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O poder da diversidade

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19/08/13 O poder da diversidade
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O poder da diversidade
04/08/2006
Valorizar e acreditar no potencial é melhor saída contra a exclusão
"Sou de uma geração que não é da turminha novinha de hoje, então eu tive mais dificuldades. Comecei com os
meus sete anos de idade estudando em uma escola especial, que, naquela época, era horrorosa, porque
colocava na mesma classe portador de deficiência física, auditiva, visual e mental. Então, ninguém sabia direito
como lidar com a gente e todos nós éramos considerados excepcionais e ficávamos jogados nesta sala de
aula. A minha sorte é que, depois de sete dias, pedi pelo amor de Deus para a minha mãe me tirar e ela teve o
bom senso de fazer isso."
O depoimento, acima, é do sociólogo e coordenador do Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas
com Deficiência, João Ribas, 51 anos, cadeirante. Ele que viveu na pele o sofrimento e o preconceito, em uma
época que a exclusão era muito mais contundente do que na atualidade, venceu preconceitos e conseguiu
chegar ao topo em um cargo de decisão após muita persistência e coragem.
Nem todo mundo, porém, tem a mesma sorte. Hoje, ele é responsável pelo programa de treinamento de uma
das empresas que mais investem na contratação de pessoas com deficiência estejam elas qualificadas ou
não. E, em sua opinião, as pessoas com deficiência têm que ser entendidas como mão-de-obra na qual pode-
se, sim, investir. "As pessoas devem ser vistas pelo seu potencial e não por sua limitação", friza.
Para ele, a grande problemática é que muitas empresas ainda não enxergam este potencial. Ficam tão
preocupadas em cumprir as cotas que criam departamentos para pessoas com deficiência e os abandonam
por lá, sem qualquer programa de qualificação ou oportunidade de plano de carreira. Segundo Ribas, a Serasa
é diferente porque pensa a contratação de uma outra forma, mais humana. "Não estou contratando nenhum
cego porque ele cego, mas porque ele tem potencial. Infelizmente, há empresas que enxergam o investimento
na compra de material para que eles possam trabalhar como gasto", compara.
Para Ribas, outro diferencial na contratação desta mão-de-obra é a humanização que acontece na empresa a
partir do convívio com pessoas com deficiência. Opinião que a vice-presidente do Instituto Paradigma, Flávia
Cintra, também partilha. "Apostar na contratação de pessoas com deficiência muda o comportamento dentro da
empresa, gerando mais motivação, além de trazer valores mais humanos para o universo corporativo," afirma.
E existem exemplos práticos de como a inclusão da diversidade no ambiente de trabalho pode ser saudável e
aproximar as pessoas. Na HP (Hewlett-Packard), por exemplo, o programa de inclusão de pessoas com
deficiência começou contratando cadeirantes, depois passou para deficientes visuais e, por último, deficiente
auditivos. Nesta fase, o restante dos funcionários da empresa, já bilígues, pediram ao departamento de
Recursos Humanos que incluíssem a linguagem de sinais (libras) como terceiro idioma. Hoje, funcionários
que possuem uma carga horária de 12 horas diárias passam uma hora a mais na empresa para aprender a
se comunicar com os colegas por meio da linguagem de sinais. "Este é só um exemplo de como a diversidade
muda as relações humanas dentro da empresa", defende Flávia.
O Banco Santander é outro exemplo de empresa que mudou de mentalidade e passou a apostar na
sensibilização dos funcionários para fazer com que o ambiente de trabalho para as pessoas com deficiência
se tornasse cada vez mais humano e favorável. Em parceria com o Instituto Paradigma, foram realizados
projetos-pilotos com a participação de pessoas com os mais diversos tipos de deficiências para mostrar aos
funcionários da empresa o quão interessante é lidar com a diversidade.
Segundo a gerente de Recursos Humanos do Santander, Silvia Pinheiro, é importante apostar neste tipo de
inciativa, uma vez que ter uma força de trabalho diversa agrega valor a empresa. "O projeto ainda não está
concluído, mas a intenção é que os resultados coletados possam nos auxiliar a construir um programa eficaz
nesse sentido, que dê oportunidades para as pessoas com deficiência sem fazer qualquer diferenciação,"
afirma.
? justamente esta a principal mensagem que a DRT/SP (Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo) quer
passar às mais de 7 mil empresas de São Paulo: cumprir a cota não só garante oportunidade às pessoas com
deficiência, mas valoriza as relações humanas dentro da empresa. Segundo a chefe de fiscalização da
DRT/SP, Lucíola Rodrigues, a intenção é sensibilizar e conscientizar cada vez mais empresas a fim de
convencê-las que trabalhar com pessoas com deficiência deve ser um processo natural e não um favor. "? uma
estratégia que só traz benefícios," reforça.
Para Lucíola, já foi o tempo em que os comerciais politicamente corretos mostravam empregadores na TV
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dizendo: "é muito importante contratar pessoas com deficiência". Ou então a pessoa com deficiência dizendo:
"estou muito feliz com minha oportunidade". A hora é de mostrar para os empregadores e para a sociedade
que eles são competentes, têm potencial e são tão bons profissionais como qualquer outra pessoa.
Quem tem algum tipo de deficiência e precisa de oportunidade, agradece. Fábio Gomes Alencar, de 26 anos,
cadeirante, graduado em Administração e pós-graduado em Administração Financeira, conta que, antes de
2003, quando a política de atuação da DRT/SP era diferente, encontrar vagas no mercado de trabalho era bem
mais difícil. "Hoje, as empresas abrem as portas para as pessoas com deficiência. ? possível, inclusive, saber
quais companhias têm uma política de valorização deste profissional e quais não têm essa preocupação",
afirma.
? claro que pessoas como Alencar - que fazem parte de uma minoria instruída, com acesso à educação e à
informação - têm mais chances perante àqueles que dependem de programas de qualificação para conseguir
crescer. Ele mesmo possui muito mais qualificação do que a grande maioria dos jovens na sua faixa etária
sem qualquer deficiência. "Além de minha formação, também falo inglês e espanhol fluente", afirma. Quantas
pessoas você conhece que, com esta idade, tenham tal qualificação? Mas ele tem a resposta para isso: total
apoio e incentivo dos pais desde a infância.

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