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AD1_TL2_02.2015_GABARITO_UNIDADE 1

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Fundação CECIERJ/ UFF 
Graduação em Letras 
Disciplina: Teoria da Literatura II 
Coordenadora: Profa. Diana Klinger 
AD1- 2º semestre de 2015 
 QUESTÃO ÚNICA: Baseando-se na leitura dos textos da unidade 1, explique 
com suas palavras a concepção de mimesis de Platão e Aristóteles. 
Exemplifique com passagens dos textos. Desenvolva o seu próprio texto e cite 
as passagens devidamente. 
 
Platão vê a mímesis na arte como pura imitação, por isso ela consiste 
numa produção de imagens que se assemelha ao real, mas está afastada a 
três graus da verdade, ou seja, está num nível de representação do objeto 
como ele parece ser e não como de fato é. Ele defende que “o imitador não 
tem nenhum conhecimento válido do que imita, e a imitação é apenas uma 
espécie de jogo infantil” (Platão: 2000, p. 330). Platão leva em conta o uso e a 
fabricação de cada objeto como maneiras de estar ligado a ele, de conhecer o 
seu funcionamento e saber se é bom ou mau. Por ser um artífice da imagem, 
tal imitador acaba tratando somente das aparências da natureza das coisas, 
sem tomar ciência delas. 
O filósofo faz referência ao trabalho do pintor e do poeta como imitações 
que produzem fantasia. Em seus argumentos, ele atribui à poesia imitativa a 
“capacidade de corromper” a razão, já que a mímesis nesta arte desperta o 
elemento mau da alma, devido ao fato de o poeta inclinar-se ao “caráter 
irritável ou instável” da natureza humana em sua representação. 
Como exemplo, Platão diz que na tragédia e na comédia o poeta nutre os 
ouvintes com os vícios ao mostrar a dor, os infortúnios e uma gama de 
sentimentos e situações vivenciada pelo herói, favorecendo, com isso, o lado 
irracional. A poesia encanta, entorpece o lado racional do homem, desperta a 
imaginação de outros mundos. Nas palavras de Sócrates, ela “fortalece o 
elemento mau da alma e assim arruína o elemento racional” (Ibidem, p. 334). 
Com tal arte, damos “ouvidos” a coisas e sensações que a razão tenta 
controlar e silenciar. O trecho a seguir indica que é uma prática comum em 
relação a todos os aspectos humanos encenados. 
E, no que diz respeito ao amor, à cólera e a todas as paixões 
da alma, que acompanham cada uma das nossas ações, a 
imitação poética não provoca em nós semelhantes efeitos? 
Fortalece-as regando-as, quando o certo seria secá-las, faz 
com que reinem em nós, quando deveríamos reinar sobre elas, 
para nos tornarmos melhores e mais felizes, em vez de sermos 
mais viciosos e miseráveis. (Ibidem, p. 336) 
 
Nessa perspectiva, a poesia seria a imitação da imitação, uma vez que 
imita uma realidade que já é pura aparência do mundo ideal, por isso ela não 
revela nenhum conhecimento seguro sobre a verdade das coisas. A mímesis 
na arte é banida da organização do estado pelo filósofo. 
Em Aristóteles, a mímesis constitui o fundamento de toda arte, porque ela 
se estrutura no critério de verossimilhança, de modo que a representação, no 
plano da arte, dá-se como uma possibilidade sem assumir o compromisso de 
revelar a realidade empírica (daí faz-se a distinção entre a poesia e a história). 
Na Poética, o filósofo sistematiza a natureza da poesia e suas espécies bem 
como os gêneros, segundo as diferenças apresentadas em relação aos 
aspectos da imitação, que são os meios, os objetos e as maneiras. A imitação 
também decorre da ação, da verossimilhança e da necessidade que cada 
poeta dispõe para que aconteça sua arte. Na organização dos gêneros, “A 
epopeia e a poesia trágica, assim como a comédia, a poesia ditirâmbica, a 
maior parte da aulética e da citarística, consideradas em geral, todas se 
enquadram nas artes de imitação” (p. 1 do PDF). A tragédia, por exemplo, é 
relacionada a uma imitação de ações, da vida, da felicidade e da infelicidade. 
A imitação é, sobretudo, vista como a ação que distingue os homens dos 
animais. No texto, vemos que 
A tendência para a imitação é instintiva no homem, desde a 
infância. Neste ponto distinguem-se os humanos de todos os 
outros seres vivos: por sua aptidão muito desenvolvida para a 
imitação. Pela imitação adquirimos nossos primeiros 
conhecimentos, e nela todos experimentamos prazer. (Ibid., p. 
4 do PDF) 
 
Desse modo, a mímesis é uma condição do processo de conhecer do 
próprio homem, porque a experiência sensível também se faz por ela e com 
ela. Daí que: “Os seres humanos sentem prazer em olhar para as imagens que 
reproduzem objetos. A contemplação delas os instrui, e os induz a discorrer 
sobre cada uma, ou a discernir nas imagens as pessoas deste ou daquele 
sujeito conhecido.” (Ibid., p. 5 do PDF). O conceito aristotélico de mímesis dá a 
ver um entendimento que vai além da mera imitação e reprodução da 
realidade. Pelo contrário, ele resulta de um processo de construção em que 
aspectos (meios, objetos e maneiras) e funções promovem a sistematização da 
natureza da arte poética. Como vemos, com tal conceito, Aristóteles estabelece 
uma concepção estética da arte, tornando-o muito mais amplo.

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