados aos particulares, são permitidos 
à entidade pública. 
 
2º) As restrições a que se submete a Administração Pública não são comuns aos

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