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Argumentação e direito

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O texto argumentativo
e o Direito
Professor Sandro Melros
Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras.
Sermão da Sexagésima
Argumentar = é expressar uma convicção e uma explicação para persuadir o interlocutor a modificar o seu comportamento.
A TÉCNICA DA ARGUMENTAÇÃO
O que é argumentar?
Argumentar é desenvolver organizadamente um raciocínio, uma ideia, uma opinião, um ponto de vista ou uma convicção, de forma a influenciar, a convencer e a persuadir um auditório ou leitor.
No nosso quotidiano estamos argumentar: 
quando defendemos um ponto de vista, 
quando apresentamos a nossa opinião, 
quando propomos uma solução para um problema 
ou quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso… 
Por vezes, enfrentamos a oposição dos outros e, então, temos de argumentar ainda melhor para os convencer. 
E argumentar bem é um ato de inteligência que, para ser eficaz, tem as suas regras.
O que é argumentar?
Nos nossos dias, o discurso argumentativo assume com frequência a forma escrita em ensaios, teses, editoriais, artigos de opinião, cartas e manifestos, textos publicitários, onde a «arte de bem discorrer» de forma a convencer o leitor é praticada diariamente. 
Nos parlamentos, nos debates políticos, nas mesas redondas, nas campanhas eleitorais permanece a tradição de apresentação oral de ideias organizadas e fundamentadas, que se discutem, tendo em vista convencer o público da legitimidade de determinadas propostas.
Elementos constituintes de um discurso
Segundo Aristóteles, um discurso pressupõe a existência de três elementos fundamentais:
a pessoa que fala - ORADOR 
o ASSUNTO de que se fala
a(s) pessoa(s) para quem se fala - AUDITÓRIO
 
Para provocar a adesão do auditório a certas teses, é fundamental que o orador conheça quais as teses e os valores inicialmente admitidos pelo auditório. Eles deverão constituir o ponto de partida do discurso.
Para argumentar bem o que é necessário?
Ter um conhecimento claro da ideia do assunto que se vai defender, buscando-se a informação e a documentação necessárias.
Considerar as pessoas que se pretende convencer, a fim de preparar ou selecionar as razões que se consideram mais eficazes para cada caso concreto.
Elaborar um guião com os principais dados e argumentos que se vão utilizar.
Prever possíveis réplicas dos ouvintes e preparar outros argumentos ou respostas que possam convencê-los.
Apresentar com correção e clareza os argumentos, procurando não ofender ninguém.
Para argumentar bem o que é necessário?
O encadeamento das ideias e dos argumentos deve respeitar uma progressão interna:
levantamento e apresentação das características e dos traços marcantes da situação ou do problema a tratar; 
organização cronológica dos factos ou dos aspetos significativos;
demonstração da validade da tese com argumentos pertinentes; 
inclusão de elementos de prova que validem as opiniões expressas (provas, exemplos, citações).
Passos para desenvolver um texto argumentativo:
Definir os argumentos mais pertinentes para a defesa de uma tese que se quer apresentar a um determinado auditório;
Organizar e articular esses argumentos de forma a estruturar coerentemente o discurso;
Organizar as palavras e as frases com enriquecimento estilístico;
Escolher o tom certo para sublinhar a justeza das suas ideias, a pertinência dos seus argumentos e para valorizar as suas intenções.
Objetivos do discurso
Um orador, quando produz o seu discurso, deve ter como objetivos:
instruir o auditório, provando a veracidade do que afirma;
agradar ao auditório pela justeza, beleza e brilho da sua argumentação;
comover o auditório, despertando-lhe todas as emoções que seja possível suscitar em favor da causa defendida.
Como se organiza uma argumentação?
A argumentação deve organizar-se em três partes:
 A exposição da tese, devendo ser breve e clara.
O corpo da argumentação, contendo as razões que apoiam a tese e a refutação das opiniões contrárias.
A conclusão, consistindo num reafirmar da tese.
Há uma estrutura de base que se organiza em 
tese, antítese e síntese.
ASSIM….
Introdução – parágrafo inicial que dá conta da matéria a tratar e da tese a provar;
Desenvolvimento – que corresponde à antítese, ou seja, à prova e contra-prova da tese através da exposição dos argumentos; análise/explicitação da tese; apresentação dos argumentos que provam a verdade da tese: factos, exemplos, testemunhos, citações, dados estatísticos…. e os contra-argumentos
Conclusão – corresponde à síntese, onde se manifesta o ponto a que se chegou depois da demonstração
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Estrutura argumentativa
Um texto argumentativo não oratório segue, geralmente, uma estrutura triádica organizada em:
introdução – onde se apresenta a tese a demonstrar, anunciando, ao mesmo tempo, o plano que se vai seguir na argumentação;
desenvolvimento – onde se patenteiam os argumentos estabelecidos segundo princípios lógicos, articulados entre si, para confirmar a tese e refutar ou contradizer as objeções que venham a ser levantadas pelo leitor (antítese); os argumentos procuram convencer o leitor, persuadindo-o, implicando-o no ponto de vista de quem escreve, que deve ir apresentando provas e exemplos do que afirma, levantando hipóteses, inferindo causas e estabelecendo consequências;
conclusão – realiza a síntese do exposto ou exprime os propósitos a seguir; pode apresentar um comentário geral à situação discutida ou uma reflexão que é ponto da situação do problema que foi tratado.
Estrutura argumentativa
O texto oratório (sermão e outros discursos) deve seguir os princípios clássicos que preveem um plano desenvolvido em cinco partes (é o caso do Sermão de Santo António aos Peixes):
Exórdio – apresenta o assunto do discurso ou do sermão;
Narração ou Exposição – necessariamente breve, tem de ser clara e pode servir para situar a matéria num contexto preciso ou para apresentar os dados essenciais da questão em causa;
Confirmação e Refutação – que discutem a matéria mostrando os argumentos favoráveis e os Contrários
Peroração – apresenta a conclusão que se tirou da discussão feita e deve ser utilizada para comover os ouvintes e levá-los a seguirem as perspetivas e os objetivos do orador.
Reconhecimento dos argumentos
No texto argumentativo encadeiam-se alegações, raciocínios lógicos, provas, exemplos, citações, alegorias, conselhos e ordens, de acordo com o fim que se tem em vista e a impressão que se quer provocar no leitor, sendo estes dois aspetos o objetivo último da argumentação. Esta pode desenrolar-se segundo um raciocínio lógico, ou não – escolha que é determinada pela atitude do autor e pelo destinatário que se quer convencer. Sempre que a apresentação de argumentos tem em vista suscitar uma discussão ou debate de ideias, é preferível a organização discursiva dialética através do esquema TESE – ANTÍTESE – SÍNTESE.
Os argumentos podem apelar à razão ou as emoções, ao bom senso, aos valores morais, aos conhecimentos, à capacidade de reflexão e de estabelecer juízos de valor. Ao autor importa convencer o leitor inteligente e persuadi-lo da legitimidade dos argumentos, levando-o a considerar válido, plausível e verdadeiro aquilo que é exposto de modo a se sentir predisposto a aceitar os pontos de vista apresentados.
Tipos de argumentos
Entre os argumentos mais usuais que se empregam para convencer outros estão:
 
A autoridade, isto é, basear-se na opinião de alguma pessoa, entidade ou documento com prestígio.
A universalidade, isto é, a aceitação generalizada. 
	Por exemplo: Em todas as partes considera-se que ...
A experiência pessoal, sobretudo se foi reiterada. 
	É frequente ouvir: Como verifiquei várias vezes ...
A semelhança com algo que é aceite benevolamente pelos ouvintes.
 
(Qualquer argumento pode ser a favor ou contra determinada tese)
A lógica dos argumentos
Escolha e ordenação dos argumentos
Para uma correta construção argumentativa é fundamental a escolha dos argumentos que suportam a demonstração
da tese. Eles devem ser pertinentes e coerentes, apresentados de forma lógica e articulada e organizados por ordem crescente de importância.
A lógica dos argumentos
Articulação e coesão do discurso
As qualidades principais do discurso argumentativo são o rigor, a clareza, a objetividade, a coerência, a sequencialização e a riqueza lexical. Para tal, devem ter-se em conta os seguintes elementos linguísticos:
Correta estruturação e ordenação das frases;
Uso correto dos conectores do discurso (de causa-efeito-consequência, hipótese-solução, oposição, disjunção, etc.);
Respeito pelas regras da concordância;
Uso adequado dos deícticos (determinantes, pronomes, advérbios) que evitam as repetições dos nomes;
Utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, etc…
Síntese da metodologia para escrever um texto argumentativo
1. Preparação da argumentação:
procura de argumentos (seleção, número, precisão)
disposição dos argumentos (plano, encadeamento)
procura de figuras de estilo
1.1 encontrar respostas para as seguintes perguntas:
que quero eu provar?
estes argumentos são realmente válidos?
de que factos disponho? serão sólidos? quais vou utilizar? quais devo manter em reserva?
haverá pontos fracos na minha argumentação?
em que ponto posso ou devo ceder?
Síntese da metodologia para escrever um texto argumentativo
2. Etapas do texto argumentativo:
encontrar o problema
analisar os dados
dispor adequadamente os argumentos e contra-argumentos
reformular
enunciar soluções e propostas
usar figuras de estilo adequadas
formular juízos de valor (concordância ou discordância final)
3. Qualidades do texto argumentativo:
rigor, clareza, objetividade, coerência, sequencialização, riqueza lexical
Síntese da metodologia para escrever um texto argumentativo
4. Estrutura do texto argumentativo:
Introdução: um parágrafo único; afirmação polémica
Desenvolvimento: dois ou mais parágrafos; argumentos e contra-argumentos, exemplos (cada
parágrafo do desenvolvimento deve decompor-se em três elementos: ponto de partida, argumento
e exemplo; os parágrafos devem ser encadeados uns nos outros pelos conectores lógicos)
Conclusão: um parágrafo único; retoma da afirmação inicial confirmada ou contrariada

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