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M fBMionário Oapuchitl'ho 3.' Edição 60. <~ milheiro E:DICOES PAULINAS RECIFE 1955 http://alexandriacatolica.blogspot.com.br Missionário C apuchinho http://alexandriacatolica.blogspot.com.br I I r ( \ . Nihil obstat 'Recüe, 20 de agôsto de 1953 ' I Frei Tito de Piegaio, ofmcap OENSOR AD HOO • Imprimatur Recife, 20 de agOsto de 1953 ) 'Frei Otávio de Terrinca ofmcaP. OUBT6DIO PROVINOIAL I ' ..! I http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EREEACIO t: M DEFESA DA FÉ, é um sugestivo título o l ivro qUB. O Frei Da;mião de Bozzano dá à publicidade como lem- brOinça de suas inúmeras e fecwndas S01ntas Missões pre- gadas no decurso de vinte longos anos nas capitais e no interior do N oràeste brasileiro. Lendo o presente trabalho temos a impressão de ver. realmente a bondosa e austera figur a do grande Oapuchi-- nho e ouvir o t om profético de suas candentes apóstrofes aos pecadores, am01ncebados, adúlteros, protestantes, es· piritas, acenando-lhes com voz vibr01nte a consequência ine. vitável de suas vidas transviadas: O I nterno. Laureado na Universidade Gregoriana de Roma, em Teologm D ogmática e Filosofm, Bacharel m Direito Oar n6nico e por vários anos erudito pro f s8or d< agrada E • critura, Frei Da;mião, 'f.t cvndo tl(' um<t 1 'nn~tng ~m im.plas, compreensível, adaptada, ( 1'( '!>udm; tw 1rr 1' nc 1ana, " r al~ mct1lc admirável na ltu1imr, t•rrucJa, dt :mn arm.(,m n~ ç '.0 <' nas conclu ões . , W1JI't· dm'<' , tw a/ ·am,c do todos. A 16m da firmeza til t m I t ., a, da lógica imp cálvel 9 tta Nirnpli 1dad d • /IH m,, /1 u. avmt(,, n '.'~te liv ro outra mwFtlatll dl 'nc. tirn(l'm I 'lmlm c11w constitue a Bua. alma: Jt- ~nalmlwm lo a. 'IJ ,,,,,. doH 8anto . H1w 'tnrl.udt 'm 'dmlt "Jt'Cf'Yn 'nte excepcional:~ que é o :tear do til '/ktw " d 1U1H missões, perfuma t(Jdas as páginax, t'Hf' la.7't 'Ot lodoH o. argumentos, fortalece tôdas as conolu,s6 . ' lnw forma em poderoso motivo para. a 'IWnlcut que def oode com tanta convic .. E' que ua vfdn, seus exemplos, suas palavras são a melhor demon t ração das verdades que prega. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA FÉ é poi8 um livro precioso que fa- la à int-eligéncia e ao coração, destinado a opor um dique intranspon,veZ à onda avassaladora de corrução com que a heresia de l.tutero ameaça as mais esplêndidas tradições ào Brasil católico E' assim que Frei Damião, visando unicamente o bem àas almas, multiplica-se a si mesmo, perpetuando no tempo e no esp(J.{;o as suas grandes mi8sões em defesa da fé que cimentou os alicerces da nacionalidade e que recebe- mos., como preciosa herança, dos nossos antepassados, para construir na solidez dos seus principio a f~licidade do nos- so futuro. Recife, 20 de agosto dC' 1953. FREI OTAVIO DE TERH.INCA, ofmcap. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 1 , A VERDADEffiA REGRA DE FÉ R EGRA DE FÉ: meio lógico, objetivo, pelo qual podemos conhecer as verdades reveladas por Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou ao mundo a sua doutrina, exigindo que todos a a)lraçassem sob pena de condenação eterna. Logo nos deve ter deixa- do um meio fácil e seguro para conhecermos esta doutrina. Qual êste meio? Segundo os protestantes é a Biblia ta). qual é compreendida por cada indivíduo, ignorante ou douto. Segundo os católicos, é um . magistério vivo, autêntico, infalivel, isto é, a Igreja docente, consti- tuida por Jesus Cristo depositária das verdades re- veladas. E a,s fontes, onde ssa Igreja vai haurir os ensinan1cutos de Jc ·us Cristo, são a Bíblia e a Tradição. Onde a razão? V jnmo-lo. Neste capítulo vamos apenas provar a tese católica. a) Dizemos, a,ntes de tudo, que Jesus, para dar a conhecer ao mundo a· sua doutrina, constituiu um magistério vivo, isto é, escolheu certo número de http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FREI DAMIÃO DE BOZZANO homens, aos quais confiou o munus e o ofício de pregar a sua doutlina, obrigando todo o mundo a neles crer. Eis a~ provas: I . «Foi-I]!e. da<Jo todo q poder no céu e na terra· .. Ide pois, mtrui as gentes ••• ensinando-as a ob- servar tudo o que voo mandei; e eis que eu estou con- ~o~co 'Íodos···üs dias até à consumação dos séculos». '(Mt. 28, '18)' . Ainda mais: «Ide, pregai o • v ngelho por todo o--mundo. Quem! crer f 11~ h ti.z do rá salvo, quem rlão crer, s rá cond ~nn.<lo». (M . 10, 16 ). -., · <<Qu m v s ouv~, ' Jni tv . Quem vos re- jeita, a num r .1 ila, <JU 1 1n .i ila, r jeita aquele que me nviou». (L . 10,16 ). Por es tas· palavras deu · o Apóstolos e somente a êles o ofício de pregarem o s u Evangelho; de fato, quando se tratou de coloca.r Matias no lugar de Judas que tinha prevaricado, afim de que pudesse pregar o Evangelho com os demais apóstolos, recor- reu-se a uiD:a eleição. (Atos, 1, 23 ). Ora, esta não teria sido necessária, se Jesus tivesse confiado ~ todos os cristãos o ofício de pregar o Evangelho, pois Matias, já mesmo antes da eleição, era cristão, discípulo de Jesus Cristo. Se, pois, foi preciso uma eleição, quer isto dizer que Jesus· Cristo confiou sÕlmente aos apóstolos o ofício de pregar o seu Evangelho. E os apóstolos compreenderam desta maneira e,s palavras de Jesus, isto é, que ~le lhes tinha im~ posto o munus e o ofício de pregar a sua doutrina. Por isso S. Marcos acrescenta: «rues, os apóstolps, http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 10 FREI DAMIÃO DE BOZZANO partiram e pregaram por tôda a· parte». Me. 16, 20). Eis, pois, o meio escolhido por Nosso Senhor · para difundir a sua doutrina,: o magistério dos após- tolos; êles devem ensinar, pregar esta doutrina e todo o mundo deve acreditar nos seus enSinamentos. b) Dizemos, além disso, que "ste magistério vi- vo, por vontade de Jesus, devia <lura,r até o fim dos séculos, ou por outras palavra , " te munus, êste ofício, que os discípulos r ccbcram, não devia aca- bar com1 a morte dêles, 1nas d vin ser transmitido aos seus sucessores. Com ~feito Jc us diz: Foi~tn dado todo o po- der no céu e nn t rrn. d<, loi ', instrui tôda.s as gentes. . . ensinando·: n oh. ( 1 v r tudo o que vos mandei. E eis qu n •s I Ol um os o todos os dias até à consumação dos 'cu los . (Mt. 28, 18 ). Mas não sabia Nosso S nhor CJll os Apóstolos. não poderiam ficar neste mundo té o fim dos sé- culos, para ensinar a, tôdas 'aS' nt a sua doutri; na·? Sem dúvida· o sabia. Portanto, ~le aqui falou aos Apóstolos, como a pessoas que deveriam te~ suces or s até o fim dos séculos · no magistério de pregar Evangelho, de ensinar ~ sua dou trina. · E os Apóstolos, fiéis executores do pensamento· do divino Mestre, tinham cuidado de deixar quem continuasse o seu magistério. Por isso S. Paulo es- creve a 'Timóteo: «0 que de mim ouviste por mui- tas testemunhas, ensina-o a homens fiéis, que se tonrem idôneos para ensinar a outros». ,(ll Tiro ... Cap. 2. v. 2.) http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fn c) Dizemos, enfim, que êste magistério vivo. é infa)ível, isto é,.· não pode ensinar ·êrro algum s bre a fé ou sôbre a- moral. - Com efeito, consideremos as palavras evan- gélicas: .:Foi-me dado, diz Jesus, todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, instrui a tôdas as gentes. . . ensi- nando-as a, observar tudo o que vos mandei. E eis que eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos». (Mt. 28, 18 ). Como vemos, Jesus aqui impõe aos Apóstolos e aos seus· sucessores ensinar tudo o que rue ensinou e· ensiná-lo até o fim dos séculos. E como esta fôra uma empresa superior a ·simples fôrças human~,. promete-lhes a: ·sua assis-tência onipotente. Ora, será possível que um magistério, assistido pela própria verdade que. é Cristo, possa errar? Não· é possível. Portanto, a Igreja, assistida por Cristo, é infa- lível. Jesus diz ainda: «Quem vos ouve., a mim me· ouve; quem vos rejeita, a mim me rejeita e quem me r jeita, rejeita Aqu·ele que me enviou». (Lc. 10,16) Porventura, ouvir a Jesus, não é ouvir ensin~ mentos infalíveis? Ora rue afirma que aquele que ouve aos Após- tolos e aos seus suooss-ores. isto é, à Igreja docente,. o ouve a :rue mesmo. Portanto quem ouve a Igreja, ouve ensinamen- tos infalíveis. -O mesmo repete Jesus naquela pa.ssagem que http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 12 FREI DAMIÃO DE BOZZANO lemos em S. João (14, 16 e 26) «Eu rogarei ao Pai -e itle vos dará outro Consolador, para que fique ·-eternamente convosco, o Espírito de verdade. • • rue vos ensinará tôdas as coisas e vos recordará tudo ·'O que vos tenho dito». Pois bem, é possível o êrro onde está o Espírito -de verdade, que ensina, e recorda tudo o que Jesus ·tem ensinado? Impossível. Ora Jesus afirma qu o ~ pirito da verdade fica- cará eternamente com os Apóstolos c os seus suces- ·sores e ensinará e r co dará 'ludo o que ~le tem ~ensinado. Portanto com o Apóstolos e com os seus suces- ,sores não pod lar o êrro, logo são infalíveis. - Finahn nt , Jesus: diz: «Ide, pregai o Eva,n- gelho por todo o mundo; quem crer, e foil' batizado, ·será salvo; quem não crer será condenado». '(Me. 16, 15 ). Ora, pergunto eu, será possível que Deus im- ponha a · to~o o mundo acreditar tno êrro sob pena ·de condenação eterna? Não: isto repugnaria. à sua justiça, à sua santidade, à sua veracidade. Portanto, Jesus impondo ao mundo a obrigação .'(}e acreditar no que ensina a, Igreja sob pena de con- dena·ção eterna, ao mesmo tempo dava a esta mesma Igreja a infalibilidade, afim de que nunca pudesse erra,r. - Tudo isto é confirmado pelo Apóstolo S. Paulo quando chama a Igreja: «coluna e alicerce da 'Verdade». (I Tim. 3, 15 ). E' claro, com efeito, que a Igreja não poderia. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM Dl!FES.A HA I _______ 13.• ser coluna e alicerce da verd· dt, se ensinasse o ên'o e a superstição. · Eis portanto, provada pcl Bíblia a primeira parte da tese católica,. --~~~}::· I Y,: •, t • Passemos a provar a segunda parte que sustenta serem duas as fontes, onde a Igreja vai ·haurir üs ensina:ri1entos de Jesus: a divina Escritura, e a Tra ... dição. . A Divi:ool Escritura, é ·a palavra de Deus contida nos livros por rue inspirados. Chama!-se também Bí- blia: que significa: livr~ dos liVrOS, livro por exce- lência. A Tradição é também 3 1 palavra c 1< D us que não fo~ escrita, mas ensjnada de viv: oz po1~ J€sus Cristo .e pelos Apóstolos. . t. . • . Existe esta . tradição, ou por unia· '~ palavras, existem verdades reveladas que não • t ·ham con- tida,s na Bíblia? E~istem. A própri n h lia o. decla- ra. Eis, por. e~ellll!plo, como fala S. t• mJo na· sua 2~ epístola: aos Tess. 2, 4: «Estai firm<· • nt•tos, e con- s~rvai as · tradições que aprendeste~ o11 cl< viva voz ou . ~r epísto~a nossa». E :no cap. ill, ·6 acrescenta.: «N,, o prescre- :vemos; ·em nome de N. S. Jesus ( ·•·• lo, que vos aparteis: de todos os irmãos que and '"' cl(•sordenada .. mente e · não segundo a tradição CJIH receberam de DÓS» .• http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FREI DAMIÃO DE BOZZANO E na sua 24 epístola a Tim. escreve: ~o que de mim ou vis tes por muita.s restem unhas, ensina-o a bomens fiéis, que se to~em idôneos para ensinar a: outros~. E no capítulo I vers. 13 exorta ao mesmo Timó- teo: «Toma por modêlo as santas palavras que me tens ouvido na fé'>. E na l.~to epístola aos Cor. 11, 2, eongra,tula-se -com os fiéis, porque haviam o ervado as suas ins- truções: «Eu vos louvo, irm~oR, porque em tudo vos lembrais de mim e gu. rd i minhas instruções, como eu vo-las n ine·». n qt ·nstruções fala aqui o Apóstolo? Sem dúvidt f la d instruções dadas de viva voz, já que era esta a p i1n ira epístola que lhes ·enviava. Como S. Paulo, assim também fala S. João, qu-ando diz no seu Evangelho: «Muitas outras coi- sa,s há que fêz Jesus, s·e elas fôssem1 escritas uma po:r uma, suponho que nem no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem». ( Jo. 21, 25) e quando, c<?ncluindo as suas últimas epístolas, diz claramente que não quis confiar tudo à tinta e ao papel, deixaR- do para fa,zê-lo de viva voz. Os citados textos e outros, que podería,mos ale- gar nos demonstram que nem tudo o que ensinaram Jesus e os discípulos, foi escrito: há verdades que ensinaram de viva voz; e por isso mesmo a tradiçã existe. Com razão;, pois, a Igreja vai haurir ·os ensina._ mentos de Jesus na Divina Escritura e na Tradição. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br REGRA DE FE' PROTESTANTE RA DE FE': meio estabelecido por Nosso Senhor, para dar a conhecer ao mundo a sua I c u trina. No capítulo precedente de:rnonstra,mos qu·e êste ndo é um magistério vivo, autêntico, infalível, isto ' I a-eja: Docente; e demonstramos também que as ont , onde essa Igreja vai haurir os ensinamentos dt. Cristo, são a Divina EscritUra e a Tradição. Os protesta,ntes, porém, não concordam conos- 'o; se undo êles a única ·regra de fé é a Bíblia, tal «ltml é compreendida por cada indivíduo, seja igne- t( ou sábio. Portanto lll'ão há Tradição, isto é, verdades de fé c n. in ul• · somente de viva voz; tudo o que Nosso , ·ulm · nsinou, se acha na Bíblia. Nem há um ma- • lt' ••o vivo, infalível, que tenha direito de interpre- l u a Híhlin e de impor 30S outros a sua: interpreta- c u : " uJ • qual pode interpretá-la como entender. Va nos r futar esta doutrina. O prot s tantes dizem, em primeiro luga,r, que http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 16 FREI DAMIÃO DB BOZZANO o meio, pelo qual podemos conh·ecer a doutrina de Nosso S€nhor é tão sàmente a Bíblia. Respondo: - Se assim fôsse, dever-se-ia encontrar na Bí- blia esta verdade, visto como seria de suma impor- tância conhecê-la. Ora., pelo contrário, ninguém até hoje a encon- trou nem jamais a encontrará, porque na Bíblia não figura. E', pois, esta uma afinnação gratúita dos pro- testantes. - Se Nosso Setlhor pretendesse nos deixar a Bíblia como Regra, de fé, is1o é, como meio para conhecermos a sua doutrina, deveria ter dito a.os Apóstolos: . Ide, escrevei Bíblias para tôdas as nações; pelo contrário disse: Ide, por todo o mundo, pregai o Evangelho a tôda criatura,~. (Me. 16, 15 ). Não foi, pois, sua intenção deixar-nos a Bíblia como Regra de fé. E confirmou-'0 também com o exemplo. Com efeito, quando Saulo na estrada de Damas- co, lhe perguntou: -Senhor, que queres Tu que eu faça? - ~le não respondeu: «Lê a Bíblia» e sim: - «Levanta-te, entra na cidade e aí te será dito o que deves fazer». (Atos, 9, 7 ). - S. Paulo falava da mesm'aJ forma na sua epístola aos roma,nos. ( cap. 10, 14 ). Sem fé, diz êle, é impos'Sível agradar a. Deus:.. Mas qual o meio para chegar à fé? A Bíblia? Não. E' a pregação dos que foram http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fa 17 t•nvindos a pregar. E conclue: «Logo a fé pelo ouvi- do, , o ouvido pela, palavra de Cr~to». - De resto a própria razão nos diz que Jesus não podia deixar-nos a Bíblia como única Regra de fé. De f a to, :f:le quer que todos os homens conhe- çam e professem a sua doutrina. Mas se para isso, fôsse necessária a leitura, da Bíblia, como poderiam então os arialfa,betos e os que não podem comprar uma Bíblia, conhecer e professar a doutrina de Jesus Cristo? Todos êstes (e são a maior parte do gênero humano) não poderiam ser cristãos. Não digam os protestantes, que é basta.nte para os analfabetos que seus pastores lhes leiam e lhes expliquem a Bíblia. Essas explicações, segundo a doutrina dos protestantes não passam de opiniões individuais, que não têm autorida,de alguma e va- riani segundo o capricho de cada um. Não são a pa- lavra de Deus, e sim a palavra de Fulano, de Beltra- no, de Sicrano. Por isso, repito-o, se fôsse verdade, ' como di- zem os protestantes, que o único meio, pa,ra chegar- mos à fé, é a leitura da Bíblia, os analfabetos nun- ca poderiam ser cristãos. Será possível que Jesus tenha estabelecido êst-e meio para nos dar a conhecer a sua, doutrina? Além disso, se a Bíblia fôsse a única Regra de fé, como poderíamos conhecer com certeza qual é o verdadeiro sentido dos passos difíceis? :Z - EM DEFESA ••• http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 18 FREI DAMIÃO DE BOZZANO Por exemplo: quanto às pala,vras, com que Jesus instituiu a SS. Eucaristia, a Ig11eja Católica dá um:a explicação, e as s·eitas protestantes dão, pelo menos, duzentas, cada uma sustentando que a, sua é a ver- dadeira. Agora quem é que tem razão? Pela Bíblia é impossível resolver a questão, pois a Bíblia é muda (' n ninguém diz: Tu enxergas o verdadeiro sentido clt• nainhns pa,lavras e todos os outros: estão no êrro. Pm·tnnto, 'Se a Bíblia fôsse a única regra de fé, li 111 P<Hkl'iamos conhecer com certeza o verdadeiro •r li ido dos passos difíceis da mesma. Mns Jesus quer que conheçamos com certeza 'tô- d:~ Mttn doutrina, tôda.s as verdades que :ttle ensinou, lnnlo ns fáceis, como as difíceis. I •:' impossível, pois, que nos tenha deixado a Bihlía como única Régra de fé. Em segl,lndo lugar dizem os protestantes que nfio existe a tradição: 'tôdas as verdades revela,da'~ l'l(1 ncham na Bíblia. Mas quais são as razões que alegam para provar ( 'HS:l H,sserção? Ouçamo-las e vejamos quanto valem. S. Paulo na sua 2."' Epístola 'a, Timóteo ( 3, 15) •liz qu' «tôdas as Esqrituras são úteis e que elas po- cl< •tn ins·lruir para, a ~vação». Uesp. - Se o referido texto dissesse, que a Es- •·r·ihtrll sô, torna o homem instruido em tôdas a,s c•ui 11 ru•t•<•ssárias para a salvação, então sim, a ob- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fn 19 ]eçao seria irrefutável; mas dizendo 'simplesmente: «Tôdas as Escrituras são úteis e podem instruir para a sa~vação» não exclue que a Tradição o seja da mesma forma. Ma'S replicam,- é certo que Jesus em 'Me. cap. 7, 15 e Mt. cap. 15, 9 rejeita a tradição, dizendo: «E vós também, porque transgredis o mandamen- to de Deus pela vossa tradição». «Em vão, pois, me honra,m, ensinando doutri- nas e mandamentos que vêm dos homens». Os referidos textos nada provam contra a tradi- ção: pois Jesus rejeita as doutrinas e os mandamen- tos que vêm dos homens, que são feitos pelos hO- mens, sem que tivessem autoridade para fazê-los. Ora,, pelo contrário, a tradição para a qual apel!ll a Igreja Católica e que ela: reconhece como segunda fonte de verdade revelada, não contêm doutrinas e mandamentos que vêm dos h01mens, mas do pró- prio Deus; pois a tradição no sentido católico é: Certas verda,des reveladas que Jesus Cristo e os Após- tolos ensinaram de viva voz e não por escrito e que, por isso mesmo, não' se acham na Bíblia. Map insistem os protestantes: Não' escreveu Moi- sés ( Pen. 4, 2): «Não acresc€1Iltareis nada ao que vos digo»? - Não escreveu S. João no Apocalipse (22 18) «Se qualquer acrescentar a~guma palavra a estas coisas, que Deus faça cair sôbre êle os flagelos des- critos neste livro?» Não escreveu S. Paulo ( Gal. 1,8 )~ «Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu v08 anuncie um Evangelho diferente do que vos anuncia- mos, seja a,nátema»? http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 20 , F~l DAMIÃO DE BOZZANO Resp. - Sim, escreveram tudo isto. &ses tex- tos, porém nada provam contra a tradição: afirmam somente que a divina Escritura não deve ser a.dul- terada:. Como estas, assim tamb-ém são as outras razões que os protes tan.tes alegam contra a tradição, ra- zões que nada, valem em si mesmas; e por isso bem podemos dizer que é outra afirmação gratúita dos protestantes o não existir a tradição. Afirmação gra túita? Não só. Mas também afir- mação contrária à realidade. Com efeito, se fôss vcrdn,de que tudo o 'que en- sinaram Jesus e os Ap6 tolo' ncha na Bíblia e que, consequentemente, não is L lrndi 7 o, na Bíblia de-- veríamos encontrar quantos qn i ão os Livros ms- pirados, pois são ambas verdad r veladas. Ma,s onde se encontram? Já dirigi esta pergunta a um p tor protestante e como resposta alegou êle o t xto: «Tôda a Escrfu... tura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, ·para, corrigir, para formar na justiça:» (ll Tim. 3, 16). Ora cada qual pode ver qu o texto acima não vem ao caso. Se S. Paulo tivesse dito: «Tôda Escri- tura que se compõe de tais e tantos livros, etc.» en- tão sim, poderíamos por "sscs textos conhecer quais e quantos são os livros, qu compõem a Bíblia,. Mas tendo dito simplesmente: «Tôda a Escritura divina- mente inspirada é úÜI, etc.» é necessário procura:r em outra parte quais e quantos são os livros inspi- rados. Onde? Na Bíblia? Não, na Bíblia não figuram http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA FB 21 estas duas verdades. Devemos procurá-las na tradi- ção; 'SÓ ela diz quais e quantos são os livros inspira- dos; e portanto, existem verdades· reveladas, que não se acham na Bíblia, que é como dizer: A trailição existe. Poderíamos também acrescentar que a afirmação dos protestantes, além de ser gratúita e contrária à realidade, é também contrária aos ensinamentos claros da Bíblia, visto que a Bíblia fala em _tra,dição. Dispenso-me, porém, de alegar textos, como pro- va disto, tendo-os alegado na exposição da tese ca· tólica. Por fim dizem os protestantes que cada quaJ tem o direito de interpretar a Bíblia conforme en- tender. Mas também isto como podem demonstrá-lo? Sei que alegam as palavras que lemos no cap. 5, 39 de S. João: «Examina,i as Escrituras, pois jul- gais ter nelas a salvação ... :. Note-se, porém, que as alegam adulteradas, vis- to que Jesus não diz: «Examinai as Escritura.s·. ~-- :. e sim: «Vós examinais as Escrituras ... » Portanto e~tas pa~avras não cotêm uma ordem, como querem os os protestantes, mas apenas indicam, enunciam um fa,to. Os hebreus não queriam conhecê-Lo como o enviado de Deus; então Jesus, para lhes mostrar que era verdadeiramente o Messias, apela para o testemu- nho do Pai, para o testemunho de S. João Batist~ http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 22 FREI DAMIÃO DE BOZZANO para o testemunho da,s obras que cumpriu e, por fim eom um argumento ad homin(lm, diz: «Vós exami- nais as Escrituras, julgando ter nelas a salvação, pois bem, são elas que dão testem unho de mim». Qualquer pessoa pode reconhecer que Jesus aqui a. ninguém impõe um preceito de ler as Escritura.s e de interpretá-las como entender. Bem longe de dar êste direito, reprova-o pela boca de S. Pedro. De fato São Pedro (II epis. 1, 19) depois de ter recomendado. . . e tc., a leitura e a medita,ção da Sa- grada Escritura, acrescenta. logo que ninguém deve ter a pretenção de a interpretar por autoridade pró- pria. Tendo a Deus por autor, só Deus pode expli- • 'OP!lTI;}S 0.11;}p'cp.I;}A U;}S O .Itr.> De que maneira o explica? Por meio de sua Igre- ja, como provamos na. tese católica. O que é confirmado ·também pelo exemplo que lemos nos Atos dos Apóstolos ( cap. 15 ). Os judeus e os habitantes de Antioquia, fiando-se na sua pró- pria razão, julgaram a circuncisão necessária. Saulo ~ Barna,bé pensavam de outro modo. Apelaram para o livre exame, ou para o Bíblia interpretada por particulares? Não. Enviaram uma deputação, COliDI Saulo e Ba;rnabé, para consultar os pastores da Igreja de Jerusalém, e êstes decidiram a questão sob a inspiração do Espírito Santo. - Mas não é preciso acrescentar argumentos, para provar que os protesta,ntes não têm razão em sustentar que cada qual tem o direito de explicar a http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fn 11 Bíblia como entender: o próprio bom senso rcp •le êste absurdo. Explicar-me-ei com uma eomparação: O Brasil tem o seu código de leis. Todos podem ler êste código. Mas quem é que o pode interpretar a,utentica- mente? Por exemplo: nasce uma questão entre Fulano e Sicrano. Fulano exige para si uma herança, interpre- tando -dUJma forma a lei do código civil; Sicrano tam- bém exige pa;ra si a mesma herança, interpretan- do de outra forma .a mesma lei. Agora quem é que pode resolver a questão e dizer: A lei deve s~r interpretada a.ssim e assim; por- tanto a herança pertence a Fulano e não a Sicrano? E' uma, pessoa qualquer ou é um Tribunal, uma autoridade legitimamente constituída? Até um me- nino me, responderia que é um Tribunal, visto que a razão demonstra claramente 'que, se um legislador deixasse as suas leis à livre interpretação de 1odos os cidadãos, poria a, desordem e a: confusão no seu país. Pois_ bem: a Bíblia é o código de Deus. Teria rue deixado êste código à livre interpretação de todos? Nesse caso :seria menos os·ábio do que qual- quer legislador humano. Sendo, pelo contrário, in- finitamente mais sábio do que todos os legislado- res, ·a própria razão nos diz que é impossível que tenha deixado a Bíblia à livre interpretação de todos. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 24 FREI DAMIÃO DE BOZZANO - Para melhor compreensão disto, veja-sé a que tristes consequências já tem levado no passado e ainda pode levar no futuro ai livre interpretação da Bíblia. I Os anabatistas: de Munste.r, e depois dêles mui- tos outros, das palavras do Senhor: «Crescei e mul- tiplicai-vos» tiraram como conclusão necessária 3. legitimidade da policramia. Foi bas·eado, não sei em que passagem do Ev·1n lho, que Lutero permitiu a Filipe d Hes n t r dn mulheres ao mesmo tem- po. João de L yd d(~scohriu, lendo a Bíblia,, que de- via despo r 1 Z<' nmiJ 'rc s ao m smo tempo. Her- mann ali (l s ·ohl'in <JlH' f>J ra o Messias enviado por Deus. Ni ·ol111, qn tud qne t m relação com ~ fé é desnco ssúr·i<) < qu 5 d viver em pecado afmi de qu · •t traca . UJH .I't hund : Sympson, que se deve andar rnú ptl: H nms p, rn convencer aos ri- cos que ·devem r d Hpojn,d s de tudo. E, para diz rn os tudo numa palavra, não há crime abo in,. ão qne n~ o tenha encontrado sua pretendida ju tifi n f o < tn qualquer texto da Bíblia interpretado pelo pirito privado, fóra da autorida- de tutelar da Igr ja tólica,. Façan'los aqui ponto e seja esta a nossa con- clusão: A única regr de fé ~ão é a Bíblia, inter- pretada, como cada qual entender. A ·única regra de fé é o magistério da Igreja; e as fontes, onde ela· vai haurir os ensinamentos de Jesus, são a Bíblia e a Tra~ição. Felizes ~ que seguem esta Doutrina. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br I I I A VERDADEmA IGREJA Á. VIMOS que, pa;ra conhecer a doutrina de Jesus Cristo, devemos ouvir a sua Igreja, e não sim- plesmente folhear a Bíblia, interpretando-a livremen- te, como pretendem os protestantes. Mas quaJ a verdadeira Igreja fundada por Nossa I Senhor? A nossa, isto é, a Igreja governada por Pedro sempre vivente nos seus legítimos sucessores, que são os Papas. Para que apareça claramente esta verdade., é ne- cessário provar três pontos: .I - Que Jesus Cristo fundou a. sua Igreja e en- tregou o seu govêrno a Pedro. li - Que foi vontade de Jesus que Pedro trans- mitisse o govêrno da Igreja aos seus sucessores. ID- Que os suéessores de Pedro são os Papas Nesse capítulo vou demonstrar o primeiro ponto, cujas provas são claras no Evangelho, a não ser que alguém queira por si esmo enga,nar-se. a) A primeira !Il<>S é oferecida pelas palavras· que N. Senhor dirigiu a S. Pedro após ter êle confessado a sua divindade. /. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FREI DAMIÃO DE BOZZANO .:Tu és Pedro e sôbre esta pedra edificarei a, mi- nha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela». (M1. 16, 18 ). Observai: :rue compara a sua Igreja, isto é, a sociedade cristã, a, um edifício e diz que o fundamento, a pedra sôbre a qual construirá êste edifíci(), será Pedro. Ora o qu é o fundamento duma sociedade, ou, por outras pala,vras, o qu é qu sustenta, conserva e rege uma soei dade, im com fundamento con- serva, sustenta e rege um difí io? E' o poder, a autoridad uprema. Tirai, por exemplo, o p d r · n tr I que nos re- ge, e esta sociedade política, qu hama. Brasil, se desmorona, acaba-se. Até mesmo uma família, qu ' uma sociedade tão pequena, exige um chefe qu gov rn ; se numa família o .pai quiser uma, coisa, a mã outra, e os filhos se negarem a obedecer, aqu la f .milia se tor- nará uma verdadeira babel. E', pois, certo que o fundam n t de uma socie- dade é o poder, a autorida,de supr ma. Portanto, dizendo Jesus a P dro que o consti ·tuiria pedra fundamental da sua Igr ja, outra coi- sa não lhe quís dizer senão qu Ih cn tregaria a auto- ridade suprem~ nesta mesma Igr ja. Mas, dizem os protestantes, a pedra sôbre a qual foi edificada a Igreja, é o próprio Jesus Cristo Ninguém jamais o contestou, visto que a pró- pria Bíblia Q afinna clara;mente. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA F:a 2 7 Mas não é êste o ponto da controvérsia. Trata-se de conhecer se também Simão Pedro, por vontade de Jesus Cristo, é pedra fundamental da sua Igreja. Ora, o texto eva,ngélico não deixa dúvida algu- ma a respeito, porque, note-se bem, J•esus falou a Pedro em aramaico e as palavras que lhe dirigiu, traduzidas ao pé da letra, diriam: Tu és um rochedo e sôbre êste rochedo edificarei a, minha Igreja. Palavras estas que nos fazem compreender ela · ramente que o rochedo, sôbre o qual quís Jesus edi- ficar a sua I~eja, é o próprio Pedro. Para melhor compreensão disto, vou alegar a compara,ção de um autor moderno: - Eu digo: O Corcovado é um rochedo e sô- bre êste rochedo foi levantado um' monumento a Cristo Redentor. - Como se entende esta proposi- ção? Acaso o rochedo sôbre o qual foi levantado um monumento a Cristo Redentor, não é o próprio Cor- covado? Pois bem, o texto evangélico é do mesmo feitio: Jesus disse a São Pedro: Tu és um rochedo, e sôbre êste rochedo edificarei a minha Igreja. Não há, pois dúvida a)guma: o rochedo aqui é Pedro. E se Pedro é o rochedo da Igreja, repito-o, ne- la tem o poder supremo, visto que o poder é o fun- damento, o rochedo que sustenta e conserva a so- ciedade. Nem se diga que neste caso há contradição na Sagrada Escritura, afirmando em outro luga,r qu http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA ~ 29 a pedra fundamental da Igreja é Jesus Cristo, pois não é no mesmo sentido que isto se diz de J-esus e de Pedro. Jesus é pedra fundamental por essência. Si- mão Pedro por participação; Jesus, pedra invisível, Simão, pedra, visível. h) E tanto é êste o sentido · do Salvador, que rue mesmo o exprime por outros termos não menos - significativos: «Dar-te-ei, diz rue ainda a S. Pedro, as chaves do reino dos céus». Jesus chama frequentemente a sua Igreja - rei- no dos céus - porque fundou esta sociedade para conduzir os homens a.o reino dos céus, e afirma aqui que entregará as chaves dêste reino a Pedro. Com isto que quer significar? Quer significar que lhe entregará o govêrno dêste reino. De fato, quem recebe chaves, fica encarregado- da inspeção, cuidado e govêrno das coisas que elas guardam. Se eu, · por exemplo, querendo sa,ir para\ longe, entrego as chaves de minha casa a um amigo, por êste mesmo ato o encarrego do cuidado e govêr- :ao da mesma. Ora, Jesus afirma, que entregará a: Pedro as· ehaves do reino dos céus, isto é, da sua Igreja. Logo afirma que lhe entregará o cuidado, o govêrno des- sa Igreja. c) E como para dissipar 'tôda a dúvida, expli- cando ainda melhor o seu pensamento, Jesus acres- oenta: Tudo o que ligares na terra, será ligado tam-- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 30 FREI DAMIÃO DE BOZZANO bém no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado também no céu. Ter poder de liga,r e desligar num~r sociedade, significa ter nela o poder de fazer leis; pois tôda lei impõe uma obrigação e tôda obrigação é um liame da consciência. Jesus prometendo, portanto, Pedro o poder de liga,r e desligar na ua Igr ja, Ih pr01neteu o poder de nela faz r l i . M s notai: <' iro pod fazer lôch s a leis que quiser, 1 qu< s< ja possív< 1 qnc < u lr poder huma- no as anui , isto qu•t s<n o t'alificad s no éu: «Tu- do o qu li nres nu I< rrn, .,< rú tnmhém no céu». Ora, p 1 gunlo u c tt<'Hl {· CfH<' nwna, sociedade . pode assiln f z r leis, senão qm rn I m n autoridade suprema? Logo Pedro tem c ta ~1ulo iclnch n. Igreja de Cristo. Mas, dirá alguéu:n, não d n Nosso Senhor êste mesmo poder de ligar e d lign r· : I >do · Apóstolos? (Mt. 18, 18-). Sim, é preciso porén), nolnr que a nenhum dos dema,.is Apóstolos rli s .J< sn. 1n singular: «Tudo o que ligares na terra, f!cr1\ li nd também no céu», mas dirigiu estas pai vrns a todos êles juntamente com Pedro, que já tinhn designado como chefe. Com êle podem, portnn lo, ligar e desligar na Igreja, mas não o pod m ~1 , independentemente . dêle. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fe Nosso Senhor, depois de ter prometido C< r a autoridade suprema na Igreja, lh'a entrega, dizen- do-lhe: <<Apascenta os meus cordeiros, apascenta as mi- nhas ovelhas». ( Jo. 21, 16 ). - Os .cordeiros, como explicam os sagra,dos in- térpretes, são os simples fiéis; as ovelhas, os sa- cerdotes, pois .assim como as ovelhas dão a vida aos cordeiros, do mesmo modo os sacerdotes dão a vida espiritual aos fiéis por meio dos Sacramentos e da prega,ção do Evangelho. Portanto, como vêdes, Pedro recebe o encargo de apascenta,r todo o rebanho de Cdsto, tanto ~s cordeiros, como as ovelhas, isto é, tanto os simples fiéis, como os próprios sacerdotes. Pois bem apascentar um rebanho, não é por- ventura, o m·esmo que o dirigir, conduzir e governar? ogo, recebendo Pedro o · encargo de apascentar todo o rebanho de Cristo, recebe o encargo de diri- ,· 1 , conduzi-lo e governá-lo; e, por conseguinte, é o pr-íncipe, o soberanQ, o chefe supremo dês't·e rebanho. I or estas palavras, dizem os protestantes, Jesus qui: •tp nas restituir a Pedro o privilégio de apósto- lo qu tinha perdido pela sua tríplioe negação na ca ·a de Gaifás. Resp. - Onde se encontra que Pedro, negando a Jesus, p rdeu .o privilégio de apóstolo? No Evange- lho não figura. Todavia, 1nesmo admitindo esta suposição gra- túita dos protestantes, respondemós que Pedro já http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fa tinha sido reintegrado no apostolado anl besse o encargo de apascentar o reba,nho 1 visto que a êle tamb~m no dia da ressurreição, No so Senhor dirigiu estas palavras: «Como o Pai me en- viou a mim, assim eu também vos envio a vós». ( Jo. 20, 21 ). - Mas, afinal, insistem ajn.da os protestantes, quando Nosso Senhor disse a S. Pedro: «Apascenta os meus cordeiros, apas·centa as minhas ovelhas», quis lhe dizer: apascenta o meu reba:nho, ensinando- lhe a minha. doutrina. Resp. - No texto original grego, além da pala- vra «hoske» que significa: apascenta, alimenta; há ·também «Poimare tá prôbalta mou» que em nossa; 'língua se tra.duz: apascenta com império as minhas ovelhas. Não há, pois, dúvida alguma: por estas pala- vras Nosso Senhor entregou todo o rebanho a Pedro e, por conseguinte, o constituiu seu chefe supremo. E Pedro cônscio da sua autoridade, agiu como chefe supremo da Igreja: - No oonáculo é êle quem ordena preencher com a eleição de Ma tias a vaga aberta no Colégio dos Apóstolos pela traição de Judas. ( Act. 1, 13 ). - No dia de Pentecostes é êle quem fala ao público e promulga a lei da graça. (Act. 2, 14). - No Sinédrio é êle quem defende o Colégio apostólico pera.nte os príncipes dos sacerdotes. ( Act. 5, 29 ). - ~le é o primeiro a perco;rrer e visitar as igre- jas perseguidas. ( Act. 9, 25); a ensinar ·a admissão 3 - EM DEFESA ••• http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 34 FR.El DAMIÃO DE BOZZANO dos pagãos no batismo (Act. 10, 11 ); a infligir cas- tigos, fermdo de morte Ananias e Safira e excomun- gando Simão, o mágico (Act. 5, 1-.8, 20). E no Concilio de Jerusalém, celeb~ado pelos Apóstolos, quem o preside e põe tenno às discussões, definindo a doutrina que se deve seguir? E' Pedro. ~le fala e a sua decisão é acolhida com religioso silêncio. O próprio Tiago, que era bispÓ de Jerusalém, onde se 'achavam reunidos os Apóstolos·, não se le- vanta . não para, repetir a decisão de Pedro e aquies- cer à m s1n . (Act. 15, 7 ). Algum obj çõ 'S. A peso r· d tantas provas em favor de r o d r·o, nind \ hú qn m1 qu ira sus- tentar que "lc 1 io foi c~o 1. liluid ·h ~ supremo da Igreja. Eis 'til~n1, s 1: zõ<'~ C f \I n,l g n1: Nos Ato <los p6. tol (8, 14) lemos que os Apóstolos, qu tnvnm ( 1 1 .To ts lém, tendo ouvido que a Samaria linh rc•c hid palavra de Deus, en- viaram para lá 1 c<lr·< r .J oii . Ora, se envia on1 .nl um subalte1~no, não um superior. Resp. - E' f I . 11' dois modos de enviar: um por mandato, outro 1 r conselho. Os filhos não en- viam frequentement os pais? O exército não envia o general? Pedro foi enviado por conselho, não por mandato. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br ----------..:.'M DEFESA DA Fn - São Paulo, 1 elo menos, não · onlu c•t 1 São Pedro como h f e supremo da I · j ,, por qu o reprendeu públic mente em Antioquia (hp. 10 Gálata.s, 2, 4). Resp. - Também um inferior em circun l· 1 cias graves, pode e até deve corrig~ respeitosam - te ao seu superior. São Pedro, tendo chegado em Antioquia judeus convertidos, por temor de escandalizá-los, pouco a pouco se foi subtraindo das refeições dos gentios e começou a adaptar-s·e por prudência às prescrições da_ lei mosáica. A sua conduta fez com que outros judeUB, que já tinham abandonado os seus ritos, os reto- massem, lançando, desta maneira, confusão na: igre- ja. de Antioquia, onde os judaizantes pretendiam que não se pudesse ser perfeito cristão, senão observando lei mosáica. Por êsse motivo, São Paulo, embora inferior, r preendeu a São Pedro. - De resto, que São Paulo reconhecesse o pri- t 1ado de S~o Pedro, dão prova: as suas epístolas. Ci- lt r i uma. Nt Epístola aos Gálatas, entre os quais alguém lhe eont tava a autoridade de Apóstolo, Paulo, para dt I n<l r· seu direito, apeia· para a autorida,de de in I dr· friza que, saido de Damasco depois de .. 11 <·nnv< t· ã , passados três anos, foi a Jerusalém mrn ('r a dro e ficou com êle quinze dia,s. E não viu ' n nhu outro dos apóstolos senão Tia o (Gnl. 1, 1R). P r· qn friza· o apóstolo êste fato? http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 36 FREI DAMIÃO DE BOZZANO Porque tem importância ter êle ido visitar a Pedro numa cidade .cujo bispo era Tiago? Sem dúvi- da, porque Pedro' era superior a, Tiago e a Paulo; era, isto é, o chefe da Cristandade. Por tudo o que acabam s de dizer, fica pois, pro- vado que Jesus, fundando a u Igreja, lhe deu um chefe supremo na pessoa de Pedro. Querer negar esta verd ,d , significaria zombar das divinas Escrituras qu c nsinam claramente. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br IV PERPETUIDADE DO PRIMADO V IMOS que Jesus, fundando a sua Igreja, lhe deu um chefe supremo oo pessoa de Pedro, or- denando-lhe que a governasse. Agora se pergunta,: êste poder supremo que Pedro recebeu para governar a Igreja de Cristo, devia expirar com a sua morte, ou o recebeu para transmiti-lo aos seus sucessores? O Evangelho e a. própria razão nos respondem que o recebeu para transmiti-lo. Eis as provas: A Igreja, segundo o Evangelho, é um edifício, que há de durar até o fim dos séculos. Ora, P~dro é o fundamento de tal edifício. Logo, êle também há de durár até o fim dos sé- culos, visto como um edifício não se pode con- servar de pé sem fundamento. Mas, não sa,bia Jesus que Pedro não poderia· ficar neste mundo até o fim dos séculos, para ser o fundamento da sua Igreja? Sem dúvida o sabia. Portanto, ~le falou aqui a Pe- dro, como a, Pessoa que deveria ter sucessore~ até o fim dos séculos no ministério de governar a Igre- ja, afim de que fôsse sempre verdade que Êle, Pe- dro, é o fundamento da Igreja de Cristo. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 38 PRE.l DAMIÃO DE BOZZANO - N:0sso Senhor disse ainda a Pedro: «Apas- , centa os meus cordeiros, apascenta as minhas ove- lhas» ( J o. 21, 15) entrega,ndo-lhe, desta maneira, to- do o seu rebanho, para que o governasse. Por quanto tempo? Jesus não p~ limitação alguma. Por isso Pedro deve governar êsse rebanho enquanto existir, isto é, até o fim dos séculos. E' preciso, pois que tenha sucessores, afim de que, por meio dêles, possa governar, até o fim dos séculos, o rebanho de Jesus. - De resto ~ própria razão nos diz que Pedro recebeu o govêrno supr mo da Igreja, para trans- miti-lo aos seus su~ssores. Com efeito, tôda sociedade exige um1 chefe que a dirija e governe, tanto é verdade isto, que, quan- do num país não há .mai quem mande, temos a de- sordem, a revolução, a morte. Ora, Jesus Cristo fun- dou a sua Igreja, como uma grande sociedade. E' possível que não lhe deixasse um chefe upremo que a dirigisse e governasse? Nesse caso cumpriria dizer que 1tle não proviu suficientemente a sua Igreja. Mas isto não pode ser. E' cla.ro, portanto, que Pedro recebeu o govêrno supremo da Igreja para transmiti- lo aos seus sucessores, que devem durar, enquanto dura a Igreja, isto é, sempre, até o fim dos séculos. , Quem são os sucessores ~e São P~dro? ) < • A história de todos os tempos- do cristianismo nos r~sponde que são os Papas. Ist0 é tão ~vidente http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fa que não seria. preciso prová-lo. Todavia, se algn 1 t ousasse pô-lo em dúvida, atenda às provas. Lendo a história da Igreja, dois fatos incontes- táveis se deparam aos nossos olhos: O primeiro é que os Papas, desde o tempo dos Apóstolos, governa- ram ·tôda ·a Igreja, de Cristo, apelando ·para a sua autoridade de sucessores de São Pedro, o segundo é que tôda a Igrejá reconheceu ·êste govêrno e a . êle se sujeitou ~em um brad<> de protesto. Cóm éfei- to observai: . . __:_ 30 anos depois da morte <~:e São Pedro, o Papa Clemente escreve aos Coríntios uma carta, con- denando os abusos entre êles existentes e declarando que aquêle, que não lhe obedecesse, pecava grave- mente; e os Coríntios não somente aceitaram a car- ta, mas por muito tempo a leram nas suas reuniões. - No segundo século nasce no Oriente a dis- cussão sôbre a celebração da, Páscoa: para alguns a páscoa era o 'aniversário da morte de Cristo, para outros, o aniversário da sua ressurreição. E S. Vitor papa põe termo à discussão, obrigando todos a se- guirem o costume de Roma, s<>b pena de serem ex- comungados. E' verda,de que alguns bispos se quei- xaram desta n1edida enérgica usada contra as igre- jas asiáticas, mas ninguém sonhou em dizer ao Pa- pa: «Usurpas um poder que não tens sôbre tôda a Igreja». - No começo do 111 século S. Calix to condena os Montanistas, que negavam à Igreja o poder de perdoa,r certns pecados. No mesmo século na Ásia e na ·África se discute http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA F!t ... sôbre a validade do ba tiSliDO conferido p lo h r j 'H; e o Papa Sto. Estevão resolve a controvérsia, d i- dindo pelo valor daquele batismo; e a sua definição é aceita, mesmo por aqueles que tinham defendido a sentença oposta. - No século IV Júlio I decreta que nada se defina nos Concílios orientais sem o consentimento do Bispo de Roma. (Sócrates, hist. ecl. 2, 8-15 ). -No século V abre-se o Concílio de Éfeso, e Fe- lipe, legado do Papa, assim fala diante de todos os bispos reunidos: «. . . Celestino, sucessor e substituto legítimo de São Pedro, nosso sa,nto e bem-aventurado papa, a êste Concilio ine envia con1o seu represen- tante». - No século VI o papa Sto. Hormisdas impõe aos bispos do Oriente a subscrição de uma fórmula de fé. Neste docu1nento se afirma que na Séde ro- mana, errn virtude d~ promessa do Salvador: Tu és Pedro etc .... , sempre s:e conserva imaculada a fé católica. E os bispos, em número de 2500, a subscre- vem. E' pois, claro que os papas sempre exerceram a sua autoridade suprema em tôdf\ a Igreja de Cri·sto. E se a Igreja aceitou essa autoridade dos Papas sem oposição alguma, sem. dúvida era põrque, pela fôr- ça invencível da, verdade histórica, estava <Jerta de que os Papas eram os legítimos sucessores de São Pedro. Outra prova no-la oferecem os testemunhos dos Padres e Dou toTes da Igreja. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 42 FREI DAMIÃO DE BOZZANO STO. INACIO, bispo de Antioquia, contemporâ- neo dos Apóstolos, na sua Epístola aos Romanos es- creve que a Igreja de Roma «preside à comunhão universal de todos os fiéis. STO. IRINEU, discípulo de S. Policarpo e de outros anciãos da idade apostólica, acrescenta ser necessário para tôdas as Igrejas se conformarem na fé com a Igreja Romana em ra.zão de sua primazia de poder». ( Adv. 3, 3 ). S. CIPRIANO chama ·esta Igreja «cátedra de Pedro, Igreja principal, de onde se origina o sacer- dócio». STO. AGOSTiiNHO em mil lugares atesta cla,ra- mente a supremacia do Papa e afirma que «não que- rer reconhecê-lo como chefe supremo do crfstianis- mo, é indício de suma impiedade ou de precipitada arrogância. E isto era tão conhecido de todos que o imperador Justinia,no, escrevendo ao Papa João TI, disse: «Tr~tando-se de negócios eclesiásticos, não quero que se tome deliberação alguma, sem o co- nhecimento de Vossa Santidade, que é ch€fe de tõ- das as Igrejas. (Código de just. Tit. SSma. Trindade). Resumamos, pois, brevemente o que dissemos . neste e no capítulo precedente: Nosso Senhor fundou a sua Igreja, e entr~gou o seu govêrno a Pedro e aos seus sucessores. Ora, os sucessores de Pedro são os Papas. Logo, -somente a Igreja governada pelo Papa é a verdadeira Igreja de C~to. r.J , r ) . , , ' l ' r' http://alexandriacatolica.blogspot.com.br v INFALmiLIDADE DO PAPA PAPA será sempre o chefe visível da Igreja de Cristo, por ser o sucessor de Pedro na Séde de- Roma e no primado. Várias são as suas prerrogati- vas. Minha intenção é falar da sua infalibUidade, afim de que o~· meus leitores possam ter da mesma um justo conceito e acautelar-se contra as calúnias- dos inimigos da nossa fé. Primeiro que tudo é preciso explicar o verda- deiro sentido da palavra infalibilidade: pois muitos há que, por ignorância ou por n1a,lícia, a desfiguram. Infalibilidade não é o mesmo que impecabilidade, porquanto-infalibilidade significa im po5sibilidade de errar ; impecabilidade a.o con.trário, impossibilidade de pecar. O Papa é infalível, mas não é impecável, e por isso mesmo êle também, camo todos os fiéis, se cnnfessa dos seus pecados. A infalibilidade pode ser absoluta e relativa. E~ absoluta, qu?.ndo alguém não pode errar em qual- quer gênero de verdades; é relativa, quando alguém não pode errar com r,elaç~~ a çertas verdades. A p.ri ... m.eira é própria d{l Deus; ao P~pa compete a segunda. E quais s~o as verdades· a~êrca das quais "I não pode errar? São as verdades de fé e de costumes, http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FRIU DAMIÃO DE BOZZANO isto é, as verdades que pertencem ao depósito da revelação. E note-se bem que, mesmo com relação a estas verdades, não é inf.a,livel senão quando, desem- penhando o cargo de Pastor e Doutor de todos os cristãos declara oexpressa e perentôriamente que devem ser cridas pela Igreja universal. Isto suposto, digo que o Papa é infalível. Eis as provas. A primeira nos é oferecida. pela divina Escritura. Já virmos em outros capítulos que o poder e as prerrogativas de São Pedro são- o po- der e as pren~ogativas do Pontífice Romano, seu le- gítimo sucessor. Poi bem: A Igreja ' fundada ôbr Pedro, isto é, sôbre o Papa, de modo que a sua firmeza, depende da firme- za do Papa. (Mt. 16, 18 ). Ora, se o Papa pudesse tornar-se mestre de êrro, in1pondo a tôda a cristandade uma doutrina falsa,, b m longe de dar firmeza à Igreja rruiná-la-ia. Por- tanto nunca pode se tornar n1e tr de êrro, que é o mesn1·o q:ue dizer será çoernpre infalível. Alé1n disso, J esus Cri to diz que as porta.s do Inferno jan1ais prevalec rão contra a sua Igreja, porque é fundada sôbre Pedro, sôbre o Papa, portan- to a contínua vitória da Igreja depende da vitória. do Papa. Ora, se o Papa pudesse ensinar o êrro, em vez de dar a vitória à Igreja, arrastá-la-ia. à derrota. Logo é irrnpossível que ensine o êrro. Jesus dá ao Papa as chaves da Igreja e afirma que ~le ratificará ·DO céu o que o Pa.pa tiver julgado na terra. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA FB Ora, poderá Jesus ratificar o êrro, a mentira, a falsidade ? Não. Portanto o ensinamento, a senten- ça: do Papa deve ser isenta, de êrro. Não basta~ Jesus confere ao Papa o ofício de pastorear e reger tôda a Igreja, todos os cordeiros e tôdas as ovelhas do seu redil; e por isso mesmo obri-· ga tôda a sua, Igreja, cordeiros e ovelhas a lhe obede- cer e receber a sua palavra e as suas leis. Ora, suponhamos que o Papa pudesse arrastar· ao êrro o redil de Jesus · Cristo, que aconteceria,?. Aconteceria que tôda a Igreja seria posta na absurda alternativa de desobedecer ao Papa contra a vonta,de· expressa de Jesus ou de seguir ao Papa, mesmo no êrro. O que é impossível de se conceber. Cumpre,.. pois, admitir que o Papá é infalível. - Queremos uma passagem ajnda mais explíci-- ta? Abramos o Evangelho de S. Lc. 22, 31-32. «Si- mão, Simão,- diz Jesus a Pedro,- Satanás vos pe- diu com instância para vos joeirar como o trigo; mas· eu roguei por ti, para que não desfàleça a, tua fé, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos. Do texto resulta que a fé em Pedro será sempre· pura, verdadeira, luminosa; pois Jesus lhe diz que· .rogou por êle, afim de que não desfaleces·se na sua fé e é impossível que a oração de Jesus não seja; atendida pelo Pai Celestial. Resulta também que _ esta prontessa é feita a- Pedro como chefe da Igreja e não como pessoa pri- vada, pois Jesus rogou que não lhe viesse a falhar· a fé; afim de que êle, por sua, vez, a confirmasse nos seus irmãos. E' como se tivesse dito: <<Satanás. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FREI DAMIÃO DE BOZZANO vos pediu com instância para vos joeirar como tri- _go, e eu, para defender-vos poderia orar por todos; para todos poderia pedir esta firmeza inconcussa; mas· não é preciso: orei por ti e a. ti imponho o dever -de confirmar e iluminar os teus irmãos. Portanto, não somente a fé do APóstolo Pedro .será sempre luminosa, pura, verdadeira, mas tam- bém a de quem lhe sucede no ministério de governar ·a Igr-eja; a do Papa. E' por conseguinte, o Par~ é infalível. A êstc t slcxnunho das Divinas Es-crituras faz ·eco o da crist. nd• de d todos os tempos e de todos os lugares. N7 o verdade, como dizem os nossos adversário ·, qu "st dogma fôsse desconhecido an- tes do século pat~sado, m que Pio IX o definiu so- lenemente. Na Jgr j. s pre se reconheceu a· infali- bilidade do Papa. Ei n 1guns t , tcrnunhos que no-lo demonstram claram nl : SL . Jrin u, discípulo de S. Policarpo e de outros anci1 s dn i reja apostólica, refutando os herejes do u t tnpo, diz: «Com a4 Igreja -romana, -por sua priinnzia, d vem concordar na fé tôdas as igrejas, isto ', os fiéis de todo o mundo ... » ( Adv:. Haer. liv. Ill). Mas, se Roma pudess·e errar, como poderia êle ·ainda afirmar êste dever? Portanto, segundo Sto. Irineu, Roma, a saber, <0 Papa não pode erra;r. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Pn S. Cipriano atesta a mesma verdade: «Atrevem-se, diz êle falando de certos herej , atrevem-se a dirigir-se à cátedra de P.edro, a esl! Igreja principal, onde se origina o sacerdócio, esque- cidos de que os romanos não podem errar na fé~. (Epist. 69, 19 ). S. Jerônimo escreve ao Papa S. Dámaso: ~Jul guei meu dever consultar a cátedra de Pedro. Só vós conservais a herança dos nossos pais ... » «Quem não colhe convosco, desperdiça. . . De- cidi e não hesitarei em afirma.r três hipóteses». Por- que êle se declara pronto a aceitar qualquer decisão do Pa.pa, mesmo quando, por imposS-ivel, propuzesse um absurdo? Justamente porque sabe que o Papa é infalível. não pode errar em matéria de fé e de cos- tumes. Ainda mais claro é o testemunho de Sto. Agosti- nho. Os Concílios de Milévio e de Cartago dirigi- ram-se a,o· Papa, afhn de que condenasse Pelágio, que, com suas doutrinas, semeava a discórdia na Igreja. Apenas respondeu o Papa, Sto. Agostinho anun- ciou aos fiéis a· sentença nestes termos: «Sôbre esta, causa foram enviados dois Concílios à Sé Apostólica. Chegou-nos a resposta; está terminada a causa. Oxa- lá acabe também o êrro». Roma, isto é, o Papa· falou e a causa está termi- n da, tôda a dúvida cessa. Por que? Porque o Papa é infalível, não pode errar. No século V S. Leão Magno escreveu ao Con- cílio de Calcedônia· que sua dou trina, acêrca do mil- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br -'8 FREI DAMU.O DE BOZZANO tério da Incamação não admitia discussão alguma e que só se tratava de erer. E os bispos presentes ao Concílio, que eram em número de 600, prorromperam numa aclama,ção tmâ- nime: «Assim o cremos. Os or-todoxos,assim o crêem; anátema a quem não crê. Pedro falou pelos lábios de Leão, Pedro vive sempre na sua séde». ( Ep. 93,2 ). Por que todos se submeteram sem hesitação al- guma? Sempre pela me'Sma razão: porque reconhe- ciam no Papa a infalibilidad . Por todos "stes testemunho e outros aind~, que fàcilmente pod rí, n1o t.l ;r, r sulta que n infa- libilidad p pnl s mpr f oi cconhecida pela Igreja. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br VI SACRAMENTOS O SACRAMENTO é um sinal sagrado produtivo da graça, instituído por !Nosso Senhor Jesus Cristo. Sinal é o que conduz ao conhecimento de alguma coisa que não está a,o alcance dos nossos sentidos. Pode ser natural !e .c:onvencional, segundo a sua re- lação com a coisa seja fundada em a natureza ou sôbre uma convenção. Por exemplo: a fumaça é o si- nal natural do fogo; as lágrimas o são da dor; uma luz vermelha colocada em meio ao caminho ,é um sinal convencional de perigo. Também os sacramentos- são sinais e sinais sagra- dos, porque indicam algo de sagrado, isto é, a graça divina. Note-se, porém, que não são sinais vazios, isto é, não indicam apenas a gra,ça, mas de fato produzem a graça que significam. Por isso Jesus, falando do Batismo disse: «Se alguém não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus». (Jo. 3, 5). Como se vê, Jesus aqui atesta, que também a água do batismo é causa do nos~o renascimento es- piritual: o Espírito Santo é causa p1incipal e a água causa instrumental, isto é, meio, instrumento de que .f - EM DEFESA .•• http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br DEFESA DA la Jl se serve Iktt., pnrn. nos fazer nascer para a vida da graça. Erram, pois os protestantes, quando ensinam que os sacramentos são meras cerimônias exterio... res, testemunhando que a gra~ está na alma, sem o poder de infundi-la. Não, além de sinais, são causas que por •sua própria virtude produzem a graça inde- pendentemente dos méritos de quem .os ~dministra e da,s disposições de quem os· recehe. Uma chave ma- nejada quer por uma pessoa sadia quer por uma doente, abre sempre a porta e assim também um Sa- cramento, quer administrado por um Santo, quer por um pecador produz igualmente a graça, contanto que seja administrado como Jesus o determinou. Quanto às disposições de quem os · recebe, são necessárias para que os Sacramentos produzam a gra- ça, mas não são essas dispoisições que dão aos Sa- cra,mentos a virtude de produzir a graça, assim co- . mo a secura da madeira não dá ao fogo a virtude de queimar. Diferem, pois, os Sacramentos da Oração, das bons obras e dos sacramentais, (água benta, imposi- ção das cinzas etc.) que tiram a eficácia únicamente das disposições religiosas do sujeito. Di semos também que .os Sacrarrnentos são si- nai in. tituidos por Nosso Senhor Jesus Cristo. E' evid n t , com efeito, que somente Deus pode ligar a, un1 inal sensível a faculdade de produzir a graça. Não é êle o dono da graça? Portanto drue depende detenninar como quer comunicar a graça. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FREI DAMIÃO DE BOZZANO Os Saeramentos são sete. De fato os Gregos cismáticos, que se separaram da Igreja Católica nQ século IX e os Nestoria.nos, cal- deus, captas, que se separaram !110 século V, têm os seus sacramentos conf arme aos nossos, quanto ao número e à natureza. Mas não se pode admitir que tenha ~ecebido esta crença, da Igreja romana depois da separação, considerada a hostilidade, que sernpre nutriram con- tra os católicos la tinos. E' 16 ico, portanto, concluirmos que ao tempo do cis1n(, i t ', 1' sp ctiva1n nt nos séculos IX e V a dou trin <h is l "n + d s l Sacramentos er~ doutrina d I r .iu in lcir·L 1~ por conseguinte, tive- ra origem cmn <. Apús lolc · porqu caso se hou- vess·e introduzid<, uos s{•culos pr cedentes, algum sacramento, ln,l in< v·t ·n na podia realizar, sem provocar -di cu· õcs nuilo vjv ;;. E disto, nenhum vestigio i t n >'. sct 'tos dos Padres. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br vn O BATISMO O BATISMO é um sacramento que nos torna cristãos, isto é, sequazes de Jesus Cristo, fi- lhos de Deus e membros da Igreja,. Que seja Nosso Senhor o autor do batismo é cla- ro pelo próprio Evangelho: «Foi-~me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, instrui a, tôdas as gentes, batizando-as em no- lllle do Pai ·e do Filho e do Espírito Santo ... » ( Mt. 28, 18-20). «Ide por todo o mundo; pregai o Evangelho a tôda a criatura. Quem crer e for batiza·do, será sal- vo, qu m não crer, será condenado». (Me. 16, 15 ). «S alguém não r:enascer da água e do Espírito nnto, n•to pode entrar no reino de Deus». ( Jo. 3, 5 ). hn lodos os· textos a,cima se manifesta Nosso ... 1 hoa· Hllor <lo batismo e proclama· a sua necessidade par·. a sol ação. O lml ismo ' para todos necessário: para os adul- tos ' p u·n, ns ri nças. n ) h tH cu;osário para os· adultos. De fato, diz J sus: S<· nl .,n(J 1 não renascer da água e do Espírito Sanl núo po<l< (•ntrar no reino de Deus (Jo. 3, 5). 11.: te r( nascimento espiritual, que Jesus procla- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEI'ESA DA la ma necessário para entrarmos no reino de D u. , . ( dá pelo ba,tismo, como aparece no próprio texto dn palavras de S. Paulo, que chama o batismo: «Banho de regeneração». (Tito 3, 5 ). Portanto o batismo é necessário para entrarmos no reino de Deus. b) O batismo é necessário também para as cria,n- ças, pois, Jesus não faz exceção alguma; mas diz simplesmente: «Se alguém não renascer ... » Uma criança é alguém, isto é, uma pessoa como todos nós. Portanto, pa,ra ·entrar no reino dos céus, igualmente tem que renascer pelo batismo. Além disso ninguém pode conseguir ~ salvação senão por Jesus Cristo (Rom. 18 ), isto é, se não se incorporar com JesuS' Cristo, tornando-se seu mem- bro. Mas em o Novo Testamento ninguém se incor- pora com Jesus Cristo senão pelo batismo, confonne se lê na epístola aos Gálata.s ( 3, 27): «Todos· os que fostes batizados, vos revestistes de Cristo». Logo todos devem ser batizados-, e sem o batis- mo não se pode conseguir a s'alvação. A própria Sagrada Escritura confjrma essa dou- trina, pois nos fala de famílias inteiras balizadas (Atos 16, 15-33: 18-8; Cor. 1, 16). Ora, é ver.ossímil que nelas houvesse crianças. Mas é especialmente pela tradição que se prova a: necessidade do batismo também para as crianças. Eis alguns testemunhos aptiqu:issimos a êste res·- peito. STO IRINEU, que viveu no II século, diz: «To- dos os que forem regenerados em Jesus Cristo, isto http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 56 FREI DAMIÃO DE JWZZANO é, crianças, jovens, velhos, serão salvos>>. ( Liv. 4 cap. 22, v. 14 ). As palavras: Os que fo11em regenerados se devem entender: os que forem batizados, pois a re- generação emt Cristo é pelo batismo, por isso o Após- tolo o chan1a: «Banho de regeneração». (Tit. 3, 5 ). ORIGENES, no t€·rceiro século, repete a. mesma verdade: «E' na Igreja uma verdade provinda dos Apóstolos dar o~ batismo às crianças». (Liv. 5 na epístola Rom. c. 9 ) . S. CIPRIANO, no III século escreve: «Pareceu-me bem e à todo o Concílio que a•s crianças sejam bali- zadas mesmo antes do oitavo dia». (Ep. 63) Daí pode- mos legitimamente concluir: Se os cristãos dos pri- meiros séculos batizavan1 seus filhos, apenas nasci- dos, sem dúvida era por ordem dos apóstolos e, por conseguinte, do próprio Jesus Cristo. * E por que também as crianças devem ser ba- tü·:ndas para entra,rem no céu? Ei-lo: O céu é a herança de Deus. Ora, te1n direito à herança de alguén1 somente aquele que é filho. _ Portanto, tem dil'eito ao céu aquele que é filho de Deus. Mas nós, como simples homens, não somos fi- lhos de Deus, pois, não possuímos a mesma· natureza, eo:m-o é exigida entre pai e filho. Portanto não temos direito ao céu. O que nos- h,rna verdadeiramente filhos de Deus é a graça san- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br ~~----------~E=M~D~EF~E~SA~D_A~F~n----------------7 üficante, que é uma participação da própria, natu- reza divina. Uma alma adornada de graça santifi- cante, é filha de Deus e, por conseguinte, tem direito ao céu. Esta, graça divina tinha sido dada aos nossos pri- meiros pais com direito de transmiti-la também a nós, sen.s descendentes, sob a condição, porém, de que se mantivessem fiéis a Jtle. Mas não mantiveram a condição; desobedeceram :a Deus; por isso perderam esta graça par~ si e para todos nós. Hoje ninguém no primeiro instante de sua existência, possue a gra- ça santificante (exceto a Virgem Santíssima, em vir- tude dos merecim·ento de Jesus, seu Filho). E esta privação da gra~ santificante, em que todos somos concebidos, é justamente o que se chama pecado ori- ginal. Foi em vista disto• que S. Paulo escreveu: «Somos por nascim'ento filhos da ira ( Ef. 2) e tam- bém: <<Todos pecamos em Adão ( Rom. 5, 12). Quando é que pela primeira vez nos é prodigali- za,da a graça divina? Quando recebemos o batismo, Eis porque também as crianças devem ser batiza- das, para se tornarem, pela gra,ça santificante, filhas de Deus. Dizem os protestantes: Jesus diz: «Ide, pregai o Evangelho a, tôda a criatura; quem crer e fo,r bati- zad(), será salvo. Quem não crer, será condenado. (Me. 15, 16). _ Mas a criança não pode crer, logo não pode ser batizada. Aqui Jesus fala dos adultos, pois fala de pre·ga- ção do Evangelho; e a prega,ção s-ó .se pode dirigir a http://alexandriacatolica.blogspot.com.br !3 FRlll DAMlAO DE BOZZANO uma pessoa adulta, isto é, a. uma pessoa que já tenha o uso da razão. Portanto dês te mesmo texto resulta que um adul- to'! para ser batizado, deve crer. Ma,s não resulta ahsolutamen te que só os adultos devem ser batizadqs. Ainda os protestantes: O batismo impõe obriga- ções; por isso não se pode administrar a uma criança sem 0. consentimento da, mesma. Alcance primeiro o uso da razão, e então por si mesma. resolverá, se quer, ou não quer pertencer à religião cristã e rece- ber êste sacramento. E1 verdade que o ba tisrno impõe obrigações, mas são obriga õcs que a própria criança tem que a,ceitar apenas tiv r al·unçado o uso da razão; por isso bem podem os pais uccitnr, etn on c da mesma, · estas obriga,ções, b, lizando o, op .nus nascida. Além disso, o bntisn1o co 1f r , a quem o receber, o privilégio de Jilbo <.lc D us herdeiro do céu. Portunto, os p 1is hntiza 1do os filhos, apenas nascidos, bc;~n lon · d ·tz 'Cl 1 uma afronta à sua liberdade, f zent, pdo ·onlrúdo o que de melhor por êles pod u fnz r. E se nüo h \ lizu, se 1u. s ri m cruéis para· com os mesmos. Explica-m con1 u1n exemplo: Um potentado se ·apresenta a dois· po os, que, há pouco, rece- beram a dádiva pr cioso de um filho, e lhes diz: «Te- nho a vontade de constituir o vosso filho herdeiro de todos os meus bens; é preciso, porém, que me con- cedais a licença de fazê-lo». E êles: «sentimos muito, mas não podemos conceder esta licença, porque se- ria o(ender a sua liberdade.O Snr. tenha a bonda- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA FB de de esp·erar que o nosso filho chegue a ter com- preensão do que está fazendo, e então lhe pergunta- rá, se quer ou não quer aceitar a herança». Por acaso~ seria o comportamento dêstes pais- para com o filho }Quvável? Certamente não. O mesmo se diga em nos'So ca;m: o batismo ofe- rece à criança direitos e bens de uma fortuna de ina- preciável valor, de suma importância. Não é, pois,. preciso esperar que alcance o uso da razão, para se· lhe administrar o ba,tismo. Os pais qúe esperam até aquela época <São dignos de severa repreensão. E de resto, não se costuma em tôda a parte re- gistrar os próprios filhos apenas nascidos? Ora se por êste registro adquirem os direitos de- cidadãos do país, contra,em igualmente os respectivos. deveres; e contudo ninguém jamais pensou que se deva fazer o registro civil, somente quando os filhos tiver.em atingido o uso da razão. Por que, pois, não será lícito administrar aos. filhos, apenas nascidos, o batismo, pelo qual a,dqui- rem êles o direi to de cidadãoS' do céu ? Não há, portanto, motivo algum para diferir O· batismo dos filhos até a idade ~dulta; e os que assim fizerem, são culpados dia,nte de Deus. •: • l O batismo se pode conferir vàlidamente quer· por imersão, que por infusão, isto é, despejando água na cabeça, quer também por aspersão, isto é, jogan- do· água no batizando. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br FREI DAMIÃO DE BOZZANO Prova-se pela Sagrad~ Escritura. Batizar é palavra grega que .em nossa língua .significa não somente mergulhar, mas também lavar. Por exemplo,~ Sagrada Escritu~a diz que os fariseus, vindo da praça pública, !Dão comem sem lavar 3S mãos (Me. 7, 4 ). No texto original o lavar é batizar. Ora, uma pessoa pode ser lavada de três modos: m·ergulha,ndo-!8. na água; despejando-se água sôbre a mesma, ou jogando-se-lhe água. De que modo /Nosso Senhor quer que os homens sejam batizados, isto é, lavados? Nada detennina 1tle a respeito. Portanto, a Igreja pode determinar, escolher o modo que mais lhe aprouver. O ba,tismo por imersão foi principalmente usado na Igreja por muitos séculos. Contudo, já desde o tempo dos Apóstolos, às vêzes, se conferia por infu- são, isto é, despejando água na cabeça como resulta de algumas _pinturas que ainda hoje se conservam nas catacumbas, como se vê no ba.ti mo de S. Ro- anão, admini trado por S. Lour nço do batismo de pessoa acm adas (S. Corn 'lio, epist. Fábio c. 14) como xpre m n L n ina na dou trina dos doze Apóstolos (c. 7 ): << não tiv r água de fonte, bati- za com outra, águc;;. não pud res com água fria, ba- tiza com água morn~ . i não tiveres água suficiente para a imersão, d peje; tr" vêzes água na cabe- ça em nome do Padr e do Filho e do Espírito Santo». Além disso_lemos na Sagrada Escritura que S. Paulo se levanta, para receber o ba,tismo (Atos, 9,18; http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fa til 22, 16) e na cidade, à meia noite, batiza o carc · ir e os outros de sua família (A tos, 16, 33 ) . Ora, é muito improvável que o batiSIIl1o tenha sido conferido por imersão nessas ocasiões, porque como se pode supor que na, casa e na prisão houvesse tanque próprio para nele mergulhar uma pessoa? O mesmo se diga do batismo que foi conferido a três mil homens no dia de Pentecostes. (A to'S 2, 41 )'. Poderíamos também acrescentar que, se a imer- são fôsse necessária para o valor do ba,tismo, a sua administração tor.nar-se-ia frequentemente muito di- fícil ou por falta de água, ou pelo frio, ou pela mui-· ti dão, ou pela'S enfermidades dos ba tizandos, que po- dem ser crianças recém-na!)cidas, velhos, moribun-· dos ... Conclusões práticas. A'S mães e1n estado interessante dev~m se abster· de tudo o que pode prejudicar o fruto que trazem no seio. E as que provocam voluntàriamente o abôrto são duplamente homicidas porque suprimem ~vida ao filho e lhe impedem a entrada no reino dos céus, por morrer sem batismo. A Igreja para inspirar hor- ror a êste crime, fulmina de excomunhão não so- mente as mães, mas também os que mandam ou aconselha,m o abôrto, os que para tal ensinam re-· méd~os ou os aplh:am. Os pais têm a obrigação grave de batizar quan- to antes os seus filhos, para não se exporem ao pe- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 62 .FREI DAMIÃO DE BOZZANO rigo de privá-los para sempre da glória do céu. E se, por aca.so, se acharem os filhos em perigo de morte, devem batizá-los em casa, derramando água natural sôbre as cabeças dos mesmos e, ao mesmo tempo, pronunciando estas palavras: «Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo~. Estando presentes· outras pessoas que saibam e quei- ram batiza.r, sejam batizados os filhos por estas pessoas, e se não estiverem pres nt s outras pessoas, ou estas não souberem ou não qui r m batizar, en- tão os próprios pais batizem u filhos, em perige <Ie morte. http://alexandriacatolica.blogspot.com.br VHI CONFIRMAÇÃO OU CRISMA CRISMA é um sacramento no qual pela impo- sição das mãos e a unção com o crisma, profe- rindo certas pala,vras sagradas, se comunica ao ba- tizado o Espírito Santo, para que valorosamente con- fesse a sua fé. O Crisma é um verdadeiro sacramento da Nova Lei. I - Prova-se pela Sagrada Escritura • . Lemos, com efeito, nos Atos dos Apóstolos ( 8,12J 17) que os Samaritanos, tendo recebido a palavra de Deus, fora,rn batizados por Felipe; e os Apóstolos lhes enviaram Pedro e João, os quais, assim que che- garam, oraram por êles, afim de que recebessem o Espírito Santo, porque êste ainda não tinha descido sôbre n nhum deles, mas tinham sido somente ba- tizados 111 nome do Senhor Jesus. Em seguida lhes impuzcrmn a;s mãos e êles rec-eberam o Espírito Santo. Do n •smo modo São Paulo, vindo a ~feso, ba- tizou en1 uorne de Jesus, discípulos de S. João e «ne- les impô' nH mãos, para que o Espírito Santo bai- xasse sôbu "les:.. (Atos 19J 5-6). http://alexandriacatolica.blogspot.com.br http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA~ Temos aqui - a ) um sinal, um rito sagrado realizado pelos Após tolos: a imposição das mãos; b) produtivo da graça, pois a esta imposição se se- guiu a descida do Espírito Santo; c) um sinal insti- tuído por Nosso Senhor Jesus Cristo, pois em coisa tão importante e fundamental os Apóstolos não agiam certamente conforme a. sua vontade, mas em nome de Jesus, assim como na administração do ba,tismo e na remissão dos pecados. Portanto fala aqui a Sagrada Escritura de um Sacramento, visto que um Sa,cramento, como dis- semos em outro capítulo, é um sinal sagrado, p~odu tivo da graça, instituído por Nosso Senhor. Ora, êste Sacramento não é o batismo, pois os Samaritanos, a que S. Pedro e S. João impuseram as mãos-, já tinham sido batizados por S. Felipe e os de ~feso, a,ntes de receberem a imposição da.s mãos por S. Paulo, foram por êste batizados. Tão pouco pode ser a ord·enação sacerdotal, co- mo a)guns supuseram, pois· entre os que receberam êste Sacramento em Samaria, havia também mu- lheres e as mulheres não podem ser ordenadas. Logo é o sacramento da Confinnação ou Crisma. Obj. - A imposição das mãos era empregad~ para dar os carismas extraordinários do Espírito Santo, tais como o dom dos milagres e da profecia, o dom das línguas, etc. Resp. - A imposição das mãos era feita prin- cipalmente, para que os fiéis recebessem o Espírito Santo, que Jesus prometeu dar a todos os que cres- sem n~le. ( Jo. 7, 38 ). 5 - EM DEFESA ••• http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 66 FREI DAMIÃO DE BOZZANO Nos primeiros tempos, à imposição das mãos, se seguiam frequentemente êstes prodigios, porque eram necessários para a conversão do mundo. Agora, que temos tantas provas da verdade da nossa santa religião, os milagres não são necessários. Mas o dom do Espírito Santo, que fortificava os primeiros cristãos e o·s tomava capazes de fazer qualquer sa- crifício antes que perder a fé, ainda hoje é necessá- rio para os fiéis. Por isso a imposição das mãos, que é justamente o Sacram nto que nós chamamos - Crisma - ainda hoje con·tinua e continuará até o ' 1 fim dos séculos. ll - Prova-se pela Tradição. Os Padres da Igreja. falam desta imposição das mãos para a vinda do Espírito Santo, como de ver- dadeiro Sacramento. Tertuliano (li século) diz: <<Depois do batismo impõem-se as mãos para a bênção, se invoca e convida o Espírito Santo». (Livro .sôbre o BatiSIIDo, c. VIIT) S. Cipriano ( m século) na sua Epístola a Ju- baiano, referindo-se ao texto dos Atos dos Apóstolos ( 8, 14) diz: «0 que faltou do Batismo administrado por Felipe, i to foi feito por Pedro e João. . . Isto 1 se faz tamb 'm entre nós, para que os que são ba.ti... ~ zados, por nossa. ornç-o e imposição das mãos, con- sigam o Espírito Santo». S. Cirilo (IV século), explicando o catecism aos ~atecúmenos, diz: «Enquanto se faz uma unção http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fa ,., visível sôbre o corpo, a alma é santificada pela opc- ra.ção interior do Espírito Santo». Também Sto. Agostinho (V século)', assim se exprime no seu livro contra Petiliano: «0 Sacra- mento do Crisma não é inferior em santidade ao próprio Batismo. Por tudo o que acabamos de dizer fica sufi- cientemente provado que o Crisma é um Sacramen- t to e que os protesta,ntes, rejeitando-o dão prova du- ma grande presunção, porque negam uma dou trina: que é claramente ensinada pela Sagrada Escritura e admitida pelos cristãos de todos os tempos. l I http://alexandriacatolica.blogspot.com.br IX A EUCARISTIA - PALAVRAS DA PROMESSA ·A EUCARISTIA é o sacramento do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor sob as espécies do pão e do vinho, ou, por ouh'as palavras, é Nosso Se- nhor vivo e verdadeiro assim como está no Céu. Se quisermos acreditar no Evangelho, devemos também crer na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, pois,. ma,is claro não podia rue ~er fala- do, tanto quando prometeu êste Sacramento, como quando o instituiu. Palavras da promessa. Era o dia, seguinte ao da multiplicação dos cinco p'"'es, e Jesus, estando em Cafarnau.m, começou a dizer ao povo que O cercava: «Eu sou o pão vivo qu de ci do céu; se alguém co- mer dêste pão, viverá eternamente, e o pão que eu darei é a minha, carne pela vida do mundo, isto _ é, imolada pela vida do mundo». ( Jo. 6, 52). Estas palavras significam claramente que Jesus queria dar €liil alimento o s~u corpo verdadeiro e real, e não sõmen te uma figura, ou imagem do mes- mo. Os seus· mesmos ouvintes desta, maneira inter- pretaram as suas palavras e, ficando escandalizados, exclamaram: «Como pode :&te da~-nos a sua carne a comer?» ( Jo. 6, 53,). http://alexandriacatolica.blogspot.com.br EM DEFESA DA Fa 69 Antes de chegarmos à resposta de Jesus, cum- pre-nos notar o seguinte: Quando os ouvintes, por simplicidade ou igno- rância, não tinham bem compreendido o verdadei- ro significado de suas palavras, costumava rue ex- plica,r melhor a sua doutrina, especialmente €m se tratando de coisas atinentes à salvação eterna, afim de que os discípulos não incorressem no êrro. (Dis- to se encontram exemplos em Jo. 3, 3-8 e Mt. 16, 6-12) Pelo contrário, quando a sua •doutrina tinha si- do bem compreendida, embora desagradasse a.os ou- vintes, ainda mais energicamente costumava repeti- la. (A respeito se encontram exemplos em. Mt. 3, 2-7 e em Jo. 8, 51-59). E agora ouçamos a resposta que dá aos judeus, que lhe pergunta,m: ~como nos pode dar a sua car- ne a comer?» E Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Ho- mem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no últi- mo dia, porque a minha ca,rne é verdadeiramente co- mida e o meu sangue é verdadeiramente bebida». O que foi o mesmo que lhes dizer:- Não somente vos posso dar a minha carne a comer e o meu sangue a beber, mas disto vos imponho um prece~to sob pena de morte eterna. - Queria, porta,nto, que as suas palavras fôssem tomadas ao pé da letra. A semelhantes insistências do Divino Mestre, muitos discipulos se revolta.rn: e clamam: «E' duro êste discurso e quem o pode ouvir?» Por que o acha- http://alexandriacatolica.blogspot.com.br 70 FREI DAMIÃO DE BOZZ:ANO va)ll duro? Porque êles 1amhém não podiam com- preender como pu desse Jesus dar a sua carne a co- mer e o seu sangue a beber; e, não querendo admi- tir tantos prodígios, o abandonaram. E acaso Jesus os detêm? Não. Pelo contrário volta-se aos doze Apóstolos e diz: «Quereis vós também retirar-vos ?1> Como se quisesse dizer: Quereis ou não quereis crer que eu vos da,rei a minha carne a comer e o meu s·angue a beber? Se não quereis crer, ide embora com os outros». Foi então que S. Pedro em nome dos doze, exclamou: .:Mestre, para quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna; e nós temos crido e reconhecido que és o Cristo, o Filho de Deus. ( Jo. 6, 70). Com .esta resposta também S. Pedro de·clarou
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