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Número 29 Dezembro/2004
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Rua Embrapa s/n - CP. 007 - 44380-000 - Cruz das Almas, BA
Tel: (75) 3621-8000 - Fax: (75) 3621-8097
www.cnpmf.embrapa.br
sac@cnpmf.embrapa.br
ABACAXI EM FOCO
Densidades de Plantio para a Cultura do Abacaxi
Getúlio Augusto Pinto da Cunha1
Domingo Haroldo Reinhardt1
1Pesquisador III da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, 44380-000, Cruz das Almas-BA, Tel.: (75) 3621-8083, Fax: (75) 3621-8097,
getulio@cnpmf.embrapa.br
Aspectos gerais
Durante as décadas de 1960 e 1970, os abacaxicultores brasileiros usavam espaçamentos
amplos entre plantas, na maioria dos casos em filas simples, o que resultava em densidades baixas –
menos de 20.000 plantas por hectare.
Devido aos elevados valores da terra e dos custos de produção agrícola, o uso de espaçamentos
menores e, conseqüentemente, de densidades de plantio maiores, foi se tornando uma prática cada
vez mais freqüente em fruticultura, a fim de se otimizar o uso dos fatores de produção, principalmente
terra, mão- de-obra, combustíveis e administração.
A densidade de plantio por unidade de área é um dos fatores de produção mais importantes na
exploração agrícola e está relacionada, diretamente, ao rendimento, custo de produção e qualidade
do fruto. Sabe-se que o aumento da densidade, ao tempo em que eleva o rendimento, após um
determinado limite, provoca uma redução do peso do fruto, devido, principalmente, à concorrência
entre plantas por água, luminosidade e nutrientes minerais. Daí a necessidade de se levar em conta,
quando da escolha do espaçamento/densidade para uma determinada cultura, a preferência do
mercado consumidor, em especial no que tange ao tamanho, peso e qualidade do fruto, bem como o
aspecto econômico da sua produção. Deve-se considerar, todavia, que essa escolha não depende
apenas do destino da produção (consumo in natura e industrialização), mas também da cultivar, tipo
de solo, topografia, fatores climáticos, acervo tecnológico, disponibilidade de máquinas e implementos
agrícolas e de mão-de-obra. Por isso mesmo, certos sistemas são mais adequados a determinadas
regiões do que outros. Salienta-se, contudo, que a densidade ótima é aquela que proporciona um
retorno líquido maior ou melhor renda.
Como vantagens do uso de maiores densidades de plantio na cultura do abacaxi podem ser
citadas: melhor conservação da umidade e da matéria orgânica do solo; redução da ação do vento;
melhor sombreamento, resultando em temperaturas mais amenas e constantes, o que beneficia a
atuação dos microorganismos do solo; e crescimento mais vertical das folhas, permitindo uma melhor
proteção do fruto contra a queima-solar.
Na cultura do abacaxi, o plantio pode ser feito em filas simples, duplas e triplas, cada qual
com suas vantagens e desvantagens. A partir das filas triplas, por exemplo, alguns tratos culturais,
tais como adubações, aplicações de defensivos, indução floral, colheita etc., quando não mecanizados,
são dificultados, sendo que os frutos das filas internas podem ter, ainda, seu peso e tamanho
diminuídos. Entretanto, o problema da queimadura pelo sol nesses frutos é menor, reduzindo assim,
o trabalho e o custo com sua proteção, nas regiões onde a queima-solar ocorre com freqüência.
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Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
Mandioca e Fruticultura Tropical
Os sistemas de plantio mais comuns, no entanto, são os de filas simples e duplas, cuja escolha
fica na dependência dos aspectos anteriormente relacionados. O plantio em filas simples pode
facilitar os tratos culturais, principalmente quando se trata de cultivares com folhas espinhosas,
enquanto o de filas duplas permite um maior número de plantas por unidade de área e uma melhor
sustentação das mesmas, evitando assim, seu tombamento quando da frutificação, por serem plantadas
de modo alternado ou em ziguezague com relação às duas filas.
Porém, em sua maioria, os plantios no Brasil são feitos em filas simples, com densidades por
área comparativamente baixas (25.000 a 40.000 plantas por hectare), proporcionando rendimentos
menores, o que é agravado pelos altos índices de perdas pós-colheita (20% a 40%), devido a vários
fatores. Em outros países produtores de abacaxi, as densidades variam de 30.000 a 86.000 plantas
por hectare.
Recomenda-se que os plantios devem ser estabelecidos com cerca de 30 a 55 mil plantas por
hectare, adotando-se os seguintes espaçamentos em fileiras duplas – com plantas alternadas: 1,20 x
0,40 x 0,40 m (31.250 plantas ha-1), 1,20 x 0,40 x 0,35 m (35.714 plantas ha-1), 0,90 x 0,40 x 0,40
m (38.400 plantas ha-1), 0,90 x 0,40 x 0,35 m (44.000 plantas ha-1), 0,90 x 0,40 x 0,30 m (51.200
plantas ha-1), e 0,80 x 0,40 x 0,30 m (55.500 plantas ha-1); e em fileiras simples: 0,90 x 0,30 m
(37.000 plantas ha-1), 0,80 x 0,30 m (41.600 plantas ha-1), 0,70 x 0,30 m (47.600 plantas ha-1). As
densidades entre 30.000 e 40.000 plantas por hectare parecem apresentar um balanço adequado
entre tamanho do fruto e rendimento, em resposta às demandas do mercado de frutas in natura. De
maneira geral, os plantios mais adensados tendem a proporcionar maiores produções por área, ainda
que, individualmente, os frutos possam ter pesos menores. As densidades maiores devem ser usadas,
preferentemente, com as variedades de folhas sem espinhos.
Efeitos da densidade sobre características da planta e do fruto
O maior número de plantas por área pode resultar numa diminuição da produção e massa de
folhas por planta, o que tem sido, porém, inconsistente e não significativo. O aumento da densidade,
em geral, não tem influenciado de modo significativo a produção de matéria seca de raízes, caule,
folhas e planta inteira.
Com relação à produção de mudas por planta, o aumento da densidade tem, em alguns casos,
provocado a diminuição no número de filhotes e rebentões, mas em outros situações esse fato não
tem sido observado. Entretanto, a produção de mudas por área aumenta.
O rendimento por hectare, em geral, aumenta de modo expressivo com a elevação da densidade.
É importante levar em conta esse aspecto, quando a produção é destinada à industrialização, em
especial de suco, e a mercados que não têm preferência por frutos grandes. A redução da distância
entre filas e plantas com conseqüente aumento da densidade causa expressivo aumento do volume
total de frutos por hectare, acompanhado de decréscimos mais ou menos significativos da massa do
fruto. O maior número de plantas por área aumenta a competição por água, nutrientes e, em especial,
radiação solar, resultando em menores taxas de assimilação líquida e acúmulo de matéria seca.
Quanto ao fruto, geralmente o aumento da densidade ocasiona uma diminuição da sua massa,
em algumas ocasiões de modo expressivo em outras não. Entretanto, deve-se prestar atenção à
qualidade do fruto, tendo em vista que têm sido observados aumentos no teor de acidez total e, em
menor escala, diminuição dos sólidos solúveis totais, resultando numa menor relação entre esses
fatores, em função do aumento da densidade.
É importante lembrar que todos esses aspectos apresentam uma correlação muito grande com
a cultivar, região produtora e tecnologia empregada no manejo da cultura, refletindo bastante no seu
rendimento econômico.

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