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1 Gestão de Pessoas - Ênfase em Processos Avançados Módulo 4: Etapa 1 – Gestão de competência x gestão por competências Gestão por Competências Embora não seja um assunto novo, ainda é pouco praticado pela maior parte das organizações. Há ainda muito tabu em torno do assunto, dando-lhe a conotação de algo muito mais complexo do que realmente é. Vamos iniciar então, fazendo a distinção entre dois conceitos que algumas vezes são utilizados como sinônimos, mas referem-se a coisas diferentes: • Gestão de Competências • Gestão por Competências Gestão de Competências: É a forma como a organização planeja, organiza, desenvolve, acompanha e avalia as competências necessárias ao seu negócio. Gestão por Competências: É um plano de desenvolvimento profissional cujo foco deixa de ser a função/cargo e passa a ser os conhecimentos, as habilidades e os comportamentos individuais, valorizando o trabalho em equipe e a busca contínua de melhores resultados. ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, p. 6. Ambos os processos são extremamente importantes, porém vamos nos concentrar aqui no segundo tema: Gestão por Competência. Veja a seguir um exemplo de mapa de competências para Gestão de Negócios. 2 Esse tipo de matriz de competências é bastante utilizado – trata-se de um gráfico tipo radar onde facilmente se consegue visualizar as competências exigidas para um determinado cargo, o nível de proficiência necessário para cada competência, geralmente em vermelho e o nível do candidato ou do ocupante do cargo que normalmente é desenhado em outra cor. Ao analisar o gráfico, ficam claramente demonstradas as áreas para desenvolvimento e melhoria. Nesse exemplo são necessárias 21 competências para exercer o cargo em questão, que tudo indica ser uma função de uma área comercial, de grande complexidade. Pelo nível de proficiência exigido em cada competência pode-se aferir tratar-se de um perfil sênior e especialista, porém não em vendas já que competências de negociação e vendas não são exigidas em níveis muito altos. Percebe-se também que não se trata de um cargo de chefia, já que a competência Liderança também está sendo exigida em um nível mais baixo do que outras. E qual a melhor definição para competência? Temos várias, creio que as três que você verá a seguir resumem bem, veja. “É o conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que geram diferencial competitivo para a organização. (PRAHALAD e HAMEL, 1980)” “… conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que credenciam um profissional a exercer determinada função. (MAGALHÃES. et al, 1997)” “... é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependes e necessárias à consecução de determinado propósito. (DURAND, 1998)” Atenção Quando falamos em competências temos também que fazer a distinção entre mais dois outros conceitos: • Competências Corporativas • Competências Humanas/Profissionais. 3 Módulo 3: Etapa 2 – Competências corporativas/organizacionais Competências Corporativas / Organizacionais: É o conjunto de qualificações e tecnologias essenciais, de difícil imitação por parte dos concorrentes e necessárias para o atingimento dos objetivos estratégicos. 4 Para melhor entendimento, seguem abaixo alguns exemplos: • Miniaturização – é uma competência da Sony; • Gestão da inovação – 3M; • Tecnologia de produção em águas profundas – Petrobrás; • Soluções em software – Microsoft; • Gestão de Logística – Wal-Mart e Federal Express. As competências corporativas podem mudar com a evolução e desenvolvimento do mercado e das necessidades dos clientes. Muitas empresas tiveram que se reposicionar estrategicamente, o que gerou a necessidade de adequação da competência corporativa. Por exemplo: • IBM – de Produção de Máquinas e Equipamentos para Consultoria de Negócios; • Eastman-Kodak: de câmeras e filmes fotográficos para Tecnologia de processamento de imagens fotográficas. Você pode imaginar o impacto desse reposicionamento no processo de requalificação dos profissionais? Que mudança no modelo mental, nos conhecimentos necessários e cultura da empresa, não é mesmo? Você sabe qual ou quais são as competências corporativas da sua empresa? Qual o impacto de não ter essa competência definida e disseminada? Para ajuda-lo a refletir melhor sobre as questões abordadas, seguem outros exemplos de competências corporativas: • Inovação; • Baixo custo; • Flexibilidade; • Foco no cliente; • Qualidade; • Disponibilidade; • Soluções de… • Rapidez. 5 Módulo 3: Etapa 3 – Competências humanas/profissionais Você sabe o que são Competências Humanas / Profissionais? Competências Humanas / Profissionais são: • Conhecimentos, Habilidades e Atitudes requeridos pelos diferentes níveis de gestão para atingir os objetivos específicos de cada função – CHA; 6 • Capacidade de transformar conhecimentos, habilidades e atitudes em resultados. • Eugênio Mussak expandiu o conceito e acrescentou mais duas letrinhas ao famoso CHA, transformando-o em CHAVE: • Conhecimento: contém o PENSAR, a formação acadêmica, o conhecimento teórico; • Habilidade: contém o FAZER, o conhecimento prático, a vivência; • Atitude: contém o SER, emoções, sentimentos, o comportamento; • Valor: os valores que o indivíduo carrega com ele; • Environment: a forma como esse indivíduo se relaciona com seu entorno, com o meio-ambiente. Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre Gestão por Competências com Maria Odete Rabaglio. http://www.youtube.com/watch?v=l7Mwrcc2_ho Algumas competências corporativas são também competências profissionais e vice- versa, agora veja alguns exemplos de competências profissionais: • Negociação; • Comunicação clara e objetiva – escrita e verbal; • Visão holística / sistêmica; • Trabalho em equipe; • Análise e solução de problemas; • Delegação; • Gestão de conflitos; • Habilidade para construir network; • Planejamento e organização; • Gestão eficaz do tempo; • Facilidade para incorporar novas ferramentas e processos virtuais e eletrônicos; • Etc. 6 Quando determinamos a competência de um cargo / processo/ empresa, é muito importante que façamos uma definição clara do que ela significa para aquela empresa, naquele contexto. O ideal é que consigamos também defini-la por níveis para facilitar a avaliação e o entendimento dos requisitos conforme complexidade da função. Veja a seguir o exemplo de uma definição em uma determinada empresa: Negociação: 1. Demonstra habilidade para estabelecer negociações básicas. 2. Em todos os processos, busca identificar benefícios para ambos os lados, criando uma relação ganha-ganha. 3. Conhece com profundidade os produtos da companhia e suas aplicações, utilizando estes conhecimentos para melhorar as negociações. 4. Articula diferentes informações apresentando argumentação consistente e tecnicamente estruturada visando transmitir credibilidade e segurança. Pela definição você consegue entender o que representa a competência naquele contexto por nível de proficiência e complexidade da função. O nível que você vai exigir para um Comprador Sênior será diferente do requisito para um Assistente de Compras. Módulo 3: Etapa 4 – Análise de competência com base no CHA Vamos agora tentar entender a composição de uma competência através de seus elementos, o CHA. Como podemos evidenciar a competência? Vamos analisara competência Liderança: aqui entendida como a capacidade de influenciar e conduzir pessoas para alcançar objetivos profissionais e sociais. Você sabe quais conhecimentos estão embutidos nessa competência? Veja a seguir quais são eles: 7 • Técnicas de comunicação; • Técnicas de negociação; • Técnicas de planejamento; • Conhecimento do negócio; • Noções de orçamento e Finanças; • Conhecimento da dinâmica / psicologia das equipes; • Conhecimento técnico da área, etc. Entretanto, você ter o conhecimento de técnicas de comunicação não significa que você saiba se comunicar bem, você ter todos os conhecimentos listados não significa que você é um bom líder, são necessárias algumas habilidade em comunicação, tais como: • Dar feedback • Clareza, objetividade • Apresentação em publico • Capacidade de síntese Outras habilidades contidas na competência liderança podem ser • Administração de conflitos • Delegação • Coaching • Administração do tempo • Tomada de decisão • Priorização Mais uma vez, apenas os conhecimentos e a habilidade em concretizá-los em ações não significa que você está equipado para liderar uma equipe. O como você faz é extremamente importante e, com certeza o mais difícil de ser ensinado e aprendido, a atitude que é demonstrada por comportamentos tais como: • Flexibilidade; • Bom humor; • Empatia; • Autoconfiança; • Carisma; • Boa memória; 8 • Coragem; • Integridade; • Respeito. Módulo 3: Etapa 5 – Benefícios para a empresa ao implantar a gestão por competências Agora que já entendemos o que é competência, como ela pode ser demonstrada e avaliada em termos mais concretos, vamos ver qual a vantagem para uma empresa implantar um sistema de gestão por competências. Benefícios para as empresas: • Melhora o desempenho individual e das equipes; • Possibilita a identificação objetiva das necessidades de treinamentos, permitindo maior racionalização do investimento; • Permite alinhar objetivos e metas da organização e das equipes; • Reduz a subjetividade na seleção, avaliação, promoção, movimentação e/ou desligamento de pessoas; • Enriquece o perfil dos colaboradores, potencializando resultados; • Melhora o relacionamento entre gestores e equipes; • Aumenta a motivação e o comprometimento. Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre Competências. http://www.youtube.com/watch?v=ATD7UxN2mRU&feature=related Agora vamos ver quais são os passos para implementação de um modelo de Gestão por Competências. 1. Revisitar o planejamento estratégico da empresa e RH • Quais estratégias poderiam ser alavancadas através desse sistema? • Que tipos de competências são necessárias e não podemos perder? • Como vamos construir um “banco” dessas competências? • Como podemos desenvolvê-las? • As mesmas competências agora identificadas darão suporte para o planejamento a médio prazo? Enfim, fazer uma análise minuciosa para entender o que é necessário e pertinente no momento atual da organização. 9 2. Após essa análise, fazer o esboço do projeto para aprovação da alta direção. Nessa fase é muito importante destacar os resultados esperados e ao mesmo tempo “treinar” a alta direção no conceito. Não basta receber a aprovação para a implantação, é imprescindível obter o comprometimento da direção. 3. O terceiro passo é decisivo: é necessário envolver/comprometer todos os gestores com o projeto. Treiná-los no conceito, prepará-los para a mudança, convencendo-os dos ganhos que serão obtidos. Nunca haverá unanimidade de todos favoráveis ao projeto, então busque obter o apoio e comprometimento dos principais formadores de opinião. 4. Treinar todos os gestores, qualificando-os para terem sucesso nessa nova forma de gestão. Eles não podem ser expostos perante seus funcionários, precisam estar bem preparados. 5. Formar um grupo de trabalho multidisciplinar para definir as etapas de implantação do projeto. Esse grupo, que deverá ter representantes das diversas áreas, terá como uma de suas funções fazer a ponte entre o RH e sua área específica, comunicando o andamento do projeto, atualizando os gestores nos conceitos desenvolvidos e trazendo feedbacks para o grupo nortear os rumos do projeto. 6. Definir a(s) competência(s) organizacional (is), descrevendo seu significado para aquele contexto e validá-la(s) com a direção. 7. Definir os eixos profissionais e as competências profissionais, descrevendo-as em níveis de complexidade e proficiência. 8. Definir ferramentas para avaliação e gestão do processo - informatizadas ou não, dependendo do tamanho da organização, complexidade do sistema e disponibilidade financeira. 9. Preparar, cuidadosamente, o processo de comunicação aos funcionários em alguns casos é importante envolver o sindicato da categoria para evitar problemas futuros. Fazer a gestão da mudança - Por que mudar? O que eu profissional ganho com isso? Consequências, enfatizando as positivas, etc. 10. Definir a área piloto conforme critérios estratégicos: • Receptividade à mudanças; • Formadora de opinião; • Alto nível de competências - equipe de alta performance. 11. Mapear as competências, avaliar os profissionais, identificar os gaps, dar feedback e disponibilizar ferramentas de Treinamento, Desenvolvimento e Educação. 12. Avaliar a implantação do piloto e corrigir as falhas. 13. Definir o cronograma de implantação. 14. Integrar com os demais subsistemas de RH. 10 Sistema integrado de gestão por competências Sistema Integrado de Gestão por Competências Avaliação de Desempenho Cargos e Salários Recrutamento e Seleção Carreira e Remuneração Treinamento Desenvolvimento Educação Conforme demonstrado no quadro anterior, o Sistema de Gestão por Competências só servirá como impulsionador do desenvolvimento e da aprendizagem organizacional se integrar todos os processos de RH. Não faz sentido você ter um painel de competências para avaliar o desempenho e na hora de contratar alguém para sua equipe você solicitar um rol de competências diferentes, o que é muito comum acontecer nas organizações. Também, quando você pensar em qualificação e desenvolvimento da equipe, você precisa ter como referência as competências definidas na descrição de cargos, o que não quer dizer que elas nunca poderão mudar. Ao contrário, é preciso ter a consciência de que o conceito de competência é dinâmico. Competências valorizadas atualmente podem perder sua importância devido ao surgimento de inovações tecnológicas ou simplesmente por mudanças nos objetivos organizacionais. Com isso o desenvolvimento de competências essenciais requer aprendizagem organizacional e atualização contínua. Módulo 3: Etapa 6 – Aspectos que contribuem ou atrapalham o processo de implementação de um sistema de gestão por competências Por que em muitas empresas o sistema não sobrevive? Pesquisas mostram que muitas não obtêm sucesso devido a alguns fatores essenciais que deveriam ser analisados e avaliados no inicio do projeto, veja: • Treinamento da equipe de RH em gestão por competências; • Apoio, envolvimento e plena participação da alta direção; • Sensibilização, participação e envolvimento dos gestores e colaboradores; • Falta de capacitação dos gestores em gerir pessoas – imaturidade gerencial da organização; • Falhas no desenvolvimento do projeto; • Comunicação e relacionamento com o Sindicato; 11 • Dificuldades em administrar conflitos e resistência à mudança por parte dos colaboradores; • Complexidade do sistema – definições e níveis de competências x avaliaçãodos profissionais; • Falta de sistema / ferramenta de apoio; • Cultura empresarial não voltada à aprendizagem contínua; • Falta de indicadores para avaliação de desempenho dos programas de capacitação; • Não disponibilização de programas de capacitação e desenvolvimento, dentre outras. Atividade Na minha empresa, que nunca teve histórico de práticas de gestão de pessoas, foi desenvolvido um Sistema de Gestão por Competências, porém quando implantado verificou-se que a grande maioria dos profissionais foram avaliados no grau máximo de proficiência e domínio das competências necessárias, representando que eles estavam muitas vezes acima do requisito. Isso teve impacto também nas reivindicações por aumentos salariais, pois se a avaliação demonstrou que o domínio das competências estava tão bom, os salários não estavam compatíveis. Ocorre que a empresa não está num bom momento financeiro e seus resultados estão muito aquém dos esperados. O que a empresa deve fazer? Assinale a alternativa que você considera a mais adequada: a) Abortar o processo sem muitas explicações, afinal esse é um assunto sensível. b) Conceder os aumentos, já que o combinado foi pagar conforme aquisição das competências mesmo que essas não sejam mobilizadas. c) Pedir sua demissão, já que não foi capaz de realizar a tarefa conforme planejado. d) Reconhecer o erro, interromper o processo, comunicar muito bem à organização a razão – se necessário, fazer reuniões por setores para se assegurar de que a informação chegou a todos. 12 Gabarito da atividade • As alternativas a) e c) não demonstram profissionalismo nem respeito com os envolvidos. Também, deixaria a direção numa situação ruim, com perda de credibilidade. • A alternativa b) é uma péssima saída, pois aumentaria os custos da empresa que já não está indo bem. Além disso, reforçaria o mau uso do sistema, já que as avaliações ficaram bem acima do que parece ser a realidade – pessoas tão competentes e empresa com resultados ruins. Outra questão é que a empresa precisa deixar claro em sua política que ela não pagará por aquisição de competência, mas sim, quando for necessário que ela seja mobilizada, caso contrário, a empresa gastará muito mais do que o necessário e não conseguirá sustentar o sistema. • A alternativa d), embora não seja a mais confortável, demonstra humildade frente aos erros e a atitude de rever processos e posturas em busca de melhorias. Parece mais adequada se a empresa prezar transparência, ética e qualidade. Módulo 3: Etapa 7 – O papel do RH diante dos desafios de gestão Quando pensamos e analisamos o contexto atual, os cenários, os desafios da gestão dessa segunda década do século XXI e as tendências, nos colocamos a seguinte pergunta: Como o RH deve atuar para ajudar as empresas a enfrentarem todos esses desafios? Podemos responder: Tornando-se um processo essencial para a organização alavancar resultados utilizando o ser humano como diferencial estratégico através de políticas, práticas e processos estabelecidos a partir das estratégias da organização a curto, médio e longo prazos. Assim, podemos entender que o principal papel do processo de Gestão de Pessoas, sua missão, a razão de sua existência é: 1) Identificar e assegurar as competências atuais e futuras: Estamos vivendo um momento de escassez de competências e profissionais qualificados, consequentemente, para que possa responder a esse 13 desafio da gestão, o profissional de RH tem que ter esse tema como prioridade em sua agenda diária. 2) Fortalecer a competência das lideranças: Sabemos que muitos talentos deixam a organização por causa do chefe, portanto o desenvolvimento de líderes qualificados e inspiradores tornou-se um forte diferencial competitivo. 3) Promover o comprometimento dos empregados e a eficácia organizacional: É missão do processo de RH criar um ambiente que propicie a realização pessoal e profissional dos colaboradores, um ambiente que promova a motivação e o orgulho das pessoas que trabalham na organização de modo a se obter comprometimento e retenção dos talentos. 4) Desenvolver diferenciais humanos competitivos: Esse diferencial é o conjunto de qualifica¬ções e tecnologias essenciais, de difícil imitação por parte dos concorrentes, necessárias para o atingi¬mento dos objetivos estratégicos. 5) Assegurar que: As estratégias de RH estejam alinhadas com o planejamento da empresa, se¬jam constantemente revisadas, avaliadas, medidas e atualizadas. Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre o papel do RH no mundo corporativo com Elaine Saad. http://www.youtube.com/watch?v=2tGKDGZayek E como os profissionais de RH conseguirão executar sua missão? Quais os requisitos para o alto desempenho? 1) Em primeiro lugar, fazer parte da gestão da empresa. É impossível se obter um desempenho estratégico e diferenciado se o profissional não sabe para que rumo deve remar. 2) Em segundo lugar ter o reconhecimento efetivo de seu papel estratégico. Não adianta o discurso de que as pessoas são o maior patrimônio da empresa, é necessário que as ações da alta direção se pautem pelo respeito às políticas de valorização do trabalho do RH. Que objetivos e metas ligadas ao processo de Gestão de Pessoas façam parte do conjunto de objetivos e metas regularmente acompanhados, monitorados e cobrados pelos níveis mais altos de gestão. 3) Em terceiro lugar, é imprescindível que o representante da função RH participe dos processos decisórios, planejamentos e avaliação de resultados para que possa ter uma atitude pró ativa, que efetivamente contribua para os resultados. 4) E, por último, porém não menos importante, o RH só conseguirá que os três requisitos acima estejam presentes nas organizações se conseguir falar a linguagem dos negócios. Isto é, sustentar suas estratégias com 14 dados e fatos, fundamentados em pesquisas e análises de tendências e de benchmarking com o mercado. Agora eu quero que você pare e pense na seguinte questão: Você percebe que em sua empresa esses requisitos mínimos estão presentes para que o processo de Gestão de Pessoas possa trazer os resultados esperados? A seguir você encontrará uma lista com alguns requisitos, marque um X nas alternativas que correspondem aos requisitos presentes na sua empresa. o Os gerentes têm metas estabelecidas com relação à realização de avaliação de desempenho. o Os diretores têm metas estabelecidas com relação à melhoria do índice de satisfação na pesquisa anual de clima. o Os supervisores, chefes, gerentes têm que participar anualmente de cursos sobre liderança.14 o É cobrado dos níveis de liderança a redução do índice de rotatividade. o É cobrado dos níveis de liderança a redução do índice de acidentes. Papel do profissional de RH Tendo em mente que os requisitos para o desempenho do profissional estão presentes e que a missão da existência da função RH está compreendida, qual é então o papel que o profissional da área deve desempenhar? • Recomendar políticas e procedimentos de gestão RH que venham a atender as necessidades de assegurar as competências atuais e futuras e a retenção dos talentos e pessoas chave. • Implementar (via lideranças) as estratégias definidas. Não é o profissional de RH que implementa as políticas aprovadas. A esse profissional cabe instrumentalizar as lideranças para a implementação e gestão eficaz dessas estratégias. • Dar apoio ao desenvolvimento geral da organização. Essa função deve ter como foco o desenvolvimento da organização para que os Planos de Negócios e as estratégias possam ser executados.• Assessorar os funcionários em questões funcionais: direcionamento de carreira em complementação à avaliação de desempenho realizada pelo superior imediato, ou orientações quanto a alternativas para melhoria do desempenho e comportamento, etc. Tendo sempre o cuidado de não fazer pela liderança, mas sim, em sinergia com ela; • Prover os meios para atender as necessidades pessoais - documentação, informações, declarações. Enfim, qualquer procedimento de ordem burocrática que o empregado necessite para 15 sua vida particular: comprovação de renda e outros, declaração de vínculo empregatício, entre uma infinidade de demandas. • Acompanhar, prementemente, as tendências do mercado de trabalho e dos cenários de forma a manter a empresa atraente. Módulo 3: Etapa 8 – Características do perfil do profissional de gestão de pessoas E para cumprir com a missão da função RH, com o papel do profissional, para poder assegurar que os requisitos para o bom desempenho estejam presentes, você sabe me dizer qual é o perfil ideal para a pessoa que quer ser um profissional da área de Gestão de Pessoas? Leia a seguir os principais requisitos: • Conhecimento do ambiente de negócios e seus desafios. Sem esse conhecimento será muito difícil dar o suporte adequado aos gestores da empresa; • Orientação ao cliente – tentar ver as questões colocadas sob o ponto de vista do cliente – “calçar os sapatos dele”, para que juntos possam encontrar soluções que atendam a área específica, sem causar distúrbios na organização ou desrespeitando a legislação, o que na maioria das vezes é extremamente difícil! • Habilidade para desenvolver networks qualificados. É necessário criar uma rede que permita a troca de informações profissionais, muitas vezes sensíveis, e também a construção de parcerias para desenvolvimento de diversas estratégias que possam ser compartilhadas, visando menores custos e maior eficácia; • Ser um excelente comunicador para transmitir aos gestores e funcionários, de forma clara e objetiva, o que se pretende com as políticas e procedimentos adotados. Sempre com a preocupação de não proporcionar dependência do seu trabalho, o profissional de RH deverá transmitir aos seus clientes todas as informações e treiná-los de maneira que eles possam repetir as mesmas ações sem a sua presença; • Energia e habilidade para vender ideias. Ser capaz de influenciar as mudanças organizacionais essenciais para a obtenção dos resultados. Isto leva a uma capacidade de transformar ideias em palavras, oferecer apoio, ou até mesmo discordar. Estar sempre predisposto ao diálogo e a ouvir as opiniões do outro; • Conhecimento profundo do Ser Humano, da psicologia das organizações, do comportamento das equipes, das resistências a 16 mudanças e de outros temas relevantes relacionados ao comportamento humano; • Eterno Agente de Mudanças. O profissional dedicado ao processo de RH, além de ter a competência de aceitar e promover as mudanças necessárias deverá ter a competência para dar o suporte à organização para que ela consiga fazer a Gestão adequada das mudanças, pois todos sabem da necessidade de lidar com as resistências naturais do ser humano para com o novo, criando um ambiente propício à aprendizagem e inovação; • Visão sistêmica que é a capacidade de customizar soluções para os clientes, sem perder a noção do todo, dos impactos que uma ação em determinado local pode acarretar para os demais; • Capacidade para interpretar os sinais de novas tendências. Assim como o profissional de Marketing precisa estar atento às novas tendências de mercado e serviços, o profissional de RH precisa fazer o mesmo com relação a produtos e serviços para os clientes internos, a organização. Valores do profissional Além das competências mencionadas, um profissional que atue em Gestão de Pessoas precisa pautar sua conduta por alguns valores pessoais, para que ele/ela tenha reconhecimento e consiga realmente influenciar em sua área de atuação e formar parcerias saudáveis com os clientes internos, de modo que se faça uma junção do conhecimento especializado do profissional de RH com o conhecimento que o cliente tem a respeito da sua área. É muito importante que o profissional de RH não seja seduzido pela ideia de que possa ser a “solução para todos os problemas” da organização uma vez que os problemas são, na maioria das vezes, multifatoriais. Valores do Profissional de RH: Coragem Integridade Credibilidade Humildade Coragem para apontar questões, em qualquer nível hierárquico, que não estão condizentes com as políticas e valores da organização. Integridade que é o pré- requisito para obter a credibilidade necessária para exercer seu papel e a humildade para saber onde está o seu limite, para ouvir e para aprender continuamente. 17 Estigmas do RH Existem ainda alguns estigmas contra os quais o profissional de RH precisa lutar para obter credibilidade. Você sabe quais são eles? Assinale a seguir as visões antigas, os estigmas com relação à atividade de Gestão de Pessoas que ainda estão presentes em muitas organizações e que prejudicam a boa atuação e a reputação da área. O RH existe na empresa para: o Promover festas / eventos / treinamentos para motivar os funcionários; o O RH existe para ajudar os funcionários a resolver seus problemas pessoais; o O RH tem poder – é ele que admite, demite, dá aumento salarial, aplica medidas disciplinares, etc.; o O RH existe para apoiar o desenvolvimento da organização; o O processo de RH é um custo necessário; o O RH existe para processar a Folha de Pagamentos e fazer a parte burocrática / legal; o O RH existe para dar suporte ao alcance dos objetivos empresariais no que concerne à gestão das pessoas; o Não sei o que o pessoal de RH faz o dia inteiro. Pois é, ainda existem esses estigmas, esses preconceitos: • Promotor de festas e evento para motivar os funcionários; • Assistencialista; • Poder nas organizações; • Custo x Benefício; • Desatrelado da estratégia; • RH = DP; • Caixa preta; • Mero executor das decisões da diretoria. Esses preconceitos só serão eliminados com a conduta profissional moderna dos profissionais dessa área! 18 Módulo 3: Etapa 9 – Estrutura organizacional adotada atualmente pela gestão de pessoas No quadro a seguir você verá a ilustração da estruturação que muitas empresas estão adotando para seus processos de Gestão de Pessoas. No Centro de Serviços é onde todo o processo transacional de RH é realizado. Para que essa área tenha um alto desempenho, é necessária uma boa infraestrutura de comunicação e informação. Essa área define como os processos serão operacionalizados, além de fornecer a assessoria aos colegas com relação à legislação e sua aplicação. Essa área necessita de profissionais com níveis de experiência variados: Juniors, plenos e sêniores dependendo do nível de complexidade da organização e seu porte. Esse setor é também o celeiro de profissionais para as demais áreas, principalmente para a área Especialista. O RH Especialista é o setor encarregado de desenvolver políticas, procedimentos e ferramentas de gestão em suas áreas de especialidades, visando ao atendimento às demandas das diversas áreas e o suporte às necessidades dos colegas generalistas. Vamos ver um exemplo, o processo de R&S: o especialista define a política e junto com o Centro de Serviços a forma como deve ser operacionalizada. O 19 especialista define que ferramentas deverão ser utilizadas para a seleção de candidatos para as diferentes famílias de cargos e outras regras. O Centrode Serviços busca e desenvolve os fornecedores que possam atender as estratégias estabelecidas para que se consiga o melhor profissional possível dentro do perfil requisitado pelo generalista. E o RH Generalista, também chamado de Consultoria Interna ou Business Partner, expressão em inglês que significa o “parceiro de negócios”, é o profissional de RH que se torna especialista no negócio de uma ou mais Unidades ou Departamentos dentro da empresa. Esse profissional, geralmente precisa ter um perfil mais sênior e pode ser oriundo das áreas mencionadas anteriormente. O papel dele é trazer o olhar do RH, compatibilizando-o com as necessidades do negócio. A consultoria interna tem como definição uma atividade meio orientada para suporte às atividades fins. O consultor de RH deve ajudar o seu cliente a perceber, entender e agir sobre os fatos que ocorrem em seu ambiente. Este perfil tem a função de ligação entre o RH corporativo e o próprio cliente interno. Um dos principais objetivos da implantação do setor de consultoria interna de recursos humanos seria fornecer informações de maneira mais rápida e descentralizada para a organização, agilizando dessa forma o fluxo de produtividade interno. Para que essa estrutura funcione eficazmente, precisa haver um forte espírito de equipe desenvolvido, políticas e processos bem definidos e informatizados, total sinergia e comunicação contínua entre as três áreas e das três áreas com toda a organização. O consultor interno, como aponta Block (1991), por ser uma área ainda muito recente teria sua posição em alguma parte ainda não muito bem definida dentro da hierarquia organizacional, sendo um facilitador com orientação para a prestação de suporte às mais diversas áreas da corporação. Assim, o consultor interno tem como papel principal ser uma pessoa com certo grau de influência, porém, sem o poder direto para efetivar mudanças organizacionais ou programas de implementação. Com a finalidade de evitar que o Consultor perca a sua identidade funcional e, ao mesmo tempo, enriqueça a sua atuação conhecendo outras áreas da organização, o Job Rotation deve ser aplicado, fazendo a rotatividade dos Consultores Internos pelos diversos setores da empresa. É interessante que, na medida do possível, se utilize o Job Rotation não só entre os generalistas, mas também entre os profissionais das três áreas. 20 E, mais importante ainda, é que esses profissionais exercitem as competências abaixo diariamente: Aprender a aprender, a desaprender e a reaprender e equilíbrio e discernimento. • Para separar o importante do trivial; • Para fazer escolhas / tomar decisões; • Para ter qualidade de vida (hobby – leitura – família – saúde – esportes – etc.); • Para ter um ótimo desempenho e SER FELIZ.
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