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apostila 1 HISTORIA DA PSICOLOGIA 2014

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HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: REVISÃO
Segundo um dos livros mais estudados em História da Psicologia, escrito pelos historiadores Shultz & Shultz (1998), os dados da história podem ser descritos de diferentes formas. Existem os estudos dos eventos históricos, da vida dos protagonistas da história, ou mesmo o estudo de fases ou eras. De um modo geral, Shultz & Shultz (1998) dizem que pode-se utilizar os modelos: personalista ou naturalista para escrever sobre a história de uma determinada área ou ciência. 
A teoria personalista envolve o estudo das realizações ou contribuições de certos indivíduos. São as histórias dos grandes ou pequenos teóricos que contribuíram para a história. Estudos biográficos, ou relatos de história de vida constituem parte dos estudos personalistas. 
A teoria naturalista, por outro lado, pesquisa a história baseada no contexto em que os fatos se desenvolvem, ou Zeitgeist (espírito ou clima intelectual da época) considerando que a época faz a pessoa. Na teoria naturalista as pessoas apenas fazem parte da história e não são os protagonistas da mesma. Este tipo de historiografia prioriza as análises do contexto sócio-histórico, história da cultura e dos povos em geral. 
Estes dois modos de descrever a história são interessantes no estudo da Psicologia.
Bock, Furtado e Teixeira (1999) afirmam que a história da psicologia não é única, e que existem as histórias das diversas psicologias. Para designar estas correntes diferenciadas, identificamos as chamadas escolas de pensamento também chamadas de abordagens teóricas ou sistemas da psicologia. Como exemplo, podemos citar as seguintes escolas: Estruturalismo, Funcionalismo, Associacionismo, Behaviorismo, Psicologia da Gestalt, Psicanálise, Psicologia Humanista e assim por diante. 
“O termo escola de pensamento refere-se a um grupo de psicólogos que se associam ideológica, e às vezes, geograficamente ao líder de um movimento. Em geral, os membros de uma escola trabalham em problemas comuns e compartilham uma orientação teórica ou sistemática” (Schultz & Schultz, 1998, p. 30).
O estudo da história da Psicologia pode ser realizado de forma personalista, levando-se em consideração a vida de figuras históricas ou de forma naturalista, considerando o contexto da época ou Zeitgeist.
As escolas de pensamento, abordagens teóricas ou sistemas constituíram, ao longo do tempo, as várias Psicologias como o funcionalismo, estruturalismo, associacionismo, behaviorismo, psicologia da gestalt, psicanálise, psicologia humanista e outras.
Influências Filosóficas Sobre a Psicologia
Nos séculos XVII e XVIII o mundo estava encantado com a revolução das máquinas. Operava em todos os lugares a criação de instrumentos mecânicos que aprimoravam o trabalho do homem otimizando seu tempo e esforço. Iniciava-se um clima intelectual baseado no pensamento mecanicista que tinha como prerrogativa compreender que a natureza e também as pessoas tinham um funcionamento semelhante ao da máquina, utilizando para isto a metáfora do relógio. A ideia de que um movimento leva a outro e de que tudo que ocorre produz o seu efeito, foi utilizada para explicar o funcionamento de um relógio, bem como o funcionamento do tempo, das questões naturais e do comportamento do ser humano.
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O espírito mecanicista foi o Zeitgeist que implementou o terreno para que, em 1879, Wundt iniciasse a ciência psicológica. O pressuposto mecanicista trouxe consigo a ideia de determinismo, que se resume à crença de que todo ato é determinado por eventos passados. Acreditava-se que, assim como é possível prever os movimentos que ocorrerão num relógio, também se poderia prever eventos do universo ou o comportamento das pessoas. Porém aqui um questionamento se faz pertinente: será que o universo e os seres humanos são organizados, previsíveis, observáveis e mensuráveis? A ideia predominante na época dizia que sim. Neste espírito da época nasceram as ciências quantitativistas, que buscavam com suas teorias realizar tal intento. 
O método científico nasceu baseado nestes pressupostos. Fundamentava-se na ideia de unir a teoria e a prática utilizando-se de formas de investigação por meio da razão associada à experimentação para tentar desvendar, descrever, medir e previr um determinado fenômeno. O método científico é identificado com o movimento mecanicista e determinista da época.
René Descartes (1596-1650) contribuiu imensamente para a futura ciência psicológica, principalmente, devido às suas ideias sobre a relação mente-corpo. Naquele momento o questionamento era se o mundo mental e o mundo material eram de naturezas distintas, e se existiria ou não uma separação mente-corpo. Desde Platão esta questão era discutida entre os filósofos, e Descartes propôs que mente e corpo eram de naturezas diferentes, e ainda afirmava que existia uma relação entre os dois. Para Descartes, a mente influencia o corpo e este por sua vez, pode exercer influência sobre a mente. 
“Embora, segundo Descartes, a mente seja imaterial (isto é não é composta de matéria física) ela é capaz de abrigar o pensamento e a consciência e, em consequência nos proporciona conhecimento sobre o nosso mundo exterior. A mente não tem nenhuma das propriedades da matéria. Sua característica mais importante é a capacidade de pensar, o que a aparta do mundo material.” (Schultz & Schultz, 1998, p. 42).
Descartes também introduziu uma polêmica que viria a se tornar outro tópico de estudo da Psicologia: a questão das ideias inatas e ideias derivadas. As ideias inatas não são produzidas por objetos do mundo exterior que entram em contato com os sentidos, são aquelas com as quais já nascemos. Ao contrário do que se imagina, a palavra inato, mesmo tendo a partícula “i”, significa: “que pertence ao ser desde o seu nascimento; inerente, natural, congênito” (Dicionário Houaiss). Enquanto as ideias derivadas nascem da aplicação de um estímulo externo como o som de um sino ou visão de uma árvore. Assim, as ideias derivadas são produto das experiências sensoriais. Este assunto tomou parte das preocupações subsequentes sobre a natureza do modo como o homem se comporta no mundo.
Empiristas e Associacionistas
Na segunda metade do século XIX a chamada Psicologia pré-científica chega ao fim. A época estava influenciada por um novo movimento intelectual chamado positivismo. Auguste Comte inaugurou o termo, que referia-se a um sistema baseado no estudo de qualquer fenômeno a partir de fatos objetivamente observáveis e indiscutíveis. Tudo que tinha natureza especulativa, inferencial ou metafísica era rejeitado como ilusório. A ciência passou a ser entendida como fonte da verdade, pois devia basear seus resultados de investigação em fatos observáveis, prováveis e mensuráveis. 
A Filosofia começou a ser encarada como conhecimento ilustrativo e especulativo e tudo o que interessava, a partir de então, dizia respeito às novas construções de conhecimento baseada (s) em fatos e dados dos quais não se podia questionar.
O positivismo tornou-se uma marca significativa, compondo com a experiência e a razão os fundamentos do método científico. Ou seja, algo para se tornar científico, a partir de então, precisava ter as seguintes características: ser objeto investigado por meio da razão e experimentação, ser passível de comprovação real com fatos ou dados observáveis e indiscutíveis. A mensuração passou a ser a regra dos estudos e cresceram as ciências baseadas em modelos matemáticos ou biológicos de investigação.
Jonh Locke (1632-1704), importante figura da época, trouxe como contribuição para a emergente Psicologia o interesse pelo funcionamento cognitivo (intelectual), pelo modo como a mente adquire o conhecimento. Para Locke, diferentemente de Descartes, não existem ideias inatas. Acreditava que os seres humanos não estão equipados ao nascer com qualquer espécie de conhecimento e comparou a mente humana a um papel em brancoou tabula rasa, em que precisam ser impressas as letras, ou seja, o conhecimento. As ideias de Locke versavam sobre o processo de aquisição do conhecimento por parte do ser humano, e trouxeram a dicotomia do pensamento sobre inatismo ou ambientalismo, temática muito discutida posteriormente na Psicologia Científica. Locke defendia que o conhecimento é adquirido por meio da experiência. Todo conhecimento tem base empírica. Aristóleles sustentara também uma noção semelhante, a de que a mente, no nascimento, era uma tabula rasa, uma folha limpa ou em branco que a experiência iria preencher.
O inatismo postulava serem os fatores genéticos determinantes para aquisição do conhecimento; já os ambientalistas acreditam ser determinante a influência ambiental, ou a criação e a aprendizagem. Embora sejam ideias muito debatidas pela Psicologia o inatismo e o ambientalismo não se constituíram em escolas de pensamento ou sistemas psicológicos, embora o ambientalismo tenha influenciado a futura escola Behaviorista.
Outro elemento que influenciou a nascente Psicologia foi o empirismo. Por empirismo entendemos um movimento da Filosofia que acreditava nas experiências como únicas ou principais formadoras das ideias. Locke ao dar maior importância às experiências vividas pode ser considerado um empirista. Na ciência o empirismo é largamente utilizado no método científico pela ênfase na observação dos eventos em vez da intuição ou da fé como fontes de produção de conhecimento. 
O associacionismo também contribuiu e foi base para a nova ciência Psicologia que nascia. Inspirada na filosofia empirista e positivista, as ideias associacionistas privilegiavam a experiência como fonte de conhecimento. O associacionismo contribuiu muito para que a Psicologia rompesse de vez com a Filosofia e se tornasse uma ciência autônoma, com objeto e método próprios de investigação. As leis da associação (de ideias) surgem com Locke, prosseguem em Hume e as ideias de Wundt são amplamente influenciadas por este pensamento. 
O positivismo influenciou a emergência de uma Psicologia que pudesse sair do estado de pré-científica e tornar-se uma ciência independente da Filosofia. Para tanto, a Psicologia deveria pautar seu objeto de estudo em fatos observáveis e mensuráveis.
Para se tornar uma ciência independente da Filosofia a Psicologia a partir da segunda metade do século XIX adota como meta pautar seu objeto de estudo em fatos observáveis e mensuráveis utilizando o método experimental como base para suas descobertas.
Influências Fisiológicas Sobre a Psicologia
Os estudos fisiológicos tiveram sua ascensão no final do século XIX, e baseados nos pressupostos positivistas, procuravam ancorar seus conhecimentos no estudo do corpo humano juntamente com a anatomia. 
Joahannes Müller (1801-1858) foi um cientista alemão que defendia a aplicação do método experimental na fisiologia. Este autor também escreveu sobre a fisiologia dos nervos e propôs que a excitação ou estimulação de um nervo sempre produzia uma sensação específica, e isto contribuiu para o início da compreensão dos fenômenos perceptivos. A fisiologia deu sua contribuição à Psicologia também por explorar as funções cerebrais e sua relação com os fenômenos psíquicos como emoção, pensamento, além das psicopatologias. 
Quatro alemães são os responsáveis diretos pelas aplicações do método experimental ao objeto de estudo da Psicologia. Herman Von Helmholtz, Ernest Weber, Gustav Theodor Fechner e Wilhelm Wundt. Conheciam fisiologia e estavam a par do desenvolvimento ocorrido na metade do séc XIX tanto nas Ciências como na Fisiologia.
Segundo Shultz & Shultz (1998) a Alemanha se tornou espaço ideal para o nascimento da Psicologia científica e se constituiu berço da Psicologia Científica nascente, pois já eram avançados os estudos fisiológicos, classificatórios e minuciosos neste país. Pode-se dizer que os primeiros estudos de Psicologia eram experimentais, parte deles dedicados à psicofísica. Ou seja, a Psicologia nasce baseando suas ideias principais em buscar uma associação dos fenômenos físicos e fisiológicos com as manifestações psicológicas, buscando entender a relação mundo material versus mundo mental. 
A Psicologia científica nasce na Alemanha no final do século XIX com base nos estudos fisiológicos e experimentais.
A Nova Psicologia – A Psicologia Moderna
No que se refere à Psicologia Moderna, esta nomenclatura designa a psicologia científica. Nos referimos ao início da Psicologia como ciência, quando esta se “libertou” da Filosofia, evento marcado pelo final do século XIX. Wundt é considerado o fundador da Psicologia como disciplina acadêmica formal e foi a primeira pessoa na história a ser designada como psicólogo. Era médico por formação mas com o tempo percebeu que a prática da medicina não era de seu agrado e passou a se concentrar no estudo da Fisiologia. Fundou o primeiro laboratório, editou a primeira revista, e deu início à Psicologia experimental como ciência. Por estas iniciativas dizemos que ele é considerado o “pai da psicologia moderna”. 
De acordo com Shultz & Shultz (1998) apesar do livro “Elementos de Psicofísica” de Fechner ter sido publicado em 1860, a data histórica do nascimento da nova ciência foi a fundação do Laboratório de Psicologia Experimental na Universidade Leipzig na Alemanha em 1875. Porém, em alguns livros como o de Marx & Hillix (1973) a data de fundação do laboratório de Wundt é determinada como sendo em 1879. De qualquer modo, sendo em 1875 ou 1879 o início da Psicologia Moderna ou Psicologia Científica é o fim do século XIX. É creditado a Wundt a fundação da nova ciência por ele ter formulado a concepção unificada da Psicologia, bem como ter contribuído para sua divulgação e expansão. Ele escreve “Princípios de Psicologia Fisiológica” com intuito de delimitar a nova ciência. Entretanto,“O termo psicologia fisiológica incluída no título pode ser enganoso. Na época a palavra fisiológico era usada como sinônimo da palavra equivalente a experimental em alemão. Assim Wundt ensinava e escrevia sobre psicologia experimental, e não sobre a psicologia fisiológica tal como a conhecemos hoje.” (Schultz & Schultz, 1998, p. 42).
Apesar de alguns livros de história da Psicologia identificarem que a Psicologia nascida nos Estados Unidos, denominada Estruturalismo, seja a cópia fiel das ideias de Wundt, de acordo com Shultz & Shultz (1998) isto é uma inverdade. O Estruturalismo foi liderado por Titchener, que foi aluno de Wundt. Esta foi a primeira escola de pensamento norte-americana inspirada nas ideias wundtianas. Dados históricos mostram que Titchener, ao traduzir alguns dos pressupostos de seu mestre alemão, tenha feito modificações para adequar ao que ele mesmo pensava.
Uma das diferenças da Psicologia wundtiana em relação ao Estruturalismo, dizia respeito à crença de que para estudar os fenômenos psicológicos, os mesmos deveriam ser decompostos em elementos fundamentais e o estudo destes elementos (ou partes) é que forneceria a compreensão do fenômeno psíquico. 
Wundt acreditava que os elementos deveriam ser estudados em relação, a partir da ativa participação da mente na organização destes elementos. Em outras palavras, o estudo dos elementos era importante, mas para Wundt, a relação entre estes elementos era mais importante ainda. Explicando melhor, Wundt achava que os elementos deveriam ser estudados conjuntamente e interligados, enquanto que Titchener defendia o estudo dos elementos em separado.
O método da introspecção consistia no exame do próprio estado mental ou percepção interior. Para conhecer como a consciência funcionava, a pessoa era treinada a relatar sua percepção sobre as coisas ou objetos que lhe eram apresentados (estímulos) de forma objetiva sem impressões, tais como, julgamentos de valor ou sensações agradáveis ou desagradáveis. Por exemplo: uma luz é projetada no olhoda pessoa e a mesma descreve objetivamente sua percepção sobre esta luz. Era incidida a luz e o examinador pedia: conte sua experiência, relate. O sujeito então devia descrever e não devia usar termos nesta descrição tipo: é uma luz boa, sinto-me confortável com esta luz, ele deveria descrever a luz: amarela, intensa, intermitente. Além disso, instrumentos eram utilizados para medir o tempo de reação (se a luz incidia sobre o olho, quanto tempo o olho demorava para se fechar, se fosse uma agulha espetada no dedo, quanto tempo o sujeito esquivaria a mão ou diria algo, etc...), a forma da reação, e um observador externo anotava tudo que o sujeito falava sobre a percepção e sua observação sobre toda a experiência. 
O pai da Psicologia dizia que os elementos deviam ser identificados, porém o mais importante para ele era como estes elementos se compõem na experiência perceptiva, a junção dos elementos de forma criativa (o que se chamou síntese criativa). Esta síntese de toda a experiência, foi chamada por Wundt de apercepção ou seja, a organização dos vários elementos em um todo compreensível por parte do sujeito.
“Wundt reconhecia que, quando olhamos para objetos do mundo real, vemos uma unidade ou síntese de percepções. Por exemplo, vemos uma árvore como uma unidade, e não como cada uma das muitas e variadas sensações de brilho, matiz ou forma que os observadores num laboratório podem relatar como resultado de suas introspecções. A nossa experiência visual abrange a árvore como um todo, e não como cada um dos numerosos sentimentos e sensações elementares que podem constituir a nossa percepção da árvore”.
 (Schultz & Schultz, 1998, p. 84).
Assim, Wundt postulou a doutrina da apercepção para explicar nossas experiências conscientes unificadas. Designou o processo real de organização dos vários elementos numa unidade como o princípio da síntese criativa ou a lei das resultantes psíquicas. As várias experiências elementares são organizadas num todo por esse processo de síntese criativa, que afirma, essencialmente, que a combinação de elementos cria novas propriedades.
Acreditava, mantendo sua orientação fisiológica, na existência de uma correspondência direta entre a excitação do córtex cerebral e a experiência sensorial correspondente. Wundt estudou desta maneira fenômenos psíquicos, tentando criar leis gerais que explicassem os fenômenos da atividade consciente. Para ficar em apenas um exemplo, Wundt estudou a reação pessoal aos estímulos de um metrônomo (máquina que produz cliques audíveis em intervalos regulares – tipo um relógio (tique-taque). Ele identificou que ao final de vários cliques a experiência se tornava mais agradável para a pessoa, e notou ainda que havia uma certa tensão inicial ao se esperar o clique seguinte, e um alívio quando o mesmo ocorria. Além disso, quando a velocidade dos cliques aumentava, uma certa excitação ocorria com o sujeito. Ao mesmo tempo, quando os cliques diminuíam, ele observou um sentimento mais calmo nos sujeitos. Wundt chegou a conclusão de que os sentimentos tem três dimensões: prazer-desprazer, tensão-relaxamento e excitação-depressão.
De um modo geral, as ideias de Wundt puderam delimitar o campo de estudo da nova ciência e estabelecer a forma de investigação. Para ele, a Psicologia deveria se preocupar as seguintes tarefas: 
1)	analisar os processos conscientes até chegar em seus elementos básicos, 
2)	descobrir como esses elementos são sintetizados e organizados, 
3)	determinar as leis de conexão que governam a sua orientação. 
Com o tempo, aqueles que foram até a Alemanha estudar com Wundt, foram criando suas divergências teórico-metodológicas com o mestre e instituindo, em alguns casos verdadeiras novas correntes de pensamento, em outros casos influenciando a criação posterior de uma escola ou sistema em Psicologia. Destes seguidores Titchener, um dos mais importantes, após ter aulas com Wundt volta aos Estados Unidos e funda o estruturalismo.
Outros pioneiros europeus da Psicologia
Ebbinghaus (1850-1909) procurou estudar o fenômeno da memória e aprendizagem contrariando a ideia de Wundt de que os processos mentais superiores como a memória, o pensamento e a aprendizagem não poderiam ser objeto de estudo da Psicologia por não serem apreendidos pelo método introspectivo. Suas pesquisas conferiram objetividade, quantificação, quantificação e experimentação ao estudo da aprendizagem, um tópico central da psicologia moderna.
George Elias Muller (1850-1934) continuou as experiências de Ebbinghaus sobre memória e aprendizagem e Franz Brentano (1838-1917) estabeleceu a ideia de que deveria se estudar o ato perceptivo e não a percepção. A Psicologia do Ato, como ficou conhecida, inaugurou um novo método de investigação da Psicologia - a experiência por meio da observação. Para Brentano, o principal método da psicologia era a observação e não a experimentação, embora ele não rejeitasse o método experimental. Uma abordagem, empírica é em geral mais ampla, já que obtém seus dados tanto da observação e da experiência individual como da experimentação. Ele se opôs à ideia Wundtiana fundamental de que a psicologia deveria estudar o conteúdo da experiência consciente. Ele afirmou que o objeto de estudo próprio da psicologia é a atividade mental. 
 Carl Stumpf (1848-1936) foi o precursor das ideias da fenomenologia que se referem aos estudos da experiência não distorcida. A fenomenologia afirma que se deve estudar a experiência tal como ela ocorre. Stumpf discordava de Wundt por este decompor a experiência em elementos analisáveis (partes) e propunha o estudo da experiência como um todo, e não de forma artificial e abstrata. Edmund Husserl, aluno de Stumpf, propôs mais tarde a corrente filosófica denominada de fenomenologia que foi precursora da escola da Psicologia da Gestalt. 
Oswald Kulpe (1862-1915) defendeu uma modificação no método introspectivo, tornando-o sistemático; nele a experiência como um todo era descrita de maneira precisa mediante o seu fracionamento em períodos de tempo. Tarefas semelhantes eram repetidas muitas vezes para que os relatos introspectivos pudessem ser corrigidos, corroborados e ampliados. Esses relatos eram com frequência suplementados com perguntas que dirigiam a atenção do sujeito para pontos particulares. A introspecção experimental sistemática de Kulpe acentuava os relatórios subjetivos, qualitativos e detalhados feitos pelos sujeitos acerca da natureza dos seus processos de pensamento. Kulpe e seu grupo descobriram em seus estudos que as percepções ou o conteúdo da experiência, às vezes, era descrito por elementos não conscientes, ou seja, haveria um aspecto não sensorial na consciência. A demonstração de que a experiência depende não apenas de elementos conscientes mas, também de tendências determinantes inconscientes,sugere o papel dos determinantes insconscientes do comportamento fato que veio a influenciar, posteriormente. as ideias sobre o inconsciente desenvolvidas por Sigmund Freud. 
De modo geral, todos estes personagens contribuíram para a instituição da nova ciência e instituição da observação, dos experimentos e da respeitabilidade deste novo campo de conhecimento nos meios acadêmicos.
Referências:
Bock, Ana Merces Bahia; Furtado, Odair; Teixeira, Maria De Lourdes Trassi. Psicologias - uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
Schultz, D. P. & Schultz, S. E. História da Psicologia Moderna. 5 ed. São Paulo: Cultrix, 1998.

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