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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

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durante a primeira metade do prazo. 
 
Normalmente, no direito em geral, quando o prazo prescricional é interrompido, ele volta a correr do zero, 
ou seja, reinicia-se o prazo. A Fazenda Pública, no entanto, goza de um benefício quanto a este aspecto. Se 
o prazo prescricional para ajuizar ação contra a Fazenda Pública é interrompido, ele voltará a correr pela 
metade do tempo. Ex: João sofreu um ato ilícito praticado pelo Estado em 2004. Logo, ele teria até 2009 
para ajuizar a ação de indenização. Em 2008, ocorre algum fato que interrompe a prescrição (art. 202 do 
CC). Isso significa que o prazo de João para ajuizar a ação será reiniciado, mas não integralmente e sim pela 
metade. Dessa forma, João terá mais 2 anos e 6 meses para ajuizar a ação. Esse privilégio da Fazenda 
Pública (bastante criticável) está previsto no art. 9º do Decreto n. 20.910/1932. 
 
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RESPONSABILIDADE POR MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DO SUS 
A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro médico 
ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
De acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é 
do Município, a quem compete responder em tais casos. 
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/5/2015 (Info 563). 
 
PRAZO PRESCRICIONAL 
O prazo prescricional aplicável às ações de indenização contra a Fazenda Pública é de 5 (CINCO) anos, 
conforme previsto no Decreto 20.910/32, e não de três anos (regra do Código Civil), por se tratar de 
norma especial, que prevalece sobre a geral. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.251.993-PR, Rel. Min. Mauro Campbell, julgado em 12/12/2012 (recurso repetitivo) 
(Info 512). 
 
PRAZO PRESCRICIONAL E PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO 
É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha ação de 
indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de ônibus). 
O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 14 c/c art. 27, do CDC. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.277.724-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015 (Info 563). 
 
INÍCIO DO PRAZO PRESCRICIONAL 
O termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de indenização contra ato do Estado 
ocorre no momento em que constatada a lesão e os seus efeitos, conforme o princípio da actio nata. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.333.609-PB, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2012 (Info 507). 
 
RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO PELA FAZENDA E RENÚNCIA AO PRAZO PRESCRICIONAL 
Caso o Poder Público tenha reconhecido administrativamente o débito, o termo inicial do prazo prescricional 
de 5 anos para que servidor público exija seu direito será a data desse ato de reconhecimento. 
Para o STJ, o reconhecimento do débito implica renúncia, pela Administração, ao prazo prescricional já 
transcorrido. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 51.586-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 13/11/2012 
(Info 509). 
 
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA 
DESAPROPRIAÇÃO 
DISPENSA DE CITAÇÃO DO CÔNJUGE NA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA 
Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel desapropriado 
dispensa a do respectivo cônjuge. 
A desapropriação por utilidade pública rege-se pelo Decreto-Lei nº 3.365/41. 
A ação de desapropriação é uma ação de natureza real, uma vez que tem por objeto (pedido) a 
propriedade de um bem imóvel. 
O CPC determina que, nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários, tanto o réu como o seu 
cônjuge devem ser citados (§ 1º do art. 10). 
Essa regra não se aplica nas ações de desapropriação por utilidade pública. Se a Fazenda Pública ajuíza ação 
de desapropriação por utilidade pública contra o proprietário, o seu cônjuge não precisará ser citado. Isso 
porque o art. 16 do DL 3.365/1941 (Lei das Desapropriações) dispõe que a “citação far-se-á por mandado na 
pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a da mulher”. Logo, não se aplica o § 1º do art. 10 do 
CPC considerando que esta é norma geral em relação ao art. 16 do DL 3.365/41, que é lei específica. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.404.085-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 5/8/2014 (Info 547). 
 
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VALOR DA INDENIZAÇÃO 
O art. 26 do Decreto-Lei n. 3.365/41 determina que o valor da indenização será calculado com base no 
preço do imóvel no momento da perícia (avaliação): “no valor da indenização, que será contemporâneo 
da avaliação, não se incluirão os direitos de terceiros contra o expropriado.” 
 
A avaliação de que trata esse artigo é a administrativa ou a judicial? Em outras palavras, o valor da 
indenização a ser paga será calculado com base no preço do imóvel no momento da avaliação 
administrativa ou judicial? 
No momento da avaliação judicial. Nas desapropriações para fins de reforma agrária, o valor da 
indenização deve ser contemporâneo à avaliação efetivada em juízo, tendo como base o laudo adotado 
pelo juiz para a fixação do justo preço, pouco importando a data da imissão na posse ou mesmo a da 
avaliação administrativa. 
De fato, a avaliação efetivada em juízo, ordinariamente, deverá se reportar à época em que for realizada 
– e não ao passado – para fixar a importância correspondente ao bem objeto da expropriação, haja vista 
que exigir que esses trabalhos técnicos refiram-se à realidade passada (de anos, muitas vezes) pode 
prejudicar a qualidade das avaliações e o contraditório. 
Logo, quando o art. 26 do DL 3.365/41 afirma que a indenização, em regra, deverá corresponder ao valor 
do imóvel apurado na data da perícia, ela está se referindo à avaliação judicial. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.459.124-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, 18/9/2014 (Info 549). 
 
DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA E ÁREA DE RESERVA LEGAL 
Não se encontrando averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva florestal não poderá ser 
excluída da área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da produtividade do imóvel rural. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.235.220-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/4/2014 (Info 539). 
 
O novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) modificou o tratamento legal e passou a dizer que as 
reservas florestais devem ser registradas no órgão ambiental. Apesar disso, o STJ decidiu recentemente 
que o Novo Código Florestal manteve inalterada a intenção do legislador de exigir a perfeita identificação 
da área de reserva legal, modificando apenas o órgão responsável pelo registro e manutenção desses 
dados, não se justificando a alteração do entendimento jurisprudencial a respeito da matéria. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1297128/BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 06/06/2013. 
 
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA 
INDENIZAÇÃO PAGA AO PROMISSÁRIO COMPRADOR NO CASO DE DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA 
O promissário comprador do imóvel tem direito de receber a indenização no caso deste imóvel ter sofrido 
desapropriação indireta, ainda que esta promessa não esteja registrada no Cartório de Registro de Imóveis. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.204.923-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/3/2012 (Info 493). 
 
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA NÃO SE CONFUNDE COM LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA 
A limitação administrativa distingue-se da desapropriação, uma vez que nesta há transferência da 
propriedade individual para o domínio do expropriante, com integral indenização; e naquela há, apenas, 
restrição ao uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários, sem qualquer indenização. 
Não há desapropriação indireta sem que haja o efetivo apossamento da propriedade pelo Poder Público. 
Desse modo,
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