Resenha: "O queijo e os vermes"

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GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido
pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. 
Antonio Fernando Batista de Sousa¹
“O queijo e os vermes” é a principal obra do autor Carlo Ginzburg, de 1976, onde
narra o cotidiano de um simples moleiro conhecido como Menocchio de Montereale, na Itália,
onde foi perseguido pela inquisição por disseminar suas ideias heréticas ao povo de sua
aldeia. Menocchio questionava todas as tradições da igreja como o batismo, o casamento, a
crisma, a confissão, a adoração de imagens, fato que o levou ao Tribunal do Santo Oficio duas
vezes. 
Menocchio era um simples operador de moinho, que havia aprendido a ler, fato que o
levou a questionar a igreja, neste período a inquisição vinha perdendo força, Menocchio não
tinha restrições em dizer o que pensava. Mostrava a todos de sua aldeia o quanto a igreja era
rica, os cobrando impostos enquanto eles estavam submersos a pobreza, e continuavam
servindo e obedecendo uma religião com regras e criada por homens, com intuito manter o
povo sob uma doutrina de subserviência. 
Em seu primeiro julgamento, Menocchio foi aconselhado pelo filho a falar apenas o
que fosse perguntado, porém, Menocchio não conseguia se conter diante as autoridades
religiosas, e deixava claro que não era um herege, acreditava em deus e sabia ler a bíblia,
porém colocava em prova Jesus Cristo, ele dizia que era um homem qualquer, não acreditava
que poderia ter nascido de uma virgem, e nem que tivesse sido crucificado para salvar os
homens do pecado. 
O autor traça um perfil de Menocchio no processo inquisitório pelos livros que
provavelmente tenha contribuído para disseminação de suas ideias, mesmo que ele tenha
confirmado que as opiniões saíram de sua própria cabeça. O autor vai além, e realiza um
comparativo com grupos heterodoxos que se formam num época e os livros que Menocchio
confirma ter lido, o autor aponta que Menocchio era arbitrário e só extrai dos livros aquilo
que o convém. 
Menocchio foi condenado a prisão perpetua, mas cumpriu apenas dois anos. Retorna
a sua cidade onde morava com sua família, foi obrigado a usar uma túnica branca com
crucifixo, porém o moleiro 
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¹ Graduando do 3° período em Licenciatura Plena em História, Campos Torquato Neto, UESPI
manteve-se fiel a suas ideias e continuou pregar suas ideias. Fato que o levou mais
uma vez ao Tribunal do Santo Oficio, o qual desta vez não escapou. Menocchio morreu na
fogueira. 
“Além de fantasiar sobre o paraíso.
Menocchio desejava um “mundo novo”:
“Meus espírito era elevado”, dissera ao
inquisidor, “e desejava que existisse um
mundo novo e um novo modo de viver, pois a
igreja não vai bem e não deveria ter tantas
pompas”. O que Menocchio queria dizer com
essas palavras” (p. 40)
Nesta época em que esta obra se situa, no século XVI, devemos lembrar que é a era
do renascentismo, marcado por reformas protestantes, das artes, a difusão da impressa em
todo o continente europeu. Em sua obra Ginzburg faz uma estudo da história das
mentalidades e culturais, onde revela as classes subalternas, onde acaba desenrolando a
influencia mutua entre as culturas populares e eruditas da época, numa pratica de micro-
história. 
Em um recorte historiográfico, Ginzburg da prioridade a Menocchio que poderia ter
sido esquecido pela história, se não fosse a curiosidade e o emprego dos devidos métodos em
sua pesquisa, para dar fundamentação através da micro-história a vida deste brilhante
personagem que é Menocchio.
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¹ Graduando do 3° período em Licenciatura Plena em História, Campos Torquato Neto, UESPI
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