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COMPETÊNCIA É o resultado de critérios para distribuir entre vários órgãos as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. Princípios relacionados à distribuição de competência: a) Princípio da tipicidade: segundo qual a competência dos órgãos constitucionais são apenas as enumeradas na CF/88; b) Princípio da indisponibilidade: segunda qual a competência dos órgãos constitucionais são apenas as enumeradas na CF/88. COMO EXCEÇÃO: há o reconhecimento de COMPETÊNCIAS IMPLÍCITAS (implied powers) e a REGRA DA KOMPETENZKOMPETENZ (todo juiz tem competência para julgar sobre sua própria competência. Trata-se de uma competência mínima). PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO: regra pela qual a competência fixada pelo registro ou pela distribuição da petição inicial, permanecerá a mesma até a prolação da decisão (art. 43, do NCPC). Exceções: a) Supressão do órgão judiciário; b) Alteração superveniente de competência absoluta (matéria, função ou pessoa); contudo, essa “regra de exceção” não será aplicada, caso a alteração de competência absoluta ocorrer após a prolação da sentença, assim não haverá quebra da regra da perpetuação da jurisdição; c) Se houver interesse de menores, a regra da perpetuação da jurisdição pode ceder lugar à solução que se afigure mais favorável aos do menor (julgado do STJ); DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA: tais regras são aplicáveis se houver mais de um juiz abstratamente competente, ocorrendo de forma alternativa e aleatória. As regras de distribuição de competência são de ordem pública. CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: Competência: de foro: local onde o órgão exerce suas funções; e de juízo: regula a competência entre as varas, cartórios ou unidades administrativas. Competência: Originária e Derivada: normalmente atribuída a tribunais, mas há exceções como os embargos infringentes de alçada (art.34 da LEF); Competência absoluta e relativa Antes de avançar no entendimento deste utilíssimo critério classificatório, é necessário entender o sistema adotado pelo NCPC que consagra regras de TRANSLATIO JUDICI, seguindo o seguinte regime jurídico: • A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção do processo. Como exceções a essa regra, temos os processos que tramitam nos Juizados Especiais e competência internacional. • A decisão sobre a alegação de incompetência deverá ser proferida imediatamente após a manifestação da outra parte (art.64, §2º, NCPC); • A incompetência não gera automática invalidade dos atos decisórios praticados, salvo decisão judicial em sentido contrário do juiz competente (art.64, §4º); • O regramento da incompetência na ação rescisória (art.968, §§4º e 5º do NCPC), estruturado para o total aproveitamento da ação rescisória perante um tribunal. ABSOLUTA RELATIVA Criada para atender ao interesse público Criada para atender precisamente os interesses das partes Alegável a qualquer tempo, por qualquer das partes, ou de oficio pelo julgador (art. 64, §1º do NCPC). Somente pelo réu, na contestação, sob pena de preclusão e prorrogação da competência do juízo. O MP pode alegar nas causas em que atuar. O assistente simples não pode alegar em favor do assistido. Defeito grave, transitado em julgado possibilita a desconstituição por Ação Rescisória (art. 966, II, NCPC). Não pode será alterada pela vontade das partes. As partes podem modificar regras de competência relativa, por meio do foro de eleição (art. 65, NCPC) ou pela não alegação de incompetência relativa (art. 65 do NCPC). Não pode ser alterada por conexão ou continência Pode ser alterada por conexão ou continência. Espécies: em razão da matéria, da pessoa e funcional. Competência em razão do valor da causa pode ser absoluta se extrapolar os limites previstos pelo legislador. Em alguns casos, a competência territorial é absoluta. Competência territorial em regra é relativa, além da competência pelo valor da causa que ficar aquém do estabelecido em lei. Mudança superveniente de competência absoluta constitui uma das exceções a regra da perpetuação da jurisdição. Mudança superveniente é irrelevante para o processo. FOROS CONCORRENTES: ocorre quando há mais de um foro competente para apreciar a demanda.1 1 Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1 O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. FORUM SHOPPING: é o nome que se dá ao exercício do direito potestativo de escolha pelo autor de um entre diversos foros concorrentes. FORUM NON CONVENIENS: é a doutrina escocesa que, aplicando os princípios da boa-fé e da competência adequada, com a finalidade de evitar o exercício abusivo do forum shopping pelo autor2, possibilita ao juiz recusar a prestação jurisdicional, se entender comprovada a existência de outra jurisdição, invocada como concorrente e mais adequada para atender aos interesses das partes e aos reclamos da justiça em geral. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL: nada mais é que aquela prevista na CF para os órgãos que exercem a jurisdição. A polêmica existente consiste na natureza jurídica de uma decisão proferida por juiz constitucionalmente incompetente (juiz estadual que decida causa em há interesse da União, fora das hipóteses que a CF autoriza). Calmon de Passos sustente que seria uma não-decisão (plano de existência), contudo a corrente majoritária sustenta tratar-se de uma decisão inválida (plano de validade) – constitui-se inclusive em vício transrescisório (art.966, inc. II, NCPC). COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: consiste no conjunto de regras que determinam as hipóteses em que a jurisdição brasileira deve ou não atuar (art. 21/24 do NCPC). Ela se subdivide em: a. Competência cumulativa ou concorrente: engloba hipóteses em que a jurisdição estrangeira pode também atuar, inclusive as decisões estrangeiras, se homologadas pelo STJ, podem produzir efeitos no Brasil. Hipóteses (art. 21 e 22 do NCPC): quando...: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil; IV - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; V - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; VI - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.(ver art. 24 e 25 do NCPC). 2 Exemplo de exercício abusivo se dá quando o autor escolhe determinado foro apenas para dificultar a defesa do demandado ou impedir que o processo tenha seguimento, sem que aufira qualquer vantagem (caso Universal). b. Competência internacional exclusiva (art. 23 do NCPC): compete com exclusividade e unicamente à jurisdição brasileira, decidir sobre: I - ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação detestamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Critérios determinativos da distribuição de competência: 1º) Critério objetivo: utiliza os elementos da demanda (partes, causa de pedir e pedido) para distribuir a competência. Dele derivam a competência em razão da pessoa/partes (ratione personae) – ex. vara de Fazenda Pública, e a competência em razão da matéria/causa de pedir (ratione materiae), que são competências absolutas. A competência em razão do valor da causa/pedido também deriva do presente critério, contudo ela pode ser absoluta ou relativa. A competência do JEF e JEFP sempre será absoluta se o valor da causa estiver dento do teto legal. No tocante ao JEC e demais procedimentos, a competência será relativa quando o valor da causa estiver abaixo do limite legal e será absoluta quando estiver acima do limite legal. Importa destacar que a Lei n.º 9099/95 considera ineficaz a sentença no que exceder ao teto legal. 2º) Critério territorial: leve em conta o território, lugar, foro. Em regra, relativa. 3º) Critério funcional: é absoluta. Polêmica: no tocante a natureza da competência territorial na Ação Civil Pública, há que sustente ser competência funcional e há quem sustente tratar-se de competência territorial absoluta. Principais regras de competência territorial: puro texto de lei... Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. §1 Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. §2 Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. §3 Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. §4 Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. §5 A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. §1 O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. §2 A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. Art. 53. É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício; IV - do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: Só há modificação de competência relativa. Ela pode ser voluntária ou legal. São formas de modificação voluntária: a) não alegação de incompetência relativa; e b) foro de eleição. São formas legais: a conexão, a continência, imóvel situado em mais de uma comarca e ação acessória com ação principal. ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA: é alegada em preliminar de contestação, deve-se atentar para sua alegação mesmo em ações cautelares, devido a eventual prorrogação de competência. FORO DE ELEIÇÃO: (art. 63, NCPC) a eleição de foro SÓ produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Há quem sustente (julgados e parte da doutrina) sua inaplicabilidade a ações cuja causa petendi decorra de fatos jurídicos externos ao negócio jurídico (p.ex. defeitos do negócio jurídico, causas de nulidade do contrato...). Abusividade da cláusula de eleição de foro: será considerada abusiva a cláusula de eleição de foro em: 1) contratos de adesão; 2) se a cláusula inviabilizar ou resultar especial dificuldade de acesso ao Judiciário; ou 3) se o aderente não possui intelecção suficiente para compreender as consequências de sua adoção. Desde que anteriormente ouvido o autor da ação (art. 10, NCPC), pode ser reconhecida a abusividade de ofício, contudo somente até o ato citatório (preclusão para o juiz). Após a citação, somente por provação do réu em preliminar contestação, sob pena de preclusão. O NCPC inovou ao estender a possibilidade de se reconhecer como abusiva a cláusula de eleição de foro em quaisquer contratos. O CPC/73 somente aos de adesão. CONEXÃO E CONTINÊNCIA: continênciaé uma espécie de conexão. Conexão é um fato jurídico de vínculo entre duas ou mais ações, que pode gerar diversos efeitos a depender do instituto jurídico do qual seja pressuposto. No presente estudo, ela é analisada como pressuposto/fato jurídico para/ensejador de modificação de competência relativa, não se devendo, contudo, olvidar que ela pode constituir pressuposto para a suspensão de processo – art.313, V, “a”, do NCPC, ou mesmo para a reconvenção. O objetivo da reunião de ações é a promoção de eficiência processual e evitar decisões contraditórias. As regras de conexão são de ordem pública (art. 55 do NCPC). Estando presente, o juiz de ofício deve determinar a remessa dos autos ao foro/juízo prevento, que possui competência funcional para analisar causas conexas (competência absoluta). O conceito de conexão é jurídico-positivo, tendo o NCPC mantido o conceito do CPC/73 como regra geral (Teoria de Matteo Pescattore), mas inovando ao determinar os efeitos da conexão para outras hipóteses, assim: “Duas ou mais ações são conexas quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir” (cláusula fechada). Contudo, se estiveram pendentes duas ou mais ações que “possam gerar o risco de decisões contraditórias ou conflitantes devem elas ser reunidas, mesmo que não sejam conexas” (cláusula aberta). FDJ sustenta abrigar esta última hipótese espécies de conexão, que compreendem casos em que a mesma relação jurídica está sendo discutida em ações distintas (ex.: ações de despejo e ação de consignação em pagamento de alugueis/ relação jurídica locatícia) – (Teoria Materialista/ Olavo de Oliveira Neto), ou em que há relação de prejudicialidade ou preliminariedade entre duas ou mais ações (ação de reconhecimento de paternidade e ação de alimentos). Deve-se, ainda, atentar para os incisos I e II do §2º do art. 55 do NCPC, aplicando os efeitos jurídicos da conexão “à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico” (conexão por prejudicialidade) e “às execuções fundadas no mesmo título executivo.”. No tocante à continência (um pedido abrange o outro: Ação 1 – nulidade do contrato; Ação 2 – nulidade de cláusula), apenas, cuidado para não confundi-la com a litispendência (Ação 1 – dano material e moral, Ação 2 – dano material) e fixar a seguinte regra: “quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.”. Formas de alegação: autor na petição inicial já pede a distribuição por dependência (art. 286, I, NCPC), ao réu cabe alegar em preliminar de contestação e o juiz pode conhecer de ofício. Prevenção: é o critério que determina em qual dos juízos serão reunidas as causas conexas. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo (art.59 NCPC). OUTRAS CAUSAS LEGAIS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal. (Conexão por acessoriedade). RECORRIBILIDADE DA DECISÃO SOBRE INCOMPETÊNCIA: O art. 1.015, III, do NCPC prevê o agravo de instrumento contra decisão interlocutória que rejeita a alegação de convenção de arbitragem (se for acolhida, caberá apelação). Tendo em vista que as hipóteses atuais de interposição de agravo de instrumento são taxativas, FDJ sustenta que referido dispositivo deve ser interpretado de forma extensiva, a fim de compreender quaisquer hipóteses de alegação de incompetência absoluta ou relativa. Eis os argumentos: a ratio do dispositivo legal é garantir o juiz natural; no caso de incompetência relativa (foro de eleição) a discussão perderia sentido, se reconhecida no julgamento da apelação, a decisão não poderia ser invalidada; caso a declinanação de incompetência fosse para órgão de competência constitucional material distinta (justiçado trabalho), o tribunal (TRT) não poderia reexaminar referida decisão (visto que não possui competência funcional para tanto). CONFLITO DE COMPETÊNCIA: É o fato de dois ou mais juízes se darem por competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para julgar determinada causa (art. 66 do NCPC). Pode ser suscitado pelo juiz ou tribunal, mediante ofício, e pelo MP ou pelas partes, mediante petição (art.953 do NCPC). Nas causas em que a participação do MP é obrigatória, se ele não suscitou, deverá ser ouvido (art. 951 do NCPC). A parte que alegou incompetência relativa não pode suscitar o conflito (art. 953 do NCPC). Procedimento: os artigos. 951 a 959 tratam do conflito de competência. Após a distribuição do ofício (juiz) ou petição, o relator determinará a oitiva dos juízos em conflito, que no prazo indicado pelo relator deverão prestar informações. No caso de conflito positivo, de oficio ou a requerimento, o relator poderá determinar que o processo seja sobrestado, nesse caso, bem como no conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, medidas urgentes. O relator poderá julgar de plano o conflito de competência quando sua decisão se fundar em: I - súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; ou, em II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Decorrido o prazo indicado pelo relator ↑, o MP será ouvido no prazo de 5 dias, se lhe couber intervir no processo (art. 178 do CPC). Ao final o tribunal declarará qual o juiz competente, decidindo também sobre a validade de seus atos, em razão da sistemática do translatio iudicii, segundo qual, as decisões proferidas por juízo incompetente ficam a princípio preservadas. Dados relevantes: 1) não se cogita de conflito de competência se uma das causas já foi julgada (Súmula do STJ – Enunciado 59); 2) Não há conflito de competência entre juízos e tribunais, a eles subordinados hierarquicamente (juiz estadual – TJ...) (Súmula do STJ – Enunciado 22); 3) É possível que surja conflito entre juiz e tribunal a ele não vinculado; 4) a competência para julgar o conflito sempre será de um tribunal, seguindo as seguintes balizas: 1) O STF só julga conflitos envolvendo ao menos um Tribunal Superior; 2) TJ e TRF só julgam conflitos envolvendo juízes a eles vinculados (só TJ: JE x JE/ só TRF: JF x JF); 3) Todos os demais CC são julgados pelo STJ. 5) Situações especiais: 1 - a CF determina que compete à Justiça do Trabalho julgar CC envolvendo órgãos com jurisdição trabalhista (art.114, inc. V, da CF/88); 2 - Nas comarcas não abrangidas pela Justiça do Trabalho, a jurisdição poderá ser atribuída aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho (art. 112, CF/88); 3 - O Conflito de Competência entre juiz federal e Juizado Especial Federal da mesma região é de competência do TRF local (RE 590.409). COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL: É constitucional e taxativa, não comportando alteração por norma infraconstitucional. Eis as hipóteses: A) Competência dos juízes federais em razão da pessoa (art.109, inc. I): causas em que a UNIÃO, ENTIDADES AUTÁRQUICAS ou EMPRESA PÚBLICA FEDERAL forem interessadas, na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes. Todas essas normas estão positivadas no art. 45 do NCPC: Se os autos estiverem tramitando em outro juízo, serão remetidos ao juízo federal competente. Contudo não haverá a remessa, se houver pedido cuja competência seja do juiz onde está tramitando a ação, nesse caso, o juiz não admitirá a cumulação de pedidos por não possuircompetência, não apreciando o mérito daqueles em que há interesse de ente federal. Destaque-se que o juiz federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito, se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído.3 Se as agencias reguladoras intervierem como amicus curiae não haverá deslocamento (art.138, §1º, do NCPC). Enunciados da Súmula do STJ: 82 – Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar feitos relativos á movimentação do FGTS. 86 – Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de Fiscalização Profissional. 161 – É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento de valores realtivos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta. 270 – O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal na execução que tramita na justiça estadual, não desloca a competência para a justiça federal. 150 – “Somente o juiz federal pode analisar se há interesse de algum ente federal”. 42 – Compete à Justiça Comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. 3 Houve consagração no NCPC do Enunciado 254 da Súmula do STJ – (...) a decisão de juízo federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada em juízo estadual. MPF: há quem sustente ser órgão da União, logo sua atuação cingir-se-ia aos suportes fáticos previstos no art.109 da CF (Resp. 440.002 – lavra de Zavascki). Contudo, FDJ sustente que não há tal limitação, apresentando julgado que admitem litisconsórcio entre MPs, não haver qualquer regra jurídica que impeça o MPF em atuar em outras “justiças”, bem como a Lei Complementar n. 75/93, em seu art.37, inc. II, não impor tal limitação, pelo contrário; e, por fim, a Lei 7347/85 prever a possibilidade de litisconsórcio entre MPs nas ACPs. DPU: mutatis mutandis, os mesmos argumentos acima. Exceções: não tramitarão na JF causas que versem sobre falência, acidentes de trabalho, causas trabalhistas e causas eleitorais. B) Causas envolvendo pessoa residente no Brasil ou Município brasileiro contra Estado Estrangeiro ou organismo internacional (art.109, II, da CF): deve-se atentar para o princípio da imunidade da jurisdição que rege o direito internacional, bem como para a competência da Justiça do Trabalho (art. 114, inc. I, da CF/88). Contra decisão proferida por juiz federal nesses casos, cabe recurso ordinário constitucional ao STJ. É bom lembrar que compete ao STF julgar litígios envolvendo Estado Estrangeiro e a União, Estado, Distrito Federal ou Território. C) MS e HD contra atos de autoridade federal (art. 109, II, da CF): excetuados os casos de competência dos tribunais federais.4 Para entender o tema, destaque-se o Enunciado 60 da Súmula do antigo TFR: “Compete à Justiça Federal decidir da admissibilidade do MS impetrado contra atos de pessoa jurídica de direito privado, ao argumento de estarem agindo por delegação do poder público federal.”. Importante destacar que a L. 12.016 dispõe não caber MS contra atos de mera gestão das delegatárias. D) Executar sentença estrangeira, após homologação do STJ, e cumprir carta rogatória, após exequatur do STJ (art. 109, X, segunda parte, da CF): trata-se de competência funcional. Segundo FDJ, abarca o auxílio direto passivo (art. 36 do NCPC), quando demande atuação jurisdicional. E) Processar e julgar causas fundadas em contratos internacionais ou tratados firmados pela União (art. 109, III, da CF): esse dispositivo tem sua aplicação bastante mitigada, para somente as causas que tenham por objeto essencial obrigações derivadas de disposições contidas no próprio tratado. F) Causas relativas à grave violação de direito humanos (art. 109, V-A, da CF): geralmente para ações coletivas, seja na fase do inquérito civil, seja na fase judicial. Importante fixar a literalidade do dispositivo constitucional: “§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos (1º requisito), o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de 4 STF: MS e HD contra atos de PR, das mesas da CD/SF, do TCU, do PGR e do próprio STF. STJ: MS e HD contra ato de Ministro de Estado, de Comandante da Marinha, do Exército, da Aeronáutica e do próprio tribunal. direitos humanos dos quais o Brasil seja parte (2º requisito), poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL.”. O STJ considerou ser necessário demonstrar um terceiro requisito: a “incapacidade (oriunda da inércia, negligência, falta de vontade política, condições pessoais, materiais etc.) de o Estado-membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em toda a sua extensão, a persecução penal (processo coletivo)”. No tocante ao incidente de deslocamento, caberá Recurso Extraordinário ao STJ, já que seus requisitos envolvem matéria constitucional. Se acolhido o incidente, os atos até então praticados são preservados, digno de notar que se trata de causa de modificação de competência absoluta, com efeitos ex nunc. Segundo FDJ, deve ser dado o contraditório às autoridades locais. O STJ já autorizou atuação de amicus curiae. G) Ação que verse sobre direito indígenas (art. 109, XI, da CF): jurisprudência do STJ e STF limitou para englobar apenas as causas que versem sobre direitos indígenas em sua esfera coletiva. H) Causas referentes à nacionalidade e à naturalização (art. 109, X, parte final, da CF): conste-se que a competência da JF “se exaure com a entrega do título de naturalizado, incluindo-se aí também a ação de cancelamento de título de naturalização e toda ação que se refira à perda e aquisição de nacionalidade”. Enunciado n. 51 da Súmula do TFR: "Compete à justiça Estadual decidir pedido de brasileira naturalizada para adicionar patronímico de companheiro brasileiro nato". COMPETÊNCIA TERRITORIAL DA JF: os dispositivos legais e constitucionais são didáticos sobre o tema, devendo ser fixados ipsi litteris: União → AUTORA (art. 109, §1º, da CF e art. 51 do NCPC) União → RÉ (art. 109, §1º e art. 51, p.u., do NCPC) As causas serão aforadas na seção judiciária do domicílio do réu. As causas poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor , onde houver ocorrido o ato ou fato ou onde esteja situada a coisa , ou, ainda, no Distrito Federal . (Foros concorrentes) Observações: 1) a fixação desta competência é territorial (relativa), portanto, sujeita a prorrogação de foro; 2) no tocante à aplicação desse dispositivo a entes da administração indireta, há cizânia na jurisprudência: para o STJ, referidas dispositivos constitucionais não se aplicam a entes da administração indireta, incidindo o disposto no art.53 do NCPC (local onde está a sede da pessoa jurídica); contudo, para o STF, referidos dispositivos se aplicam a entidades da administração indireta, pois foram instituídos em favor do cidadão e não do Estado; 3) reforçando a tese anterior, o STF editou o Enunciado 689: o segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal de seu domicílio ou nas varas federais das capitais dos Estados- membros; 4) o STJ já entendeu que o juízo federal, em execução fiscal, pode declinar competência para o juiz estadual de domicílio do executado (Resp. 1.146.194). FDJ estranha ter sido conhecida de ofícioa incompetência relativa nesse caso. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA: a CF estabelece casos em que o juiz estadual pode exercer jurisdição federal: Art. 109, §3º da CF Art. 109, §4º da CF Serão processadas e julgadas na JUSTIÇA ESTADUAL, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, O recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. e, se verificada essa condição, A LEI PODERÁ PERMITIR QUE OUTRAS CAUSAS SEJAM TAMBÉM PROCESSADAS E JULGADAS PELA JUSTIÇA ESTADUAL. Observações: 1) Nada impede que o segurado demande no juízo federal da capital; 2) Se o INSS propor ação na Vara Federal da capital, e o segurado residente em comarca do interior, alegar a incompetência, haverá prorrogação da mesma; 3) Se posteriormente for criada vara federal na localidade, a competência será deslocada para ela (absoluta); 4) O STJ ainda considera válida o seguinte Enunciado da Súmula do TFR: “Compete à Justiça Federal processar e julgar MS impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda que localizada em comarca do interior”; 6) O STJ entende que os beneficiários de benefícios assistenciais também gozam da prerrogativa acima. COMPETÊNCIA CÍVEL DO TRF (art. 108 da CF): É sempre funcional, podendo ser originária ou derivada: Competência originária: p/ julgar Derivada Ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. . Mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; Conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; O STJ deu interpretação extensiva a esta hipótese, para abranger CC c/ JE investido em jurisdição federal. Observações: 1) Embora omisso, o TRF tem competência para julgar ED de suas decisões; 2) Em MS ou Ação Rescisória, o TRF somente terá competência para julgar se o ato/sentença questionado for proferido por juiz estadual investido em competência federal, aplicando por analogia o mesmo argumento acima utilizado para as hipóteses de CC e, no caso do MS, a ideia de que ele pode ser utilizado como sucedâneo recursal. 3) O TRF não possui competência para apreciar MS ou Ação Rescisória de atos de outros tribunais, em razão das regras implícitas de que “MS contra ato de tribunal é de competência do próprio tribunal” e de que “o tribunal tem competência para julgar ações rescisórias de seus próprios julgados”. 4) Mesmo que ente federal passe a intervir em processo que tramita na JE, o TRF não poderá rever a sentença proferida por JE, entendimento este constante no Enunciado 55 da Súmula do STJ: “TRF não é competente para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não investido de jurisdição federal”. Em tais hipóteses quem julgará o recurso será o TJ local; 5) Segundo FDJ, em processo que a União se litisconsorcie c/ ente privado, se o TRF reconhecer a ilegitimidade da mesma e excluí-la do feito, deverá prosseguir no feito e julgar a apelação, em vez declarar a nulidade do processo.
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