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Competência Jurisdicional

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COMPETÊNCIA 
 
 
É o resultado de critérios para distribuir entre vários órgãos as atribuições 
relativas ao desempenho da jurisdição. 
Princípios relacionados à distribuição de competência: 
a) Princípio da tipicidade: segundo qual a competência dos órgãos 
constitucionais são apenas as enumeradas na CF/88; 
b) Princípio da indisponibilidade: segunda qual a competência dos 
órgãos constitucionais são apenas as enumeradas na CF/88. 
 
COMO EXCEÇÃO: há o reconhecimento de COMPETÊNCIAS IMPLÍCITAS 
(implied powers) e a REGRA DA KOMPETENZKOMPETENZ (todo juiz tem 
competência para julgar sobre sua própria competência. Trata-se de uma 
competência mínima). 
 
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO: regra pela qual a competência fixada pelo 
registro ou pela distribuição da petição inicial, permanecerá a mesma até a 
prolação da decisão (art. 43, do NCPC). 
Exceções: 
a) Supressão do órgão judiciário; 
b) Alteração superveniente de competência absoluta (matéria, função ou 
pessoa); contudo, essa “regra de exceção” não será aplicada, caso a alteração 
de competência absoluta ocorrer após a prolação da sentença, assim não 
haverá quebra da regra da perpetuação da jurisdição; 
c) Se houver interesse de menores, a regra da perpetuação da jurisdição 
pode ceder lugar à solução que se afigure mais favorável aos do menor 
(julgado do STJ); 
 
DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA: tais regras são aplicáveis se houver 
mais de um juiz abstratamente competente, ocorrendo de forma alternativa e 
aleatória. As regras de distribuição de competência são de ordem pública. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: 
Competência: de foro: local onde o órgão exerce suas funções; e de juízo: 
regula a competência entre as varas, cartórios ou unidades administrativas. 
Competência: Originária e Derivada: normalmente atribuída a tribunais, mas 
há exceções como os embargos infringentes de alçada (art.34 da LEF); 
Competência absoluta e relativa 
Antes de avançar no entendimento deste utilíssimo critério 
classificatório, é necessário entender o sistema adotado pelo NCPC que 
consagra regras de TRANSLATIO JUDICI, seguindo o seguinte regime 
jurídico: 
• A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção 
do processo. Como exceções a essa regra, temos os processos que tramitam 
nos Juizados Especiais e competência internacional. 
• A decisão sobre a alegação de incompetência deverá ser proferida 
imediatamente após a manifestação da outra parte (art.64, §2º, NCPC); 
• A incompetência não gera automática invalidade dos atos decisórios 
praticados, salvo decisão judicial em sentido contrário do juiz competente 
(art.64, §4º); 
• O regramento da incompetência na ação rescisória (art.968, §§4º e 5º do 
NCPC), estruturado para o total aproveitamento da ação rescisória perante um 
tribunal. 
 
ABSOLUTA RELATIVA 
Criada para atender ao interesse 
público 
Criada para atender precisamente os 
interesses das partes 
Alegável a qualquer tempo, por 
qualquer das partes, ou de oficio pelo 
julgador (art. 64, §1º do NCPC). 
Somente pelo réu, na contestação, 
sob pena de preclusão e prorrogação 
da competência do juízo. O MP pode 
alegar nas causas em que atuar. O 
assistente simples não pode alegar 
em favor do assistido. 
Defeito grave, transitado em julgado 
possibilita a desconstituição por Ação 
Rescisória (art. 966, II, NCPC). 
Não pode será alterada pela vontade 
das partes. 
As partes podem modificar regras de 
competência relativa, por meio do foro 
de eleição (art. 65, NCPC) ou pela 
não alegação de incompetência 
relativa (art. 65 do NCPC). 
Não pode ser alterada por conexão ou 
continência 
Pode ser alterada por conexão ou 
continência. 
Espécies: em razão da matéria, da 
pessoa e funcional. Competência 
em razão do valor da causa pode ser 
absoluta se extrapolar os limites 
previstos pelo legislador. Em alguns 
casos, a competência territorial é 
absoluta. 
Competência territorial em regra é 
relativa, além da competência pelo 
valor da causa que ficar aquém do 
estabelecido em lei. 
Mudança superveniente de 
competência absoluta constitui uma 
das exceções a regra da perpetuação 
da jurisdição. 
Mudança superveniente é irrelevante 
para o processo. 
 
FOROS CONCORRENTES: ocorre quando há mais de um foro competente 
para apreciar a demanda.1 
 
1
 Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de 
situação da coisa. 
§ 1 O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio 
não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de 
terras e de nunciação de obra nova. 
 
FORUM SHOPPING: é o nome que se dá ao exercício do direito potestativo de 
escolha pelo autor de um entre diversos foros concorrentes. 
FORUM NON CONVENIENS: é a doutrina escocesa que, aplicando os 
princípios da boa-fé e da competência adequada, com a finalidade de evitar o 
exercício abusivo do forum shopping pelo autor2, possibilita ao juiz recusar a 
prestação jurisdicional, se entender comprovada a existência de outra 
jurisdição, invocada como concorrente e mais adequada para atender aos 
interesses das partes e aos reclamos da justiça em geral. 
 
COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL: nada mais é que aquela prevista na CF 
para os órgãos que exercem a jurisdição. A polêmica existente consiste na 
natureza jurídica de uma decisão proferida por juiz constitucionalmente 
incompetente (juiz estadual que decida causa em há interesse da União, fora 
das hipóteses que a CF autoriza). Calmon de Passos sustente que seria uma 
não-decisão (plano de existência), contudo a corrente majoritária sustenta 
tratar-se de uma decisão inválida (plano de validade) – constitui-se inclusive 
em vício transrescisório (art.966, inc. II, NCPC). 
 
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: consiste no conjunto de regras que 
determinam as hipóteses em que a jurisdição brasileira deve ou não atuar (art. 
21/24 do NCPC). Ela se subdivide em: 
a. Competência cumulativa ou concorrente: engloba hipóteses em que 
a jurisdição estrangeira pode também atuar, inclusive as decisões estrangeiras, 
se homologadas pelo STJ, podem produzir efeitos no Brasil. 
 
Hipóteses (art. 21 e 22 do NCPC): quando...: I - o réu, qualquer que seja a 
sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser 
cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no 
Brasil; IV - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no 
Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de 
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; V - 
decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou 
residência no Brasil; VI - em que as partes, expressa ou tacitamente, se 
submeterem à jurisdição nacional. 
 
A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e 
não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma 
causa e das que lhe são conexas. A pendência de causa perante a jurisdição 
brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando 
exigida para produzir efeitos no Brasil.(ver art. 24 e 25 do NCPC). 
 
 
2
 Exemplo de exercício abusivo se dá quando o autor escolhe determinado foro apenas 
para dificultar a defesa do demandado ou impedir que o processo tenha seguimento, sem 
que aufira qualquer vantagem (caso Universal). 
 
b. Competência internacional exclusiva (art. 23 do NCPC): compete 
com exclusividade e unicamente à jurisdição brasileira, decidir sobre: I - ações 
relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, 
proceder à confirmação detestamento particular e ao inventário e à partilha de 
bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade 
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, 
separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou 
tenha domicílio fora do território nacional. 
 
Critérios determinativos da distribuição de competência: 
1º) Critério objetivo: utiliza os elementos da demanda (partes, causa de pedir 
e pedido) para distribuir a competência. Dele derivam a competência em 
razão da pessoa/partes (ratione personae) – ex. vara de Fazenda Pública, e 
a competência em razão da matéria/causa de pedir (ratione materiae), que 
são competências absolutas. A competência em razão do valor da 
causa/pedido também deriva do presente critério, contudo ela pode ser 
absoluta ou relativa. A competência do JEF e JEFP sempre será absoluta se o 
valor da causa estiver dento do teto legal. No tocante ao JEC e demais 
procedimentos, a competência será relativa quando o valor da causa estiver 
abaixo do limite legal e será absoluta quando estiver acima do limite legal. 
Importa destacar que a Lei n.º 9099/95 considera ineficaz a sentença no que 
exceder ao teto legal. 
2º) Critério territorial: leve em conta o território, lugar, foro. Em regra, relativa. 
3º) Critério funcional: é absoluta. 
Polêmica: no tocante a natureza da competência territorial na Ação Civil 
Pública, há que sustente ser competência funcional e há quem sustente 
tratar-se de competência territorial absoluta. 
 
 
Principais regras de competência territorial: puro texto de lei... 
 
Art. 46. A ação fundada em direito 
pessoal ou em direito real sobre 
bens móveis será proposta, em 
regra, no foro de domicílio do réu. 
 
§1 Tendo mais de um domicílio, o 
réu será demandado no foro de 
qualquer deles. 
 
§2 Sendo incerto ou desconhecido o 
domicílio do réu, ele poderá ser 
demandado onde for encontrado ou 
no foro de domicílio do autor. 
 
§3 Quando o réu não tiver domicílio 
ou residência no Brasil, a ação será 
proposta no foro de domicílio do 
autor, e, se este também residir fora 
do Brasil, a ação será proposta em 
qualquer foro. 
 
§4 Havendo 2 (dois) ou mais réus 
com diferentes domicílios, serão 
demandados no foro de qualquer 
deles, à escolha do autor. 
 
§5 A execução fiscal será proposta 
no foro de domicílio do réu, no de 
sua residência ou no do lugar onde 
for encontrado. 
 
Art. 47. Para as ações fundadas 
em direito real sobre imóveis é 
competente o foro de situação da 
coisa. 
 
§1 O autor pode optar pelo foro de 
domicílio do réu ou pelo foro de 
eleição se o litígio não recair sobre 
direito de propriedade, 
vizinhança, servidão, divisão e 
demarcação de terras e de 
nunciação de obra nova. 
 
§2 A ação possessória imobiliária 
será proposta no foro de situação 
da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta. 
 
Art. 48. O foro de domicílio do 
autor da herança, no Brasil, é o 
competente para o inventário, a 
partilha, a arrecadação, o 
cumprimento de disposições de 
última vontade, a impugnação ou 
anulação de partilha extrajudicial e 
para todas as ações em que o 
espólio for réu, ainda que o óbito 
tenha ocorrido no estrangeiro. 
 
 
 
Parágrafo único. Se o autor da 
herança não possuía domicílio 
certo, é competente: 
I - o foro de situação dos bens 
imóveis; 
II - havendo bens imóveis em foros 
diferentes, qualquer destes; 
III - não havendo bens imóveis, o 
foro do local de qualquer dos bens 
do espólio. 
 
Art. 49. A ação em que o ausente 
for réu será proposta no foro de seu 
último domicílio, também 
competente para a arrecadação, o 
inventário, a partilha e o 
cumprimento de disposições 
testamentárias. 
 
Art. 50. A ação em que o incapaz 
for réu será proposta no foro de 
domicílio de seu representante ou 
assistente. 
 
Art. 51. É competente o foro de 
domicílio do réu para as causas em 
que seja autora a União. 
 
Parágrafo único. Se a União for a 
demandada, a ação poderá ser 
proposta no foro de domicílio do 
autor, no de ocorrência do ato ou 
fato que originou a demanda, no de 
situação da coisa ou no Distrito 
Federal. 
 
Art. 52. É competente o foro de 
domicílio do réu para as causas em 
que seja autor Estado ou o Distrito 
Federal. 
 
Parágrafo único. Se Estado ou o 
Distrito Federal for o demandado, a 
ação poderá ser proposta no foro de 
domicílio do autor, no de ocorrência 
do ato ou fato que originou a 
demanda, no de situação da coisa 
ou na capital do respectivo ente 
federado. 
 
Art. 53. É competente o foro: 
I - para a ação de divórcio, 
separação, anulação de casamento 
e reconhecimento ou dissolução de 
união estável: 
a) de domicílio do guardião de filho 
incapaz; 
b) do último domicílio do casal, caso 
não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se nenhuma 
das partes residir no antigo 
domicílio do casal; 
 
II - de domicílio ou residência do 
alimentando, para a ação em que se 
pedem alimentos; 
 
III - do lugar: 
a) onde está a sede, para a ação 
em que for ré pessoa jurídica; 
b) onde se acha agência ou 
sucursal, quanto às obrigações que 
a pessoa jurídica contraiu; 
c) onde exerce suas atividades, 
para a ação em que for ré 
sociedade ou associação sem 
personalidade jurídica; 
d) onde a obrigação deve ser 
satisfeita, para a ação em que se 
lhe exigir o cumprimento; 
e) de residência do idoso, para a 
causa que verse sobre direito 
previsto no respectivo estatuto; 
f) da sede da serventia notarial ou 
de registro, para a ação de 
reparação de dano por ato praticado 
em razão do ofício; 
IV - do lugar do ato ou fato para a 
ação: 
a) de reparação de dano; 
b) em que for réu administrador ou 
gestor de negócios alheios; 
V - de domicílio do autor ou do local 
do fato, para a ação de reparação 
de dano sofrido em razão de delito 
ou acidente de veículos, inclusive 
aeronaves. 
 
 
MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: Só há modificação de competência 
relativa. Ela pode ser voluntária ou legal. São formas de modificação voluntária: 
a) não alegação de incompetência relativa; e b) foro de eleição. São formas 
legais: a conexão, a continência, imóvel situado em mais de uma comarca e 
ação acessória com ação principal. 
 
ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA: é alegada em preliminar de 
contestação, deve-se atentar para sua alegação mesmo em ações cautelares, 
devido a eventual prorrogação de competência. 
 
FORO DE ELEIÇÃO: (art. 63, NCPC) a eleição de foro SÓ produz efeito 
quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado 
negócio jurídico. O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
Há quem sustente (julgados e parte da doutrina) sua inaplicabilidade a ações 
cuja causa petendi decorra de fatos jurídicos externos ao negócio jurídico (p.ex. 
defeitos do negócio jurídico, causas de nulidade do contrato...). 
Abusividade da cláusula de eleição de foro: será considerada abusiva a 
cláusula de eleição de foro em: 1) contratos de adesão; 2) se a cláusula 
inviabilizar ou resultar especial dificuldade de acesso ao Judiciário; ou 3) se o 
aderente não possui intelecção suficiente para compreender as consequências 
de sua adoção. 
Desde que anteriormente ouvido o autor da ação (art. 10, NCPC), pode ser 
reconhecida a abusividade de ofício, contudo somente até o ato citatório 
(preclusão para o juiz). Após a citação, somente por provação do réu em 
preliminar contestação, sob pena de preclusão. 
O NCPC inovou ao estender a possibilidade de se reconhecer como abusiva a 
cláusula de eleição de foro em quaisquer contratos. O CPC/73 somente aos 
de adesão. 
 
CONEXÃO E CONTINÊNCIA: continênciaé uma espécie de conexão. 
Conexão é um fato jurídico de vínculo entre duas ou mais ações, que pode 
gerar diversos efeitos a depender do instituto jurídico do qual seja pressuposto. 
No presente estudo, ela é analisada como pressuposto/fato jurídico 
para/ensejador de modificação de competência relativa, não se devendo, 
contudo, olvidar que ela pode constituir pressuposto para a suspensão de 
processo – art.313, V, “a”, do NCPC, ou mesmo para a reconvenção. 
O objetivo da reunião de ações é a promoção de eficiência processual e evitar 
decisões contraditórias. 
As regras de conexão são de ordem pública (art. 55 do NCPC). Estando 
presente, o juiz de ofício deve determinar a remessa dos autos ao foro/juízo 
prevento, que possui competência funcional para analisar causas conexas 
(competência absoluta). 
O conceito de conexão é jurídico-positivo, tendo o NCPC mantido o conceito do 
CPC/73 como regra geral (Teoria de Matteo Pescattore), mas inovando ao 
determinar os efeitos da conexão para outras hipóteses, assim: “Duas ou mais 
ações são conexas quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir” 
(cláusula fechada). Contudo, se estiveram pendentes duas ou mais ações que 
“possam gerar o risco de decisões contraditórias ou conflitantes devem elas ser 
reunidas, mesmo que não sejam conexas” (cláusula aberta). FDJ sustenta 
abrigar esta última hipótese espécies de conexão, que compreendem casos em 
que a mesma relação jurídica está sendo discutida em ações distintas (ex.: 
ações de despejo e ação de consignação em pagamento de alugueis/ relação 
jurídica locatícia) – (Teoria Materialista/ Olavo de Oliveira Neto), ou em que há 
relação de prejudicialidade ou preliminariedade entre duas ou mais ações 
(ação de reconhecimento de paternidade e ação de alimentos). Deve-se, ainda, 
atentar para os incisos I e II do §2º do art. 55 do NCPC, aplicando os efeitos 
jurídicos da conexão “à execução de título extrajudicial e à ação de 
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico” (conexão por prejudicialidade) e 
“às execuções fundadas no mesmo título executivo.”. 
No tocante à continência (um pedido abrange o outro: Ação 1 – nulidade do 
contrato; Ação 2 – nulidade de cláusula), apenas, cuidado para não confundi-la 
com a litispendência (Ação 1 – dano material e moral, Ação 2 – dano material) 
e fixar a seguinte regra: “quando houver continência e a ação continente tiver 
sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida 
sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão 
necessariamente reunidas.”. 
Formas de alegação: autor na petição inicial já pede a distribuição por 
dependência (art. 286, I, NCPC), ao réu cabe alegar em preliminar de 
contestação e o juiz pode conhecer de ofício. 
Prevenção: é o critério que determina em qual dos juízos serão reunidas as 
causas conexas. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o 
juízo (art.59 NCPC). 
OUTRAS CAUSAS LEGAIS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: 
Art. 60. Se o imóvel se achar 
situado em mais de um Estado, 
comarca, seção ou subseção 
judiciária, a competência territorial 
do juízo prevento estender-se-á 
sobre a totalidade do imóvel. 
Art. 61. A ação acessória será 
proposta no juízo competente para 
a ação principal. (Conexão por 
acessoriedade).
 
RECORRIBILIDADE DA DECISÃO SOBRE INCOMPETÊNCIA: O art. 1.015, 
III, do NCPC prevê o agravo de instrumento contra decisão interlocutória que 
rejeita a alegação de convenção de arbitragem (se for acolhida, caberá 
apelação). Tendo em vista que as hipóteses atuais de interposição de agravo 
de instrumento são taxativas, FDJ sustenta que referido dispositivo deve ser 
interpretado de forma extensiva, a fim de compreender quaisquer hipóteses 
de alegação de incompetência absoluta ou relativa. Eis os argumentos: a 
ratio do dispositivo legal é garantir o juiz natural; no caso de incompetência 
relativa (foro de eleição) a discussão perderia sentido, se reconhecida no 
julgamento da apelação, a decisão não poderia ser invalidada; caso a 
declinanação de incompetência fosse para órgão de competência 
constitucional material distinta (justiçado trabalho), o tribunal (TRT) não poderia 
reexaminar referida decisão (visto que não possui competência funcional para 
tanto). 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA: É o fato de dois ou mais juízes se darem por 
competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para julgar 
determinada causa (art. 66 do NCPC). Pode ser suscitado pelo juiz ou tribunal, 
mediante ofício, e pelo MP ou pelas partes, mediante petição (art.953 do 
NCPC). Nas causas em que a participação do MP é obrigatória, se ele não 
suscitou, deverá ser ouvido (art. 951 do NCPC). A parte que alegou 
incompetência relativa não pode suscitar o conflito (art. 953 do NCPC). 
Procedimento: os artigos. 951 a 959 tratam do conflito de competência. Após 
a distribuição do ofício (juiz) ou petição, o relator determinará a oitiva dos juízos 
em conflito, que no prazo indicado pelo relator deverão prestar informações. 
No caso de conflito positivo, de oficio ou a requerimento, o relator poderá 
determinar que o processo seja sobrestado, nesse caso, bem como no conflito 
negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, 
medidas urgentes. O relator poderá julgar de plano o conflito de 
competência quando sua decisão se fundar em: I - súmula do STF, do STJ ou 
do próprio tribunal; ou, em II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos 
ou em incidente de assunção de competência. Decorrido o prazo indicado pelo 
relator ↑, o MP será ouvido no prazo de 5 dias, se lhe couber intervir no 
processo (art. 178 do CPC). Ao final o tribunal declarará qual o juiz 
competente, decidindo também sobre a validade de seus atos, em razão da 
sistemática do translatio iudicii, segundo qual, as decisões proferidas por juízo 
incompetente ficam a princípio preservadas. 
 
Dados relevantes: 
 
1) não se cogita de conflito de competência se uma das causas já foi julgada 
(Súmula do STJ – Enunciado 59); 
 
2) Não há conflito de competência entre juízos e tribunais, a eles subordinados 
hierarquicamente (juiz estadual – TJ...) (Súmula do STJ – Enunciado 22); 
 
3) É possível que surja conflito entre juiz e tribunal a ele não vinculado; 
 
4) a competência para julgar o conflito sempre será de um tribunal, seguindo as 
seguintes balizas: 
1) O STF só julga conflitos envolvendo ao menos um Tribunal 
Superior; 
2) TJ e TRF só julgam conflitos envolvendo juízes a eles vinculados 
(só TJ: JE x JE/ só TRF: JF x JF); 
3) Todos os demais CC são julgados pelo STJ. 
 
 
 
5) Situações especiais: 
1 - a CF determina que compete à Justiça do Trabalho julgar CC envolvendo 
órgãos com jurisdição trabalhista (art.114, inc. V, da CF/88); 
2 - Nas comarcas não abrangidas pela Justiça do Trabalho, a jurisdição poderá 
ser atribuída aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal 
Regional do Trabalho (art. 112, CF/88); 
 3 - O Conflito de Competência entre juiz federal e Juizado Especial Federal da 
mesma região é de competência do TRF local (RE 590.409). 
 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL: É constitucional e taxativa, não 
comportando alteração por norma infraconstitucional. Eis as hipóteses: 
 
A) Competência dos juízes federais em razão da pessoa (art.109, inc. 
I): causas em que a UNIÃO, ENTIDADES AUTÁRQUICAS ou EMPRESA 
PÚBLICA FEDERAL forem interessadas, na condição de autoras, rés, 
assistentes ou opoentes. 
Todas essas normas estão positivadas no art. 45 do NCPC: Se os autos 
estiverem tramitando em outro juízo, serão remetidos ao juízo federal 
competente. Contudo não haverá a remessa, se houver pedido cuja 
competência seja do juiz onde está tramitando a ação, nesse caso, o juiz não 
admitirá a cumulação de pedidos por não possuircompetência, não apreciando 
o mérito daqueles em que há interesse de ente federal. Destaque-se que o juiz 
federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito, se o ente 
federal cuja presença ensejou a remessa for excluído.3 
Se as agencias reguladoras intervierem como amicus curiae não haverá 
deslocamento (art.138, §1º, do NCPC). 
 
Enunciados da Súmula do STJ: 
 
82 – Compete à Justiça Federal, 
excluídas as reclamações 
trabalhistas, processar e julgar 
feitos relativos á movimentação do 
FGTS. 
86 – Compete à Justiça Federal 
processar e julgar execução fiscal 
promovida por Conselho de 
Fiscalização Profissional. 
161 – É da competência da Justiça 
Estadual autorizar o levantamento 
de valores realtivos ao PIS/PASEP 
e FGTS, em decorrência do 
falecimento do titular da conta. 
270 – O protesto pela preferência 
de crédito, apresentado por ente 
federal na execução que tramita na 
justiça estadual, não desloca a 
competência para a justiça federal. 
150 – “Somente o juiz federal pode 
analisar se há interesse de algum 
ente federal”. 
42 – Compete à Justiça Comum 
estadual processar e julgar as 
causas cíveis em que é parte 
sociedade de economia mista e os 
crimes praticados em seu 
detrimento. 
 
 
3
 Houve consagração no NCPC do Enunciado 254 da Súmula do STJ – (...) a decisão 
de juízo federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser 
reexaminada em juízo estadual. 
 
MPF: há quem sustente ser órgão da União, logo sua atuação cingir-se-ia aos 
suportes fáticos previstos no art.109 da CF (Resp. 440.002 – lavra de 
Zavascki). Contudo, FDJ sustente que não há tal limitação, apresentando 
julgado que admitem litisconsórcio entre MPs, não haver qualquer regra jurídica 
que impeça o MPF em atuar em outras “justiças”, bem como a Lei 
Complementar n. 75/93, em seu art.37, inc. II, não impor tal limitação, pelo 
contrário; e, por fim, a Lei 7347/85 prever a possibilidade de litisconsórcio entre 
MPs nas ACPs. DPU: mutatis mutandis, os mesmos argumentos acima. 
 Exceções: não tramitarão na JF causas que versem sobre falência, acidentes 
de trabalho, causas trabalhistas e causas eleitorais. 
 
B) Causas envolvendo pessoa residente no Brasil ou Município 
brasileiro contra Estado Estrangeiro ou organismo internacional (art.109, 
II, da CF): deve-se atentar para o princípio da imunidade da jurisdição que rege 
o direito internacional, bem como para a competência da Justiça do Trabalho 
(art. 114, inc. I, da CF/88). Contra decisão proferida por juiz federal nesses 
casos, cabe recurso ordinário constitucional ao STJ. 
É bom lembrar que compete ao STF julgar litígios envolvendo Estado 
Estrangeiro e a União, Estado, Distrito Federal ou Território. 
 
C) MS e HD contra atos de autoridade federal (art. 109, II, da CF): 
excetuados os casos de competência dos tribunais federais.4 Para entender o 
tema, destaque-se o Enunciado 60 da Súmula do antigo TFR: “Compete à 
Justiça Federal decidir da admissibilidade do MS impetrado contra atos de 
pessoa jurídica de direito privado, ao argumento de estarem agindo por 
delegação do poder público federal.”. Importante destacar que a L. 12.016 
dispõe não caber MS contra atos de mera gestão das delegatárias. 
 
D) Executar sentença estrangeira, após homologação do STJ, e 
cumprir carta rogatória, após exequatur do STJ (art. 109, X, segunda 
parte, da CF): trata-se de competência funcional. Segundo FDJ, abarca o 
auxílio direto passivo (art. 36 do NCPC), quando demande atuação 
jurisdicional. 
 
E) Processar e julgar causas fundadas em contratos internacionais ou 
tratados firmados pela União (art. 109, III, da CF): esse dispositivo tem sua 
aplicação bastante mitigada, para somente as causas que tenham por objeto 
essencial obrigações derivadas de disposições contidas no próprio tratado. 
 
F) Causas relativas à grave violação de direito humanos (art. 109, V-A, 
da CF): geralmente para ações coletivas, seja na fase do inquérito civil, seja na 
fase judicial. Importante fixar a literalidade do dispositivo constitucional: “§ 5º 
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos (1º requisito), o 
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de 
 
4
 STF: MS e HD contra atos de PR, das mesas da CD/SF, do TCU, do PGR e do 
próprio STF. 
STJ: MS e HD contra ato de Ministro de Estado, de Comandante da Marinha, do 
Exército, da Aeronáutica e do próprio tribunal. 
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte (2º requisito), poderá 
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito 
ou processo, INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA PARA A 
JUSTIÇA FEDERAL.”. O STJ considerou ser necessário demonstrar um 
terceiro requisito: a “incapacidade (oriunda da inércia, negligência, falta de 
vontade política, condições pessoais, materiais etc.) de o Estado-membro, 
por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em toda a sua extensão, 
a persecução penal (processo coletivo)”. No tocante ao incidente de 
deslocamento, caberá Recurso Extraordinário ao STJ, já que seus requisitos 
envolvem matéria constitucional. Se acolhido o incidente, os atos até então 
praticados são preservados, digno de notar que se trata de causa de 
modificação de competência absoluta, com efeitos ex nunc. Segundo FDJ, 
deve ser dado o contraditório às autoridades locais. O STJ já autorizou atuação 
de amicus curiae. 
 
G) Ação que verse sobre direito indígenas (art. 109, XI, da CF): 
jurisprudência do STJ e STF limitou para englobar apenas as causas que 
versem sobre direitos indígenas em sua esfera coletiva. 
 
H) Causas referentes à nacionalidade e à naturalização (art. 109, X, 
parte final, da CF): conste-se que a competência da JF “se exaure com a 
entrega do título de naturalizado, incluindo-se aí também a ação de 
cancelamento de título de naturalização e toda ação que se refira à perda e 
aquisição de nacionalidade”. 
Enunciado n. 51 da Súmula do TFR: "Compete à justiça Estadual decidir 
pedido de brasileira naturalizada para adicionar patronímico de companheiro 
brasileiro nato". 
 
COMPETÊNCIA TERRITORIAL DA JF: os dispositivos legais e constitucionais 
são didáticos sobre o tema, devendo ser fixados ipsi litteris: 
 
União → AUTORA (art. 109, 
§1º, da CF e art. 51 do NCPC) 
União → RÉ (art. 109, §1º e art. 51, p.u., do 
NCPC) 
As causas serão aforadas na 
seção judiciária do domicílio 
do réu. 
As causas poderão ser aforadas na seção 
judiciária em que for domiciliado o autor , 
onde houver ocorrido o ato ou fato ou 
onde esteja situada a coisa , ou, ainda, no 
Distrito Federal . (Foros concorrentes) 
 
Observações: 1) a fixação desta competência é territorial (relativa), portanto, 
sujeita a prorrogação de foro; 2) no tocante à aplicação desse dispositivo a 
entes da administração indireta, há cizânia na jurisprudência: para o STJ, 
referidas dispositivos constitucionais não se aplicam a entes da administração 
indireta, incidindo o disposto no art.53 do NCPC (local onde está a sede da 
pessoa jurídica); contudo, para o STF, referidos dispositivos se aplicam a 
entidades da administração indireta, pois foram instituídos em favor do cidadão 
e não do Estado; 3) reforçando a tese anterior, o STF editou o Enunciado 689: 
o segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo 
federal de seu domicílio ou nas varas federais das capitais dos Estados-
membros; 4) o STJ já entendeu que o juízo federal, em execução fiscal, pode 
declinar competência para o juiz estadual de domicílio do executado (Resp. 
1.146.194). FDJ estranha ter sido conhecida de ofícioa incompetência relativa 
nesse caso. 
 
 
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA: a CF estabelece casos em que o juiz 
estadual pode exercer jurisdição federal: 
 
Art. 109, §3º da CF Art. 109, §4º da CF 
Serão processadas e julgadas na JUSTIÇA 
ESTADUAL, no foro do domicílio dos segurados ou 
beneficiários, as causas em que forem parte 
instituição de previdência social e segurado, sempre 
que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, 
O recurso cabível 
será sempre para o 
Tribunal Regional 
Federal na área de 
jurisdição do juiz de 
primeiro grau. 
e, se verificada essa condição, A LEI PODERÁ 
PERMITIR QUE OUTRAS CAUSAS SEJAM TAMBÉM 
PROCESSADAS E JULGADAS PELA JUSTIÇA 
ESTADUAL. 
 
Observações: 1) Nada impede que o segurado demande no juízo federal da 
capital; 2) Se o INSS propor ação na Vara Federal da capital, e o segurado 
residente em comarca do interior, alegar a incompetência, haverá prorrogação 
da mesma; 3) Se posteriormente for criada vara federal na localidade, a 
competência será deslocada para ela (absoluta); 4) O STJ ainda considera 
válida o seguinte Enunciado da Súmula do TFR: “Compete à Justiça Federal 
processar e julgar MS impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda 
que localizada em comarca do interior”; 6) O STJ entende que os beneficiários 
de benefícios assistenciais também gozam da prerrogativa acima. 
 
COMPETÊNCIA CÍVEL DO TRF (art. 108 da CF): É sempre funcional, 
podendo ser originária ou derivada: 
 
Competência originária: p/ julgar Derivada 
Ações rescisórias de julgados seus ou 
dos juízes federais da região; 
Julgar, em grau de recurso, as 
causas decididas pelos juízes 
federais e pelos juízes 
estaduais no exercício da 
competência federal da área 
de sua jurisdição. 
 
. 
Mandados de segurança e os habeas 
data contra ato do próprio Tribunal ou de 
juiz federal; 
Conflitos de competência entre juízes 
federais vinculados ao Tribunal; 
O STJ deu interpretação extensiva a esta 
hipótese, para abranger CC c/ JE investido 
em jurisdição federal. 
 
 
Observações: 
 
1) Embora omisso, o TRF tem competência para julgar ED de suas decisões; 
2) Em MS ou Ação Rescisória, o TRF somente terá competência para julgar 
se o ato/sentença questionado for proferido por juiz estadual investido em 
competência federal, aplicando por analogia o mesmo argumento acima 
utilizado para as hipóteses de CC e, no caso do MS, a ideia de que ele 
pode ser utilizado como sucedâneo recursal. 
3) O TRF não possui competência para apreciar MS ou Ação Rescisória de 
atos de outros tribunais, em razão das regras implícitas de que “MS contra 
ato de tribunal é de competência do próprio tribunal” e de que “o tribunal 
tem competência para julgar ações rescisórias de seus próprios julgados”. 
4) Mesmo que ente federal passe a intervir em processo que tramita na JE, o 
TRF não poderá rever a sentença proferida por JE, entendimento este 
constante no Enunciado 55 da Súmula do STJ: “TRF não é competente 
para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não investido de 
jurisdição federal”. Em tais hipóteses quem julgará o recurso será o TJ 
local; 
5) Segundo FDJ, em processo que a União se litisconsorcie c/ ente privado, 
se o TRF reconhecer a ilegitimidade da mesma e excluí-la do feito, deverá 
prosseguir no feito e julgar a apelação, em vez declarar a nulidade do 
processo.

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