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AN02FREV001/REV 4.0 35 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE QUÍMICA FORENSE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 36 CURSO DE QUÍMICA FORENSE MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 37 MÓDULO III 3 METODOLOGIA E TÉCNICAS VOLTADAS À QUÍMICA FORENSE 3.1 TÉCNICAS ANALÍTICAS MAIS USUAIS A Química Forense conta com o auxílio da Química Analítica nas investigações criminais. Muitas técnicas analíticas estão sendo utilizadas na documentoscopia, balística forense e drogas de abuso. As mais utilizadas de acordo com cada área são: a) Documentoscopia A documentoscopia é a parte da criminalística que estuda a autenticidade dos documentos. Os principais estudos da documentoscopia são: alterações de documentos, exame de instrumentos escreventes e, a parte de interesse para a Química Forense, o exame de tintas. As técnicas mais utilizadas na documentoscopia são: Espectroscopia Raman A Espectroscopia Raman é uma técnica de grande importância na comparação de tintas. Essa técnica utiliza uma potente fonte de laser de radiação monocromática no visível ou no infravermelho próximo. Ao ser incidido sobre o objeto em análise, é espalhada por ele, podendo gerar luz de mesma energia (espalhamento elástico) ou de energia diferente da incidente (espalhamento inelástico). AN02FREV001/REV 4.0 38 Como espalhamento inelástico é possível obter informações importantes sobre a composição química do objeto em análise pela formação dos chamados espectros Roman. É utilizada a microscopia Raman (FIGURA 14). FIGURA 14 - MICROSCÓPIO RAMAN FONTE: Disponível em: <http://www.nei.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. A espectrometria Raman utiliza a frequência de vibração dos átomos do objeto sob análise para descobrir informações acerca de sua geometria molecular, de sua interação com o ambiente, etc. Dessa forma, a espectrometria Raman permite a investigação da autenticidade de documentos pela análise de tintas. Espectrometria de massas (MALDI-MS e EASI-MS) A espectrometria de massa (EM) é uma técnica que converte molécula e átomos neutros em íons e os separa por suas razões de massa/carga. As informações obtidas por um espectrômetro de massas são representadas por meio de um espectro de massas, que é um gráfico de abundâncias relativas dos íons em função da razão massa/carga, ou também na forma de tabela. Os espectrômetros de massas são constituídos de três partes: 1) Fonte de íons; 2) Analisador; 3) Sistema de detecção dos íons. AN02FREV001/REV 4.0 39 O princípio básico da espectrometria de massa pode ser visto na figura 15. FIGURA 15 - ESTRUTURA BÁSICA DE UM ESPECTRÔMETRO DE MASSAS FONTE: Disponível em: <http://www.mundoescola.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. De acordo com a figura 15, pode-se ter uma ideia do princípio básico do funcionamento de um espectrômetro de massas. Na fonte de íons, os constituintes da amostra são convertidos em íons. Esses são acelerados em direção ao analisador, que realiza a separação dos íons de acordo com a razão massa/carga. Os íons separados pelo analisador são então detectados pelo detector, transformando a corrente de íons em sinais elétricos que são processados. O que diferencia os diversos tipos de espectrometria de massas são os métodos de ionização. A fonte de ionização representa o dispositivo responsável pela ionização dos analitos da amostra antes de atingirem o analisador de massas. Diante disso, há vários tipos de espectrometria de massas. As mais utilizadas são: MALDI – MS (Matrix-assisted laser desorption/ionization mass spectrometry) Para este tipo de espectrometria de massa é utilizada a ionização por dessorção a laser assistida por matriz. Seu princípio baseia-se na ionização do analito adsorvido em uma substância (matriz) por um feixe de laser. Apesar de ser bastante utilizada, apresenta algumas desvantagens como: AN02FREV001/REV 4.0 40 O documento a ser analisado é destruído pela técnica; A necessidade da utilização de solventes; A degradação da substância analisada pela potência do laser; A reprodutibilidade das condições de ionização e a otimização da técnica podem ser complexas. Para minimizar essas desvantagens, surgiu a necessidade de descobrir técnicas com poderes destrutivos menores. Uma delas é a espectrometria de massas com ionização por eletrospray (ESI-MS). ESI – MS O processo electrospray é simples e requer uma fonte de alta tensão que esteja em contato com a solução contendo os analitos. Essa solução é transmitida por meio do capilar, no qual é aplicado um potencial positivo ou negativo forçando um processo de oxirredução e, consequentemente, a formação de algumas espécies sem seus contraíons. Assim, a gota sendo formada na ponta do capilar estará enriquecida por íons positivos ou negativos, dependendo do potencial aplicado. Conforme a densidade de carga aumenta na gota, presa à ponta do capilar, o campo elétrico formado entre o capilar e o contraeletrodo aumenta, provocando uma deformação na gota. A gota ganha forma de um cone, o qual é denominado de cone de Taylor. Quando a densidade de carga supera a tensão superficial, a gota se desprende do capilar, subdividindo-se. A frequência desse último processo depende da magnitude do campo elétrico, da tensão superficial do solvente e da condutividade da solução. Como resultado final, os íons tornam-se completamente dessolvatados, ou seja, há apenas o rompimento gradual de interações não covalentes, principalmente a remoção de moléculas de solventes. b) Balística Forense Na Balística Forense são utilizadas as seguintes técnicas analíticas: AN02FREV001/REV 4.0 41 Espectrometria de fluorescência de raios-X (XRF) A espectrometria de fluorescência de raios-X baseia-se na emissão de raios fluorescentes pela amostra a ser analisada por meio da excitação eletrônica. A técnica utiliza um espectrômetro de fluorescência de raios-X para gerar as informações, que é um aparato constituído por uma fonte responsável pela excitação, o local de inserir a amostra, o sistema de dispersão, o mecanismo de detecção e o processador dos dados. Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP- MS) A espectrometria de massa com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) é uma técnica analítica bastante sensível para análise multielementar e isotópica. É usada para determinação de elementos em razão da massa/carga do íon. O princípio da técnica é: os íons gerados no plasma são introduzidos no espectrômetro de massa, os quais são separados em função da razão massa/carga, sob ação de campos elétricos e magnéticos que modificam as suas trajetórias. Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX) A técnica de microscopiaeletrônica de varredura (MEV) baseia-se na interação da amostra a ser analisada com os feixes de elétrons, que é responsável por produzir a imagem desejada. O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: há a emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de tungstênio. Por efeito termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A amostra é varrida pelos dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da lente objetiva. O EDX (energy disperse x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que mede a energia associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV e do EDX permite uma identificação mais precisa de que mineral está sendo AN02FREV001/REV 4.0 42 analisado, já que cada elétron de determinado átomo apresenta energia específica. As imagens geradas pelo MEV-EDX apresentam excelente nitidez. 3.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS 3.2.1 O Exame Residuográfico de Disparo de Armas de Fogo Uma arma de fogo é considerada uma máquina térmica, sendo constituída pelo aparelho arremessador ou arma propriamente dita, pela carga de projeção (pólvora) e pelo projétil (FIGURA 16). FIGURA 16 - CARTUCHO PADRÃO FONTE: Disponível em: <http://www.armasonline.org>. Acesso em: 27 set. 2012. Com a combustão da pólvora, que ocorre pela “chama iniciadora” proveniente da espuleta, o projétil é lançado para fora do cano. A força com que é projetado depende da qualidade da combustão. A combustão da pólvora gera um volume de gases, que gera uma pressão que impele o projétil pelo cano da arma. A expansão dos gases ocorre na região anterior do cano da arma, orientada para a frente e na região posterior da arma, em decorrência da presença de orifícios na culatra (em revólveres) ou do extrator (no caso de pistolas). É o fluxo de gases AN02FREV001/REV 4.0 43 emitido pela região posterior da arma que atinge a mão do atirador, sendo chamado de vestígios ou resíduos de arma de fogo. Os resíduos de tiro (GSR) (FIGURA 17), do inglês Gunshot Residue, são produzidos em todo crime em que tenha ocorrido um disparo de arma de fogo. Representam um conjunto complexo de compostos orgânicos e inorgânicos, ou seja, elementos metálicos oriundos do cano (Fe), do estojo (Cu, Zn, Ni), do projétil (Pb, Sb), do iniciador (Pb, Ba, Sb) e da pólvora (orgânicos). Porém, não pode ser detectado a olho nu e, portanto, necessita de técnicas de laboratório para sua revelação. Esses resíduos de tiro, quando presente nas mãos, apresentam um tempo de vida curto. Dessa forma, a coleta precisa ser feita o mais rápido possível para não comprometer o andamento das investigações. FIGURA 17 - NUVEM DE GSR FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. A coleta dos resíduos dos disparos é realizada nas seguintes regiões da mão do atirador: a palma, o dorso e a região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça- Dorsal) dos dedos polegar e indicador (FIGURA 18). AN02FREV001/REV 4.0 44 FIGURA 18 - REGIÕES DA MÃO DE ATIRADORES SUBMETIDAS À COLETA FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. O procedimento de coleta independe do tipo de análise dos resíduos. Utiliza- se cotonetes ou swabs embebidos em solução diluída de EDTA (Ácido etilenodiaminotetracético) a 2% ou outra solução complexante por um período de dois minutos. Após esse período, esses cotonetes são esfregados nas quatro regiões distintas da mão do possível atirador por um minuto. As extremidades dos cotonetes ou swabs são armazenadas em tubos devidamente identificados e então levados aos laboratórios para que possam ser analisados. A realização dos testes de detecção de resíduos de armas de fogo surgiu com a necessidade de determinar se um indivíduo foi ou não o responsável pelos disparos em um crime sob investigação. Diversas técnicas foram utilizadas, porém, as mais confiáveis e irrefutáveis são as descritas abaixo. AN02FREV001/REV 4.0 45 Essas técnicas permitem diferir partículas de elementos oriundas de disparos de armas de fogo das partículas oriundas das diversas tarefas ocupacionais do dia a dia. Espectrometria de Absorção atômica sem chama (FlamelessAtomicAbsorptionSpectrometry) – FAAS A técnica da espectrometria de absorção atômica sem chama (FAAS) baseia-se no aquecimento a elevadas temperaturas com o objetivo de romper as ligações das moléculas presentes na amostra. Dessa forma, os átomos em seu estado elementar são analisados e avaliados pela capacidade de absorção de radiação. A presente técnica representa uma possibilidade de detecção de Bário, Antimônio e Chumbo, sendo de simples execução, alta sensibilidade e, acima de tudo, baixo custo. Porém, apresenta como desvantagem a impossibilidade de detecção dos elementos que estão na mesma partícula. Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX) É uma técnica que produz imagens com alta ampliação (até 300.000x) e resolução. As imagens fornecidas são virtuais, pois o que é exibido no monitor do aparelho é a transcodificação de ondas energéticas emitidas. A técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) baseia-se na interação da amostra a ser analisada com os feixes de elétrons, que é responsável por produzir a imagem desejada. O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: há a emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de tungstênio. Por efeito termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A amostra é varrida pelos dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da lente objetiva. O EDX (energy disperse x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que mede a energia associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV AN02FREV001/REV 4.0 46 e do EDX permite uma identificação mais precisa de que mineral está sendo analisado, já que cada elétron de determinado átomo apresenta energia específica. As imagens geradas pelo MEV-EDX apresentam excelente nitidez. Dessa forma, a utilização de um microscópio eletrônico de varredura equipado com capacidade de análise EDX fornece resultados que combinam detalhes da morfologia e da composição elementar de partículas individuais de GSR. Com o avanço da tecnologia, as indústrias de armamentos têm lançado munições cada vez mais modernas. O lançamento de munições que não apresentam metais pesados na composição da espuleta e o encamisamento total dos projéteis para evitar a evaporação de Pb tem dificultado e muito os trabalhos de investigação forense. Com isso, novas técnicas são necessárias na avaliação das partículas residuais. As técnicas mais utilizadas nestes casos estão relacionadas à separação. Por exemplo, tem-se utilizado as técnicas de eletroforese, cromatografia líquida, espectrometria atômica (Fluorescências de raios-X, XRF), espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado, ICP-MS, espectrometria de massas de íons secundários e espectrometria de absorção atômica. Porém, pouco se sabe acerca dessas técnicas e quase não são encontrados relatos na literatura. c) Drogas de abuso As drogas de abuso são substâncias psicotrópicas que atuam no sistemanervoso central (SNC), modificando o humor, a consciência, os sentimentos, as sensações, o estado de vigília, dentre outros. São responsáveis por causar dependência psíquica e física e podem ser classificadas em três classes: I) Depressores do SNC Exemplos: opiáceos/opioides, etanol e barbitúricos. II) Estimulantes do SNC AN02FREV001/REV 4.0 47 Exemplos: cocaína ou crack, anfetaminas, metanfetaminas (como MDMA) e anorexígenos. III) Perturbadores do SNC Exemplos: drogas alucinógenas, como LSD, psilocibina, mescalina e canabinoides. A técnica analítica mais usada para identificar a presença de drogas de abuso é a ESI – MS, já descrita anteriormente. 3.2.2 O Exame Químico Metalográfico e de Tintas Exame químico metalográfico Todo veículo deixa a indústria com um número de identificação. Esse número é aplicado ao metal pelo método da cunhagem a frio, que deixa uma impressão em baixo relevo na superfície metálica. O que os adulteradores fazem é remover as impressões em baixo relevo por ação mecânica, com o auxílio de abrasivos que desgastam a superfície do metal. Dessa forma, torna-se necessária uma ferramenta que identifique essas fraudes. O exame metalográfico é realizado por peritos e consiste em uma ferramenta de grande importância quando um veículo é adulterado e não se consegue provar por outros meios. O exame metalográfico visa identificar qualquer tipo de adulteração feita em veículos roubados. É realizado por meio da ação de reagentes específicos na superfície que contém a possível adulteração. O tipo de reagente utilizado no método depende da natureza da espécie de metal ou liga a ser tratada. Tudo vai depender de como se encontra a área suspeita a ser analisada. Por exemplo, caso a área esteja pintada, torna-se necessária a remoção da tinta. Qualquer traço de óleo ou graxa também deve ser eliminado. A superfície a ser analisada não deve conter ferrugem. Caso esteja presente, deve ser removida por meio do polimento com papel lixa. Ou seja, para a realização eficaz do exame, a área deve estar completamente limpa e lisa. AN02FREV001/REV 4.0 48 Sempre que possível, antes de dar início ao exame, deve-se submeter a superfície a ser analisada ao aquecimento. Esse procedimento facilita o processo de revelação. Como já foi dito, o tipo de reagente depende da natureza do metal ou da liga a ser analisada. Segue abaixo uma lista das fórmulas dos melhores reagentes que, de acordo com os profissionais da área, têm produzido bons resultados: Para ferro fundido e ligas de magnésio – Identificação de numeração Solução reagente: Ácido Clorídrico..........120 ml Cloreto férrico..............30g Cloreto cúprico.............80g Álcool metílico...........1000ml Nesse caso, a superfície a ser tratada deve estar completamente limpa e lisa. Deve-se uniformizar a superfície em questão com o auxílio de lixas de 00 e 000 (de ourives) para que a fórmula reativa possa atuar. Aplica-se a solução na superfície do metal onde se deseja revelar a numeração adulterada. A aplicação é feita com o auxílio de um bastão de vidro em cuja extremidade se encontra um chumaço de algodão, que é embebido na solução reativa. O sentido da aplicação do reagente deve ser sempre da esquerda para a direita, no sentido horizontal. Após a primeira aplicação, deve-se aguardar cerca de cinco minutos e repetir o processo por quatro ou cinco vezes. Após as quatro ou cinco aplicações do reativo, deve-se deixar a superfície em repouso por cerca de 10 minutos. Após este tempo, há o aparecimento de uma camada fina de óxido de cobre, que deve ser removida, já que ela dificulta a visualização da numeração. Esse procedimento deve ser repetido várias vezes até a gravação original, que foi destruída, começar a aparecer. Ferro fundido e aço fundido Solução reagente: AN02FREV001/REV 4.0 49 10% de ácido sulfúrico Bicromato de potássio. Gravações em superfícies de ferro e aço fundidos são consideradas as mais difíceis de serem reveladas. Torna-se necessária a constante aplicação do ácido, sendo preciso, em alguns casos, deixar a área suspeita imersa na solução por mais de três horas. Ferro ou aço batidos, estampados ou forjados Para revelações em ferro ou aço batidos, estampados ou forjados, são necessárias duas soluções reagentes. Solução reagente 1: Ácido clorídrico (80 ml); Água (60 ml); Cloreto de cobre (12,9 g); Álcool (30 ml). Solução reagente 2: Ácido nítrico a 15%. Deve-se realizar os seguintes procedimentos: a) passar a solução 1 durante 60 segundos; b) secar com algodão; c) aplicar a solução 2 durante 60 segundos. O procedimento deve ser repetido até que apareçam os vestígios procurados. Alumínio AN02FREV001/REV 4.0 50 Nessa categoria, a solução reagente mais indicada é a Solução de Vilela. Porém, é uma solução de alta periculosidade. Solução de Vilela: Glicerina (30 ml); Ácido fluorídrico (20 ml); Ácido nítrico (10 ml). A solução deve ser aplicada de forma contínua até a numeração aparecer. Devido à alta periculosidade da solução de Vilela, também pode ser utilizada a solução de Hume Rothery. Solução de Hume Rothery: Cloreto de Cobre (500g); Ácido Clorídrico (5 ml); Água (1000 ml); É uma solução que garante bons resultados, porém deve ser passada alternadamente com água destilada para evitar a formação de depósito de cobre. Cobre, latão, prata alemã e outras ligas de cobre Solução Reagente: Cloreto de Ferro (19 g); Ácido clorídrico (6 ml); Água (100 ml). A forma de aplicação é semelhante às demais. É uma solução reagente de ação extremamente lenta. Dessa forma, muitos profissionais da área recomendam cercar com plasticina a área a pesquisar, formando, assim, uma cerca dura AN02FREV001/REV 4.0 51 impermeável que possibilitará o uso do reagente como um banho, ficando a referida área totalmente imersa. Ácido Inoxidável Alguns pesquisadores recomendam a aplicação de ácido sulfúrico diluído. Outros recomendam a aplicação de uma solução de ácido clorídrico e álcool. Chumbo (baterias de automóveis etc.) Solução reagente: Ácido acético glacial (três partes); Peróxido de hidrogênio. Após a aplicação, recomenda-se limpar o metal com ácido nítrico concentrado. Zinco Solução reagente: Hidróxido de sódio dissolvido em água, a 10%. Por ser uma solução de ação lenta, recomenda-se imersão total da área suspeita. Estanho Solução reagente: Solução de ácido clorídrico a 10%. AN02FREV001/REV 4.0 52 Recomenda-se aplicar a solução alternadamente com água. Repetir esse procedimento até a visualização. Exame químico de tintas As tintas de canetas são fabricadas de acordo com suas propriedades físicas como densidade, cor, viscosidade, tensão superficial e resistência à água. Para que isso seja possível é necessário o controle da composição química das tintas. A análise de tintas é de grande importância para a Ciência, em especial, à Química Forense, devido ao alto número de falsificações e adulterações de documentos. O exame de tintas é baseado em dois fatores: No tipo de componente utilizado para dissolver o corante; Na pigmentação do corante. Há três tipos de componentes químicosutilizados para dissolver o corante: gel, água e solvente. Portanto, a discriminação das tintas em uma investigação forense depende de sua cor e de suas composições química e mineralógica. O exame químico de tintas visa determinar a autenticidade de determinado documento questionado legalmente. O exame envolve a identificação de substâncias empregadas na confecção da tinta usada no documento questionado e a compatibilidade com a data do mesmo. A técnica mais utilizada nessa avaliação é a espectroscopia de Raman, já descrita anteriormente, devido a diversos fatores como: A espectroscopia de Raman é uma técnica que apresenta capacidade considerável na identificação de compostos químicos; Nessa técnica não é necessário preparar a amostra; A avaliação pode ser feita diretamente nos locais onde estão acondicionadas as amostras; É uma técnica não invasiva; AN02FREV001/REV 4.0 53 Não destrói a amostra; Proporciona rapidez às análises. Dessa maneira, a espectroscopia Raman, em análise de tintas, fornecerá uma resposta baseada nas características inerentes de cada tinta, distinguindo-as quimicamente. As informações são obtidas na forma de um espectro de Raman (FIGURA 19). FIGURA 19 - ESPECTROS RAMAN FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. A figura mostra exemplos de espectros Raman para cada tipo de tonalidade. Os espectros são facilmente distinguíveis devido à diferença em suas composições químicas. AN02FREV001/REV 4.0 54 3.2.3 Revelações de Impressões Digitais: do Clássico à Nanotecnologia A identidade é o conjunto de caracteres que individualizam uma pessoa pela ocorrência de propriedades, sinais ou marcas específicas. É, portanto, exclusiva e intransferível. Diante disso, o método de identificação consiste na determinação da identidade. Um dos métodos de identificação humana bastante utilizada é a Papiloscopia. A Papiloscopia é a ciência responsável pela identificação por meio das papilas dérmicas. As papilas dérmicas são reentrâncias que representam o local de contato entre a derme e a epiderme (FIGURA 20). As papilas são irrigadas e apresentam receptores sensoriais. FIGURA 20 - ESTRUTURA DA PELE FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. A Papiloscopia é, portanto, baseada na perenidade, individualidade, viabilidade e imutabilidade das papilas dérmicas: Perenidade: As papilas dérmicas apresentam a capacidade de resistir à ação do tempo; Individualidade: As papilas dérmicas são específicas de indivíduo para indivíduo; Viabilidade: AN02FREV001/REV 4.0 55 O estudo das papilas dérmicas é viável às práticas periciais, pelo seu baixo custo e fácil operacionalização; Imutabilidade: As papilas dérmicas não variam com o passar do tempo. A Papiloscopia é dividida em várias áreas de acordo com o objeto de estudo em questão. A área responsável pela identificação por meio das impressões digitais é a Datiloscopia. O uso das impressões digitais na identificação humana remonta à pré-história. Desde essa época é conhecido que o homem primitivo realizava marcações de seus objetos e cavernas com as mãos. Em geral, essas marcações eram feitas em argila, reproduzindo principalmente as extremidades digitais. Após isso, várias descobertas tiveram importância no campo das impressões digitais e vários sistemas de identificação por meio destas foram propostos. Porém, em 1891, Juan Vucetich apresentou o novo sistema de identificação, que ficou conhecido como Iconofalangometria. Porém, a dúvida acerca da confiabilidade do método de identificação humana por meio de impressões digitais ainda pairava. Depois de anos de estudos e investigações chegou-se à conclusão de que a identificação por impressões digitais era mesmo confiável, ou seja, era possível a identificação individual por meio destas. A partir daí, o sistema Vucetich passou a ser amplamente utilizado em todas as circunstâncias, ou seja, deixou de ser apenas um processo destinado à identificação de criminosos e passou a ser utilizado pela sociedade civil. Nesta época, o sistema passou a ser chamado de Datiloscópico ou simplesmente Datiloscopia. O processo datiloscópico divide-se em: a) Monodatilar É quando se refere à impressão digital de um só dedo. b) Decadátilar É quando se trata da impressão do conjunto dos 10 dedos. AN02FREV001/REV 4.0 56 Os desenhos papilares estão presentes desde a vida embrionária e só desaparecem com a putrefação corporal, ocorrida após a morte. Os desenhos são expressos em datilogramas que podem ser divididos de três formas: a) Datilogramas naturais: são aqueles realizados diretamente pelo auxílio da lupa. b) Datilogramas artificiais: são aqueles realizados de forma artificial, ou seja, com o auxílio de meios gráficos de impressão. Um exemplo é a ficha datiloscópica (FIGURA 21). FIGURA 21 - FICHA DATILOSCÓPICA FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. a) Datilogramas acidentais: são aqueles encontrados acidentalmente nos locais de crime. No Sistema Vucetich, há quatro tipos de desenhos fundamentais que servem de base para toda a classificação datiloscópica. Esses desenhos são baseados na presença de duas características: o delta e as linhas do sistema nuclear (FIGURA 22). AN02FREV001/REV 4.0 57 FIGURA 22 - REPRESENTAÇÃO DO DELTA E DAS LINHAS NUCLEARES FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. Diante disso, os quatro tipos de desenhos fundamentais e suas características são: arco, presilha interna, presilha externa e verticilos. Esses tipos apresentam a seguinte denominação de acordo com os dedos: a) Arco (A – polegar; 1 – demais dedos) (FIGURA 23) ; FIGURA 23 - REPRESENTAÇÃO DO ARCO FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. Delta Linhas nucleares AN02FREV001/REV 4.0 58 Características do Arco: I) Ausência de delta; II) As linhas atravessam o campo da impressão de um lado para o outro, assumindo forma abaulada. b) Presilha interna (I – polegar; 2 – demais dedos) (FIGURA 24); FIGURA 24 - REPRESENTAÇÃO DA PRESILHA INTERNA FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. Características da Presilha Interna: I) Um delta à direta do observador; II) As linhas nucleares ocorrem para a esquerda do observador. c) Presilha externa (E – polegar; 3 – demais dedos) (FIGURA 25); AN02FREV001/REV 4.0 59 FIGURA 25 - REPRESENTAÇÃO DA PRESILHA EXTERNA FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. Características da Presilha Externa: I) Um delta à esquerda do observador; II) As linhas nucleares ocorrem para a direita do observador. d) Verticilo (V – polegar; 4 – demais dedos) (FIGURA 26). FIGURA 26 - REPRESENTAÇÃO DO VERTICILO FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. Características do Verticilo: I) Apresenta dois deltas: um à direita e outro à esquerda do observador; II) As linhas nucleares ficam encerradas entre dois deltas. AN02FREV001/REV4.0 60 Há mais de um milhão de fórmulas datiloscópicas baseadas nesses quatro tipos fundamentais e ambas estão à disposição do Serviço de Identificação do Exército. Os datiloscopistas são os profissionais responsáveis por realizar os trabalhos de pesquisa nos arquivos datiloscópicos e comparar com as impressões digitais em avaliação. As impressões digitais podem ser: Impressões latentes (IPL): são as impressões formadas por óleo ou secreções de suor depositadas pelo dedo de uma pessoa quando esta toca determinada superfície ou objeto. São invisíveis a olho nu e necessitam de técnicas que as faça visíveis. Impressões visíveis: são formadas quando o dedo do criminoso está contaminado com algum tipo de fluido. Daí é deixada uma marca visível. Impressões plásticas ou moldadas: são formadas quando a impressão do dedo é deixada em uma substância macia. Raras de serem encontradas nas cenas de crime. Há diversas técnicas para coleta de impressões digitais na cena do crime. Saber escolher a técnica se torna importante do ponto de vista que uma escolha errada acarreta na destruição do vestígio, da evidência, comprometendo, assim, o andamento das investigações. Nas técnicas de revelação de impressões digitais são utilizados reveladores. Os reveladores reagem com os produtos liberados no suor (TABELA 2) e tornam visíveis as impressões digitais. AN02FREV001/REV 4.0 61 TABELA 2 - RELAÇÃO ENTRE AS GLÂNDULAS E OS COMPOSTOS EXCRETADOS NO SUOR HUMANO FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. Os reveladores podem ser classificados em químicos e físicos. Dentre os reveladores químicos encontram-se os pós como: carbonato de chumbo ou cerusa, negro de marfim, negro de fumo, pó de alumínio, pó de grafite, pó de ferro, pó magnético, rodamina-B, eosina, sulfato de para-rosanilina, violeta cristal, crisoidina, fluoresceína, naftolato AS, verde malaquita, fosfina R, azul demetileno, nitrato de uranilo, etc. Entre os meios físicos destacam-se a luz comum oblíqua e a luz ultravioleta (com ou sem filtros adequados). A técnica do pó Na revelação de impressões digitais utilizando a técnica do pó são utilizados diversos tipos de pó (TABELA 3). A escolha depende da superfície avaliada, das condições climáticas e da experiência do perito. O pó pode ser aplicado com o auxílio de um pincel com cerdas macias, spray de aerossol e aparato eletrostático (FIGURA 27). AN02FREV001/REV 4.0 62 FIGURA 27 - APLICAÇÃO DO PÓ NA REVELAÇÃO DAS IMPRESSÕES DIGITAIS FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. TABELA 3 - TIPOS DE PÓS UTILIZADOS NAS REVELAÇÕES FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 63 Vapor de Iodo O iodo tem a capacidade de sublimar, ou seja, passar do estado sólido diretamente para o estado gasoso. Para realizar essa mudança, necessita absorver calor. O vapor gerado por essa mudança apresenta a coloração marrom amarelada. O princípio da técnica de revelação utilizando o vapor de iodo está relacionado a essa mudança de estado. Coloca-se o material a ser examinado em um saco plástico selado junto a cristais de iodo. Agita-se o saco, movimento suficiente para gerar calor no microambiente. Ocorre, dessa forma, a sublimação e o vapor reagem com a impressão digital latente por meio de uma absorção física. É uma técnica extremamente simples e indicada para avaliação de pequenos objetos. Apresenta a vantagem de não danificar o vestígio, portanto, pode ser realizada antes de outras técnicas. Nitrato de Prata É uma técnica bastante utilizada e baseia-se na reação do nitrato de prata com os íons cloreto presentes nas secreções do suor e consequentemente nas impressões digitais. O princípio da técnica consiste em imergir a superfície a ser analisada em um recipiente contendo solução 5% de nitrato de prata (AgNO3(aq)) por 30 segundos. O cloreto de prata (AgCl(ppt)) originado é insolúvel em água, ou seja, é um precipitado. Após esse procedimento, a superfície deve ser colocada em câmara escura para secagem. Depois, deve ser deixada ao sol para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a impressão digital sob um fundo negro. Deve- se fotografar a impressão digital antes que toda a superfície escureça. AN02FREV001/REV 4.0 64 Ninidrina A ninidrina é uma substância que apresenta afinidade por compostos orgânicos como proteínas e aminoácidos. O princípio é o seguinte: é feita uma solução de 0,5 g de ninidrina com 30 ml de etanol. Deve-se borrifar a solução na superfície a ser analisada, sempre mantendo uma distância de segurança de aproximadamente 15 cm. Esse procedimento deve ser repetido o número de vezes necessárias para a visualização da impressão. A impressão, caracterizada pela cor púrpura, só aparecerá quando a superfície estiver completamente seca. A reação ocorrida é exemplificada na figura 15 e um exemplo de impressão digital revelada em papel pode ser visto na Figura 29. FIGURA 28 - REAÇÃO QUÍMICA DA NINIDRINA COM AMINOÁCIDOS FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 65 FIGURA 29 - IMPRESSÕES DIGITAIS REVELADAS COM A TÉCNICA DE NINIDRINA EM PAPEL FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 3.2.4 Identificação de Sangue e Outros Fluidos Biológicos O objetivo do perito é encontrar vestígios que auxiliem na elucidação dos crimes. Os vestígios biológicos mais comuns em qualquer cena do crime são: sangue, cabelos, pelos, sêmen, saliva, urina, fezes, ossos e peças dentárias. a) Sangue O sangue é uma mistura constituída pelo plasma (água e sais dissolvidos) e os componentes sólidos (eritrócitos – glóbulos vermelhos, leucócitos – glóbulos brancos e plaquetas) (FIGURA 30). AN02FREV001/REV 4.0 66 FIGURA 30 - CONSTITUINTES DO SANGUE FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. O sangue apresenta as seguintes funções: Transporte de oxigênio e dióxido de carbono pelo corpo humano; Responsável por mediar a troca de substâncias entre os órgãos; Transporte de metabólitos; Distribuição de hormônios; Homeostase; Manutenção da temperatura corporal; Regulação do balanço ácido-base em conjunto com os pulmões, fígado e rins; Defesa contra agentes patogênicos; Realização da coagulação como mecanismo de autoproteção. Quanto à presença de sangue na cena de um crime há três situações possíveis de ocorrer: I) O sangue/mancha de sangue encontra-se visível; II) O sangue/mancha de sangue encontra-se invisível; AN02FREV001/REV 4.0 67 III) O sangue /mancha de sangue foi removida pelo criminoso, portanto, considerada também invisível. O tipo de mancha de sangue deixada como vestígio vai depender do tipo de ferimento em questão (FIGURA 31). FIGURA 31 - MANCHAS DE SANGUE. GOTEJADA (À ESQUERDA), TRANSFERIDA (CENTRO) E PROJETADA (À DIREITA) FONTE: Disponível em: <http://www.quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. Os eritrócitos ou glóbulos vermelhos do sangue apresentam em seu interior uma molécula de hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio.A molécula de hemoglobina possui em sua estrutura um radical denominado heme (FIGURA 32). AN02FREV001/REV 4.0 68 FIGURA 32 - ESTRUTURA MOLECULAR DA HEMOGLOBINA (À ESQUERDA) E A ESTRUTURA DO RADICAL HEME (À DIREITA) FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. A coleta dos vestígios sanguíneos é um processo de extrema importância e deve ser realizado com bastante cautela pelos peritos. Antes deve ser feita uma avaliação geral do local do crime, determinar a localização exata das manchas, se elas foram lavadas, se há contaminação, o aspecto e o tamanho, etc. A coleta depende do estado físico do sangue. Caso esteja em estado líquido, deve ser coletado com o auxílio de tiras absorventes ou zaragatoas estéreis. As tiras deverão ser armazenadas em envelopes de papel após estarem completamente secas. Já as zaragatoas deverão ser armazenadas em suportes próprios. Caso o sangue esteja em estado sólido, há duas possibilidades. A primeira é a realização da raspagem e posterior armazenamento em envelopes de papel. A segunda é a solubilização com soro fisiológico e coleta em tiras de papel, como descrito anteriormente. A escolha do teste depende das características da amostra obtida na coleta. Os testes podem ser de dois tipos: testes presuntivos, que são aqueles que identificam a presença de sangue baseados em reações de oxidação, que podem ser reações de cor ou luminescência; e os testes confirmatórios, que são aqueles AN02FREV001/REV 4.0 69 que confirmam a presença de sangue por meio da formação de cristais de derivados do grupo heme ou de reações imunológicas com a hemoglobina. Testes presuntivos Reações de cor São utilizados peróxido de hidrogênio e um reagente que funciona como indicador. O grupo heme atua sobre o peróxido liberando oxigênio que oxida o indicador, originando um composto corado. I) Reação de cor – Reagente de Kastle-Meyer Reagente de Kastle-Meyer: 0,1 g de fenolftaleína; 2,0 g de hidróxido de sódio (sob a forma de pellet); 2,0 g de pó de zinco metálico; 10 ml de água destilada. A amostra de sangue coletada deve ser macerada com 1 ml de água destilada ou hidróxido de amônio concentrado. Duas gotas do macerado são colocadas em um tubo de ensaio junto com duas gotas do reagente e duas de peróxido de hidrogênio a 5 %. A reação ocorrida pode ser vista na Figura 33. AN02FREV001/REV 4.0 70 FIGURA 33 - REAÇÕES DO REAGENTE DE KASTLE – MEYER FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. Caso a amostra contenha sangue, haverá a decomposição do peróxido em água e oxigênio. O oxigênio liberado promoverá a mudança de cor da fenolftaleína. É essa mudança de cor que evidencia ao perito que a amostra contém sangue. É um teste de sensibilidade de 1/1.000.000. AN02FREV001/REV 4.0 71 II) Reação de cor – Reagente de Adler- Ascarelli ou Benzidina Reagente de Adler – Ascarelli ou Benzidina 0,16 g de benzidina cristalizada; 4Ml de ácido acético glacial; 4mL de peróxido de hidrogênio de 3 a 5%. A amostra coletada deve ser macerada em 1 ml de água destilada ou ácido acético glacial. Colocam-se duas gotas do macerado em um tubo de ensaio juntamente com duas gotas do reagente e duas de peróxido de hidrogênio. Caso a amostra contenha sangue, o oxigênio liberado irá oxidar a benzidina fazendo com que haja o aparecimento da coloração azul. (FIGURA 34). FIGURA 34 - REAÇÃO DE BENZIDINA FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. A sensibilidade desse teste é de 1/ 2.000.000. Reações de Luminescência As moléculas do sangue podem ser excitadas quimicamente por meio de fluorocromos produzindo luminescência por reação de oxidação com o grupo heme. Esses testes em que se utilizam reações de luminescência servem para detectar vestígios em cenas de crimes em que não há manchas visíveis a olho nu. AN02FREV001/REV 4.0 72 I) Reação de Luminescência - Reagente de Luminol O composto luminol (5-amino-2,3-di-hidro-1,4-ftalazinadiona) pode ser obtido a partir do ácido 3-nitroftálico (FIGURA 35). FIGURA 35 - SÍNTESE DE LUMINOL FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. O luminol produz uma reação quimioluminescente em solução básica quando em contato com o sangue. A vantagem da utilização do luminol é que ele é capaz de reagir com quantidades ínfimas de sangue, mesmo se já tenha passado longos períodos ou se tenha sido realizada a remoção prévia pelo criminoso. A sensibilidade do teste pode chegar a 1/ 1.000.000.000. Hoje, há kits especiais no mercado facilitando a vida dos peritos na revelação de manchas de sangue. Exemplos da reação de quimioluminescência podem ser vistos na Figura 36. AN02FREV001/REV 4.0 73 FIGURA 36 - DETECÇÃO DE MANCHAS OCULTAS DE SANGUE POR MEIO DO LUMINOL FONTE: Disponível em: <http://www.quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. Reações confirmatórias I) Cristais de Teichmann Os cristais de Teichmann (FIGURA 37) são a forma química particular da heme, cujo átomo de ferro está oxidado. São cristais rômbicos ou prismáticos, isolados ou agrupados de cor castanho-escuros. Podem formar-se no sangue quando adicionado um reagente de Bertrand, assim confirmam que a amostra é sangue. É visto em lâmina ao microscópio. AN02FREV001/REV 4.0 74 FIGURA 37 - CRISTAIS DE TEICHMANN FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. b) Sêmen É um vestígio secretado pelo homem e pode ser encontrado na forma de manchas nas roupas, chão, tapetes e outros; nas formas líquida e seca. Após secagem, dá um efeito engomado aos tecidos. Os procedimentos que devem ser realizados pela perícia forense são: Verificação se de fato a mancha trata-se de sêmen ou não; Identificação da origem (se é humano ou não); Determinação do grupo sanguíneo; Determinação do tipo de ejaculação (se interna ou externa); Determinações toxicológicas (se há ou não presença de drogas); Exames genéticos – Exames de DNA. O estudo dos fluidos seminais na cena do crime está diretamente relacionado à individualização da evidência biológica para confronto com possíveis suspeitos. O esquema de avaliação forense quanto a vestígios de sêmen pode ser visualizado na Figura 38. AN02FREV001/REV 4.0 75 FIGURA 38 - ESQUEMATIZAÇÃO DO ESTUDO DO SÊMEN FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. A coleta de vestígios de sêmen deve ser feita com a máxima cautela, já que se deve preservar ao máximo a presença de espermatozoides na amostra. Testes presuntivos I) Luz UV Consiste na exposição da mancha à luz UV. É utilizado apenas para uma avaliação preliminar, já que a reação à luz UV não é exclusiva do sêmen. II) Fosfatase Ácida A fosfatase ácida é uma enzima presente no sêmen. O princípio consiste na detecção da atividade enzimática por meio de substratos. O mais específico é timolftaleínamonofosfato de sódio. AN02FREV001/REV 4.0 76III) Reação de Florence A reação de Florence é baseada na formação de cristais de iodeto de colina, que se encontram presentes no esperma sob a forma de fosforil-colina e lecitina. Reagente de Florence: 2,54 gramas de Iodo metálico; 1,56 gramas de Iodeto de potássio; 30 ml de água destilada. Os cristais são vistos na forma de lâminas romboides de coloração parda. Testes confirmatórios I) Teste a fresco A análise é realizada em microscópio a fresco para a determinação de espermatozoides, já que a determinação de um espermatozoide íntegro já é suficiente para confirmar a presença de sêmen. Porém, não deve descartar o fato de que há muitos homens azoospérmicos e submetidos à vasectomia. 3.2.5 O Bafômetro e Outras Técnicas de Quantificação do Etanol O “álcool” e as “drogas de abuso” são as substâncias que, na atualidade, fazem parte da maioria das requisições de exames toxicológicos. De acordo com a especificidade do caso e o tipo de análise toxicológica pretendida procede-se à coleta das amostras mais adequadas. Dessa forma, existem análises que requerem apenas um tipo de amostra, enquanto outros diversos tipos. No caso da quantificação de etanol é necessária apenas a coleta de amostra de sangue da AN02FREV001/REV 4.0 77 pessoa sob suspeita. Porém, quando não é possível realizar a coleta sanguínea, pode ser realizada a coleta de saliva, urina, líquido sinovial, medula óssea, etc. O etanol pode ser quantificado de várias formas: Bafômetro O bafômetro é um instrumento utilizado no trânsito para comprovação da embriaguez dos motoristas. A reação química ocorrida dentro do aparelho é a seguinte: K2Cr2O7(aq.) + 4 H2SO4(aq.) + 3 C2H5OH(v)3 C2H4O(g) + K2SO4(aq.) + Cr2(SO4)3(aq.) + 7 H2O(l) Ao ser exalado pelo motorista, o álcool presente no ar reage com a solução de dicromato de potássio, provocando uma reação de oxirredução. É formado nessa reação aldeído acético (C2H4O), caso esteja presente o álcool etílico. Nessa reação, como confirmação da embriaguez do motorista, há uma mudança de coloração: o dicromato (amarelo-alaranjado) dá origem ao Sulfato de Crômio III (coloração verde). Nem sempre é possível a aplicação desse procedimento simples, que é a técnica do bafômetro. Dessa forma, tornam-se necessárias avaliações de amostras de fluidos biológicos para detecção da presença de etanol. As principais técnicas são: I) Utilização de marcadores biológicos Marcadores biológicos são substâncias, produtos de biotransformação ou alterações bioquímicas cuja determinação em fluidos biológicos permite avaliar a intensidade de exposição à determinada substância. Dessa forma, a presença dos marcadores biológicos indicam a presença da substância sob suspeita. Os principais marcadores biológicos do etanol são: Gama-Glutamiltranspeptidade (GGT); Alanina aminotransferase (ALT); Transferrina deficiente em carboidrato (CDT); Etilglicuronídeo (EtG); AN02FREV001/REV 4.0 78 Ésteres de ácidos graxos (FAEEs); Etilsulfato (EtS). II) Técnicas analíticas Cromatografia em fase gasosa, utilizando a técnica de separação por headspace (GC – HS) A cromatografia é uma técnica analítica de grande importância nas análises de amostras forenses. A cromatografia gasosa (GC) é um método de análise de misturas cujos constituintes tenham pontos de ebulição de até 300ºC e que sejam termicamente estáveis. Na cromatografia gasosa de separação por headspace (GC – HS) é utilizado o método de separação headspace, que constitui na extração de compostos orgânicos voláteis e semivoláteis da amostra. 3.3 AS DROGAS DE ABUSO 3.3.1 Aspectos Históricos Relacionados às Drogas de Abuso Ao longo da história do homem as drogas revelaram-se de múltiplas formas. Representa uma presença constante associada à medicina, ciência, religião, magia, cultura, festa e deleite. Antigamente, utilizavam de plantas alucinógenas. Um exemplo é a utilização da papoula do ópio, considerada planta da felicidade, ou “que faz esquecer o sofrimento”. O ópio é um depressor do sistema nervoso central que apresenta características sedativas e analgésicas. Hoje são utilizadas várias substâncias derivadas do ópio, como a morfina, a heroína e a codeína. O consumo de álcool também remonta à antiguidade. O vinho era considerado a bebida dos deuses. A Cannabis foi utilizada pela Medicina Chinesa como anestésico em cirurgias e na Medicina Indiana como hipnótico, analgésico e espasmolítico. AN02FREV001/REV 4.0 79 Os nativos da América do Sul tinham por hábito mascar as folhas de Erythroxylon coca para suportar o trabalho em altitudes e a dieta inadequada. No século XIX, foi extraída das folhas de Erythroxylon cocaa, sendo utilizada como antídoto dos depressores do sistema nervoso, no tratamento do alcoolismo e da morfinomania e como anestésico local em cirurgias oftalmológicas. Em 1863, na Europa, foi lançado o vinho Mariani, feito das folhas da coca. Até 1903, o refrigerante Coca-Cola apresentava em sua composição esse princípio ativo. Relatos na literatura apontam também a utilização da cocaína em medicamentos para alívio de problemas respiratórios. Muitas substâncias como o café, a cafeína, a estriquinina, o arsênico, o tabaco e a nicotina eram utilizadas como estimulantes. Os barbitúricos, derivados da ureia e do ácido malônico, foram amplamente consumidos para induzir o sono. Outra substância muito utilizada foram as anfetaminas, pelos seus efeitos estimulantes, antidepressivos e antiemagrecimento. O movimento hippie marcou o uso de drogas como o haxixe, maconha e derivados e marijuana. O LSD e cogumelos também foram utilizados. A partir do final dos anos 80, a cocaína ressurge de forma epidêmica. Porém, na forma intranasal e endovenosa. A partir de 1990, houve a expansão do consumo de crack (uma mistura de cocaína e bicarbonato de sódio, aquecida e fumada na forma de pedra) pelo seu baixo custo e potencial de dependência. Os agentes inalantes foram utilizados em todas as épocas por seus efeitos euforizantes. Atualmente, os mais utilizados são: as colas (que contêm acetona, hexano e benzeno), os solventes, removedores e diluentes de tintas (contendo acetona), os anestésicos voláteis (o éter, protóxico de nitrogênio) e os gases (a gasolina e os gases do escapamento de automóveis). No final dos anos 80, surge na Europa, a chamada “droga de amor”, o êxtase ou ecstasy. Atualmente é a mais usada entre os jovens. Na Tabela 4 está um resumo do histórico do uso de drogas de abuso no mundo. AN02FREV001/REV 4.0 80 TABELA 4 - TRAJETÓRIA DAS SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS 5400 - 5000 a.C. Um jarro de cerâmica descoberto no norte do Irã, com resíduos de vinho resinado, é considerado a mais antiga evidência da produção de bebida alcoólica. 4000 a.C. Os chineses são, provavelmente, um dos primeiros povos a usar a maconha. Fibras de cânhamo descobertas no país datam dessa época. 3500 a.C. Os sumérios, na Mesopotâmia, são considerados o primeiro povo a usar ópio. O nome dado por eles à papoula pode ser traduzido como “flor do prazer”. 3000 a.C. A folha de coca é costumeiramente mastigada na América do Sul. A coca é tida como um presente dos deuses. 2100 a.C. Médicos sumérios receitam a cerveja para a cura de diversos males, segundo inscrições em tabuletas de argila. 2000 a.C. Hindus, mesopotâmios e gregos usam o cânhamo como planta medicinal. Na Índia, a maconha éconsiderada um presente dos deuses, uma fonte de prazer e coragem. 100 a.C. Depois de séculos, o cânhamo cai em desuso na China e é empregado apenas como matéria-prima para a produção de papel. Século 11 Hassan Bin Sabah funda a Ordem dos Haximxim, uma ordem de guerreiros que recebia, em sua iniciação, uma grande quantidade de haxixe, a resina da Cannabis. 1492 O navegador Cristóvão Colombo descobre os índios usando tabaco durante suas viagens ao Caribe. Século 16 Américo Vespúcio faz na Europa os primeiros relatos sobre o uso da coca. Com a conquista das Américas, os espanhóis passam a taxar as plantações. Durante a expansão marítima para o Oriente, os portugueses adotam a prática de fumar ópio. 1550 Jean Nicot, embaixador francês em Portugal, envia sementes de tabaco para Paris. Século 17 O gim é inventado na Holanda e sua popularização na Inglaterra no século 18 cria um grave problema social de alcoolismo. Século 18 O cânhamo volta a ser usado no Ocidente, como planta medicinal. Alguns médicos passam a usá-lo no tratamento da asma, tosse e doenças nervosas. Século 19 Surgem os charutos e cigarros. Até então, o tabaco era fumado principalmente em cachimbos e aspirado na forma de rapé. 1845 O pesquisador francês Moreau de Tours publica o primeiro estudo sobre drogas alucinógenas, descrevendo seus efeitos sobre a percepção humana. 1850-1855 A coca passa a ser usada como uma forma de anestesia em operações de garganta. A cocaína é extraída da planta pela primeira vez. O botânico Richard Spruce identifica o cipó Banisteriopsiscaapi como a AN02FREV001/REV 4.0 81 1852 matéria-prima de onde é extraída a ayahuasca. 1874 Com a mistura de morfina e um ácido fraco semelhante ao vinagre, a heroína é inventada na Inglaterra por C.R.A. Wright. 1874 A prática de fumar ópio é proibida em San Francisco (EUA). A Sociedade para a Supressão do Comércio do Ópio é fundada na Inglaterra, e só quatro anos depois as primeiras leis contra o uso de ópio são adotadas. 1884 O uso anestésico da cocaína é popularizado na Europa. Dois anos depois, John Pemberton lança nos EUA uma beberagem contendo xarope de cocaína e cafeína: a Coca-Cola. A cocaína só seria retirada da fórmula anos depois. 1896 A mescalina, princípio ativo do peyote, é isolada em laboratório. 1898 A empresa farmacêutica Bayer começa a produção comercial de heroína, usada contra a tosse. 1905 Cheirar cocaína torna-se popular. Os primeiros casos médicos de danos nasais por uso de cocaína são relatados em 1910. Em 1942, o governo dos EUA estima em 5.000 as mortes relacionadas ao uso abusivo da droga. 1912 A indústria farmacêutica alemã Merck registra o MDMA (princípio ativo do ecstasy) como redutor de apetite. A substância, porém, não chega a ser comercializada. 1914 A cocaína é banida dos EUA. 1930 Num movimento que começa nos Estados Unidos, a proibição da maconha alcança praticamente todos os países do Ocidente. 1943 O químico suíço Albert Hofmann ingere, por acidente, uma dose de LSD- 25, substância que havia descoberto em 1938. Com isso, descobre os efeitos da mais potente droga alucinógena. 1950-1960 Cientistas fazem as primeiras descobertas da relação do fumo como câncer do pulmão. 1953 O exército norte-americano realiza testes com ecstasy em animais. O objetivo era investigar a utilidade do agente em uma guerra química. 1956 Os EUA banem todo e qualquer uso de heroína. 1965 O LSD é proibido nos EUA. Seus maiores defensores, como os americanos Timothy Leary e Ken Kesey, começam a ser perseguidos. 1965 Alexander Shulgin sintetiza o MDMA em seu laboratório. Ao mastigá-lo, sente "leveza de espírito" e apresenta a droga a psicoterapeutas. Anos 70 O uso da cocaína torna-se popular e passa a ser glamourizado. Nos anos 80, o preço de 1 Kg de cocaína cai de US$ 55 mil (1981) para US$ 25 mil (1984), o que contribui para sua disseminação. 1977 Início da "Era de Ouro" do ecstasy. Terapeutas experimentais fazem pesquisas em segredo para não chamar a atenção do governo. Década de 80 Surge o crack, a cocaína na forma de pedra. A droga, acessível às camadas mais pobres da população tem um alto poder de dependência. 1984 Holanda libera a venda e consumo da maconha em estabelecimentos específicos - os coffee shops. 1984 O uso recreativo do MDMA ganha as ruas. Um ano depois, a droga é AN02FREV001/REV 4.0 82 proibida nos EUA e inserida na categoria dos psicotrópicos mais perigosos. 2001 Os EUA dão apoio financeiro de mais de US$ 2 bilhões ao combate ao tráfico e à produção de cocaína na Colômbia. 2003 O governo canadense anuncia que vai vender maconha para doentes em estado terminal. É a primeira vez que um governo admite o plantio e comercialização da droga. FONTE: Revista Galileu Especial nº 3 – Agosto de 2003. 3.3.2 Preparação e Métodos de Detecção As drogas de abuso podem ser classificadas em: Lícitas Drogas de abuso lícitas são aquelas permitidas e liberadas legalmente. Exemplos: cigarros e bebidas alcóolicas. Ilícitas Drogas de abuso ilícitas são aquelas proibidas legalmente. Exemplos: cocaína, heroína, maconha, LSD, etc. As drogas causam dependência pelo seu mecanismo de ação no Sistema Nervoso Central (SNC), gerando uma sensação de recompensa. Dessa forma, de acordo com relatos da literatura, todo comportamento que é reforçado por uma sensação de recompensa, tende a ser repetido. Para compreendermos o mecanismo de ação dessas substâncias, é necessário termos uma noção geral do funcionamento do SNC. Um estímulo é recebido por intermédio dos órgãos do sentido. A mensagem é enviada ao SNC, onde é processada, interpretada, elaborada, memorizada, associada, dentre outros. Porém, esse processo ocorre em milésimos de segundos. O SNC é constituído de bilhões de neurônios, células responsáveis pelo processamento das informações. Juntos, os neurônios formam uma complexa rede de comunicação. Na Figura 39 está representada a estrutura simplificada de um neurônio. AN02FREV001/REV 4.0 83 FIGURA 39 - ESTRUTURA SIMPLIFICADA DE UM NEURÔNIO FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. Os neurônios não estão intimamente ligados, há um espaço entre eles chamado de fenda sináptica (FIGURA 40). Na fenda sináptica ocorre o processo de neurotransmissão ou sinapse, que representa a troca de informações entre os neurônios. AN02FREV001/REV 4.0 84 FIGURA 40 - FENDA SINÁPTICA FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. A informação é transmitida do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico pela liberação de substâncias químicas denominadas de neurotransmissores. Diante do exposto, as drogas psicotrópicas agem alterando essas comunicações entre os neurônios, produzindo diversos efeitos de acordo com o tipo de neurotransmissor envolvido e a forma como a droga atua. Como já foi citado anteriormente, as drogas psicotrópicas são classificadas em três grandes grupos: Drogas depressoras São drogas que diminuem a atividade do SNC. Exemplos: álcool, inalantes, benzodiazepínicos. Drogas Estimulantes: São drogas que estimulam a atividade do SNC. AN02FREV001/REV 4.0 85 Exemplos:cocaína e derivados como crack, merla, pasta, etc. Drogas pertubadoras São drogas que produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do SNC. Exemplo: maconha, triexifenidil (Artane). A análise química tem sido amplamente utilizada em diversos segmentos da sociedade, em especial na Química Forense, para a verificação da utilização de drogas de abuso pelas pessoas sob suspeita. Diversas técnicas são utilizadas para avaliar amostras de fluidos biológicos e hoje há testes específicos para cada tipo de droga (maconha, cocaína, barbitúricos, anfetaminas, etc.). Os testes de detecção de drogas de abuso podem ser realizados com amostras biológicas como fluidos corporais (sangue, urina) e queratinizadas (cabelos ou pelos). Na Tabela 5 estão descritas as principais drogas e as matrizes biológicas utilizadas na sua detecção. TABELA 5 - PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO E MATRIZES BIOLÓGICAS UTILIZADAS NA DETECÇÃO AN02FREV001/REV 4.0 86 FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. As amostras devem ser coletas com cautela e armazenadas de forma a manter a confiabilidade das mesmas, para garantir a conservação. Exame de Urina A urina somente é aceita como amostra para verificação do uso recente de drogas de abuso. Porém, não permite distinguir o usuário ocasional do abusivo ou dependente. O período de duração da detectabilidade das drogas na urina depende da intensidade e frequência do uso. A duração da detectabilidade na urina das principais drogas pode ser vista na Tabela 6. AN02FREV001/REV 4.0 87 TABELA 6 - DURAÇÃO DA DETECTABILIDADE DAS DROGAS DE ABUSO NA URINA FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. Exame de sangue A pesquisa direta da droga de abuso no sangue possibilita apenas verificar o uso recente de substâncias (algumas horas). São várias as técnicas de AN02FREV001/REV 4.0 88 quantificação de drogas de abuso utilizadas na atualidade. Serão descritas abaixo as mais utilizadas. Cromatografia gasosa (GC) A técnica de cromatografia gasosa já foi descrita anteriormente. É bastante atrativa devido à possibilidade de detecção em escalas mínimas. É, portanto uma técnica que apresenta alta sensibilidade, sendo possível separar misturas complexas com até 200 compostos. Desvantagem: é necessário que a amostra seja volátil ou estável termicamente. Espectrometria de massas Esta técnica também já foi descrita anteriormente. Permite uma análise quantitativa extremamente precisa e confiável. Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) A cromatografia líquida recebe esse nome porque a sua fase móvel é um solvente. É um método utilizado para separação de espécies iônicas ou macromoléculas e compostos termolábeis. É considerada de alta eficiência pelo fato de ser altamente seletiva. Na Tabela 7 está uma comparação entre a GC e a HPLC. TABELA 7 - DIFERENÇAS ENTRE A GC E A HPLC FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. FIM DO MÓDULO III
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