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PROTOCOLO DE PACIENTES COM PERIODONTITE Objetivos · Periodontite · Plano de Tratamento para Doenças Periodontais · Terapia Periodontal não-cirúrgica · Reavaliação · Terapia Periodontal Cirúrgica · Fase Restauradora · Terapia Periodontal de Suporte Periodontite · Definida como “doença inflamatória crônica multifatorial associada com biofilme disbiótico e caracterizada pela destruição progressiva do aparato de inserção dental.” (STEFFENS; MARCANTONIO, 2018) · Prevalência de Periodontite SEVERA -> 9,8% -> 796 milhões de pessoas afetadas · Classificação em Estágios e Grau -> indicam severidade e progressão da doença · Estratégias de -> diagnóstico, plano de tratamento, protocolos de terapia Plano de Tratamento para Doenças Periodontais (Protocolo) · Fase de emergência · Terapia Periodontal não-cirúrgica · Reavaliação · Terapia Periodontal Cirúrgica · Reavaliação · Fase restauradora · Terapia Periodontal de Suporte FASE DE EMERGÊNCIA · Comprometimento dentário ou periapical · Lesões periodontais agudas: abcessos periodontais; Lesões periodontais. · Exodontia de dentes com prognóstico ruim/desfavorável · Reabilitação provisória -> podem ser postergados TERAPIA PERIODONTAL NÃO-CIRÚRGICA · Sinôminos: terapia básica, fase I, procedimentos básicos, terapia relacionada à causa, fase inicial · Eliminação da doença · Saúde, função e estética · Cicatrização dos tecidos perdidos · Manutenção dos resultados conseguidos -> terapia periodontal de suporte · Objetiva a remoção da supuração gengival, permite a regressão de infecção óssea, redução do sangramento gengival e da mobilidade dentária -> manutenção do dente na cavidade bucal Procedimentos: 1. Orientações de higiene bucal 2. Raspagem e alisamento coronoradicular 3. Eliminação de fatores secundários 4. Terapia antimicrobiana sistêmica 5. Terapias complementares 1. Orientações de higiene bucal Por que é essencial? · Responsabilidade no controle do biofilme do paciente · Profissional deve realizar corretas instruções sobre o uso de dispositivos ou agentes químicos coadjuvantes · Motivação -> participação ativa do paciente · Tipos de controle -> mecânico ou químico Mecânico · Tipos de escova: manual ou elétrica · Possuem a mesma eficácia · Manual -> indicações: para pacientes com destreza manual que consiga realizar as técnicas -> possui um preço mais acessível · Elétrica -> indicações: pacientes que apresentam dificuldades motoras, ou crianças -> possui valor mais elevado devido a tecnologia empregada · Manual ou elétrica? Dependerá das características de cada paciente Escolha da escova · É individual · Facilidade de manipulação · Cerdas macias · Troca periódica · Crianças: escovas pequenas Mecânica -> Técnicas de Escovação · É essencial que a limpeza de todas as superfícies, não deve causar danos nem desgastes aos tecidos duros e moles. Deve ser simples e fácil de aprender. · Técnica de Bass · Técnica de Bass modificada · Técnica de Stilman · Técnica de Stilman modificada · Técnica de Fones · Técnica de Charters Controle químico · Uso de agentes químicos que auxiliam no controle do biofilme -> adjuntos · Propriedades: não provocar alergia e toxicidade, sabor agradável, efetividade contra microrganismos -> especialmente periodontopatógenos · Podem estar presentes em dentifrícios, enxaguatórios · Agentes químicos: controlam o biofilme -> ação nos microrganismos periodontais. Podem ser: · Fluoretos · Compostos quartenários de amônia · Triclosan · Óleos essenciais · Clorexidina Meios auxiliares do controle mecânico do biofilme · Evidenciadores de placa · Fio dental · Passadores de fio dental · Limpador de língua · Dentifrícios / enxaguatórios 2. Raspagem e alisamento corono-radicular · Padrão-ouro no tratamento periodontal · Procedimento mais efetivo contra o acúmulo de biofilme · Remoção mecânica de depósitos de biofilme e cálculo pelo cirurgião-dentista · É a melhor devido a natureza do cálculo pois o dente não sofre descamação Raspagem · Conceito: processo pelo qual o biofilme e o cálculo são removidos das superfícies dentárias supra e subgengivais · Objetivo: remoção do cálculo Alisamento · Conceito: é o processo pelo qual o cálculo incrustado e as porções do cemento são removidas para produzir uma superfície lisa, dura e limpa. · Objetivo: alisamento da superfície radicular Objetivos da raspagem e alisamento corono-radicular: · Eliminação/redução da inflamação · Correções de condições que propiciam a inflamação · Eliminação de cálculo · Tratamento das bolsas periodontais · Estabelecimento do contorno gengival perdido · Eliminação de fatores retentivos Raspagem manual · Desvantagens: mais lenta, maior tempo de procedimento, mais desconforto, maior traumatismo · Vantagens: menor contaminação ao ambiente de trabalho (não produz aerossóis), permite melhor sensibilidade tátil Raspagem com ultrassom · Desvantagens: menor sensibilidade tátil, disseminação do aerossol, necessidade de refrigeração, visualização diminuída, às vezes necessita de acabamento · Vantagens: não é necessário afiar, mais rápido, maior conforto e menos fadiga, menor traumatismo, irrigação A depender do caso, pode-se iniciar com o ultrassom, e complementar com áreas de difícil acesso com curetas específicas. 3. Eliminação de fatores secundários · Fatores predisponentes para retenção de biofilme · Cavidades cariosas · Restos radiculares · Extração de dentes condenados · Restaurações inadequadas · Próteses defeituosas · Avaliar possibilidade de uso de contenções · Forças oclusais traumáticas · Fatores modificadores gerais modificáveis · Movimentação ortodôntica menor 4. Terapia antimicrobiana sistêmica · Superfície dentária não descama e anatomia do periodonto -> facilita o acúmulo de biofilme · Por tais razões -> o controle de biofilme e raspagem são o tratamento padrão · Porém, alguns pacientes mais susceptíveis apresentaram melhora em estudos clínicos e pesquisas com a utilização de medicação sistêmica antimicrobiana · Quando ingeridos sistemicamente · Podem ser encontrados no fluido gengiva, saliva · Microbiota bucal -> diversificada e complexa · Periodontopatógenos -> grupo vermelho -> Aggregatibacter actinomycetemcomitans (AA) · Gram negativos, anaeróbios, espiroquetas, bacilos · Para auxiliar no tratamento da doença periodontal -> específico para periodontopatógenos, não tóxico, substantividade · Não há um ideal -> nenhum antibiótico consegue inibir todos os periodontopatógenos -> necessidade de terapia combinada · TERAPIA ANTIMICROBIANA SISTÊMICA -> TERAPIA COADJUVANTE no tratamento periodontal · Focar no tratamento personalizado, que atenda as necessidades de cada paciente · Cuidados com a resistência microbiana · Quais casos são necessários complementar? · Lembrar que raspagem e alisamento é o padrão-ouro · Pacientes mais susceptíveis, ou não responsivos a RACR, com comprometimento sistêmico -> febre, linfadenopatia · USO ADJUNTO em casos de gengivite e/ou periodontite necrosante, periodontite como manifestação de uma doença sistêmica, periodontite severa, periodontite refratária, profilaxia para endocardite · Doença periodontal refratária -> formas de doença periodontal que não responderam a terapia convencional · Rara e de microbiologia variada -> terapia: antimicrobianos selecionados através de um antibiograma · Profilaxia antibiótica -> objetiva a redução da quantidade de microrganismos e prevenir o risco para doenças como a endocardite bacteriana. Medicação deve ser administrada antes do atendimento. · Administração sistêmica -> pode ser um coadjuvante necessário; geralmente administrado no último dia da instrumentação. · Porém nenhum antibiótico sozinho inibe todos os periodontopatógenos; “NÃO USE ANTIBIÓTICOS PARA COMPENSAR RASPAGEM MAL FEITA.” (FERES, 2015) · O protocolo para uso de antimicrobianos sistêmicos depende: mecanismo de ação, condição de saúde do paciente e da apresentação clínica ANTIMICROBIANO REGIME DOSAGEM Amoxicilina 500 mg A cada 8hrs, 7 dias Azitromicina 500 mg Uma vez, de 4 a 7 dias Ciprofloxacino500 mg Duas vezes ao dia, 10 dias Clindamicina 300 mg A cada 8hrs, por 10 dias Metronidazol 400 mg A cada 8hrs, 7 dias Terapia de combinação: metronidazol + amoxicilina Amoxicilina 500 mg + metronidazol 250 mg A cada 8hrs por 7 dias TIPO TRATAMENTO PERIODONTAL ANTIMICROBIANOS SISTÊMICOS Gengivite induzida por biofilme localizada/generalizada OHB + RACR Não Periodontite (Estágio I e II) OHB + RACR Geralmente não Periodontite (Estágio III e IV) generalizados Periodontite padrão incisivo-molar OHB + RACR Como adjunto quando necessário, dependerá da severidade, observar resposta da fase I, presença de fatores modificadores, condições gerais do paciente Gengivite necrosante e Periodontite necrosante OHB + RACR Apenas se houve febre, linfadenopatia Diabéticos descompensados e fumantes pesados OHB + RACR Como adjunto quando necessário Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas OHB + RACR Como adjunto quando necessário -> depende da condição do paciente 5. Terapias complementares · Podem ser utilizadas adjuntas da raspagem e alisamento corono-radicular · Estudos clínicos demonstram melhoras nos resultados da terapia periodontal não-cirúrgica · Uso de laser · Auxílio na cicatrização · Remoção do cálculo · Modulação do hospedeiro · Modulação da resposta imune; · Não visa substituir formas tradicionais; · Não são amplamente utilizados; · AINES; · Bisfosfanatos; · USO LIMITADO; · Não visam supressão total · Antimicrobianos locais · Agentes de liberação lenta colocados no ambiente subgengival; · Eficácia como coadjuvantes; · Clorexidina, Doxiciclina; · Alto custo Quando encaminhar para o serviço especializado? Consiserar: geralmente mais de 5mm de perda de inserção 1. Extensão da doença e envolvimento profundo localizado ou generalizado 2. Comprimento da raiz 3. Mobilidade acentuada 4. Dificuldade para RACR 5. Reabilitação oral 6. Idade do paciente 7. Pacientes não responsivos; Habilidades pessoais* Relembrando: · Doenças periodontais -> presença de biofilme disbiótico + resposta imunoinflamatória do hospedeiro · Gengivite induzida por biofilme localizada/generalizada · Periodontite Estágios e Graus · Doença ativa -> sítios com inflamação gengival · Gengivite e Periodontite necrosante · Terapia periodontal -> OHB, RACR (padrão) + coadjuvantes · Saúde em um periodonto íntegro · Saúde em um periodonto reduzido com histórico de periodontite ATENÇÃO -> REAVALIAÇÃO TECIDUAL -> após realização dos procedimentos · Tecidos periodontais necessitam de em média 4 semanas para cicatrização · Reavaliação dos parâmetros clínicos · Oportunidade dos pacientes desenvolverem habilidades de OHB -> REFORÇO · Consulta de reavaliação -> observar necessidade de cirurgia · Se necessário, outras etapas do plano de tratamento -> terapia periodontal de suporte Benefícios da terapia periodontal básica · Ganho de inserção -> 2 a 3mm · Redução da mobilidade · Periodonto sadio · Redução de até 80% de sangramento à sondagem · Manter o dente na cavidade bucal Cicatrização · Redução de células inflamatórias · Cicatrização do epitélio gengival -> epitélio juncional longo · As fibras do tecido conjuntivo rompidas -> necessitam de 4 semanas ou mais para reorganização · Cicatrização completa pode levar meses · REPARO X REGENERAÇÃO (depende da célula que está presente) · Células do epitélio (1) migram para a região afetada, há a formação do epitélio juncional longo (REPARO) · Células do tecido conjuntivo (2) migram para região -> (REPARO) · Células ósseas (3) migram para região -> formação óssea externa, pode causar anquilose (REPARO) · Três diferentes processos cicatriciais -> REPARO PERIODONTAL -> caracterizado por formar uma estrutura com arquitetura tecidual diferente da inicial, ou seja, antes de ser acometido pela doença -> não volta igual, as vezes necessário terapia cirúrgicas regenerativas REPARO -> Restaura a continuidade da gengiva marginal doente e restabelece o sulco gengival normal. Mesmo sem ganho de inserção (como anterior) ainda consegue paralisar a destruição óssea. Observamos a formação de um epitélio juncional longo durante o processo -> reparo REGENERAÇÃO -> Crescimento dos tecidos iguais (do mesmo tipo) dos que foram destruídos. É o que observamos quando há ganho de inserção. TERAPIA PERIODONTAL CIRÚRGICA · Corrigir defeitos ósseos e/ou condições mucogengivais · Manutenção da saúde periodontal · Cirurgias pré-protéticas · Melhorar contorno gengival ao corrigir condições anatômicas · Melhorias estéticas · Controlar ou eliminar a doença periodontal Indicações · Recuperação dos tecidos de inserção supracrestais · Controle ou eliminação da doença periodontal -> raspagem a campo aberto · Regeneração da inserção periodontal perdida · Finalidades estéticas · Intervenção em condições anatômicas relacionadas a doença periodontal Contra-indicações · Presença de doença periodontal ativa · Condições sistêmicas e presença de fatores modificadores (tabagismo, hiperglicemia) · Cooperação do paciente · Dentes com prognóstico sombrio Terapia periodontal cirúrgica -> procedimentos: 1. Técnicas ressectivas 2. Técnicas regenerativas 1. TÉCNICAS RESSECTIVAS · São cirurgias periodontais que apresentam a finalidade de remoção de uma parte de estruturas como osso, gengiva ou raiz · Exemplos: · Raspagem a campo aberto · Aumento de coroa clínica · Gengivoplastia / gengivectomia · Frenectomia · Para auxiliar no tratamento da periodontite -> raspagem a campo aberto · Aumento de coroa clínica para corrigir invasão dos tecidos de inserção supracrestais -> que podem favorecer o acúmulo de biofilme · A aplicação das demais técnicas devem ser indicadas a partir de um correto diagnóstico e controle da doença periodontal 2. TÉCNICAS REGENERATIVAS · São cirurgias periodontais que apresentam a finalidade de “repor” os tecidos periodontais perdidos, como nos casos de doença periodontal, retrações gengivais, por exemplo · Alguns exemplos: · Recobrimento radicular – enxerto autógenos · Regeneração Tecidual Guiada (RTG) · Regeneração Óssea Guiada (ROG) Objetivos: · Restauração do complexo dente, osso, cemento e ligamento · Prevenção do crescimento epitelial juncional como fator de risco para recidência da periodontite · Retenção a longo prazo de dentes · Aspecto estético Diagnóstico -> avaliar correta indicação Observação dos fatores causais Avaliação do tipo de retração observada Domínio das técnicas Objetivo das terapias periodontais -> manter o dente PROGNÓSTICO Bom · Dentes com 75% de perda óssea · Mais de 8mm · Defeito de furca classe III · Mobilidade classe III · Dentes com pelo menos 2 características da categoria questionável FASE RESTAURADORA · Uso de próteses removíveis · Próteses implantossuportadas · Próteses fixas, restaurações definitivas - Reabilitações orais - Dentes que servirão de apoio de prótese - Cimentação de coroas - Realização de restaurações - Abordagem interdisciplinar TERAPIA PERIODONTAL DE SUPORTE Controle e manutenção · Revisão periódica – Terapia Periodontal de Suporte · O número de retornos dependerá da condição periodontal de cada paciente -> 3, 6 ou 12 meses · Biofilme e cálculo · Condição gengival (bolsas, inflamação) · Oclusão, mobilidade dentária e outras alterações patológicas - Sucesso da terapia periodontal a longo prazo depende dessa fase; - Depende da relação profissional -> paciente - TPS -> Sucesso - TPS -> Recorrência da doença Considerações finais · Diagnóstico, Plano de Tratamento e Terapias Periodontais · Devolver principalmente saúde, função e estética · Muitos dos procedimentos podem ser realizados pelo clínico geral · É preciso realizar a terapia e aguardar o período de cicatrização, reparo e regeneração dos tecidos · É essencial a realização do controle para o sucesso da terapia a longo prazo -> terapia periodontal de suporte