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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

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que seja realizada esta modulação, exige-se o voto de 2/3 (dois terços) dos membros 
do STF (maioria qualificada). 
STF. Plenário. RE 586453/SE, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 20/2/2013 (Info 695 STF). 
 
O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. 
Não se pode utilizar a reclamação, que é uma via excepcional, como se fosse um incidente de 
uniformização de jurisprudência. 
STF. Primeira Turma. Rcl 11477 AgR/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012 (Info 668 STF). 
 
Possibilidade de o STF modificar entendimento firmado em controle concentrado 
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, em ADI e ADC, produzem eficácia contra todos e 
efeito vinculante. 
Tais efeitos não vinculam, contudo, o próprio STF. Assim, se o STF decidiu, em uma ADI ou ADC, que 
determinada lei é CONSTITUCIONAL, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu entendimento e decidir que 
esta mesma lei é INCONSTITUCIONAL por conta de mudanças no cenário jurídico, político, econômico ou 
social do país. 
As sentenças contêm implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, de modo que as alterações 
posteriores que alterem a realidade normativa, bem como eventual modificação da orientação jurídica 
sobre a matéria, podem tornar inconstitucional norma anteriormente considerada legítima 
(“inconstitucionalidade superveniente”) (obs: a expressão inconstitucionalidade superveniente foi 
utilizada aqui em sentido diferente da situação em que uma lei anterior à CF/88 torna-se incompatível 
com o novo Texto Constitucional. Os autores afirmam que neste caso houve uma “não recepção”, não se 
podendo falar em “inconstitucionalidade superveniente”). 
Esta mudança de entendimento do STF sobre a constitucionalidade de uma norma pode ser decidida 
durante o julgamento de uma reclamação constitucional. 
STF. Plenário. Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18/4/2013. 
 
 
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É possível que o STF, por meio de reclamação, faça a (re)interpretação de decisão proferida em controle 
de constitucionalidade abstrato. 
Ao julgar uma reclamação, o STF realiza um juízo de confronto e de adequação entre o objeto (ato 
impugnado) e o parâmetro (decisão do STF tida por violada). Isso pode fazer com que se conclua pela 
necessidade de redefinição do conteúdo e do alcance do parâmetro (decisão que havia sido proferida). 
Ao analisar uma reclamação, o STF faz uma espécie de “balançar de olhos” (expressão cunhada por Karl 
Engisch) entre o ato impugnado (objeto) e que havia sido decidido (parâmetro) e poderá chegar a 
conclusão diferente do que já tinha deliberado anteriormente. 
É por meio da reclamação, portanto, que as decisões do STF permanecem abertas a esse constante 
processo hermenêutico de reinterpretação realizado pelo próprio Tribunal. 
A reclamação, dessa forma, constitui um instrumento para a realização de mutação constitucional e de 
inconstitucionalização de normas que muitas vezes podem levar à redefinição do conteúdo e do alcance, 
e até mesmo à superação, total ou parcial, de uma antiga decisão. 
STF. Plenário. Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18/4/2013. 
 
Petição inicial da ADI/ADC 
Se a petição inicial da ADI ou da ADC for assinada por advogado, deverá ser acompanhada de 
procuração. Exige-se que essa procuração tenha poderes especiais e indique, de forma específica, os atos 
normativos que serão objeto da ação. 
STF. Plenário. ADI 4430/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 27, 28 e 29/6/2012 (Info 672 STF). 
 
Resolução do TSE pode ser objeto de ADI 
A Resolução do TSE pode ser impugnada no STF por meio de ADI se, a pretexto de regulamentar 
dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador. 
STF. Plenário. ADI 5104 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info 747). 
 
Cumulação de ADI com ADC 
O legitimado poderá ajuizar uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) requerendo a 
inconstitucionalidade do art. XX da Lei ZZZ e, na mesma ação, pedir que o art. YY seja declarado 
constitucional? É possível, em uma mesma ação, cumular pedido típico de ADI com pedido típico de ADC? 
SIM. O STF entendeu que é possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única 
demanda de controle concentrado. 
A cumulação de ações, neste caso, além de ser possível, é recomendável para a promoção dos fins a que 
destinado o processo objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, destinado à defesa, em 
tese, da harmonia do sistema constitucional. 
A cumulação objetiva permite o enfrentamento judicial coerente, célere e eficiente de questões 
minimamente relacionadas entre si. 
Rejeitar a possibilidade de cumulação de ações, além de carecer de fundamento expresso na Lei 
9.868/1999, traria como consequência apenas o fato de que o autor iria propor novamente a demanda, 
com pedido e fundamentação idênticos, ação que seria distribuída por prevenção. 
STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786). 
 
Nova ADI por inconstitucionalidade material contra ato normativo já reconhecido formalmente constitucional 
A Lei “X” foi questionada no STF por meio de ADI. Na ação, o autor afirmou que a lei seria formalmente 
inconstitucional. O STF julgou a ADI improcedente, declarando a lei constitucional. Quatro anos mais 
tarde, outro legitimado ajuíza nova ADI contra a Lei “X”, mas desta vez alega que ela é materialmente 
inconstitucional. 
Essa ação poderia ter sido proposta? O STF poderá, nesta segunda ação, declarar a lei materialmente 
inconstitucional? 
SIM. Na primeira ação, o STF não discutiu a inconstitucionalidade material da Lei “X” (nem disse que ela 
era constitucional nem inconstitucional do ponto de vista material). 
 
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Logo, nada impede que uma segunda ADI seja proposta questionando, agora, a inconstitucionalidade 
material da lei e nada impede que o STF decida declará-la inconstitucional sob o aspecto material. 
O fato de o STF ter declarado a validade formal de uma norma não interfere nem impede que ele 
reconheça posteriormente que ela é materialmente inconstitucional. 
STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787). 
 
Efeitos da declaração de inconstitucionalidade e ação rescisória 
A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não 
produz a automática reforma ou rescisão das decisões proferidas em outros processos anteriores que 
tenham adotado entendimento diferente do que posteriormente decidiu o Supremo. 
Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o 
caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC 1973 (art. 966, V do CPC 
2015), observado o prazo decadencial de 2 anos (art. 495 do CPC 1973 / art. 975 do CPC 2015). 
Segundo afirmou o STF, não se pode confundir a eficácia normativa de uma sentença que declara a 
inconstitucionalidade (que retira do plano jurídico a norma com efeito “ex tunc”) com a eficácia 
executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa decisão. 
STF. Plenário. RE 730462/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015 (repercussão geral) (Info 787). 
 
ADC e controvérsia judicial relevante 
A Lei 9.868/99, ao tratar sobre o procedimento da ADC, prevê, em seu art. 14, os requisitos da petição 
inicial. Um desses requisitos exigidos é se demonstre que existe controvérsia judicial relevante sobre a lei 
objeto da ação. 
Em outras palavras, só cabe ADC se houver uma divergência na jurisprudência sobre a constitucionalidade 
daquela lei, ou seja, é necessário que existam juízes ou Tribunais decidindo que aquela lei é 
inconstitucional. Se não existirem decisões contrárias à lei, não há razão para se propor a ADC. 
É possível que uma lei, dias após ser editada, já seja objeto de ADC?
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