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Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 Notas de Aula 7 – Limite de Func¸a˜o em um Ponto Introduc¸a˜o Nestas Notas de Aula - NA, inicia-se o estudo de limite de uma func¸a˜o real em um ponto de seu domı´nio. Este conceito e´ o ponto de partida de todo o Ca´lculo Diferencial e consequentemente da Ana´lise Real, ja´ que o conceito de derivada de uma func¸a˜o se baseia no de limite. Objetiva-se aqui estudar o conceito de limite de uma func¸a˜o em um ponto de acumulac¸a˜o de um subconjunto da reta de uma forma precisa e rigorosa, considerando que a abordagem intuitiva foi vista na disciplina de Ca´lculo. Sera˜o apresentados alguns resultados ba´sicos sobre a existeˆncia e a inexisteˆncia do limite de uma func¸a˜o e, tambe´m, a caracterizac¸a˜o do limite de uma func¸a˜o por meio do conceito ja´ estudado de limite de sequeˆncia. Pontos de Acumulac¸a˜o Para que a noc¸a˜o de limite de uma func¸a˜o f num ponto x0 fac¸a sentido f deve estar definida em pontos pro´ximos de x0, apesar de f na˜o precisar necessariamente estar definida no pro´prio ponto x0. A definic¸a˜o a seguir fornece a descric¸a˜o precisa desta ideia de ”proximidade”. Definic¸a˜o 7.1 Seja X ⊂ R. Um ponto x0 ∈ R e´ um ponto de acumulac¸a˜o do conjunto X quando para todo nu´mero real δ > 0 existe ao menos um ponto x ∈ X tal que x 6= x0 e |x− x0| < δ. A Definic¸a˜o 7.1 pode ser reescrita usando a noc¸a˜o de vizinhanc¸a (re- corde a Definic¸a˜o 2.2) da seguinte forma: x0 ∈ R e´ um ponto de acumulac¸a˜o do conjunto X quando toda vizinhanc¸a Vδ(x0) = (x0 − δ, x0 + δ) de x0 de raio δ conte´m ao menos um ponto de X diferente de x0. Note que um ponto de acumulac¸a˜o de X pode ou na˜o ser elemento de X . Observe isto nos exemplos que se seguem. Exemplo 7.1 (a) Se X e´ o intervalo aberto (0, 1) enta˜o todos os pontos do intervalo fechado [0, 1] sa˜o pontos de acumulac¸a˜o de X - de fato, dado x0 qualquer em [0, 1], cada vizinhanc¸a de centro em x0 conte´m 1 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto algum ponto de X = (0, 1) diferente de x0. Note que 0 e 1 sa˜o pontos de acumulac¸a˜o de X embora na˜o pertenc¸am a X. Neste exemplo, todos os pontos de X sa˜o pontos de acumulac¸a˜o de X mas nem todo ponto de acumulac¸a˜o de X e´ ponto de X. (b) Se X = {−1, 1} ⊂ R enta˜o −1 na˜o e´ ponto de acumulac¸a˜o de X, pois, por exemplo, V1(−1) ∩X = {−1}, ou seja, a vizinhanc¸a de centro em x0 = −1 e raio 1 na˜o conte´m nenhum ponto de X diferente do pro´prio x0 = −1. Da mesma forma, V1(1)∩X = {1}, ou seja, a vizinhanc¸a de centro em x1 = 1 e raio 1 na˜o conte´m nenhum ponto de X diferente do pro´prio x1 = 1. Portanto, -1 e 1 sa˜o pontos de X neste caso, mas na˜o e´ verdade que toda vizinhanc¸a de cada um destes pontos contenha algum ponto de X diferente deles. Ale´m disso, dado qualquer outro x 6= 1,−1, e´ fa´cil encontrar vizinhanc¸a deste ponto que na˜o contenha os pontos de X = {−1, 1}. Assim, o conjunto de pontos de acumulac¸a˜o deste conjunto X e´ o conjunto ∅. (c) Para qualquer subconjunto finito X = {x1, x2, . . . , xk} em R, o conjunto de seus pontos de acumulac¸a˜o e´ vazio, pois . . . Justifique! (d) O conjunto infinito N na˜o tem pontos de acumulac¸a˜o, pois . . . Justifi- que! (e) O conjunto X = {1/n : n ∈ N} tem um u´nico ponto de acumulac¸a˜o que e´ o 0. De fato, pela Propriedade Arquimediana (ver NA 02), para todo nu´mero real δ > 0, existe n′ ∈ N tal que −δ < 0 < 1/n′ < δ. Por outro lado, fixado x = 1/n ∈ X qualquer, a vizinhanc¸a de centro em x e raio |1/n− 1/(n+ 1)| na˜o possui nenhum ponto de X ale´m do pro´prio x. (f) Se X := Q enta˜o todo nu´mero real e´ ponto de acumulac¸a˜o de X por causa da densidade de Q em R (ver Notas de Aula 02). De fato, fixados x0 ∈ X e um real δ > 0, como x0 − δ e x0 sa˜o nu´meros reais, existe r ∈ Q tal que x0 − δ < r < x0 < x0 + δ. Ou seja, cada vizinhanc¸a de x0 ∈ X de raio δ conte´m algum r ∈ X com r 6= x0. (g) Se X := [0, 1] ∩ Q enta˜o todo ponto do intervalo [0, 1] e´ ponto de acu- mulac¸a˜o de X (justifique). CEDERJ 2 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 Limite de Func¸a˜o em um Ponto Definic¸a˜o 7.2 Sejam X ⊂ R, x0 um ponto de acumulac¸a˜o de X e f : X → R uma func¸a˜o. Um nu´mero real L e´ o limite de f em x0 quando dado qualquer nu´mero real ǫ > 0 existe um nu´mero real δ > 0 tal que, para todo x ∈ X, se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < ǫ. Notac¸o˜es: L = lim x→x0 f(x) ou f(x)→ L quando x→ x0. Com s´ımbolos, mas ressaltando-se a implicac¸a˜o embutida no enunciado, reescreve-se a Definic¸a˜o 7.2: L = lim x→x0 f(x) ⇔ ∀ǫ > 0, ∃δ > 0, ∀x ∈ X, se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < ǫ . Observac¸a˜o 7.1 Observam-se os seguintes fatos importantes: (a) Na Definic¸a˜o 7.2 na˜o importa se f esta´ ou na˜o definida em x0. (b) Em geral, o δ depende de ǫ e algumas vezes, para enfatizar, isto escreve- se δ(ǫ) ou δ = δ(ǫ). (c) Diz-se que a func¸a˜o f possui limite no ponto x0 quando existe um nu´mero real L tal que L = lim x→x0 f(x). Diz-se que na˜o existe limite de f em x0 quando na˜o existe nu´mero real L que seja o limite de f em x0. Relembrando propriedades de mo´dulo: • |x− x0| < δ ⇔ −δ < x− x0 < δ ⇔ x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) = Vδ(x0) ; • 0 < |x−x0| < δ ⇔ 0 < |x−x0| e |x−x0| < δ ⇔ x 6= x0 e x ∈ Vδ(x0). Portanto, a desigualdade 0 < |x−x0| < δ significa que x 6= x0 e x pertence a` δ-vizinhanc¸a Vδ(x0) de x0; • A desigualdade |f(x)−L| < ǫ significa que f(x) pertence a` ǫ-vizinhanc¸a Vǫ(L) de L. A partir dos fatos acima pode-se reescrever a Definic¸a˜o 7.2 usando-se a noc¸a˜o de vizinhanc¸a, o que e´ feito no resultado a seguir, cujos detalhes da prova sa˜o deixados como exerc´ıcio. A Figura 7.1 traz a interpretac¸a˜o geome´trica da definic¸a˜o de limite usando a noc¸a˜o de vizinhanc¸a. 3 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto x0 L y x f(x0) dada Vε(L) existe V(x0) y = f(x) Figura 7.1: O limite de f em x0 e´ L. Observe que aqui L 6= f(x0). CEDERJ 4 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 Proposic¸a˜o 7.1 Seja f : X → R e seja x0 um ponto de acumulac¸a˜o de X. Enta˜o, lim x→x0 f(x) = L se, e somente se, dada qualquer ǫ-vizinhanc¸a Vǫ(L) de L existe uma δ-vizinhanc¸a Vδ(x0) de x0 tal que, se x 6= x0 e´ qualquer ponto de Vδ(x0) ∩X enta˜o f(x) pertence a` vizinhanc¸a Vǫ(L). Na Definic¸a˜o 7.2 e na Observac¸a˜o 7.1, L foi referido como o limite de f em x0, pois o limite quando existe e´ u´nico. Proposic¸a˜o 7.2 Sejam f : X → R uma func¸a˜o e x0 um ponto de acu- mulac¸a˜o de X. Se f possui limite em x0 enta˜o este limite e´ u´nico. Prova: Suponha que L1 e L2 sa˜o limites de f no ponto de acumulac¸a˜o x0 de X . Uma forma de concluir que L1 = L2 e´ usar o Exemplo 1.3, das NA 01. Para isso, dado ǫ > 0, como ǫ/2 > 0, pela Definic¸a˜o 7.1 para L1 e L2, existem δ1 = δ1(ǫ) e δ2 = δ2(ǫ) tais que se x ∈ X e 0 < |x− x0| < δ1 enta˜o |f(x)− L1| < ǫ 2 e (⋆) se x ∈ X e 0 < |x− x0| < δ2 enta˜o |f(x)− L2| < ǫ 2 . (⋆⋆) Para δ := min {δ1, δ2} valem (⋆) e (⋆⋆). Da´ı, se x ∈ X e 0 < |x − x0| < δ enta˜o pela desigualdade triangular, tem-se 0 ≤ |L1−L2| = |L1−f(x)+f(x)−L2| ≤ |f(x)−L1|+|f(x)−L2| < ǫ 2 + ǫ 2 = ǫ. Portanto, para ǫ > 0 qualquer, tem-se que 0 ≤ |L1 − L2| < ǫ. Logo, pelo Exemplo 1.13, L1 = L2. O Prelu´dio a seguir ilustra como trabalhar com a definic¸a˜o de limite de uma func¸a˜o num ponto. ♦ Prelu´dio 7.1 Seja f : X ⊂ R → R uma func¸a˜o e seja x0 um ponto de acumulac¸a˜o de X . Por definic¸a˜o, L = lim x→x0 f(x) quando Para todo real ǫ > 0, existe um real δ > 0, tal que, para todo x ∈ X, se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < ǫ . (⋆) Como quem orienta a demonstrac¸a˜o, neste caso, e´ a estrutura do enunciado que se deve provar, a demonstrac¸a˜o de que L = lim x→x0 f(x) e´guiada pelas palavras que esta˜o destacadas em azul acima. Isto significa que as seguintes passagens devem aparecer necessariamente na demonstrac¸a˜o. 5 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto Seja ǫ > 0 onde ǫ ∈ R. Tome-se δ > 0 tal que . . . (Entra aqui, o nu´mero real δ, a ser encontrado. Este δ dependera´ do ǫ fixado em praticamente todos os casos. Para encontrar δ faz-se um rascunho.) Seja x ∈ X tal que 0 < |x− x0| < δ. Enta˜o |f(x)− L|. . . ... desenvolve-se esta u´ltima expressa˜o, com as justificativas necessa´rias ... Portanto |f(x)− L| < . . . < ǫ. Assim, se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < ǫ . Conclusa˜o: Para todo ǫ > 0 existe δ > 0 tal que, para todo x ∈ Dom f , se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < ǫ. Por definic¸a˜o, isto signigica que L = lim x→x0 f(x). Como no caso das definic¸o˜es de limite de sequeˆncia e de supremo e ı´nfimo, e´ necessa´rio fazer um “rascunho”, ou seja, um racioc´ınio de “tra´s para a frente”para achar δ. Neste rascunho, reescreve-se de forma apropriada a expressa˜o |f(x)−L| para se obter alguma relac¸a˜o com a hipo´tese |x−x0|: mas cuidado, na demons- trac¸a˜o propriamente dita, nunca se desenvolve a tese: o que se faz e´ sempre desenvolver a hipo´tese para se obter a tese. Estude o pro´ximo exemplo. Exemplo 7.2 Seja f : R → R definida por f(x) = (5x− 3)/4. Mostre por meio da definic¸a˜o que lim x→1 5x− 3 4 = 1 2 . Note que aqui Dom f = R e que, como x0 = 1 e´ um ponto de acu- mulac¸a˜o de Dom f , pode-se estudar o limite no ponto x0 = 1. Com as notac¸o˜es da Definic¸a˜o 7.2, tem-se que L = 1/2 e x0 = 1. Tendo em mente a estrutura apresentada no Prelu´dio 7.1, o primeiro passo e´ fazer um rascunho para determinar o nu´mero real δ > 0. Lembre-se que este rascunho na˜o e´ a demonstrac¸a˜o e na˜o deve aparecer nela!! CEDERJ 6 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 1a etapa: Rascunho- δ =? tal que se x ∈ R e 0 < |x − 1| < δ enta˜o∣∣∣∣5x− 34 − 1 2 ∣∣∣∣ < ǫ. (1) ∣∣∣∣5x− 34 − 1 2 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣5x− 3− 24 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣5(x− 1)4 ∣∣∣∣ = 5|x− 1|4 . e tem-se que 5|x− 1| 4 < ǫ ⇔ |x− 1| < 4ǫ 5 . Assim, o δ > 0 desejado deve ser δ = 4ǫ/5. Fim do rascunho! Observac¸a˜o important´ıssima: Deve ficar bem entendido que a Definic¸a˜o 7.2 diz que o nu´mero real δ depende de ǫ e, a`s vezes, do ponto x0, ja´ que ambos sa˜o fixados previamente: (para cada ǫ > 0 existe δ > 0, tal que para todo x ...)- vide (⋆). Em hipo´tese nenhuma, o δ encontrado pode depender de x!! 2a etapa: Demonstrac¸a˜o- Agora vem a demonstrac¸a˜o propriamente dita. Esta e´ a parte que sera´ apresentada como a resoluc¸a˜o. Observe como deve ser completada a estrutura da prova esboc¸ada acima e como os ca´lculos feitos no rascunho aparecem aqui: Seja ǫ > 0 onde ǫ ∈ R. Toma-se δ > 0 tal que δ = 4 5 ǫ. (⋆⋆) Seja x ∈ Dom f = R tal que 0 < |x− 1| < δ. Enta˜o ∣∣∣∣5x− 34 − 1 2 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣5x− 3− 24 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣5(x− 1)4 ∣∣∣∣ = 5|x− 1|4 < 5 4 δ por (⋆⋆) = 5 4 · 4 5 ǫ = ǫ. Assim, se 0 < |x− 1| < δ enta˜o ∣∣∣∣5x− 34 − 1 2 ∣∣∣∣ < ǫ. Conclusa˜o: Para todo ǫ > 0 existe δ > 0 tal que, para todo x ∈ Dom f se 0 < |x− 1| < δ enta˜o ∣∣5x−3 4 − 1 2 ∣∣ < ǫ. Portanto, pela Definic¸a˜o 7.2, pode-se afirmar que lim x→1 5x− 3 4 = 1 2 . Exemplo 7.3 Considere f : R+ → R definida por f(x) = √x. Mostrar, pela definic¸a˜o de limite, que 2 = lim x→4 √ x. 1A ideia e´ desenvolver ∣∣∣5x− 3 4 − 1 2 ∣∣∣, procurando nu´meros maiores que esta expressa˜o e que dependam de |x − 1| (que e´ a hipo´tese aqui) e de constantes reais, para que seja poss´ıvel enta˜o “comparar” este resultado com ǫ. 7 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto Notar que aqui Dom f = R+ e, como x0 = 4 e´ um ponto de acumulac¸a˜o do Dom f , pode-se falar do limite no ponto x0 = 4. Com as notac¸o˜es da Definic¸a˜o 7.2, note que aqui L = 2 e x0 = 4. Novamente, seguindo a estrutura apresentada no Prelu´dio 7.1, o pri- meiro passo e´ fazer um rascunho para determinar o nu´mero real δ > 0, lem- brando sempre que este rascunho na˜o e´ a demonstrac¸a˜o e na˜o deve aparecer nela. 1a etapa: Rascunho- δ =? tal que se x ∈ R+ e 0 < |x− 4| < δ enta˜o |√x− 2| < ǫ. (2) |√x− 2| = ∣∣∣∣(√x− 2). √ x+ 2√ x+ 2 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ x− 4√x+ 2 ∣∣∣∣ = = |x− 4| |√x+ 2| √ x + 2 ≥ 0 = |x− 4|√ x+ 2 √ x + 2 ≥ 2≤ |x− 4|.1 2 . Da´ı |x− 4| 2 < ǫ ⇔ |x− 4| < 2ǫ Assim, o δ > 0 desejado pode ser δ = 2ǫ. Fim do rascunho. 2a etapa: Demonstrac¸a˜o- A demonstrac¸a˜o propriamente dita. Esta e´ a parte que sera´ apresentada como a resoluc¸a˜o. Observe como deve ser completada a estrutura da prova esboc¸ada acima e como os ca´lculos feitos no rascunho aparecem aqui: Seja ǫ > 0 onde ǫ ∈ R. Toma-se δ > 0 tal que δ = 2ǫ. Seja x ∈ Dom f = R+ tal que 0 < |x− 4| < δ. Enta˜o |√x− 2| = ∣∣∣∣(√x− 2) √ x+ 2√ x+ 2 ∣∣∣∣ = |x− 4||√x+ 2| √ x + 2 ≥ 0 = |x− 4|√ x+ 2 √ x + 2 ≥ 2≤ |x− 4| 2 < δ 2 = 2ǫ 2 = ǫ . Assim, se 0 < |x− 4| < δ enta˜o |√x− 2| < ǫ. Conclusa˜o: Para todo ǫ > 0 existe δ > 0 tal que, para todo x ∈ Dom f se 0 < |x− 4| < δ enta˜o |√x− 2| < ǫ. Nestas condic¸o˜es, pela Definic¸a˜o 7.2 tem-se que 2 = lim x→4 √ x. 2Como antes, a ideia e´ desenvolver |√x− 2|, procurando nu´meros maiores que esta expressa˜o e que dependam de |x − 4| (que e´ a hipo´tese aqui) e de constantes reais, para que seja poss´ıvel enta˜o “comparar” este resultado com ǫ. CEDERJ 8 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 Exemplo 7.4 Os exemplos a seguir sa˜o bem simples, teˆm demonstrac¸a˜o quase direta. Esforce-se para reconhecer neles a estrutura de demonstrac¸a˜o apresentada no Prelu´dio 7.1. (a) Se f : R → R e´ a func¸a˜o constante f(x) = c para todo x ∈ R, onde c ∈ R, enta˜o lim x→x0 f(x) = c, pois dado qualquer ǫ > 0 existe δ > 0, por exemplo δ := 1 tal que, se 0 < |x − x0| < 1 enta˜o |f(x) − c| = |c − c| = 0 < ǫ. Como ǫ > 0 e´ arbitra´rio, conclui-se da Definic¸a˜o 7.2 que lim x→x0 f(x) = c. (b) lim x→x0 x = x0. Aqui f e´ a func¸a˜o dada por f(x) = x, que e´ definida em todo R. Dado enta˜o ǫ > 0 qualquer, existe δ > 0, por exemplo δ := ǫ tal que, se 0 < |x− x0| < δ = ǫ enta˜o |f(x)− x0| = |x− x0| < ǫ. Logo, pela Definic¸a˜o 7.2 segue que lim x→x0 f(x) = x0. Exemplo 7.5 Estude este exemplo com muita atenc¸a˜o. Seja f : R→ R definida por f(x) = x2. Mostrar, por meio da definic¸a˜o, que lim x→3 x2 = 9. Aqui Dom f = R e x0 = 3 e´ um ponto de acumulac¸a˜o do Dom f . Pode- se enta˜o falar do limite de f no ponto 3. Portanto, lim x→3 x2 = 9 significa, pela Definic¸a˜o 7.2 que: Para cada ǫ > 0 existe δ > 0 tal que, para todo x ∈ Dom f = R, se 0 < |x− 3| < δ enta˜o |x2 − 9| < ǫ. 1a etapa: Rascunho- Procura-se δ =? tal que se x ∈ R e 0 < |x − 3| < δ enta˜o |x2 − 9| < ǫ. Ora, |x2 − 9| = |(x− 3)(x+ 3)| = |x− 3||x+ 3| Note que a expressa˜o |x−3| apareceu no desenvolvimento, como era de se esperar. Mas |x−3| esta´ multiplicado pelo termo |x+3| que depende de x, o qual na˜o pode ser isolado, pois δ pode depender de ǫ mas NUNCA de x. Atenc¸a˜o! Interessam os valores de x pro´ximos de 3. Ou seja, |x − 3| < δ onde δ > 0 deve ser suficientemente pequeno para que |x2 − 9| < ǫ. Logo pode-se restringir esta proximidade somente a valores de x tais que |x − 3| < 1, por exemplo. Ou seja, impo˜e-se que δ seja menor do que 1, ou algum outro nu´mero pequeno. Este procedimento e´ usado para se conseguir uma constante maior do que |x + 3|. Estude atentamente o racioc´ınio a seguir, principalmente o trabalho com o mo´dulo: |x− 3| < 1⇒ −1 < x− 3 < 1⇒ 2 < x < 4⇒ 9 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto ⇒ 5 < x+ 3 < 7 como x+ 3 > 5> 0⇒ |x+ 3| = x+ 3 < 7. Isto significa que, se |x− 3| < 1 enta˜o |x+ 3| < 7. Tem-se, enta˜o |x2 − 9| = |x− 3||x+ 3| se |x− 3| < 1< |x− 3|.7 E da´ı, 7|x−3| < ǫ⇔ |x−3| < ǫ/7. Deve-se portanto tomar δ := min{1, ǫ/7}. Assim, se |x− 3| < δ enta˜o valem as duas condic¸o˜es: |x− 3| < 1 e |x− 3| < ǫ, de que se precisa para fazer as contas. (3) Fim do rascunho! 2a etapa: Demonstrac¸a˜o- Seja ǫ > 0 onde ǫ ∈ R. Tome-se δ = min{1, ǫ/7}. Enta˜o δ > 0. Seja x ∈ Dom f = R tal que 0 < |x − 3| < δ = min{1, ǫ/7}. Logo vale δ ≤ 1 e δ ≤ ǫ/7 (atenc¸a˜o!). Enta˜o |x2 − 9| = |(x− 3)(x+ 3)| = |x− 3||x+ 3|. Sendo |x− 3| < δ ≤ 1 tem-se que: |x− 3| < 1 ⇒ −1 < x− 3 < 1⇒ 2 < x < 4 ⇒ 5 < x+ 3 < 7 x + 3 > 5 > 0⇒ |x+ 3| = x+ 3 < 7. Portanto, |x2 − 9| = |x− 3||x+ 3| < |x− 3|.7 |x− 3| < δ ≤ ǫ/7< ǫ 7 .7 = ǫ . Assim, se 0 < |x− 3| < δ = min{1, ǫ/7} enta˜o |x2 − 9| < ǫ . Conclusa˜o: para todo ǫ > 0 existe δ > 0 tal que, para todo x ∈ Dom f = R se 0 < |x− 3| < δ enta˜o |x2 − 9| < ǫ. Logo, pela Definic¸a˜o 7.2, lim x→3 x2 = 9. Nos pro´ximos exemplos sa˜o provados resultados gerais sobre limite de func¸a˜o num ponto. Como antes, em cada um deles voceˆ deve se esforc¸ar para reconhecer a estrutura da demonstrac¸a˜o apresentada no Prelu´dio 7.1. Sa˜o casos em que uma condic¸a˜o adicional sobre |x−x0| e´ necessa´ria para se poder fazer as majorac¸o˜es. Os rascunhos na˜o aparecem, mas as demonstrac¸o˜es sa˜o bem detalhadas para facilitar o entendimento de todas as passagens. Esforce- se para entender os exemplos completamente e estude-os com atenc¸a˜o, para ser capaz de refazeˆ-los sozinho - voceˆ devera´ ser capaz de fazer os ”rascunhos” por si. O primeiro item e´ o caso geral do Exemplo 7.5. Repare que a conta esta´ efetuada de uma forma um pouco diferente daquela usada la´. Isto foi 3Voceˆ na˜o tera´ que dar todas estas explicac¸o˜es, mas tera´ que entendeˆ-las e indicar o seu racioc´ınio claramente, pensando em quem vai leˆ-lo. CEDERJ 10 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 feito de modo a superar o problema que vem do fato de trabalharmos num caso geral, sem saber qual o sinal de x0. E´ uma outra te´cnica a ser aprendida, que so´ usa propriedades de mo´dulo. Exemplo 7.6 Mostrar os seguintes limites por meio da Definic¸a˜o 7.2. (a) lim x→x0 x2 = x20. Nesse caso f(x) = x2 e Dom f = R. Seja ǫ > 0 qualquer. Tome-se δ := min{1, ǫ/(2|x0|+ 1)}. Enta˜o δ > 0. Seja x ∈ R = Dom f tal que 0 < |x − x0| < δ. Logo |x − x0| < 1 e |x− x0| < ǫ/(2|x0|+ 1) . Tem-se que |x2 − x20| = |(x+ x0)(x− x0)| = |x+ x0||x− x0| ≤ (|x|+ |x0|)|x− x0|. Como |x − x0| < δ ≤ 1 e |x| − |x0| < |x − x0| enta˜o |x| < |x0| + 1. Voltando e usando este fato, tem-se |x2 − x20| ≤ (|x|+ |x0|)|x− x0| < (2|x0|+ 1)|x− x0| < (2|x0|+ 1) · δ ≤ ≤ (2|x0|+ 1) · ǫ 2|x0|+ 1 = ǫ. Assim, tomando δ := min{1, ǫ/(2|x0|+ 1)} tem-se que |x − x0| < δ implica |x2 − x20| < ǫ. Mostrou-se assim que para todo ǫ > 0, existe δ > 0 tal que, para todo x ∈ R, se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |x2− x20| < ǫ. Logo, pela Definic¸a˜o 7.2, lim x→x0 x2 = x20. (b) lim x→x0 1 x = 1 x0 para x0 6= 0. Aqui f(x) = 1 x e Dom f = R \ {0}. Seja ǫ > 0 nu´mero real. Tome-se δ := min {|x0|/2, ǫ|x0|2/2} . Enta˜o δ > 0 ja´ que x0 6= 0. Seja x ∈ Dom f tal que 0 < |x− x0| < δ. Enta˜o |x− x0| < |x0| 2 e |x− x0| < ǫ|x0| 2 2 . Tem-se por propriedade de mo´dulo que∣∣∣∣1x − 1 x0 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣x0 − xxx0 ∣∣∣∣ = 1(|x||x0|) |x− x0| . (⋆) Como |x − x0| < |x0| 2 enta˜o |x0| − |x| ≤ |x0 − x| < |x0| 2 , o que im- plica |x| > |x0| 2 . Como o menor termo e´ positivo, pode-se inverter a 11 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto desigualdade para obter a majorac¸a˜o 1 |x| < 2 |x0| . Usando isto em (⋆), obte´m-se∣∣∣∣1x − 1 x0 ∣∣∣∣ = 1(|x||x0|) |x−x0| < 2 |x0||x0| |x−x0| < 2 |x0|2 δ ≤ 2 |x0|2 · ǫ|x0|2 2 = ǫ. Portanto, se δ := min {|x0|/2, (ǫ|x0|2/2)} e 0 < |x− x0| < δ enta˜o ∣∣∣1 x − 1 x0 ∣∣∣ < ǫ. Logo, pela Definic¸a˜o 7.2, lim x→ x0 1 x = 1 x0 . Definic¸a˜o 7.3 Sejam X ⊂ R, f : X → R e x0 um ponto de acumulac¸a˜o de X. Diz-se que f e´ limitada numa vizinhanc¸a de x0 se existe uma δ- vizinhanc¸a Vδ(x0) de x0 e uma constante M > 0 tal que |f(x)| ≤ M para todo x ∈ X ∩ Vδ(x0). Proposic¸a˜o 7.3 Se X ⊂ R, x0 e´ um ponto de acumulac¸a˜o de X e f : X → R possui limite em x0 ∈ R enta˜o f e´ limitada em alguma vizinhanc¸a de x0. Prova: Por hipo´tese existe L ∈ R tal que L := lim x→x0 f(x). Fazendo ε = 1, pela Definic¸a˜o 7.2, para este valor de ǫ em particular, existe δ > 0 tal que, se 0 < |x− x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < 1. Portanto, |f(x)| = |(f(x)− L) + L| ≤ |f(x)− L| + |L| < 1 + |L|. Logo, se x ∈ X ∩ Vδ(x0) e x 6= x0 enta˜o |f(x)| ≤ |L| + 1. Agora, seja M := |L|+ 1, caso x0 /∈ X , ou enta˜o seja M := max{|f(x0)|, |L| + 1}, no caso x0 ∈ X . Segue que, se x ∈ X ∩ Vδ(x0) enta˜o |f(x)| ≤ M . Logo, f e´ limitada numa vizinhanc¸a de x0. O Crite´rio Sequencial para Limites A definic¸a˜o de ponto de acumulac¸a˜o de um conjunto pode ser formulada usando-se sequeˆncias, como a seguir: Proposic¸a˜o 7.4 Um nu´mero real x0 e´ um ponto de acumulac¸a˜o de um sub- conjunto X de R se, e somente se, existe uma sequeˆncia (xn)n∈N em X tal que xn 6= x0 para todo n ∈ N e vale lim n→∞ xn = x0. Prova: Se x0 e´ um ponto de acumulac¸a˜o de X enta˜o, pela Definic¸a˜o 7.1, para qualquer n ∈ N, a (1/n)-vizinhanc¸a V1/n(x0) conte´m ao menos um ponto xn de X distinto de x0. Enta˜o para cada n ∈ N tem-se que xn ∈ X , xn 6= x0 CEDERJ 12 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 e |xn − x0| < 1/n. Usando isto, mostra-se que lim xn = x0, o que fica como exerc´ıcio. Reciprocamente, se existe uma sequeˆncia (xn)n∈N em X \ {x0} com lim n→∞ xn = x0 enta˜o, para qualquer ǫ > 0, existe n0 ∈ N tal que, se n > n0 enta˜o xn ∈ Vǫ(x0). Portanto, cada ǫ-vizinhanc¸a de x0 conte´m os pontos xn com n > n0, que pertencem a X e sa˜o distintos de x0. Entenda que a Proposic¸a˜o 7.4 permite concluir que x0 e´ um ponto de acumulac¸a˜o de um subconjunto X de R se, e somente se, todo intervalo aberto da forma (x0 − α, x0 + α) conte´m infinitos pontos de X . Um crite´rio importante para estabelecer a existeˆncia, e principalmente a na˜o-existeˆncia ou na˜o do limite de uma func¸a˜o real num ponto e´ o chamado crite´rio sequencial para limite. Teorema 7.1 (Crite´rio Sequencial) Seja f : X → R e seja x0 um ponto de acumulac¸a˜o de X. Enta˜o as seguintes afirmac¸o˜es sa˜o equivalentes. (i) lim x→x0 f(x) = L. (ii) Para toda sequeˆncia (xn)n∈N em X com xn 6= x0 para todo n ∈ N, se (xn)n converge para x0 enta˜o a sequeˆncia (f(xn))n∈N converge para L. Prova: (i)⇒(ii) Por hipo´tese, lim x→x0 f(x) = L. Seja (xn)n∈N uma sequeˆncia em X tal que xn 6= x0 para todo n ∈ N e suponha que lim n→∞ xn = x0 . Para provar que lim n→∞ f(xn) = L, seja ǫ > 0 um nu´mero real arbitra´rio. Pela primeira das hipo´teses e pela Definic¸a˜o 7.2, para este ǫ > 0, existe um nu´mero real δ > 0 tal que, para todo x, se x ∈ X satisfaz 0 < |x− x0| < δ enta˜o f(x) satisfaz |f(x)− L| < ǫ. (1) Agora pode-se aplicar a Definic¸a˜o 4.2 de sequeˆncia convergente para este δ, obtendo-se um nu´mero natural n0 tal que, para todo natural n ∈ N, se n > n0 enta˜o |xn − x0| < δ. (2) Seja agora n ∈ N tal que n > n0. Enta˜o, por (1), tem-se que |xn − x0| < δ. Da´ı e por (2), tem-se |f(xn) − L| < ǫ. Portanto, mostrou-se que para todo ǫ > 0, existe n0 ∈ N tal que para todo n ∈ N, se n > n0 enta˜o |f(xn)−L| < ǫ. Logo, pela Definic¸a˜o 4.2, a sequeˆncia (f(xn))n∈N converge para L. (ii)⇒(i). A ideia e´ usar o racioc´ınio por absurdo, supondo que (ii) e´ verdade e que (i) (a conclusa˜o) e´ falsa. Ora, se (i) na˜o e´ verdade, enta˜o existe um 13 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limitede Func¸a˜o em um Ponto nu´mero real ǫ0 > 0 tal que, para qualquer que seja o nu´mero real δ > 0, existe um nu´mero xδ ∈ X satisfazendo 0 < |xδ− x0| < δ e |f(xδ)−L| ≥ ǫ0. Portanto, para todo n ∈ N, como δn := 1/n > 0 existe xn ∈ X satisfazendo 0 < |xn − x0| < 1 n e |f(xn)− L| ≥ ǫ0 . (3) Como vale 0 < |xn − x0| < 1n , para todo n ∈ N, tem-se que a sequeˆncia (xn)n∈N converge para x0 com xn 6= x0 para todo n ∈ N (recorde-se do Teorema 4.2(d)). Pore´m a sequeˆncia (f(xn))n∈N na˜o converge para L, pois |f(xn) − L| ≥ e0, para todo n ∈ N. Mas isto contraria a hipo´tese, o que e´ absurdo. Portanto, vale (i). Seguem-se duas aplicac¸o˜es do Teorema 7.1 para mostrar a existeˆncia de limites ja´ estudados: Exemplo 7.7 (a) Considere a func¸a˜o f do Exemplo 7.6 (a). Tem-se que: para toda sequeˆncia (xn)n∈N em R \ {x0}, se xn → x0 quando n→ ∞ enta˜o, pelo Teorema 4.4(3), x2n → x20 quando n→∞. Conclui-se enta˜o pelo Teorema 7.1 para f(x) = x2 que lim x→x0 x2 = x20 . (b) Da mesma forma, dado x0 6= 0, como para toda sequeˆncia (xn)n∈N, se xn 6= 0 para todo n ∈ N enta˜o xn → x0 implica 1/xn → 1/x0 (Teorema 4.4(4)), enta˜o, pelo Teorema 7.1 tem-se que lim x→x0 1 x = 1 x0 , confirmando o que foi provado no Exemplo 7.6 (b) via Definic¸a˜o 7.2. A partir do Teorema 7.1 e´ poss´ıvel estabelecer crite´rios para garantir que um nu´mero real L na˜o e´ o limite de uma certa func¸a˜o f em um ponto x0 de acumulac¸a˜o de seu domı´nio e tambe´m, para garantir que uma func¸a˜o na˜o tem limite num ponto de seu domı´nio. Estes resultados sera˜o chamados “crite´rios sequenciais de divergeˆncia”. Teorema 7.2 (Crite´rios sequenciais de divergeˆncia para func¸o˜es) Se- jam X ⊂ R, f : X → R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. (a) se existe uma sequeˆncia (xn)n∈N em X com xn 6= x0 para todo n ∈ N tal que (xn)n∈N converge para x0 mas a sequeˆncia de imagens (f(xn))n∈N na˜o converge para L ∈ R enta˜o L na˜o e´ o limite de f quando x tende a x0 (b) Se existe uma sequeˆncia (xn)n∈N em X com xn 6= x0 para todo n ∈ N, tal que (xn)n∈N converge para x0 mas a sequeˆncia de imagens (f(xn))n∈N na˜o converge em R enta˜o a func¸a˜o f na˜o possui limite em x0. CEDERJ 14 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 (c) Se existem duas sequeˆncias (xn)n∈N e (yn)n∈N em X com xn 6= x0 e yn 6= x0 para cada n ∈ N e tais que (xn)n∈N e (yn)n∈N convergem ambas para x0 mas as respectivas sequeˆncias de imagens (f(xn))n∈N e (f(yn))n∈N convergem para valores diferentes em R enta˜o a func¸a˜o f na˜o possui limite em x0. Note a diferenc¸a na aplicac¸a˜o do crite´rio de existeˆncia, como no Exem- plo 7.7 e dos crite´rios de divergeˆncia e na˜o-existeˆncia do limite, por outro. Exemplo 7.8 (a) O lim x→0 1 x na˜o existe. De fato, escolhe-se por exemplo, a sequeˆncia (xn)n∈N definida por xn := 1/n para n ∈ N, a qual satisfaz xn 6= 0 para todo n ∈ N e lim n→∞ xn = 0. Agora, como f(x) = 1/x para x ∈ X = R\{0} enta˜o para cada n ∈ N, f(xn) = n. Como a sequeˆncia (f(xn)) = (n) na˜o converge em R enta˜o pelo Teorema 7.2 (b) conclui-se que f(x) = 1/x na˜o possui limite em x0 = 0. (b) A func¸a˜o sinal de x definida por: sgn : R→ R tal que sgn(x) = −1 se x < 0, 0 se x = 0, 1 se x > 0, na˜o tem limite em x0 = 0. De fato, seja (xn)n∈N a sequeˆncia definida por xn := (−1)n/n para n ∈ N. Enta˜o lim xn = 0 e xn 6= 0 para todo n ∈ N. Como sgn(xn) = (−1)n para n ∈ N, segue que (sgn(xn))n∈N na˜o converge. Portanto, do Teorema 7.2 (b), segue que na˜o existe lim x→0 sgn(x). Um outro racioc´ınio para chegar a` mesma conclusa˜o e´ o seguinte: sejam as sequeˆncias xn := 1/n e yn := (−1)n/n para n ∈ N. Ambas conver- gem para 0 e para cada n ∈ N, tem-se xn 6= 0 e yn 6= 0. Mas as respec- tivas sequeˆncias de imagens sa˜o tais que sgn(xn) = 1 e sgn(yn) = −1, para todo n ∈ N, ou seja, convergem para 1 e -1. Portanto, do Teo- rema 7.2 (c), segue que na˜o existe lim x→0 sgn(x). O gra´fico da func¸a˜o sinal pode ser visto na Figura 7.2: 15 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto f(x) = sgn(x) x2kx2k−1 -1 1 -10 -5 0 5 10 0 -0.5 0.5 Figura 7.2: A func¸a˜o sinal. (c) Na˜o existe lim x→0 sen(1/x). (veja Figura 7.3 abaixo). De fato, seja (xn)n∈N a sequeˆncia definida por xn = 1 nπ se n ∈ N e´ ı´mpar, 1 (π/2)+nπ se n ∈ N e´ par. Seja f(x) = sen(1/x) para x ∈ X = R\{0}. Enta˜o tem-se que lim xn = 0 (por queˆ?) e xn 6= 0 para todo n ∈ N. Note que f(x2k−1) = sen(2k − 1)π = 0 para todo k ∈ N, f(x2k) = sen(π/2 + 2kπ) = 1 para todo k ∈ N. Assim, (f(xn))n e´ a sequeˆncia (0, 1, 0, 1, . . .), a qual como se sabe na˜o converge. Logo, pelo Teorema 7.2(b), na˜o existe lim x→0 sen(1/x). CEDERJ 16 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 oscilante terrivelmente −1 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 −1 −0.5 0 0.5 1 −0.6 −0.8 −0.4 sen(1/x) Figura 7.3: A func¸a˜o f(x) = sen(1/x). Operac¸o˜es com Limites de Func¸o˜es Dadas duas func¸o˜es f, g : X ⊂ R→ R definem-se a partir delas novas func¸o˜es, a saber: f + g : X ⊂ R→ R tal que (f + g)(x) := f(x) + g(x) func¸a˜o soma de f e g, f − g : X ⊂ R→ R tal que (f − g)(x) := f(x)− g(x) func¸a˜o diferenc¸a, fg : X ⊂ R→ R tal que (fg)(x) := f(x)g(x) func¸a˜o produto, f g : X ⊂ R→ R tal que ( f g ) (x) := f(x) g(x) func¸a˜o quociente, se g(x) 6= 0, ∀x ∈ X, cf : X ⊂ R→ R tal que (cf)(x) := cf(x) onde c ∈ R e´ fixo. O principal resultado sobre operac¸o˜es com limites de func¸o˜es e´: Teorema 7.3 Sejam X ⊂ R, f, g : X → R, c ∈ R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. Suponha que os limites lim x→x0 f(x) e lim x→x0 g(x) existem. Enta˜o (1) lim x→x0 [(f + g)(x)] = lim x→x0 f(x) + lim x→x0 g(x), (2) lim x→x0 [(f − g)(x)] = lim x→x0 f(x)− lim x→x0 g(x), (3) lim x→x0 [(fg)(x)] = lim x→x0 f(x) lim x→x0 g(x), 17 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto (4) lim x→x0 [(cf)(x)] = c lim x→x0 f(x), (5) lim x→x0 [(f g ) (x) ] = lim x→x0 f(x) lim x→x0 g(x) desde que g(x) 6= 0 e lim x→x0 g(x) 6= 0. Prova: A demonstrac¸a˜o desse teorema pode ser feita por meio de argumen- tos similares a`queles usados na prova do Teorema 4.4 das NA 4. De modo alternativo, sera´ usado o Teorema 4.4 e o Teorema 7.1 (Crite´rio Sequencial) como a seguir. Seja (xn) uma sequeˆncia qualquer em X com xn 6= x0 para todo n ∈ N e tal que xn → x0. Enta˜o pelo Teorema 7.1 os limites lim f(xn) e lim g(xn) existem. Da´ı e do Teorema 4.4 obte´m-se que lim[(f + g)(xn)] = lim[f(xn) + g(xn)] = lim f(xn) + lim g(xn), lim[(f − g)(xn)] = lim[f(xn)− g(xn)] = lim f(xn)− lim g(xn), lim[(fg)(xn)] = lim[f(xn)g(xn)] = lim f(xn) lim g(xn), lim[c(f)(xn)] = lim[cf(xn)] = c lim f(xn), lim [(f g ) (xn) ] = lim [(f(xn) g(xn) )] = lim f(xn) lim g(xN) desde que g(xn) 6= 0 e lim g(xn) 6= 0 para todo n ∈ N. O que conclui a demonstrac¸a˜o. Observac¸a˜o 7.2 Sejam X ⊂ R, f1, f2, . . . , fn : X → R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. Se Lk := lim x→x0 fk para k = 1, 2, . . . , n, enta˜o segue do Teorema 7.3 e do Princ´ıpio de Induc¸a˜o Matema´tica que lim x→x0 (f1 + f2 + · · ·+ fn) = L1 + L2 + · · ·+ Ln, e lim x→x0 (f1f2 · · · fn) = L1L2 · · ·Ln. Em particular, se L := lim x→x0 f(x) e n ∈ N enta˜o lim x→x0 (f(x))n = Ln. CEDERJ 18 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 Exemplo 7.9 (a) lim x→x0 xk = (x0) k para todo k ∈ N. De fato, como lim x→x0 x = x0 enta˜o, pela Observac¸a˜o 7.2, segue que lim x→x0 xk = x0 k para todo k ∈ N como afirmado. (b) lim x→1 (x2 + 3)(2x3 − 5) = −12. De fato, como limx→1(x2 + 3) = 4 e limx→1(2x 3 − 5) = −3 (ouseja, os limites existem), do Teorema 7.3 segue que lim x→1 (x2 + 3)(2x3 − 5) = ( lim x→1 (x2 + 3) )( lim x→1 (2x3 − 5) ) = = 4 · (−3) = −12. (c) lim x→2 ( 2x3 − 2 x2 + 3 ) = 2. Realmente, como lim x→2 (2x3−2) = 12 e lim(x2+3) = 7 6= 0 enta˜o pode-se aplicar o Teorema 7.3 para obter lim x→2 2x3 − 2 x2 + 3 = lim x→2 (2x3 − 2) lim x→2 (x2 + 3) = 14 7 = 2. (d) lim x→2 ( x3 − 8 x2 − 5x+ 6 ) = −12. Observe que na˜o e´ poss´ıvel aplicar direta- mente o Teorema 7.3 ja´ que lim x→2 (x2 − 5x+ 6) = lim x→2 x2 − 5 lim x→2 x+ 6 = 4− 5 · 2 + 6 = 0. No entanto, e´ poss´ıvel reescrever o quociente acima na forma x3 − 8 x2 − 5x+ 6 = (x2 + 2x+ 4)(x− 2) (x− 2)(x− 3) = x2 + 2x+ 4 x− 3 . Como vale limx→2(x 2+2x+4) = 12 e limx→2(x−3) = −1 6= 0, pode-se aplicar o Teorem 7.3 para obter lim x→2 ( x3 − 8 x2 − 5x+ 6 ) = lim x→2 x2 + 2x+ 4 x− 3 = = lim x→2 (x2 + 2x+ 4) lim x→2 (x− 3) = 12 −1 = −12. Desigualdades e Limites de Func¸o˜es Os dois resultados a seguir sa˜o ana´logos, respectivamente, aos Teoremas 4.6 e 4.7 das NA 4. 19 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto Proposic¸a˜o 7.5 Sejam f : X ⊂ R→ R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X tais que a ≤ f(x) ≤ b para todo x ∈ X com x 6= x0. Se lim x→x0 f(x) existe, enta˜o a ≤ lim x→x0 f(x) ≤ b. Prova: Por hipo´tese, existe L ∈ R tal que L := lim x→x0 f(x). Da´ı e do Teo- rema 7.1, se (xn)n e´ qualquer sequeˆncia em X tal que xn 6= x0 para todo n ∈ N e xn → x0 quando n→∞ enta˜o a sequeˆncia (f(xn))n converge para L. Da´ı e como, pela hipo´tese, a ≤ f(xn) ≤ b para todo n ∈ N, segue do Teorema 4.6 que a ≤ L ≤ b. Proposic¸a˜o 7.6 Sejam f, g, h : X ⊂ R → R e x0 ∈ R um ponto de acu- mulac¸a˜o de X. Se f(x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo x ∈ X com x 6= x0, e se lim x→x0 f(x) = lim x→x0 h(x) =: L enta˜o lim x→x0 g(x) = L. A prova deste resultado e´ uma aplicac¸a˜o imediata do Teorema 7.1 combinado com o Teorema 4.7. Fica como exerc´ıcio! Proposic¸a˜o 7.7 Sejam f : X ⊂ R→ R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. Se lim x→x0 f(x) > 0 (respectivamente, lim x→x0 f(x) < 0) enta˜o existe uma vizinhanc¸a Vδ(x0) de x0 tal que f(x) > 0 (respectivamente, f(x) < 0) para todo x ∈ X ∩ Vδ(x0) com x 6= x0. Prova: Seja L := lim x→x0 f(x) e suponha que L > 0. Tomando ε = L/2 > 0 enta˜o, pela Definic¸a˜o 7.2, existe δ > 0 tal que se 0 < |x − x0| < δ e x ∈ X enta˜o |f(x) − L| < L/2, o que equivale a L/2 < f(x) < 3L/2. Portanto, f(x) > L/2 > 0 para todo x ∈ X ∩ Vδ(x0) com x 6= x0. Argumentando-se de modo semelhante obte´m-se o caso em que L < 0. Exemplo 7.10 Mostrar que: (a) lim x→0 x5/4 x3/2 + x1/2 + 1 = 0 para 0 < x ≤ 1. De fato, se 0 < x ≤ 1 enta˜o 1 < x3/2 + x1/2 + 1 ≤ 3 e x2 ≤ x5/4 ≤ x. Portanto, tem-se 1 3 x2 ≤ x 5/4 x3/2 + x1/2 + 1 ≤ x. Como lim x→0 x2 = lim x→0 x = 0 enta˜o a afirmac¸a˜o segue da Proposic¸a˜o 7.6. (b) lim x→0 (x sen(1/x)) = 0. De fato, se f(x) = x sen(1/x) para x 6= 0 enta˜o, como −1 ≤ senu ≤ 1 para todo u ∈ R, enta˜o tem-se a desigualdade CEDERJ 20 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 |f(x)| ≤ |x|. Ou seja, −|x| ≤ f(x) = x sen(1/x) ≤ |x| para todo x ∈ R com x 6= 0. Como lim x→0 |x| = 0 enta˜o a Proposic¸a˜o 7.6 assegura que lim x→0 f(x) = 0. Veja o gra´fico de f na Figura 7.4. sufocadas −0.1 −0.02 0 0.02 0.04 0.06 0.08 −0.1 −0.05 0 0.05 0.1 −0.06 −0.08 −0.04 xsen(1/x) oscilac¸o˜es Figura 7.4: A func¸a˜o f(x) = x sen(1/x). Exerc´ıcios 7.1 1. Determine um δ > 0 tal que, se 0 < |x−x0| < δ enta˜o |f(x)− L| < ε para x0, f, L e ε dados como segue: (a) x0 = 1, f(x) = x 2, L = 1, ε = 1/2; (b) x0 = 1, f(x) = x 2, L = 1, ε = 1/n para um n ∈ N dado; (c) x0 = 2, f(x) = 1/x, L = 1/2, ε = 1/2; (d) x0 = 2, f(x) = 1/x, L = 1/2, ε = 1/n para um n ∈ N dado; (e) x0 = 4, f(x) = √ x, L = 2, ε = 1/2; (f) x0 = 4, f(x) = √ x, L = 2, ε = 1/100. 2. Seja x0 um ponto de acumulac¸a˜o de X ⊂ R e f : X → R. Prove que lim x→x0 f(x) = L se, e somente se, lim x→x0 |f(x)− L| = 0. 3. Seja f : R→ R e x0 ∈ R. Mostre que lim x→x0 f(x) = L se, e somente se, lim x→0 f(x+ x0) = L. 21 CEDERJ Elementos de Ana´lise Real Limite de Func¸a˜o em um Ponto 4. Mostre que lim x→x0 x3 = x0 3 para qualquer x0 ∈ R. 5. Mostre que lim x→x0 √ x = √ x0 para qualquer x0 > 0. 6. Mostre que lim x→0 x1/p = 0 (x > 0). 7. Sejam I um intervalo em R, f : I → R e x0 ∈ I. Suponha que existem K > 0 e L ∈ R tais que |f(x)−L| ≤ K|x−x0| para todo x ∈ I. Mostre que lim x→x0 f(x) = L. 8. Use a Definic¸a˜o 7.2 e tambe´m o crite´rio sequencial para estabelecer os seguintes limites: (a) lim x→2 1 1− x = −1; (b) lim x→1 x2 − 1 x3 − 1 = 2 3 ; (c) lim x→2 x− 2 x2 − 3x+ 2 = 1. 9. Mostre que os seguintes limites na˜o existem: (a) lim x→0 1 x2 (x > 0); (b) lim x→0 1√ x (x > 0); (c) lim x→0 sen(1/x2). 10. Aplique o Teorema 7.3 para determinar os seguintes limites: (a) lim x→1 (x2 + 2)(4x3 − 3) (x ∈ R); (b) lim x→2 x3 − 2 x2 − 1 (x > 1); (c) lim x→5 ( 1 2x− 3 − 1 x− 4 ) (x > 4); 11. Sejam X ⊂ R, f : X → R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. (a) Se lim x→x0 f(x) existe e se |f | e´ a func¸a˜o definida em X por |f |(x) := |f(x)|, prove que lim x→x0 |f |(x) = | limx→x0 f(x)|. (b) Se f(x) ≥ 0 para todo x ∈ X, se lim x→x0 f existe e se √ f e´ a func¸a˜o definida em X por √ f(x) := √ f(x), prove que lim x→x0 √ f(x) = √ lim x→x0 f(x). CEDERJ 22 Limite de Func¸a˜o em um Ponto NA 7 12. Determine os seguintes limites e diga que teoremas sa˜o usados em cada caso. (Voceˆ pode usar tambe´m o exerc´ıcio anterior.) (a) lim x→3 √ 5x+ 1 2x+ 3 (x > 0); (b) lim x→3 x2 − 9 x2 − 5x+ 6 (2 < x < 3); (c) lim x→0 (x+ 2)2 − (x− 2)2 x (x > 0); 13. Prove que lim x→0 cos(1/x) na˜o existe mas que lim x→0 x cos(1/x) = 0. 14. Sejam f, g : X ⊂ R → R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. Suponha que f e´ limitada numa vizinhanc¸a de x0 e que lim x→x0 g(x) = 0. Prove que lim x→x0 (fg)(x) = 0. 15. Sejam f, g : X ⊂ R→ R e x0 ∈ R um ponto de acumulac¸a˜o de X. (a) Mostre que se ambos lim x→x0 f(x) e lim x→x0 (f + g)(x) existem, enta˜o lim x→x0 g(x) existe. (b) Se lim x→x0 f(x) e lim x→x0 (fg)(x) existem, segue que lim x→x0 g(x) existe? 16. Determine se os seguintes limites existem em R. (a) lim x→0 sen(1/x2) (x 6= 0); (b) lim x→0 xsen(1/x2) (x 6= 0); (c) lim x→0 √ xsen(1/x2) (x > 0). 23 CEDERJ
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