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M03_Química_Forense

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AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
QUÍMICA FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
QUÍMICA FORENSE 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
 
 
MÓDULO III 
 
 
3 METODOLOGIA E TÉCNICAS VOLTADAS À QUÍMICA FORENSE 
 
 
3.1 TÉCNICAS ANALÍTICAS MAIS USUAIS 
 
 
 A Química Forense conta com o auxílio da Química Analítica nas 
investigações criminais. Muitas técnicas analíticas estão sendo utilizadas na 
documentoscopia, balística forense e drogas de abuso. As mais utilizadas de acordo 
com cada área são: 
 
a) Documentoscopia 
 
 A documentoscopia é a parte da criminalística que estuda a autenticidade 
dos documentos. Os principais estudos da documentoscopia são: alterações de 
documentos, exame de instrumentos escreventes e, a parte de interesse para a 
Química Forense, o exame de tintas. 
 As técnicas mais utilizadas na documentoscopia são: 
 
 Espectroscopia Raman 
 
 A Espectroscopia Raman é uma técnica de grande importância na 
comparação de tintas. Essa técnica utiliza uma potente fonte de laser de radiação 
monocromática no visível ou no infravermelho próximo. Ao ser incidido sobre o 
objeto em análise, é espalhada por ele, podendo gerar luz de mesma energia 
(espalhamento elástico) ou de energia diferente da incidente (espalhamento 
inelástico). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
 Como espalhamento inelástico é possível obter informações importantes 
sobre a composição química do objeto em análise pela formação dos chamados 
espectros Roman. É utilizada a microscopia Raman (FIGURA 14). 
 
 
FIGURA 14 - MICROSCÓPIO RAMAN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.nei.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
 A espectrometria Raman utiliza a frequência de vibração dos átomos do 
objeto sob análise para descobrir informações acerca de sua geometria molecular, 
de sua interação com o ambiente, etc. Dessa forma, a espectrometria Raman 
permite a investigação da autenticidade de documentos pela análise de tintas. 
 
 Espectrometria de massas (MALDI-MS e EASI-MS) 
 
 A espectrometria de massa (EM) é uma técnica que converte molécula e 
átomos neutros em íons e os separa por suas razões de massa/carga. As 
informações obtidas por um espectrômetro de massas são representadas por meio 
de um espectro de massas, que é um gráfico de abundâncias relativas dos íons em 
função da razão massa/carga, ou também na forma de tabela. 
 Os espectrômetros de massas são constituídos de três partes: 
 
1) Fonte de íons; 
2) Analisador; 
3) Sistema de detecção dos íons. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
 O princípio básico da espectrometria de massa pode ser visto na figura 15. 
 
 
FIGURA 15 - ESTRUTURA BÁSICA DE UM ESPECTRÔMETRO DE MASSAS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.mundoescola.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
 
 De acordo com a figura 15, pode-se ter uma ideia do princípio básico do 
funcionamento de um espectrômetro de massas. Na fonte de íons, os constituintes 
da amostra são convertidos em íons. Esses são acelerados em direção ao 
analisador, que realiza a separação dos íons de acordo com a razão massa/carga. 
Os íons separados pelo analisador são então detectados pelo detector, 
transformando a corrente de íons em sinais elétricos que são processados. 
 O que diferencia os diversos tipos de espectrometria de massas são os 
métodos de ionização. A fonte de ionização representa o dispositivo responsável 
pela ionização dos analitos da amostra antes de atingirem o analisador de massas. 
Diante disso, há vários tipos de espectrometria de massas. As mais utilizadas são: 
MALDI – MS (Matrix-assisted laser desorption/ionization mass spectrometry) 
 
 Para este tipo de espectrometria de massa é utilizada a ionização por 
dessorção a laser assistida por matriz. Seu princípio baseia-se na ionização do 
analito adsorvido em uma substância (matriz) por um feixe de laser. 
 Apesar de ser bastante utilizada, apresenta algumas desvantagens como: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
 O documento a ser analisado é destruído pela técnica; 
 A necessidade da utilização de solventes; 
 A degradação da substância analisada pela potência do laser; 
 A reprodutibilidade das condições de ionização e a otimização da técnica 
podem ser complexas. 
 
 Para minimizar essas desvantagens, surgiu a necessidade de descobrir 
técnicas com poderes destrutivos menores. Uma delas é a espectrometria de 
massas com ionização por eletrospray (ESI-MS). 
 
 ESI – MS 
 
 O processo electrospray é simples e requer uma fonte de alta tensão que 
esteja em contato com a solução contendo os analitos. Essa solução é transmitida 
por meio do capilar, no qual é aplicado um potencial positivo ou negativo forçando 
um processo de oxirredução e, consequentemente, a formação de algumas espécies 
sem seus contraíons. Assim, a gota sendo formada na ponta do capilar estará 
enriquecida por íons positivos ou negativos, dependendo do potencial aplicado. 
Conforme a densidade de carga aumenta na gota, presa à ponta do capilar, o 
campo elétrico formado entre o capilar e o contraeletrodo aumenta, provocando uma 
deformação na gota. A gota ganha forma de um cone, o qual é denominado de cone 
de Taylor. Quando a densidade de carga supera a tensão superficial, a gota se 
desprende do capilar, subdividindo-se. A frequência desse último processo depende 
da magnitude do campo elétrico, da tensão superficial do solvente e da 
condutividade da solução. 
 Como resultado final, os íons tornam-se completamente dessolvatados, ou 
seja, há apenas o rompimento gradual de interações não covalentes, principalmente 
a remoção de moléculas de solventes. 
 
b) Balística Forense 
 
 Na Balística Forense são utilizadas as seguintes técnicas analíticas: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
 Espectrometria de fluorescência de raios-X (XRF) 
 
 
 A espectrometria de fluorescência de raios-X baseia-se na emissão de raios 
fluorescentes pela amostra a ser analisada por meio da excitação eletrônica. A 
técnica utiliza um espectrômetro de fluorescência de raios-X para gerar as 
informações, que é um aparato constituído por uma fonte responsável pela 
excitação, o local de inserir a amostra, o sistema de dispersão, o mecanismo de 
detecção e o processador dos dados. 
 
 Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-
MS) 
 
 A espectrometria de massa com fonte de plasma indutivamente acoplado 
(ICP-MS) é uma técnica analítica bastante sensível para análise multielementar e 
isotópica. É usada para determinação de elementos em razão da massa/carga do 
íon. O princípio da técnica é: os íons gerados no plasma são introduzidos no 
espectrômetro de massa, os quais são separados em função da razão massa/carga, 
sob ação de campos elétricos e magnéticos que modificam as suas trajetórias. 
 
 Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX) 
 
 A técnica de microscopiaeletrônica de varredura (MEV) baseia-se na 
interação da amostra a ser analisada com os feixes de elétrons, que é responsável 
por produzir a imagem desejada. O microscópio eletrônico de varredura (MEV) 
funciona da seguinte maneira: há a emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) 
por um filamento capilar de tungstênio. Por efeito termiônico, os elétrons são 
acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes condensadoras e por uma 
lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A amostra é varrida pelos 
dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da lente objetiva. 
 O EDX (energy disperse x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que 
mede a energia associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV 
e do EDX permite uma identificação mais precisa de que mineral está sendo 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
analisado, já que cada elétron de determinado átomo apresenta energia específica. 
As imagens geradas pelo MEV-EDX apresentam excelente nitidez. 
 
 
3.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS 
 
 
3.2.1 O Exame Residuográfico de Disparo de Armas de Fogo 
 
 
 Uma arma de fogo é considerada uma máquina térmica, sendo constituída 
pelo aparelho arremessador ou arma propriamente dita, pela carga de projeção 
(pólvora) e pelo projétil (FIGURA 16). 
 
 
FIGURA 16 - CARTUCHO PADRÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.armasonline.org>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 Com a combustão da pólvora, que ocorre pela “chama iniciadora” 
proveniente da espuleta, o projétil é lançado para fora do cano. A força com que é 
projetado depende da qualidade da combustão. A combustão da pólvora gera um 
volume de gases, que gera uma pressão que impele o projétil pelo cano da arma. 
 A expansão dos gases ocorre na região anterior do cano da arma, orientada 
para a frente e na região posterior da arma, em decorrência da presença de orifícios 
na culatra (em revólveres) ou do extrator (no caso de pistolas). É o fluxo de gases 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
emitido pela região posterior da arma que atinge a mão do atirador, sendo chamado 
de vestígios ou resíduos de arma de fogo. 
 Os resíduos de tiro (GSR) (FIGURA 17), do inglês Gunshot Residue, são 
produzidos em todo crime em que tenha ocorrido um disparo de arma de fogo. 
Representam um conjunto complexo de compostos orgânicos e inorgânicos, ou seja, 
elementos metálicos oriundos do cano (Fe), do estojo (Cu, Zn, Ni), do projétil (Pb, 
Sb), do iniciador (Pb, Ba, Sb) e da pólvora (orgânicos). 
 Porém, não pode ser detectado a olho nu e, portanto, necessita de técnicas 
de laboratório para sua revelação. Esses resíduos de tiro, quando presente nas 
mãos, apresentam um tempo de vida curto. Dessa forma, a coleta precisa ser feita o 
mais rápido possível para não comprometer o andamento das investigações. 
 
 
FIGURA 17 - NUVEM DE GSR 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 A coleta dos resíduos dos disparos é realizada nas seguintes regiões da 
mão do atirador: a palma, o dorso e a região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça-
Dorsal) dos dedos polegar e indicador (FIGURA 18). 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
FIGURA 18 - REGIÕES DA MÃO DE ATIRADORES SUBMETIDAS À COLETA 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 O procedimento de coleta independe do tipo de análise dos resíduos. Utiliza-
se cotonetes ou swabs embebidos em solução diluída de EDTA (Ácido 
etilenodiaminotetracético) a 2% ou outra solução complexante por um período de 
dois minutos. Após esse período, esses cotonetes são esfregados nas quatro 
regiões distintas da mão do possível atirador por um minuto. 
 As extremidades dos cotonetes ou swabs são armazenadas em tubos 
devidamente identificados e então levados aos laboratórios para que possam ser 
analisados. A realização dos testes de detecção de resíduos de armas de fogo 
surgiu com a necessidade de determinar se um indivíduo foi ou não o responsável 
pelos disparos em um crime sob investigação. Diversas técnicas foram utilizadas, 
porém, as mais confiáveis e irrefutáveis são as descritas abaixo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
 Essas técnicas permitem diferir partículas de elementos oriundas de 
disparos de armas de fogo das partículas oriundas das diversas tarefas 
ocupacionais do dia a dia. 
 
 Espectrometria de Absorção atômica sem chama 
(FlamelessAtomicAbsorptionSpectrometry) – FAAS 
 
 A técnica da espectrometria de absorção atômica sem chama (FAAS) 
baseia-se no aquecimento a elevadas temperaturas com o objetivo de romper as 
ligações das moléculas presentes na amostra. Dessa forma, os átomos em seu 
estado elementar são analisados e avaliados pela capacidade de absorção de 
radiação. 
 A presente técnica representa uma possibilidade de detecção de Bário, 
Antimônio e Chumbo, sendo de simples execução, alta sensibilidade e, acima de 
tudo, baixo custo. Porém, apresenta como desvantagem a impossibilidade de 
detecção dos elementos que estão na mesma partícula. 
 
 Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX) 
 
 É uma técnica que produz imagens com alta ampliação (até 300.000x) e 
resolução. As imagens fornecidas são virtuais, pois o que é exibido no monitor do 
aparelho é a transcodificação de ondas energéticas emitidas. A técnica de 
microscopia eletrônica de varredura (MEV) baseia-se na interação da amostra a ser 
analisada com os feixes de elétrons, que é responsável por produzir a imagem 
desejada. 
 O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: 
há a emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de 
tungstênio. Por efeito termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, 
passando por lentes condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por 
focalizar sobre a amostra. A amostra é varrida pelos dois estágios de bobinas 
eletromagnéticas existentes acima da lente objetiva. 
 O EDX (energy disperse x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que 
mede a energia associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
e do EDX permite uma identificação mais precisa de que mineral está sendo 
analisado, já que cada elétron de determinado átomo apresenta energia específica. 
As imagens geradas pelo MEV-EDX apresentam excelente nitidez. Dessa forma, a 
utilização de um microscópio eletrônico de varredura equipado com capacidade de 
análise EDX fornece resultados que combinam detalhes da morfologia e da 
composição elementar de partículas individuais de GSR. 
 Com o avanço da tecnologia, as indústrias de armamentos têm lançado 
munições cada vez mais modernas. O lançamento de munições que não 
apresentam metais pesados na composição da espuleta e o encamisamento total 
dos projéteis para evitar a evaporação de Pb tem dificultado e muito os trabalhos de 
investigação forense. Com isso, novas técnicas são necessárias na avaliação das 
partículas residuais. 
 As técnicas mais utilizadas nestes casos estão relacionadas à separação. 
Por exemplo, tem-se utilizado as técnicas de eletroforese, cromatografia líquida, 
espectrometria atômica (Fluorescências de raios-X, XRF), espectrometria de massas 
com plasma indutivamente acoplado, ICP-MS, espectrometria de massas de íons 
secundários e espectrometria de absorção atômica. Porém, pouco se sabe acerca 
dessas técnicas e quase não são encontrados relatos na literatura. 
 
c) Drogas de abuso 
 
 As drogas de abuso são substâncias psicotrópicas que atuam no sistemanervoso central (SNC), modificando o humor, a consciência, os sentimentos, as 
sensações, o estado de vigília, dentre outros. São responsáveis por causar 
dependência psíquica e física e podem ser classificadas em três classes: 
 
I) Depressores do SNC 
 
 Exemplos: opiáceos/opioides, etanol e barbitúricos. 
 
 
II) Estimulantes do SNC 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
 Exemplos: cocaína ou crack, anfetaminas, metanfetaminas (como MDMA) e 
anorexígenos. 
 
III) Perturbadores do SNC 
 
 Exemplos: drogas alucinógenas, como LSD, psilocibina, mescalina e 
canabinoides. 
 A técnica analítica mais usada para identificar a presença de drogas de 
abuso é a ESI – MS, já descrita anteriormente. 
 
 
3.2.2 O Exame Químico Metalográfico e de Tintas 
 
 
Exame químico metalográfico 
 
 Todo veículo deixa a indústria com um número de identificação. Esse 
número é aplicado ao metal pelo método da cunhagem a frio, que deixa uma 
impressão em baixo relevo na superfície metálica. O que os adulteradores fazem é 
remover as impressões em baixo relevo por ação mecânica, com o auxílio de 
abrasivos que desgastam a superfície do metal. Dessa forma, torna-se necessária 
uma ferramenta que identifique essas fraudes. 
 O exame metalográfico é realizado por peritos e consiste em uma 
ferramenta de grande importância quando um veículo é adulterado e não se 
consegue provar por outros meios. O exame metalográfico visa identificar qualquer 
tipo de adulteração feita em veículos roubados. É realizado por meio da ação de 
reagentes específicos na superfície que contém a possível adulteração. 
 O tipo de reagente utilizado no método depende da natureza da espécie de 
metal ou liga a ser tratada. Tudo vai depender de como se encontra a área suspeita 
a ser analisada. Por exemplo, caso a área esteja pintada, torna-se necessária a 
remoção da tinta. Qualquer traço de óleo ou graxa também deve ser eliminado. A 
superfície a ser analisada não deve conter ferrugem. Caso esteja presente, deve ser 
removida por meio do polimento com papel lixa. Ou seja, para a realização eficaz do 
exame, a área deve estar completamente limpa e lisa. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
 Sempre que possível, antes de dar início ao exame, deve-se submeter a 
superfície a ser analisada ao aquecimento. Esse procedimento facilita o processo de 
revelação. Como já foi dito, o tipo de reagente depende da natureza do metal ou da 
liga a ser analisada. 
 Segue abaixo uma lista das fórmulas dos melhores reagentes que, de 
acordo com os profissionais da área, têm produzido bons resultados: 
 
 Para ferro fundido e ligas de magnésio – Identificação de numeração 
 
 Solução reagente: 
 
 Ácido Clorídrico..........120 ml 
 Cloreto férrico..............30g 
 Cloreto cúprico.............80g 
 Álcool metílico...........1000ml 
 
 Nesse caso, a superfície a ser tratada deve estar completamente limpa e 
lisa. Deve-se uniformizar a superfície em questão com o auxílio de lixas de 00 e 000 
(de ourives) para que a fórmula reativa possa atuar. Aplica-se a solução na 
superfície do metal onde se deseja revelar a numeração adulterada. A aplicação é 
feita com o auxílio de um bastão de vidro em cuja extremidade se encontra um 
chumaço de algodão, que é embebido na solução reativa. O sentido da aplicação do 
reagente deve ser sempre da esquerda para a direita, no sentido horizontal. 
 Após a primeira aplicação, deve-se aguardar cerca de cinco minutos e 
repetir o processo por quatro ou cinco vezes. Após as quatro ou cinco aplicações do 
reativo, deve-se deixar a superfície em repouso por cerca de 10 minutos. Após este 
tempo, há o aparecimento de uma camada fina de óxido de cobre, que deve ser 
removida, já que ela dificulta a visualização da numeração. 
 Esse procedimento deve ser repetido várias vezes até a gravação original, 
que foi destruída, começar a aparecer. 
 
 Ferro fundido e aço fundido 
 
 Solução reagente: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
 10% de ácido sulfúrico 
 Bicromato de potássio. 
 
 Gravações em superfícies de ferro e aço fundidos são consideradas as mais 
difíceis de serem reveladas. Torna-se necessária a constante aplicação do ácido, 
sendo preciso, em alguns casos, deixar a área suspeita imersa na solução por mais 
de três horas. 
 
 Ferro ou aço batidos, estampados ou forjados 
 
 Para revelações em ferro ou aço batidos, estampados ou forjados, são 
necessárias duas soluções reagentes. 
 
 Solução reagente 1: 
 
 Ácido clorídrico (80 ml); 
 Água (60 ml); 
 Cloreto de cobre (12,9 g); 
 Álcool (30 ml). 
 
 Solução reagente 2: 
 
 Ácido nítrico a 15%. 
 
 Deve-se realizar os seguintes procedimentos: 
 
a) passar a solução 1 durante 60 segundos; 
b) secar com algodão; 
c) aplicar a solução 2 durante 60 segundos. 
 
 O procedimento deve ser repetido até que apareçam os vestígios procurados. 
 
 Alumínio 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
 Nessa categoria, a solução reagente mais indicada é a Solução de Vilela. 
Porém, é uma solução de alta periculosidade. 
 
 Solução de Vilela: 
 
 Glicerina (30 ml); 
 Ácido fluorídrico (20 ml); 
 Ácido nítrico (10 ml). 
 
 A solução deve ser aplicada de forma contínua até a numeração aparecer. 
Devido à alta periculosidade da solução de Vilela, também pode ser utilizada a 
solução de Hume Rothery. 
 
 Solução de Hume Rothery: 
 
 Cloreto de Cobre (500g); 
 Ácido Clorídrico (5 ml); 
 Água (1000 ml); 
 
 É uma solução que garante bons resultados, porém deve ser passada 
alternadamente com água destilada para evitar a formação de depósito de cobre. 
 
 Cobre, latão, prata alemã e outras ligas de cobre 
 Solução Reagente: 
 
 Cloreto de Ferro (19 g); 
 Ácido clorídrico (6 ml); 
 Água (100 ml). 
 
 A forma de aplicação é semelhante às demais. É uma solução reagente de 
ação extremamente lenta. Dessa forma, muitos profissionais da área recomendam 
cercar com plasticina a área a pesquisar, formando, assim, uma cerca dura 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
impermeável que possibilitará o uso do reagente como um banho, ficando a referida 
área totalmente imersa. 
 
 Ácido Inoxidável 
 
 Alguns pesquisadores recomendam a aplicação de ácido sulfúrico diluído. 
Outros recomendam a aplicação de uma solução de ácido clorídrico e álcool. 
 
 Chumbo (baterias de automóveis etc.) 
 
 Solução reagente: 
 
 Ácido acético glacial (três partes); 
 Peróxido de hidrogênio. 
 
 Após a aplicação, recomenda-se limpar o metal com ácido nítrico 
concentrado. 
 
 Zinco 
 
 Solução reagente: 
 
 Hidróxido de sódio dissolvido em água, a 10%. 
 
 Por ser uma solução de ação lenta, recomenda-se imersão total da área 
suspeita. 
 
 Estanho 
 
 Solução reagente: 
 
 Solução de ácido clorídrico a 10%. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
 Recomenda-se aplicar a solução alternadamente com água. Repetir esse 
procedimento até a visualização. 
 
Exame químico de tintas 
 
 As tintas de canetas são fabricadas de acordo com suas propriedades 
físicas como densidade, cor, viscosidade, tensão superficial e resistência à água. 
Para que isso seja possível é necessário o controle da composição química das 
tintas. 
 A análise de tintas é de grande importância para a Ciência, em especial, à 
Química Forense, devido ao alto número de falsificações e adulterações de 
documentos. 
 O exame de tintas é baseado em dois fatores: 
 
 No tipo de componente utilizado para dissolver o corante; 
 Na pigmentação do corante. 
 
 Há três tipos de componentes químicosutilizados para dissolver o corante: 
gel, água e solvente. Portanto, a discriminação das tintas em uma investigação 
forense depende de sua cor e de suas composições química e mineralógica. O 
exame químico de tintas visa determinar a autenticidade de determinado documento 
questionado legalmente. O exame envolve a identificação de substâncias 
empregadas na confecção da tinta usada no documento questionado e a 
compatibilidade com a data do mesmo. 
 A técnica mais utilizada nessa avaliação é a espectroscopia de Raman, já 
descrita anteriormente, devido a diversos fatores como: 
 
 A espectroscopia de Raman é uma técnica que apresenta capacidade 
considerável na identificação de compostos químicos; 
 Nessa técnica não é necessário preparar a amostra; 
 A avaliação pode ser feita diretamente nos locais onde estão acondicionadas as 
amostras; 
 É uma técnica não invasiva; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
 Não destrói a amostra; 
 Proporciona rapidez às análises. 
 
 Dessa maneira, a espectroscopia Raman, em análise de tintas, fornecerá 
uma resposta baseada nas características inerentes de cada tinta, distinguindo-as 
quimicamente. As informações são obtidas na forma de um espectro de Raman 
(FIGURA 19). 
 
 
FIGURA 19 - ESPECTROS RAMAN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 A figura mostra exemplos de espectros Raman para cada tipo de tonalidade. 
Os espectros são facilmente distinguíveis devido à diferença em suas composições 
químicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
3.2.3 Revelações de Impressões Digitais: do Clássico à Nanotecnologia 
 
 
 A identidade é o conjunto de caracteres que individualizam uma pessoa pela 
ocorrência de propriedades, sinais ou marcas específicas. É, portanto, exclusiva e 
intransferível. Diante disso, o método de identificação consiste na determinação da 
identidade. 
 Um dos métodos de identificação humana bastante utilizada é a 
Papiloscopia. A Papiloscopia é a ciência responsável pela identificação por meio das 
papilas dérmicas. As papilas dérmicas são reentrâncias que representam o local de 
contato entre a derme e a epiderme (FIGURA 20). As papilas são irrigadas e 
apresentam receptores sensoriais. 
 
 
FIGURA 20 - ESTRUTURA DA PELE 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
 A Papiloscopia é, portanto, baseada na perenidade, individualidade, 
viabilidade e imutabilidade das papilas dérmicas: 
 Perenidade: 
As papilas dérmicas apresentam a capacidade de resistir à ação do tempo; 
 Individualidade: 
As papilas dérmicas são específicas de indivíduo para indivíduo; 
 Viabilidade: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
O estudo das papilas dérmicas é viável às práticas periciais, pelo seu baixo 
custo e fácil operacionalização; 
 Imutabilidade: 
As papilas dérmicas não variam com o passar do tempo. 
 
 A Papiloscopia é dividida em várias áreas de acordo com o objeto de estudo 
em questão. A área responsável pela identificação por meio das impressões digitais 
é a Datiloscopia. O uso das impressões digitais na identificação humana remonta à 
pré-história. Desde essa época é conhecido que o homem primitivo realizava 
marcações de seus objetos e cavernas com as mãos. Em geral, essas marcações 
eram feitas em argila, reproduzindo principalmente as extremidades digitais. 
 Após isso, várias descobertas tiveram importância no campo das impressões 
digitais e vários sistemas de identificação por meio destas foram propostos. Porém, 
em 1891, Juan Vucetich apresentou o novo sistema de identificação, que ficou 
conhecido como Iconofalangometria. Porém, a dúvida acerca da confiabilidade do 
método de identificação humana por meio de impressões digitais ainda pairava. 
 Depois de anos de estudos e investigações chegou-se à conclusão de que a 
identificação por impressões digitais era mesmo confiável, ou seja, era possível a 
identificação individual por meio destas. A partir daí, o sistema Vucetich passou a 
ser amplamente utilizado em todas as circunstâncias, ou seja, deixou de ser apenas 
um processo destinado à identificação de criminosos e passou a ser utilizado pela 
sociedade civil. Nesta época, o sistema passou a ser chamado de Datiloscópico ou 
simplesmente Datiloscopia. 
 O processo datiloscópico divide-se em: 
 
a) Monodatilar 
 
 É quando se refere à impressão digital de um só dedo. 
 
b) Decadátilar 
 
 É quando se trata da impressão do conjunto dos 10 dedos. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 56 
 Os desenhos papilares estão presentes desde a vida embrionária e só 
desaparecem com a putrefação corporal, ocorrida após a morte. Os desenhos são 
expressos em datilogramas que podem ser divididos de três formas: 
 
a) Datilogramas naturais: são aqueles realizados diretamente pelo auxílio da 
lupa. 
b) Datilogramas artificiais: são aqueles realizados de forma artificial, ou seja, 
com o auxílio de meios gráficos de impressão. Um exemplo é a ficha 
datiloscópica (FIGURA 21). 
 
 
FIGURA 21 - FICHA DATILOSCÓPICA 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
 
a) Datilogramas acidentais: são aqueles encontrados acidentalmente nos locais 
de crime. 
 
 No Sistema Vucetich, há quatro tipos de desenhos fundamentais que servem 
de base para toda a classificação datiloscópica. Esses desenhos são baseados na 
presença de duas características: o delta e as linhas do sistema nuclear (FIGURA 
22). 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 57 
FIGURA 22 - REPRESENTAÇÃO DO DELTA E DAS LINHAS NUCLEARES 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
 
 Diante disso, os quatro tipos de desenhos fundamentais e suas 
características são: arco, presilha interna, presilha externa e verticilos. Esses tipos 
apresentam a seguinte denominação de acordo com os dedos: 
 
a) Arco (A – polegar; 1 – demais dedos) (FIGURA 23) ; 
 
 
FIGURA 23 - REPRESENTAÇÃO DO ARCO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
 
 
 
Delta 
Linhas 
nucleares 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
Características do Arco: 
 
I) Ausência de delta; 
II) As linhas atravessam o campo da impressão de um lado para o outro, 
assumindo forma abaulada. 
 
b) Presilha interna (I – polegar; 2 – demais dedos) (FIGURA 24); 
 
 
FIGURA 24 - REPRESENTAÇÃO DA PRESILHA INTERNA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
Características da Presilha Interna: 
 
I) Um delta à direta do observador; 
II) As linhas nucleares ocorrem para a esquerda do observador. 
 
c) Presilha externa (E – polegar; 3 – demais dedos) (FIGURA 25); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 59 
FIGURA 25 - REPRESENTAÇÃO DA PRESILHA EXTERNA 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
Características da Presilha Externa: 
 
I) Um delta à esquerda do observador; 
II) As linhas nucleares ocorrem para a direita do observador. 
 
d) Verticilo (V – polegar; 4 – demais dedos) (FIGURA 26). 
 
 
FIGURA 26 - REPRESENTAÇÃO DO VERTICILO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
Características do Verticilo: 
 
I) Apresenta dois deltas: um à direita e outro à esquerda do observador; 
II) As linhas nucleares ficam encerradas entre dois deltas. 
 
 
 
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 60 
 Há mais de um milhão de fórmulas datiloscópicas baseadas nesses quatro 
tipos fundamentais e ambas estão à disposição do Serviço de Identificação do 
Exército. Os datiloscopistas são os profissionais responsáveis por realizar os 
trabalhos de pesquisa nos arquivos datiloscópicos e comparar com as impressões 
digitais em avaliação. 
 As impressões digitais podem ser: 
 
 Impressões latentes (IPL): são as impressões formadas por óleo ou secreções 
de suor depositadas pelo dedo de uma pessoa quando esta toca determinada 
superfície ou objeto. São invisíveis a olho nu e necessitam de técnicas que as 
faça visíveis. 
 Impressões visíveis: são formadas quando o dedo do criminoso está 
contaminado com algum tipo de fluido. Daí é deixada uma marca visível. 
 Impressões plásticas ou moldadas: são formadas quando a impressão do dedo é 
deixada em uma substância macia. Raras de serem encontradas nas cenas de 
crime. 
 
 Há diversas técnicas para coleta de impressões digitais na cena do crime. 
Saber escolher a técnica se torna importante do ponto de vista que uma escolha 
errada acarreta na destruição do vestígio, da evidência, comprometendo, assim, o 
andamento das investigações. 
 Nas técnicas de revelação de impressões digitais são utilizados reveladores. 
Os reveladores reagem com os produtos liberados no suor (TABELA 2) e tornam 
visíveis as impressões digitais. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 61 
TABELA 2 - RELAÇÃO ENTRE AS GLÂNDULAS E OS COMPOSTOS 
EXCRETADOS NO SUOR HUMANO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 Os reveladores podem ser classificados em químicos e físicos. Dentre os 
reveladores químicos encontram-se os pós como: carbonato de chumbo ou cerusa, 
negro de marfim, negro de fumo, pó de alumínio, pó de grafite, pó de ferro, pó 
magnético, rodamina-B, eosina, sulfato de para-rosanilina, violeta cristal, crisoidina, 
fluoresceína, naftolato AS, verde malaquita, fosfina R, azul demetileno, nitrato de 
uranilo, etc. Entre os meios físicos destacam-se a luz comum oblíqua e a luz 
ultravioleta (com ou sem filtros adequados). 
 
A técnica do pó 
 
 Na revelação de impressões digitais utilizando a técnica do pó são utilizados 
diversos tipos de pó (TABELA 3). A escolha depende da superfície avaliada, das 
condições climáticas e da experiência do perito. O pó pode ser aplicado com o 
auxílio de um pincel com cerdas macias, spray de aerossol e aparato eletrostático 
(FIGURA 27). 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 62 
FIGURA 27 - APLICAÇÃO DO PÓ NA REVELAÇÃO DAS IMPRESSÕES DIGITAIS 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
TABELA 3 - TIPOS DE PÓS UTILIZADOS NAS REVELAÇÕES 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 
 
 
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 63 
Vapor de Iodo 
 
 O iodo tem a capacidade de sublimar, ou seja, passar do estado sólido 
diretamente para o estado gasoso. Para realizar essa mudança, necessita absorver 
calor. O vapor gerado por essa mudança apresenta a coloração marrom amarelada. 
O princípio da técnica de revelação utilizando o vapor de iodo está relacionado a 
essa mudança de estado. Coloca-se o material a ser examinado em um saco 
plástico selado junto a cristais de iodo. Agita-se o saco, movimento suficiente para 
gerar calor no microambiente. Ocorre, dessa forma, a sublimação e o vapor reagem 
com a impressão digital latente por meio de uma absorção física. 
 É uma técnica extremamente simples e indicada para avaliação de 
pequenos objetos. Apresenta a vantagem de não danificar o vestígio, portanto, pode 
ser realizada antes de outras técnicas. 
 
Nitrato de Prata 
 
 É uma técnica bastante utilizada e baseia-se na reação do nitrato de prata 
com os íons cloreto presentes nas secreções do suor e consequentemente nas 
impressões digitais. 
 
 
 O princípio da técnica consiste em imergir a superfície a ser analisada em 
um recipiente contendo solução 5% de nitrato de prata (AgNO3(aq)) por 30 segundos. 
O cloreto de prata (AgCl(ppt)) originado é insolúvel em água, ou seja, é um 
precipitado. Após esse procedimento, a superfície deve ser colocada em câmara 
escura para secagem. Depois, deve ser deixada ao sol para que o íon prata seja 
reduzido à prata metálica, revelando a impressão digital sob um fundo negro. Deve-
se fotografar a impressão digital antes que toda a superfície escureça. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 64 
 
Ninidrina 
 
 
 A ninidrina é uma substância que apresenta afinidade por compostos 
orgânicos como proteínas e aminoácidos. O princípio é o seguinte: é feita uma 
solução de 0,5 g de ninidrina com 30 ml de etanol. Deve-se borrifar a solução na 
superfície a ser analisada, sempre mantendo uma distância de segurança de 
aproximadamente 15 cm. Esse procedimento deve ser repetido o número de vezes 
necessárias para a visualização da impressão. 
 A impressão, caracterizada pela cor púrpura, só aparecerá quando a 
superfície estiver completamente seca. A reação ocorrida é exemplificada na figura 
15 e um exemplo de impressão digital revelada em papel pode ser visto na Figura 
29. 
 
 
FIGURA 28 - REAÇÃO QUÍMICA DA NINIDRINA COM AMINOÁCIDOS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 65 
 
 
FIGURA 29 - IMPRESSÕES DIGITAIS REVELADAS COM A TÉCNICA DE 
NINIDRINA EM PAPEL 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
3.2.4 Identificação de Sangue e Outros Fluidos Biológicos 
 
 
 O objetivo do perito é encontrar vestígios que auxiliem na elucidação dos 
crimes. Os vestígios biológicos mais comuns em qualquer cena do crime são: 
sangue, cabelos, pelos, sêmen, saliva, urina, fezes, ossos e peças dentárias. 
 
a) Sangue 
 
 O sangue é uma mistura constituída pelo plasma (água e sais dissolvidos) e 
os componentes sólidos (eritrócitos – glóbulos vermelhos, leucócitos – glóbulos 
brancos e plaquetas) (FIGURA 30). 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 66 
 
 
FIGURA 30 - CONSTITUINTES DO SANGUE 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 O sangue apresenta as seguintes funções: 
 
 Transporte de oxigênio e dióxido de carbono pelo corpo humano; 
 Responsável por mediar a troca de substâncias entre os órgãos; 
 Transporte de metabólitos; 
 Distribuição de hormônios; 
 Homeostase; 
 Manutenção da temperatura corporal; 
 Regulação do balanço ácido-base em conjunto com os pulmões, fígado e rins; 
 Defesa contra agentes patogênicos; 
 Realização da coagulação como mecanismo de autoproteção. 
 
 Quanto à presença de sangue na cena de um crime há três situações 
possíveis de ocorrer: 
 
I) O sangue/mancha de sangue encontra-se visível; 
II) O sangue/mancha de sangue encontra-se invisível; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 67 
III) O sangue /mancha de sangue foi removida pelo criminoso, portanto, considerada 
também invisível. 
O tipo de mancha de sangue deixada como vestígio vai depender do tipo de 
ferimento em questão (FIGURA 31). 
 
 
FIGURA 31 - MANCHAS DE SANGUE. GOTEJADA (À ESQUERDA), 
TRANSFERIDA (CENTRO) E PROJETADA (À DIREITA) 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 Os eritrócitos ou glóbulos vermelhos do sangue apresentam em seu interior 
uma molécula de hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio.A molécula 
de hemoglobina possui em sua estrutura um radical denominado heme (FIGURA 
32). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 68 
 
 
FIGURA 32 - ESTRUTURA MOLECULAR DA HEMOGLOBINA (À ESQUERDA) E A 
ESTRUTURA DO RADICAL HEME (À DIREITA) 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 A coleta dos vestígios sanguíneos é um processo de extrema importância e 
deve ser realizado com bastante cautela pelos peritos. Antes deve ser feita uma 
avaliação geral do local do crime, determinar a localização exata das manchas, se 
elas foram lavadas, se há contaminação, o aspecto e o tamanho, etc. 
 A coleta depende do estado físico do sangue. Caso esteja em estado 
líquido, deve ser coletado com o auxílio de tiras absorventes ou zaragatoas estéreis. 
As tiras deverão ser armazenadas em envelopes de papel após estarem 
completamente secas. Já as zaragatoas deverão ser armazenadas em suportes 
próprios. 
 Caso o sangue esteja em estado sólido, há duas possibilidades. A primeira é 
a realização da raspagem e posterior armazenamento em envelopes de papel. A 
segunda é a solubilização com soro fisiológico e coleta em tiras de papel, como 
descrito anteriormente. 
 A escolha do teste depende das características da amostra obtida na coleta. 
Os testes podem ser de dois tipos: testes presuntivos, que são aqueles que 
identificam a presença de sangue baseados em reações de oxidação, que podem 
ser reações de cor ou luminescência; e os testes confirmatórios, que são aqueles 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 69 
que confirmam a presença de sangue por meio da formação de cristais de derivados 
do grupo heme ou de reações imunológicas com a hemoglobina. 
 
Testes presuntivos 
 
Reações de cor 
 
 São utilizados peróxido de hidrogênio e um reagente que funciona como 
indicador. O grupo heme atua sobre o peróxido liberando oxigênio que oxida o 
indicador, originando um composto corado. 
 
I) Reação de cor – Reagente de Kastle-Meyer 
 
 Reagente de Kastle-Meyer: 
 0,1 g de fenolftaleína; 
 2,0 g de hidróxido de sódio (sob a forma de pellet); 
 2,0 g de pó de zinco metálico; 
 10 ml de água destilada. 
 
 A amostra de sangue coletada deve ser macerada com 1 ml de água 
destilada ou hidróxido de amônio concentrado. Duas gotas do macerado são 
colocadas em um tubo de ensaio junto com duas gotas do reagente e duas de 
peróxido de hidrogênio a 5 %. A reação ocorrida pode ser vista na Figura 33. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 70 
 
 
FIGURA 33 - REAÇÕES DO REAGENTE DE KASTLE – MEYER 
 
FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
Caso a amostra contenha sangue, haverá a decomposição do peróxido em 
água e oxigênio. O oxigênio liberado promoverá a mudança de cor da fenolftaleína. 
É essa mudança de cor que evidencia ao perito que a amostra contém sangue. É 
um teste de sensibilidade de 1/1.000.000. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 71 
II) Reação de cor – Reagente de Adler- Ascarelli ou Benzidina 
 
 Reagente de Adler – Ascarelli ou Benzidina 
 0,16 g de benzidina cristalizada; 
 4Ml de ácido acético glacial; 
 4mL de peróxido de hidrogênio de 3 a 5%. 
 
 A amostra coletada deve ser macerada em 1 ml de água destilada ou ácido 
acético glacial. Colocam-se duas gotas do macerado em um tubo de ensaio 
juntamente com duas gotas do reagente e duas de peróxido de hidrogênio. Caso a 
amostra contenha sangue, o oxigênio liberado irá oxidar a benzidina fazendo com 
que haja o aparecimento da coloração azul. (FIGURA 34). 
 
 
FIGURA 34 - REAÇÃO DE BENZIDINA 
 
FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
 A sensibilidade desse teste é de 1/ 2.000.000. 
 
Reações de Luminescência 
 
 As moléculas do sangue podem ser excitadas quimicamente por meio de 
fluorocromos produzindo luminescência por reação de oxidação com o grupo heme. 
Esses testes em que se utilizam reações de luminescência servem para detectar 
vestígios em cenas de crimes em que não há manchas visíveis a olho nu. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 72 
I) Reação de Luminescência - Reagente de Luminol 
 
 
 O composto luminol (5-amino-2,3-di-hidro-1,4-ftalazinadiona) pode ser obtido 
a partir do ácido 3-nitroftálico (FIGURA 35). 
 
 
FIGURA 35 - SÍNTESE DE LUMINOL 
 
FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
 O luminol produz uma reação quimioluminescente em solução básica 
quando em contato com o sangue. A vantagem da utilização do luminol é que ele é 
capaz de reagir com quantidades ínfimas de sangue, mesmo se já tenha passado 
longos períodos ou se tenha sido realizada a remoção prévia pelo criminoso. A 
sensibilidade do teste pode chegar a 1/ 1.000.000.000. 
 Hoje, há kits especiais no mercado facilitando a vida dos peritos na 
revelação de manchas de sangue. Exemplos da reação de quimioluminescência 
podem ser vistos na Figura 36. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 73 
 
 
FIGURA 36 - DETECÇÃO DE MANCHAS OCULTAS DE SANGUE POR MEIO DO 
LUMINOL 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
Reações confirmatórias 
 
I) Cristais de Teichmann 
 
 Os cristais de Teichmann (FIGURA 37) são a forma química particular da 
heme, cujo átomo de ferro está oxidado. São cristais rômbicos ou prismáticos, 
isolados ou agrupados de cor castanho-escuros. Podem formar-se no sangue 
quando adicionado um reagente de Bertrand, assim confirmam que a amostra é 
sangue. É visto em lâmina ao microscópio. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 74 
 
 
FIGURA 37 - CRISTAIS DE TEICHMANN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
b) Sêmen 
 
 É um vestígio secretado pelo homem e pode ser encontrado na forma de 
manchas nas roupas, chão, tapetes e outros; nas formas líquida e seca. Após 
secagem, dá um efeito engomado aos tecidos. 
 Os procedimentos que devem ser realizados pela perícia forense são: 
 
 Verificação se de fato a mancha trata-se de sêmen ou não; 
 Identificação da origem (se é humano ou não); 
 Determinação do grupo sanguíneo; 
 Determinação do tipo de ejaculação (se interna ou externa); 
 Determinações toxicológicas (se há ou não presença de drogas); 
 Exames genéticos – Exames de DNA. 
 
 O estudo dos fluidos seminais na cena do crime está diretamente 
relacionado à individualização da evidência biológica para confronto com possíveis 
suspeitos. O esquema de avaliação forense quanto a vestígios de sêmen pode ser 
visualizado na Figura 38. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 
 
 
FIGURA 38 - ESQUEMATIZAÇÃO DO ESTUDO DO SÊMEN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 A coleta de vestígios de sêmen deve ser feita com a máxima cautela, já que 
se deve preservar ao máximo a presença de espermatozoides na amostra. 
 
Testes presuntivos 
 
I) Luz UV 
 
 Consiste na exposição da mancha à luz UV. É utilizado apenas para uma 
avaliação preliminar, já que a reação à luz UV não é exclusiva do sêmen. 
 
II) Fosfatase Ácida 
 
 A fosfatase ácida é uma enzima presente no sêmen. O princípio consiste na 
detecção da atividade enzimática por meio de substratos. O mais específico é 
timolftaleínamonofosfato de sódio. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 76III) Reação de Florence 
 A reação de Florence é baseada na formação de cristais de iodeto de colina, 
que se encontram presentes no esperma sob a forma de fosforil-colina e lecitina. 
 
Reagente de Florence: 
 
2,54 gramas de Iodo metálico; 
1,56 gramas de Iodeto de potássio; 
30 ml de água destilada. 
 
 Os cristais são vistos na forma de lâminas romboides de coloração parda. 
 
Testes confirmatórios 
 
I) Teste a fresco 
 
 A análise é realizada em microscópio a fresco para a determinação de 
espermatozoides, já que a determinação de um espermatozoide íntegro já é 
suficiente para confirmar a presença de sêmen. Porém, não deve descartar o fato de 
que há muitos homens azoospérmicos e submetidos à vasectomia. 
 
 
3.2.5 O Bafômetro e Outras Técnicas de Quantificação do Etanol 
 
 
 O “álcool” e as “drogas de abuso” são as substâncias que, na atualidade, 
fazem parte da maioria das requisições de exames toxicológicos. De acordo com a 
especificidade do caso e o tipo de análise toxicológica pretendida procede-se à 
coleta das amostras mais adequadas. Dessa forma, existem análises que requerem 
apenas um tipo de amostra, enquanto outros diversos tipos. No caso da 
quantificação de etanol é necessária apenas a coleta de amostra de sangue da 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 77 
pessoa sob suspeita. Porém, quando não é possível realizar a coleta sanguínea, 
pode ser realizada a coleta de saliva, urina, líquido sinovial, medula óssea, etc. 
 O etanol pode ser quantificado de várias formas: 
Bafômetro 
 
 O bafômetro é um instrumento utilizado no trânsito para comprovação da 
embriaguez dos motoristas. A reação química ocorrida dentro do aparelho é a 
seguinte: 
 
K2Cr2O7(aq.) + 4 H2SO4(aq.) + 3 C2H5OH(v)3 C2H4O(g) + K2SO4(aq.) + Cr2(SO4)3(aq.) + 7 H2O(l) 
 
 Ao ser exalado pelo motorista, o álcool presente no ar reage com a solução 
de dicromato de potássio, provocando uma reação de oxirredução. É formado nessa 
reação aldeído acético (C2H4O), caso esteja presente o álcool etílico. Nessa reação, 
como confirmação da embriaguez do motorista, há uma mudança de coloração: o 
dicromato (amarelo-alaranjado) dá origem ao Sulfato de Crômio III (coloração verde). 
 Nem sempre é possível a aplicação desse procedimento simples, que é a 
técnica do bafômetro. Dessa forma, tornam-se necessárias avaliações de amostras 
de fluidos biológicos para detecção da presença de etanol. As principais técnicas 
são: 
 
I) Utilização de marcadores biológicos 
 
 Marcadores biológicos são substâncias, produtos de biotransformação ou 
alterações bioquímicas cuja determinação em fluidos biológicos permite avaliar a 
intensidade de exposição à determinada substância. Dessa forma, a presença dos 
marcadores biológicos indicam a presença da substância sob suspeita. 
 Os principais marcadores biológicos do etanol são: 
 
 Gama-Glutamiltranspeptidade (GGT); 
 Alanina aminotransferase (ALT); 
 Transferrina deficiente em carboidrato (CDT); 
 Etilglicuronídeo (EtG); 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 78 
 Ésteres de ácidos graxos (FAEEs); 
 Etilsulfato (EtS). 
 
II) Técnicas analíticas 
 
 
 Cromatografia em fase gasosa, utilizando a técnica de separação por 
headspace (GC – HS) 
 
A cromatografia é uma técnica analítica de grande importância nas análises 
de amostras forenses. A cromatografia gasosa (GC) é um método de análise de 
misturas cujos constituintes tenham pontos de ebulição de até 300ºC e que sejam 
termicamente estáveis. Na cromatografia gasosa de separação por headspace (GC 
– HS) é utilizado o método de separação headspace, que constitui na extração de 
compostos orgânicos voláteis e semivoláteis da amostra. 
 
 
3.3 AS DROGAS DE ABUSO 
 
 
3.3.1 Aspectos Históricos Relacionados às Drogas de Abuso 
 
 
 Ao longo da história do homem as drogas revelaram-se de múltiplas formas. 
Representa uma presença constante associada à medicina, ciência, religião, magia, 
cultura, festa e deleite. Antigamente, utilizavam de plantas alucinógenas. Um 
exemplo é a utilização da papoula do ópio, considerada planta da felicidade, ou “que 
faz esquecer o sofrimento”. O ópio é um depressor do sistema nervoso central que 
apresenta características sedativas e analgésicas. Hoje são utilizadas várias 
substâncias derivadas do ópio, como a morfina, a heroína e a codeína. 
 O consumo de álcool também remonta à antiguidade. O vinho era 
considerado a bebida dos deuses. A Cannabis foi utilizada pela Medicina Chinesa 
como anestésico em cirurgias e na Medicina Indiana como hipnótico, analgésico e 
espasmolítico. 
 
 
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 Os nativos da América do Sul tinham por hábito mascar as folhas de 
Erythroxylon coca para suportar o trabalho em altitudes e a dieta inadequada. No 
século XIX, foi extraída das folhas de Erythroxylon cocaa, sendo utilizada como 
antídoto dos depressores do sistema nervoso, no tratamento do alcoolismo e da 
morfinomania e como anestésico local em cirurgias oftalmológicas. 
 Em 1863, na Europa, foi lançado o vinho Mariani, feito das folhas da coca. 
Até 1903, o refrigerante Coca-Cola apresentava em sua composição esse princípio 
ativo. Relatos na literatura apontam também a utilização da cocaína em 
medicamentos para alívio de problemas respiratórios. 
 Muitas substâncias como o café, a cafeína, a estriquinina, o arsênico, o 
tabaco e a nicotina eram utilizadas como estimulantes. Os barbitúricos, derivados da 
ureia e do ácido malônico, foram amplamente consumidos para induzir o sono. Outra 
substância muito utilizada foram as anfetaminas, pelos seus efeitos estimulantes, 
antidepressivos e antiemagrecimento. 
 O movimento hippie marcou o uso de drogas como o haxixe, maconha e 
derivados e marijuana. O LSD e cogumelos também foram utilizados. A partir do final 
dos anos 80, a cocaína ressurge de forma epidêmica. Porém, na forma intranasal e 
endovenosa. A partir de 1990, houve a expansão do consumo de crack (uma mistura 
de cocaína e bicarbonato de sódio, aquecida e fumada na forma de pedra) pelo seu 
baixo custo e potencial de dependência. 
 Os agentes inalantes foram utilizados em todas as épocas por seus efeitos 
euforizantes. Atualmente, os mais utilizados são: as colas (que contêm acetona, 
hexano e benzeno), os solventes, removedores e diluentes de tintas (contendo 
acetona), os anestésicos voláteis (o éter, protóxico de nitrogênio) e os gases (a 
gasolina e os gases do escapamento de automóveis). 
 No final dos anos 80, surge na Europa, a chamada “droga de amor”, o 
êxtase ou ecstasy. Atualmente é a mais usada entre os jovens. Na Tabela 4 está um 
resumo do histórico do uso de drogas de abuso no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
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TABELA 4 - TRAJETÓRIA DAS SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS 
5400 - 5000 a.C. 
 
Um jarro de cerâmica descoberto no norte do Irã, com resíduos de vinho 
resinado, é considerado a mais antiga evidência da produção de bebida 
alcoólica. 
 
4000 a.C. 
 
Os chineses são, provavelmente, um dos primeiros povos a usar a 
maconha. Fibras de cânhamo descobertas no país datam dessa época. 
 
3500 a.C. 
 
Os sumérios, na Mesopotâmia, são considerados o primeiro povo a usar 
ópio. O nome dado por eles à papoula pode ser traduzido como “flor do 
prazer”. 
 
 
3000 a.C. 
A folha de coca é costumeiramente mastigada na América do Sul. A coca 
é tida como um presente dos deuses. 
 
2100 a.C. Médicos sumérios receitam a cerveja para a cura de diversos males, 
segundo inscrições em tabuletas de argila. 
 
2000 a.C. Hindus, mesopotâmios e gregos usam o cânhamo como planta medicinal. 
Na Índia, a maconha éconsiderada um presente dos deuses, uma fonte de 
prazer e coragem. 
 
100 a.C. 
 
Depois de séculos, o cânhamo cai em desuso na China e é empregado 
apenas como matéria-prima para a produção de papel. 
 
Século 11 
 
Hassan Bin Sabah funda a Ordem dos Haximxim, uma ordem de 
guerreiros que recebia, em sua iniciação, uma grande quantidade de 
haxixe, a resina da Cannabis. 
 
1492 
 
O navegador Cristóvão Colombo descobre os índios usando tabaco 
durante suas viagens ao Caribe. 
 
Século 16 
 
Américo Vespúcio faz na Europa os primeiros relatos sobre o uso da coca. 
Com a conquista das Américas, os espanhóis passam a taxar as 
plantações. Durante a expansão marítima para o Oriente, os portugueses 
adotam a prática de fumar ópio. 
1550 
 
Jean Nicot, embaixador francês em Portugal, envia sementes de tabaco 
para Paris. 
 
Século 17 
 
O gim é inventado na Holanda e sua popularização na Inglaterra no século 
18 cria um grave problema social de alcoolismo. 
 
Século 18 
 
O cânhamo volta a ser usado no Ocidente, como planta medicinal. Alguns 
médicos passam a usá-lo no tratamento da asma, tosse e doenças 
nervosas. 
 
Século 19 
 
Surgem os charutos e cigarros. Até então, o tabaco era fumado 
principalmente em cachimbos e aspirado na forma de rapé. 
 
1845 
 
O pesquisador francês Moreau de Tours publica o primeiro estudo sobre 
drogas alucinógenas, descrevendo seus efeitos sobre a percepção 
humana. 
 
1850-1855 
 
A coca passa a ser usada como uma forma de anestesia em operações de 
garganta. A cocaína é extraída da planta pela primeira vez. 
 
 O botânico Richard Spruce identifica o cipó Banisteriopsiscaapi como a 
 
 
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 81 
1852 matéria-prima de onde é extraída a ayahuasca. 
 
1874 Com a mistura de morfina e um ácido fraco semelhante ao vinagre, a 
heroína é inventada na Inglaterra por C.R.A. Wright. 
 
1874 
 
A prática de fumar ópio é proibida em San Francisco (EUA). A Sociedade 
para a Supressão do Comércio do Ópio é fundada na Inglaterra, e só 
quatro anos depois as primeiras leis contra o uso de ópio são adotadas. 
 
1884 
 
O uso anestésico da cocaína é popularizado na Europa. Dois anos depois, 
John Pemberton lança nos EUA uma beberagem contendo xarope de 
cocaína e cafeína: a Coca-Cola. A cocaína só seria retirada da fórmula 
anos depois. 
 
1896 A mescalina, princípio ativo do peyote, é isolada em laboratório. 
 
 
1898 
A empresa farmacêutica Bayer começa a produção comercial de heroína, 
usada contra a tosse. 
 
1905 
 
Cheirar cocaína torna-se popular. Os primeiros casos médicos de danos 
nasais por uso de cocaína são relatados em 1910. Em 1942, o governo 
dos EUA estima em 5.000 as mortes relacionadas ao uso abusivo da 
droga. 
 
1912 
 
A indústria farmacêutica alemã Merck registra o MDMA (princípio ativo do 
ecstasy) como redutor de apetite. A substância, porém, não chega a ser 
comercializada. 
 
1914 A cocaína é banida dos EUA. 
 
1930 
 
Num movimento que começa nos Estados Unidos, a proibição da maconha 
alcança praticamente todos os países do Ocidente. 
 
1943 
 
O químico suíço Albert Hofmann ingere, por acidente, uma dose de LSD-
25, substância que havia descoberto em 1938. Com isso, descobre os 
efeitos da mais potente droga alucinógena. 
 
1950-1960 
 
Cientistas fazem as primeiras descobertas da relação do fumo como 
câncer do pulmão. 
 
1953 
 
O exército norte-americano realiza testes com ecstasy em animais. O 
objetivo era investigar a utilidade do agente em uma guerra química. 
 
1956 Os EUA banem todo e qualquer uso de heroína. 
 
1965 
 
O LSD é proibido nos EUA. Seus maiores defensores, como os 
americanos Timothy Leary e Ken Kesey, começam a ser perseguidos. 
 
1965 
 
Alexander Shulgin sintetiza o MDMA em seu laboratório. Ao mastigá-lo, 
sente "leveza de espírito" e apresenta a droga a psicoterapeutas. 
 
Anos 70 
 
O uso da cocaína torna-se popular e passa a ser glamourizado. Nos anos 
80, o preço de 1 Kg de cocaína cai de US$ 55 mil (1981) para US$ 25 mil 
(1984), o que contribui para sua disseminação. 
 
1977 
 
Início da "Era de Ouro" do ecstasy. Terapeutas experimentais fazem 
pesquisas em segredo para não chamar a atenção do governo. 
 
Década de 80 
 
Surge o crack, a cocaína na forma de pedra. A droga, acessível às 
camadas mais pobres da população tem um alto poder de dependência. 
 
1984 
 
Holanda libera a venda e consumo da maconha em estabelecimentos 
específicos - os coffee shops. 
 
1984 O uso recreativo do MDMA ganha as ruas. Um ano depois, a droga é 
 
 
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 82 
 proibida nos EUA e inserida na categoria dos psicotrópicos mais 
perigosos. 
 
2001 
 
Os EUA dão apoio financeiro de mais de US$ 2 bilhões ao combate ao 
tráfico e à produção de cocaína na Colômbia. 
 
2003 O governo canadense anuncia que vai vender maconha para doentes em 
estado terminal. É a primeira vez que um governo admite o plantio e 
comercialização da droga. 
FONTE: Revista Galileu Especial nº 3 – Agosto de 2003. 
 
 
3.3.2 Preparação e Métodos de Detecção 
 
 
 As drogas de abuso podem ser classificadas em: 
 
 Lícitas 
 Drogas de abuso lícitas são aquelas permitidas e liberadas legalmente. 
 Exemplos: cigarros e bebidas alcóolicas. 
 
 Ilícitas 
 Drogas de abuso ilícitas são aquelas proibidas legalmente. 
 Exemplos: cocaína, heroína, maconha, LSD, etc. 
 
 As drogas causam dependência pelo seu mecanismo de ação no Sistema 
Nervoso Central (SNC), gerando uma sensação de recompensa. Dessa forma, de 
acordo com relatos da literatura, todo comportamento que é reforçado por uma 
sensação de recompensa, tende a ser repetido. 
 Para compreendermos o mecanismo de ação dessas substâncias, é 
necessário termos uma noção geral do funcionamento do SNC. Um estímulo é 
recebido por intermédio dos órgãos do sentido. A mensagem é enviada ao SNC, 
onde é processada, interpretada, elaborada, memorizada, associada, dentre outros. 
Porém, esse processo ocorre em milésimos de segundos. 
 O SNC é constituído de bilhões de neurônios, células responsáveis pelo 
processamento das informações. Juntos, os neurônios formam uma complexa rede 
de comunicação. Na Figura 39 está representada a estrutura simplificada de um 
neurônio. 
 
 
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 83 
 
 
 
FIGURA 39 - ESTRUTURA SIMPLIFICADA DE UM NEURÔNIO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 
 Os neurônios não estão intimamente ligados, há um espaço entre eles 
chamado de fenda sináptica (FIGURA 40). Na fenda sináptica ocorre o processo de 
neurotransmissão ou sinapse, que representa a troca de informações entre os 
neurônios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 40 - FENDA SINÁPTICA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 A informação é transmitida do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico 
pela liberação de substâncias químicas denominadas de neurotransmissores. Diante 
do exposto, as drogas psicotrópicas agem alterando essas comunicações entre os 
neurônios, produzindo diversos efeitos de acordo com o tipo de neurotransmissor 
envolvido e a forma como a droga atua. 
 Como já foi citado anteriormente, as drogas psicotrópicas são classificadas 
em três grandes grupos: 
 
 Drogas depressoras 
 São drogas que diminuem a atividade do SNC. 
 Exemplos: álcool, inalantes, benzodiazepínicos. 
 
 Drogas Estimulantes: 
 São drogas que estimulam a atividade do SNC. 
 
 
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 85 
 Exemplos:cocaína e derivados como crack, merla, pasta, etc. 
 
 Drogas pertubadoras 
 São drogas que produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do 
SNC. 
Exemplo: maconha, triexifenidil (Artane). 
 
 A análise química tem sido amplamente utilizada em diversos segmentos da 
sociedade, em especial na Química Forense, para a verificação da utilização de 
drogas de abuso pelas pessoas sob suspeita. Diversas técnicas são utilizadas para 
avaliar amostras de fluidos biológicos e hoje há testes específicos para cada tipo de 
droga (maconha, cocaína, barbitúricos, anfetaminas, etc.). 
 Os testes de detecção de drogas de abuso podem ser realizados com 
amostras biológicas como fluidos corporais (sangue, urina) e queratinizadas 
(cabelos ou pelos). Na Tabela 5 estão descritas as principais drogas e as matrizes 
biológicas utilizadas na sua detecção. 
 
 
 
TABELA 5 - PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO E MATRIZES BIOLÓGICAS 
UTILIZADAS NA DETECÇÃO 
 
 
 
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 86 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 As amostras devem ser coletas com cautela e armazenadas de forma a 
manter a confiabilidade das mesmas, para garantir a conservação. 
 
Exame de Urina 
 
 A urina somente é aceita como amostra para verificação do uso recente de 
drogas de abuso. Porém, não permite distinguir o usuário ocasional do abusivo ou 
dependente. O período de duração da detectabilidade das drogas na urina depende 
da intensidade e frequência do uso. A duração da detectabilidade na urina das 
principais drogas pode ser vista na Tabela 6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 87 
 
 
TABELA 6 - DURAÇÃO DA DETECTABILIDADE DAS DROGAS DE ABUSO NA 
URINA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
Exame de sangue 
 
 A pesquisa direta da droga de abuso no sangue possibilita apenas verificar o 
uso recente de substâncias (algumas horas). São várias as técnicas de 
 
 
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 88 
quantificação de drogas de abuso utilizadas na atualidade. Serão descritas abaixo 
as mais utilizadas. 
 
 Cromatografia gasosa (GC) 
 A técnica de cromatografia gasosa já foi descrita anteriormente. É bastante 
atrativa devido à possibilidade de detecção em escalas mínimas. É, portanto uma 
técnica que apresenta alta sensibilidade, sendo possível separar misturas 
complexas com até 200 compostos. Desvantagem: é necessário que a amostra seja 
volátil ou estável termicamente. 
 
 Espectrometria de massas 
 Esta técnica também já foi descrita anteriormente. Permite uma análise 
quantitativa extremamente precisa e confiável. 
 
 Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) 
 A cromatografia líquida recebe esse nome porque a sua fase móvel é um 
solvente. É um método utilizado para separação de espécies iônicas ou 
macromoléculas e compostos termolábeis. É considerada de alta eficiência pelo fato 
de ser altamente seletiva. 
 Na Tabela 7 está uma comparação entre a GC e a HPLC. 
 
 
TABELA 7 - DIFERENÇAS ENTRE A GC E A HPLC 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
FIM DO MÓDULO III

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