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OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

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OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
1 – CONCEITO
	Obrigação solidária é aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou de uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor (art. 264 do CC). O credor poderá exigir de qualquer codevedor a dívida por inteiro, e o adimplemento da prestação por um dos devedores liberará todos ante o credor comum (art. 275 do CC).
	Cada devedor passará a responder não só pela sua quota como também pelas dos demais, e se vier a cumprir, por inteiro, a prestação, poderá recobrar dos outros as respectivas partes; o credor, por sua vez, que receber o pagamento responderá, perante os demais, pelas quotas de cada um.
2 – CARACTERES
a) pluralidade de sujeitos ativos ou passivos: é imprescindível a concorrência de mais de um credor ou de mais de um devedor ou de vários credores e vários devedores simultaneamente;
b) multiplicidade de vínculos: sendo distinto ou independente o que une o credor a cada um dos codevedores solidários e vice-versa;
c) unidade de prestação: cada devedor responde pelo débito todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro;
d) corresponsabilidade dos interessados: o pagamento da prestação efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um; e o recebimento por parte de um dos cocredores extingue o direito dos demais, embora o que o tenha embolsado fique obrigado, perante os demais, pelas parcelas de cada um.
3 – ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA
a) ativa: se houver multiplicidade de credores, que, em tese, só têm direito a uma quota da prestação, mas, em razão da solidariedade, podem reclamá-la por inteiro do devedor comum. Efetuado o pagamento da prestação, o credor que a recebeu, retendo sua parte, entregará aos demais as quotas de cada um. O devedor se libera do vínculo pagando a qualquer cocredor, enquanto este continua vinculado, até que reembolse de suas quotas os demais credores solidários.
b) passiva: quando, havendo vários devedores, o credor estiver autorizado a exigir e a receber de um deles a dívida toda. Cada codevedor pode ser compelido a pagar todo o débito, apesar de ser em tese, devedor apenas de sua quota-parte.
c) recíproca ou mista: se houver pluralidade subjetiva ativa e passiva simultaneamente, isto é, presença de concomitante de credores e devedores.
	As obrigações solidárias (ativa, passiva ou mista) submetem-se a normas comuns, tais como:
a) a solidariedade só se opera nas relações externas, ou seja, nas relações estabelecidas entre cocredores e devedor, entre codevedores e credor e entre cocredores e devedores solidários. Não há qualquer solidariedade em suas relações internas, isto é, entre os credores e entre os devedores, ou melhor, entre sujeitos que estejam na mesma posição.
b) o pagamento feito ou recebido por um dos sujeitos extingue a relação obrigacional.
4 – PRINCÍPIOS COMUNS
4.1 – VARIABILIDADE DO MODO DE SER DA OBRIGAÇÃO NA SOLIDARIEDADE
	A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos codevedores e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. Entretanto, qualquer cláusula, condição, ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros, sem seu consentimento.
	O codevedor condicional não pode ser demandado senão depois da ocorrência do evento futuro e incerto, e o devedor solidário puro e simples somente poderá reclamar o reembolso do codevedor condicional se ocorrer a condição.
	Se a condição ou termo for pactuada após o estabelecimento da obrigação solidária por um dos codevedores, este fato não poderá agravar a posição dos demais, sem consentimento destes (art. 278 do CC). Se não houver anuência dos demais, apenas o que se vinculou a tal ajuste é que arcará com as consequências.
4.2 – NÃO PRESUNÇÃO DA SOLIDARIEDADE (art. 265 do CC)
	A solidariedade não se presume; resulta da lei (solidariedade legal) o da vontade das partes (solidariedade convencional).
5 – FONTES DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA
a) legal: se provier de comando normativo expresso;
b) convencional: se decorrer da vontade das partes pactuada em contrato ou em negócio jurídico unilateral, como, por exemplo, em disposição testamentária, uma vez que, se o que se exige é a existência de anuência das partes, nada obsta que a solidariedade advenha desse ato unilateral, pois ele pressupõe a aceitação do herdeiro ou do legatário.
6 – SOLIDARIEDADE ATIVA
6.1 – CONCEITO
	A solidariedade ativa é a relação jurídica entre vários credores de uma obrigação, em que cada credor tem o direito de exigir do devedor a realização da prestação por inteiro, e o devedor se exonera do vínculo obrigacional, pagando o débito a qualquer um dos cocredores
6.2 – CONSEQUÊNCIAS
a) cada um dos credores solidários tem o direito a exigir do devedor o cumprimento da obrigação por inteiro; todavia, esse direito potestativo não impede, a invocação do instituto do “chamamento ao processo”, a fim de viabilizar a intervenção “de todos os devedores solidários”;
b) enquanto nenhum dos credores solidários demandar o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar;
c) o pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago;
d) se falecer um dos credores, deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a cota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível, se for apenas um o herdeiro ou se estes agirem em conjunto;
e) convertendo-se a obrigação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade;
f) o credor que houver remitido a dívida ou recebido o pagamento, responderá aos outros pela parte, que lhes caiba;
g) a um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros;
h) o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, amenos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve;
i) a confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade;
j) suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros, se a obrigação for indivisível;
k) a interrupção da prescrição, aberta por um dos credores solidários, aproveita aos outros.
7 – SOLIDARIEDADE PASSIVA
7.1 – CONCEITO
	A obrigação solidária passiva é a relação obrigacional, oriunda de lei ou de vontade das partes, com multiplicidade de devedores, sendo que cada um responde na totalidade pelo cumprimento da prestação, como se fosse o único devedor. Cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se tivesse contraído sozinho o débito.
7.2 – CONSEQUÊNCIAS
a) o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum;
b) no caso de pagamento parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto;
c) se morrer um dos devedores solidários, deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a cota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos considerados como um devedor solidário sem relação aos demais devedores;
d) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado;
e) o pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga, ou relevada;
f) todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida;
g) o devedor demandado pode opor
ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor;
h) o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns, ou de todos os devedores. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Não importa renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores;
i) o devedor que satisfez a dívida por inteiro, tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua cota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores;
j) no caso de rateio, entre os codevedores, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor;
k) se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar;
l) a interrupção da prescrição efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros; a interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trata de obrigações e direitos indivisíveis.

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