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Ensaios sobre a aula: narrativas e reflexões da docência Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Série Pesquisa e Prática Profissional em Pedagogia Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. M ár ci a B aie rsdorf Araujo Ensaios sobre a aula: narrativas e reflexões da docência Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Conselho editorialConselho editorial Dr. Ivo José Both Dr.ª Elena Godoy Dr. Nelson Luís Dias Dr. Ulf Gregor Baranow Editor-chefeEditor-chefe Lindsay Azambuja Editor-assistenteEditor-assistente Ariadne Nunes Wenger Editor de arteEditor de arte Raphael Bernadelli Preparação de originaisPreparação de originais Schirley Horácio de Gois Hartmann CapaCapa Denis Kaio Tanaami Projeto gráficoProjeto gráfico Katiane Cabral IconografiaIconografia Danielle Scholtz Ilustração (capa)Ilustração (capa) Znort! Ilustradores Av. Vicente Machado, 317 – 14º andar Centro – CEP 80420-010 – Curitiba – PR – Brasil Fone: (41) 2103-7306 www.editoraibpex.com.br editora@editoraibpex.com.br Araujo, Márcia Baiersdorf Ensaios sobre a aula: narrativas e reflexões da docência [livro eletrônico] / Márcia Baiersdorf Araujo. – Curitiba: Ibpex, 2013. (Série Pesquisa e Prática Profissional em Pedagogia). 2 Mb ; PDF Bibliografia. ISBN 978-85-417-0043-6 1. Pedagogia 2. Planejamento educacional 3. Prática de ensino 4. Professores – Formação profissional I. Título. II. Série. 13-00901 CDD-371.1 Foi feito o depósito legal. Informamos que é de inteira responsabilidade da autora a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Ibpex. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Esta obra é utilizada como material didático nos cursos oferecidos pelo Grupo Uninter. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(CIP) (Câmara Brasileira do Livro, (Câmara Brasileira do Livro, SPSP, Brasil), Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Ensaios sobre a aula: Prática docente: Educação 371.1 1ª edição, 2013 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. SumárioSumário Apresentação, 7Apresentação, 7 Organização didático-pedagógica, 12Organização didático-pedagógica, 12 Introdução, 15Introdução, 15 11 A aula na perspectiva da história da educação escolar: A aula na perspectiva da história da educação escolar: percursos da docência, 27 percursos da docência, 27 Tempos e espaços da docência: a cultura escolar herdada Tempos e espaços da docência: a cultura escolar herdada e significada, 35e significada, 35 Histórias do magistério, 44Histórias do magistério, 44 Memórias da docência, 53Memórias da docência, 53 Formação política dos professores, 59Formação política dos professores, 59 Síntese, 65Síntese, 65 Indicações culturais, 66Indicações culturais, 66 Atividades de autoavaliação, 67Atividades de autoavaliação, 67 Atividades de aprendizagem, 70Atividades de aprendizagem, 70 22 A aula na perspectiva da didática intercultural: tempos/A aula na perspectiva da didática intercultural: tempos/ espaços do planejamento do ensino, 71 espaços do planejamento do ensino, 71 Ciclos do planejamento, 75Ciclos do planejamento, 75 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Síntese, 118Síntese, 118 Indicações culturais, 120Indicações culturais, 120 Atividades de autoavaliação, 121Atividades de autoavaliação, 121 Atividades de aprendizagem, 125Atividades de aprendizagem, 125 33 A sala de aula como tempo/espaço de comunicação: A sala de aula como tempo/espaço de comunicação: diálogos entre a docência e a discência, 127 diálogos entre a docência e a discência, 127 Conexões entre escola e sociedade, 132Conexões entre escola e sociedade, 132 A horizontalidade das relações ensino-aprendizagem, 140A horizontalidade das relações ensino-aprendizagem, 140 Mediações pedagógicas, interação e afetividade, 149Mediações pedagógicas, interação e afetividade, 149 Síntese, 159Síntese, 159 Indicações culturais, 160Indicações culturais, 160 Atividades de autoavaliação, 161Atividades de autoavaliação, 161 Atividades de aprendizagem, 164Atividades de aprendizagem, 164 44 O planejamento em ação: narrativas da sala de aula, 165O planejamento em ação: narrativas da sala de aula, 165 “Cadê o direito de brincar que estava aqui?” – Uma leitura do “Cadê o direito de brincar que estava aqui?” – Uma leitura do cotidiano da educação infantil em alguns retratos, 172cotidiano da educação infantil em alguns retratos, 172 Quantas mediações pedagógicas em apenas uma hora! – Quantas mediações pedagógicas em apenas uma hora! – Interações sociais em uma sala de aula do ensino fundamental, 183Interações sociais em uma sala de aula do ensino fundamental, 183 Histórias de vida narradas e registradas na alfabetização de Histórias de vida narradas e registradas na alfabetização de adultos, 205adultos, 205 Síntese, 213Síntese, 213 Indicações culturais, 213Indicações culturais, 213 Atividades de autoavaliação, 214Atividades de autoavaliação, 214 Atividades de aprendizagem, 220Atividades de aprendizagem, 220 Considerações finais, 223Considerações finais, 223 Referências, 225Referências, 225 Bibliografia comentada, 233Bibliografia comentada, 233 Respostas, 237Respostas, 237 Sobre a autora, 243Sobre a autora, 243 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Quando visualizamos as práticas educativas no cotidiano de alunos e professores, percebemos que o trabalho pedagógico se estrutu- ra dentro de um conjunto de ações planejadas e articuladas com a escola e sua finalidade formadora. Ao refletir sobre o ato de ensinar, o docente indaga seu ofício e define sua prática passo a passo. No conjunto das relações em que o professor se lança para desenvolver a docência, o encontro com os educandos é o principal momento, a razão de ser dessa prática, o aspecto que define o “ser professor” na relação com aqueles para os quais direciona o ensino. Tal encontro entre a docência e a discência acontece em um espaço de comunicação e diálogo, no qual se configuram aprendiza- gens importantes, tanto para quem ensina como para quem aprende. Narrativas são desenvolvidas no momento exato em que conteúdos são ensinados e aprendidos. A esse momento de diálogo chamamos aula! Lecionar é tarefa nada fácil nos dias de hoje, já que muitas narrativas mostram-se empobrecidas, fragmentadas, destituídas de significação. O diálogo parece ultrapassado diante da realidade desi- gual que deixa a todos, alunos e mestres, muitas vezes, atônitos, sem voz e com pouca visibilidade. ApresentaçãoApresentação Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 88 Na sala de aula, deparamo-nos com alunos concretos, realida- des complexas, situações inusitadas. Precisamos agir, tomar posição diante dos desafios. Esse é o motivo pelo qual entendemos que a prática da docência deve fundamentar-se na problematização do cotidiano. É em face dessa realidade problematizada intencionalmente que o presente livro se coloca, tomando a aula como momento singular da prática docente e como reveladora da complexidade do fenômeno educativo. Para tanto, esta obra pretende levar você a um movimento de aproximações e afastamentos dos temas da didática, fundamentan- do teoricamente a aula como espaço do diálogo intercultural espaço do diálogo intercultural. Focalizando o professor em sua sala de aula, o livro busca reve- lar a docência na perspectiva histórica em consonância com a função social que a escola vem assumindo no decorrer do tempo. O primeiro capítulo contextualiza a docência na perspectiva da história da educação, tomando como referência a cultura escolar herdada para localizar a prática escolar na tensão entre inovações e continuidades no ensino. Desse modo, pretendemos significar o magistério tendo em vista o movimento da própria escola em torno da definição de suas finalidades e, assim, reconhecer o que há de histórico nas práticas docentes, isto é, precisamos entender em que estamos fundamentando nossos posicionamentos. Certamente as trajetórias docentes são parte dessa tensão entre conservação e transformação social. Somos parte de uma história que define as tradições do nosso ofício. Mesmo quando pensamos ter uma ideia inédita para ser posta em prática, muitas vezes, cons- tatamos que essa ideia expressa movimentos históricos anteriores ou contemporâneos. Cada proposta sobre o ensinar é feita em muitas mãos e resulta desta e de outras temporalidades. Seguindo esse pensamento, cons- tatamos que não há autorias únicas ou exclusividades pessoais, o Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 99 que não diminui, mas, ao contrário, fortalece o papel dos sujeitos na história da educação que fazemos e da qual somos parte. Assim, construímos as imagens da docência e da discência, forjan- do o ofício de professor por meio de permanências e transformações do passado, ou seja, ressignificamos cotidianamente a tradição escolar. A perspectiva histórica permite situar nossa inserção profissio- nal no magistério, identificando-a com as memórias da docência, com as raízes da sua precariedade, com o reconhecimento das relações de subordinação entre masculino e feminino, muitas vezes determinantes de nossas práticas. A consciência histórica nos dá maior clareza do sentido de nossos posicionamentos político-peda- gógicos e de suas consequências. Desse modo, a produção da aula expressa sinteticamente tais percursos. O segundo capítulo pretende dar significado ao ciclo do planejamento docente, adentrando um pouco mais na dinâmica do ensino-aprendizagem. Para tanto, partimos do princípio de que a aula é produzida nas relações intersubjetivas vividas no contexto da escola. Nesse sentido, não é resultado apenas da atuação do corpo docente e também não se restringe ao planejamento prévio. A aula é parte de um processo didático que abrange o planejamento nas dimensões coletiva e individual, global e específica quanto aos saberes escolarizados. A aula é propulsora de novas etapas de planejamento e favorece a continuidade do trabalho docente, num contínuo processo de avalia- ção e autoavaliação, planejamento e registro da prática pedagógica. Seu ápice se dá no momento em que o planejado previamente se coloca na situação de interlocução entre educador e educando. É quando as finalidades do ensino são postas em prática, momento em que a ação docente aparece como mediadora dos temas de estu- do na sala de aula e as múltiplas narrativas de alunos e professores vêm à tona. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1010 O estudo da prática pedagógica emerge, então, como etapa do planejamento, uma vez que acaba por eleger temas oportunos para o aprofundamento teórico-prático do colegiado. Assim, a qualifi- cação do trabalho docente ganha visibilidade e a escola passa a ser compreendida como espaço formador para o qual converge o saber- fazer e o pensar sobre o fazer. Já o terceiro capítulo trata da conexão do ensino com a contem- poraneidade e, para isso, tomamos a aula como ambiente de comu- nicação democrática. Aproximando-nos da escola da atualidade, encontramos os desafios do presente. Com um zoom na sala de aula, tentamos descobrir a que veio a escola de hoje e em que ela pode se mostrar anacrônica ou visionária. Aqui, a prática docente é pensada como atrelada ao projeto formador assumido na escola. Dessa forma, o projeto político-pedagógico anuncia a tomada de posição da escola em face de seu tempo histórico, como expressão de posicionamentos dos sujeitos diante da sociedade atual. No âmbito da sala de aula e dos processos de ensino-apren- dizagem ali vivenciados, é preciso perceber em que circunstâncias a docência será desenvolvida. Será por intermédio de que práticas, dialógicas ou autoritárias? Essas práticas estão atentas à cultura de referência dos educandos ou consistem em simples aplicação de métodos e técnicas descontextualizados? Elas criam ambientes de aprendizagem acolhedores e abertos ou restritos ao repasse de conteúdos sem significado para a vida? Com um novo zoom na prática docente, podemos ir ao encon- tro dos sujeitos, na intenção de compor um mosaico de experiências e explicitar a dinâmica da sala de aula em pequenas narrativas. No capítulo quatro, o leitor será convidado a partilhar saberes tendo em vista a análise de situações de aula narradas em três coletâneas. Nelas estão representadas etapas, níveis e modalidades da educação básica, respectivamente a educação infantil, o ensino fundamental e a educa- ção de adultos. Para tanto, serão apresentados três tipos de inserção profissional muito comuns no exercício do magistério. Nesse capítulo, Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1111 a aula é configurada como tempo e espaço propícios à comunicação, o que requer a defesa do diálogo e das mediações pedagógicas intencio- nalmente planejadas para a socialização de saberes. Apresentamos as narrativas de modo a contextualizar as situa- ções de docência, deixando ora implícitas, ora explícitas as opções teórico-metodológicas que motivaram o planejamento das práticas descritas, bem como as mediações pedagógicas realizadas com os educandos no momento da aula. Cada narrativa apresentada foi escrita como uma compilação de experiências docentes vividas e observadas pela autora deste livro a partir de sua própria inserção profissional como pedagoga, professora e pesquisadora. O objetivo dessa etapa conclusiva da obra é colocar a didática em ação na sala de aula segundo a perspectiva intercultural apresen- tada em todo o livro, adentrando em algumas nuances da dinâmica da sala de aula, naquilo que há de vivido e refletido na dialética do processo ensino-aprendizagem. Com esse conjunto de reflexões sobre a dinâmica da aula, este livro ensaia um olhar reflexivo sobre a prática docente, num exer- cício metodológico de aproximação e afastamento em relação ao cotidiano escolar, considerando que esse zoom sobre a prática peda- gógica deseja revelar a docência por um ângulo possível. Você poderá acrescentar outros pontos de vista, pois a varia- bilidade e a complexidade que o momento aula expressa assim permitem. É o que parecem confirmar os relatos da prática docente: variados, singulares, complexos e, necessariamente, caleidoscópicos. Boa leitura!Boa leitura! Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1212 Organização didático-pedagógicaOrganização didático-pedagógica NN este capítu lo faremos uma reflex ão crítica s obre questõ es que envolv em a ident idade, ou i dentidades , dos sujeit os envolvidos no process o educativo , e consequ entemente sobre sua(s ) cultura(s) . Discutire mos o dese nvolvimen to de um curr ículo que a tenda à mu ltiplicidade desse sujei to plural e, vi nculado a i sso, aborda remos a esc ola enquan to espaço‑tem po onde (q uando) ess as questões e as tensõe s que envolvem e sses temas estão posta s. Refletire mos sobre o papel do educado r enquanto ator social inserido n o contexto escolar. O terre no da e ducaçã o – ens ino fun dament al O terre no da e ducaçã o – ens ino fun dament al Como vim os no capít ulo anterio r, a educaç ão brasileir a esteve sem pre atrelad a ao contex to histórico , social, po lítico e principalm ente ao cen ário econô mico, que prevaleceu sobre toda s as outras e sferas citad as. A educ ação desen volveu‑se, desde o iní cio, como parte integrante do repertó rio de man ipulação do sistema pe lo capital, que busca na e ducação a c riação de u m consens o que torna possível a m anutenção e a reprodu ção de um sistema de classes. “Minha for mação é per manente. C omeço por a ceitar que o “Minha for mação é per manente. C omeço por a ceitar que o formador é o sujeito em relação a q ue me consi dero o objet o, formador é o sujeito em relação a q ue me consi dero o objet o, que ele é o s ujeito que m e forma e eu , o objeto po r que ele é o s ujeito que m e forma e eu , o objeto po r ele formado , me conside ro como um paciente qu e recebe os ele formado , me conside ro como um paciente qu e recebe os conhecimen tos-conteúd os-acumula dos pelo suj eito que conhecimen tos-conteúd os-acumula dos pelo suj eito que sabe e que s ão a mim tr ansferidos”. sabe e que s ão a mim tr ansferidos”. (Freire, 199 6, p. 25) (Freire, 199 6, p. 25) 4545 Capítulo II, Seção III), ele é obrigatório, gratuito nas escolas públicas e atende a crianças a partir dos seis anos de idade. Tem como objetivos gerais “a formação básica do cidadão”, a partir do desenvolvimento da “capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”; da “compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se apoiam a sociedade”; e da “capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores”; além do “fortalecimento dos vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se coloca a vida em sociedade”. A LBDEN regulamenta ainda os ensinos infantil, médio, profissional e superior, além de definir os requisitos de formação dos professores que atuam em cada nível e modalidade do ensino e os recursos destinados à educação. É interessante notar ainda que, pela primeira vez, a educação de jovens e adultos é incluída na lei como uma modalidade da educação.SínteseSíntese Neste capítulo fizemos um breve resgate histórico da educação brasileira, de forma a situá-la para os nossos leitores e leitoras num contexto maior, reconhecendo os embates, os avanços e retrocessos, os limites e as possibilidades e, também, reconhecendo-a como campo de disputa e de poder. Cobrimos o período pré-republicano e acompanhamos sua trajetória em diferentes momentos históricos da república, desde suas décadas iniciais, com o monopólio das oligarquias agrárias, passando pela ditadura Vargas, com a urbanização e o fortalecimento da burguesia, a retomada da democracia, com governos de cunho populista, o período da ditadura militar pós-golpe de 64, com a repressão aos movimentos político-sociais, aliada inicialmente ao milagre econômico e posteriormente à grave crise da economia, até a redemocratização do país nos anos 1980, com o avanço das políticas neoliberais. Introdução do capítulo Logo na abertura do capítulo, você é informado a respeito dos conteú- dos que nele serão abordados, bem como dos objetivos que a autora pretende alcançar. Esta seção tem a finalidade de apresentar os recursos de aprendiza- gem utilizados no decorrer da obra, de modo a evidenciar os aspec- tos didático-pedagógicos que nortearam o planejamento do material e como o aluno/leitor pode tirar o melhor proveito dos conteúdos para seu aprendizado. Síntese Você conta nesta seção com um recurso que o instiga a fazer uma reflexão sobre os conteúdos estuda- dos, de modo a contribuir para que as conclusões a que você chegou sejam reafirmadas ou redefinidas. NN este capítu lo faremos uma reflex ão crítica s obre questõ es que envolv em a ident idade, ou i dentidades , dos sujeit os envolvidos no process o educativo , e consequ entemente sobre sua(s ) cultura(s) . Discutire mos o dese nvolvimen to de um curr ículo que a tenda à mu ltiplicidade desse sujei to plural e, vi nculado a i sso, aborda remos a esc ola enquan to espaço‑tem po onde (q uando) ess as questões e as tensõe s que envolvem e sses temas estão posta s. Refletire mos sobre o papel do educado r enquanto ator social inserido n o contexto escolar. O terre no da e ducaçã o – ens ino fun dament al O terre no da e ducaçã o – ens ino fun dament al Como vim os no capít ulo anterio r, a educaç ão brasileir a esteve sem pre atrelad a ao contex to histórico , social, po lítico e principalm ente ao cen ário econô mico, que prevaleceu sobre toda s as outras e sferas citad as. A educ ação desen volveu‑se, desde o iní cio, como parte integrante do repertó rio de man ipulação do sistema pe lo capital, que busca na e ducação a c riação de u m consens o que torna possível a m anutenção e a reprodu ção de um sistema de classes. “Minha for mação é per manente. C omeço por a ceitar que o “Minha for mação é per manente. C omeço por a ceitar que o formador é o sujeito em relação a q ue me consi dero o objet o, formador é o sujeito em relação a q ue me consi dero o objet o, que ele é o s ujeito que m e forma e eu , o objeto po r que ele é o s ujeito que m e forma e eu , o objeto po r ele formado , me conside ro como um paciente qu e recebe os ele formado , me conside ro como um paciente qu e recebe os conhecimen tos-conteúd os-acumula dos pelo suj eito que conhecimen tos-conteúd os-acumula dos pelo suj eito que sabe e que s ão a mim tr ansferidos”. sabe e que s ão a mim tr ansferidos”. (Freire, 199 6, p. 25) (Freire, 199 6, p. 25) 4545 Capítulo II, Seção III), ele é obrigatório, gratuito nas escolas públicas e atende a crianças a partir dos seis anos de idade. Tem como objetivos gerais “a formação básica do cidadão”, a partir do desenvolvimento da “capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”; da “compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se apoiam a sociedade”; e da “capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores”; além do “fortalecimento dos vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se coloca a vida em sociedade”. A LBDEN regulamenta ainda os ensinos infantil, médio, profissional e superior, além de definir os requisitos de formação dos professores que atuam em cada nível e modalidade do ensino e os recursos destinados à educação. É interessante notar ainda que, pela primeira vez, a educação de jovens e adultos é incluída na lei como uma modalidade da educação.SínteseSíntese Neste capítulo fizemos um breve resgate histórico da educação brasileira, de forma a situá-la para os nossos leitores e leitoras num contexto maior, reconhecendo os embates, os avanços e retrocessos, os limites e as possibilidades e, também, reconhecendo-a como campo de disputa e de poder. Cobrimos o período pré-republicano e acompanhamos sua trajetória em diferentes momentos históricos da república, desde suas décadas iniciais, com o monopólio das oligarquias agrárias, passando pela ditadura Vargas, com a urbanização e o fortalecimento da burguesia, a retomada da democracia, com governos de cunho populista, o período da ditadura militar pós-golpe de 64, com a repressão aos movimentos político-sociais, aliada inicialmente ao milagre econômico e posteriormente à grave crise da economia, até a redemocratização do país nos anos 1980, com o avanço das políticas neoliberais. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1313 7474 tempos, uma vez que a educação não está restrita pelos muros da escola, é a escola, porém, o lócus formal e legitimado pela sociedade para o desenvolvimento do processo educativo. Como professo res, a questão da identidade passa pelo posicionamento sobre que escola nós queremos, quem somos enquanto educadores e que currículo privilegiamos para qual sociedade. No nosso entendimento, sobre o qual refletimos neste capítulo, escola, identidade e currículo não podem ser compartimentados, mas precisam ser entrelaçados e pensados em consonância. Sites ANped – Associação Nacional de pós-Graduação e pesquisa em educação. disponível em: <http://www.anped.org.br/>. Acesso em: 18 fev. 2010. A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa – Anped é uma associa- ção composta por instituições que tem Programas de Pós Graduação em Educação e por professores, pesquisadores e estudantes da área, que se reúnem em Grupos de Trabalho – gts, organizados por área de conhecimentos, para debater pesquisas científicas e políticas sobre educação, tornando-se referência nacional para educadores. Este site traz inúmeras publicações sobre educação e permite acessar os documentos produzidos pelos diferentes gts. ReVISTA TeIAS. Rio de Janeiro: ed. da UERJ. disponível em: <http://www. periodicos.proped.pro.br/index.php?journal=revistateias>. Acesso em: 18 fev. 2010. É uma revista eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Faculdade de Educação da Universidade do Rio de Janeiro, que disponibiliza artigos atuais sobre educação, inclusive sobre currículo, identidade e cultura, privilegiando resultados de pesquisas, monografias, dissertações e teses. ASSOCIAÇÃO O dIReITO de ApReNdeR. disponível em: <http://www. direitodeaprender.com.pt/index>. Acesso em: 18 fev. 2010. Indicações culturais Indicações culturais É uma revista eletrônica de Portugal que apresenta diversos artigos sobre educação, com ênfase na modalidade Educação de Jovens e Adultos. Traz indicações de livros do campo educacional e disponibiliza também os resumos de conferências nacionais e internacionais ligadas a área da educação.Obras cinematográficaseNTRe os muros da escola. direção: Laurent Cantet. produção: Caroline Benjo, Carole Scotta. França: Imovision, 2008. 128 min. Filme francês que retrata a complexidade de uma sala de aula e a diversidade cultural dos alunos, desafios que são enfrentados por um professor no seu cotidiano.SOCIedAde dos poetas mortos. direção: peter Weir. produção: Steven Haft, paul Junger Witt e Tony Thomas. EUA: Buena Vista pictures, 1989. 129 min. Este filme apresenta as possibilidades que o professor tem, dentro de sua sala de aula, de assumir, com responsabilidade, sua posição de professor reflexivo-crítico, mesmo dentro de uma instituição conservadora.Atividades de autoavaliação Atividades de autoavaliaçãoMarque as alternativas corretas: 1. educar significa formar cidadãos para assumir a)a) responsabilidade diante das questões educacionais. educar significa oferecer aos cidadãos conhecimentos e b)b) habilidades que permitam a análise do funcionamento da sociedade e a crítica dos modelos produtivos. A educação está intrinsecamente relacionada com c)c) o processo de individualização das pessoas para formar uma sociedade mais justa e igualitária. A escola atualmente está subordinada d)d) aos interesses capitalistas. 9999 Traz artigos rela cionados à forma ção humana e às práticas educativ as que acontecem no s diferentes espaço s educacionais. A presenta, também , outros links para sites relacionados à educação em ge ral. Obras cine matográfic as ESCRITORES da liberdade. D ireção: Richard LaGravenese. Produção: Danny DeVito, Michael Sham berg e Stacey S her. EUA: Param ount Pictures Brasil, 2007. 123 min. Filme sobre uma professora que tr abalha em uma e scola na periferia dos EUA e conseg ue ensinar aos seu s alunos valores c omo tolerância, gentileza, respeit o, disciplina, com promisso..., muda ndo o cenário da escola e, conseq uentemente, toda a comunidade lo cal. PRO DIA nasc er feliz. Direção : João Jardim. P rodução: Flávio R. Tambellini e João Jardim. Br asil: Copacaban a Filmes, 2007. 88 min. Este documentár io apresenta relat os de adolescentes ricos e pobres do Rio de Janeiro, São P aulo e Pernambu co que estudam em colégios da perife ria e em escolas parti culares. Os relato s dizem respeito a os problemas que eles enfrentam dentro da escola, como p reconceito e violên cia. O filme aind a discute a esperanç a desses alunos pa ra a mudança des sa realidade. Atividades de autoav aliação Atividades de autoav aliação Marque as alter nativas corretas: 1. A reforma da ed ucação básica da década de 1990 d eterminou a)a) as diretrizes para as políticas de fo rmação de profes sores. A reestruturaçã o produtiva ocor rida nos anos b)b) 1990 provocou a dequação da edu cação com o objetivo de aten der à “agenda ne oliberal”. O Banco Mund ial adequou a fo rmação de profe ssores da c)c) educação básica às exigências do mercado de tra balho. DE TOMMASI, L.; WARDE, M. J.; HADDAD, S. (Org.). O Banco Mundial O Banco Mundial e as políticas educacionais e as políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000. Um livro com diferentes artigos de conceituados autores sobre a interferência do Banco Mundial nas políticas educacionais no mundo e no Brasil. Importante referência para uma reflexão crítica sobre a lógica de mercado que tem sido apresentada, principalmente no âmbito das políticas neoliberais, como única alternativa para se alcançar a qualidade de ensino no Brasil. FÁVERO, M. de L. de A.; BRITTO, J. de M. (Org.). Dicionário de educadores Dicionário de educadores no Brasil no Brasil: da colônia aos dias atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ; MEC; INEP, 2002.Um livro que traz a biografia dos principais educadores do país e suas contribuições para o campo educacional. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Este livro de Paulo Freire coloca o educador como centro de todo o processo educativo e nos ensina como ensinar a partir do ofício de ser professor. Tem uma linguagem acessível e poética e convida os educadores para uma reflexão crítica sobre sua prática docente. Bibliografia comentada Bibliografia comentada 5050 perdurou até 1945 . Consid erando e ssa fase da histó ria do Brasil, m arque as alternat ivas corr etas nas frases ab aixo. O Gove rno Prov isório de Vargas foi marc ado a)a) pelo pod er oligár quico e c onstituc ionalista . O presid ente Ge túlio Va rgas bus cou apoi o da clas se b)b) operária , por con siderá-la fundam ental pa ra a econom ia do pa ís e para sua sust entação política. A Const ituição d e 1934, n o que ta nge à ed ucação, c)c) consider ou-a com o direito de todo s e como dever d os poderes públicos favorecê -la junta mente co m a fam ília. As refor mas edu cacionai s na Era Vargas favorece ram d)d) principa lmente o ensino f undame ntal e o ensino s uperior. Ativid ades de ap rendi zagem Ativid ades de ap rendi zagem Ques tões p ara R eflexã o Discuta com o se u grupo de traba lho qual foi a con juntura 1. política na qual foi criad a a atual LDBEN n º 9.394/1 996. Observe , no coti diano es colar, sit uações e m que v ocê 2. consider e que a r elação ed ucaciona l está ba seada na lógica custo-ben efício, ou seja, na concepç ão do ca pital hum ano – ligado à produti vidade. F aça um b reve rela to e disc ussão. Ativid ade A plicad a: Prá tica Faça um fichame nto, desc revendo os princ ipais 1. moment os histór icos que contribu íram par a a constr ução da educação brasileir a. Indicações culturais Ao final do capítulo, a autora lhe oferece algumas indicações de livros, filmes ou sites que podem ajudá-lo a refletir sobre os conteúdos estudados e permitir o aprofun- damento em seu processo de aprendizagem. Atividades de autoavaliação Com estas questões objetivas, você mesmo tem a oportunidade de verifi- car o grau de assimilação dos conceitos examinados, motivando-se a progredir em seus estudos e a preparar-se para outras atividades avaliativas. Atividades de aprendizagem Aqui você dispõe de questões cujo obje- tivo é levá-lo a analisar criticamente um determinado assunto e aproximar conhecimentos teóricos e práticos. Bibliografia comentada Nesta seção, você encontra comentários acerca de algumas obras de referência para o estudo dos temas examinados. 7474 tempos, uma vez que a educação não está restrita pelos muros da escola, é a escola, porém, o lócus formal e legitimado pela sociedade para o desenvolvimento do processo educativo. Como professo res, a questão da identidade passa pelo posicionamento sobre que escola nós queremos, quem somos enquanto educadores e que currículo privilegiamos para qual sociedade. No nosso entendimento, sobre o qual refletimos neste capítulo, escola, identidade e currículo não podem ser compartimentados, mas precisam ser entrelaçados e pensados em consonância. Sites ANped – Associação Nacional de pós-Graduação e pesquisa em educação. disponível em: <http://www.anped.org.br/>. Acesso em: 18 fev. 2010. A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa – Anped é uma associa- ção composta por instituições que tem Programas de Pós Graduação em Educação e por professores, pesquisadores e estudantes da área, que se reúnem em Grupos de Trabalho – gts, organizados por área de conhecimentos, para debater pesquisas científicas e políticas sobre educação, tornando-se referência nacional para educadores. Este site traz inúmeras publicações sobre educação e permite acessar os documentos produzidos pelos diferentes gts. ReVISTA TeIAS. Rio de Janeiro: ed. da UERJ. disponível em: <http://www. periodicos.proped.pro.br/index.php?journal=revistateias>. Acesso em: 18 fev. 2010. É uma revista eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Faculdade de Educação da Universidade do Rio de Janeiro, que disponibiliza artigos atuais sobre educação, inclusive sobre currículo, identidade e cultura, privilegiando resultados de pesquisas, monografias, dissertações e teses. ASSOCIAÇÃO O dIReITO de ApReNdeR. disponível em: <http://www. direitodeaprender.com.pt/index>. Acesso em: 18 fev. 2010. Indicações culturais Indicações culturais É uma revista eletrônica de Portugal que apresenta diversos artigos sobre educação, com ênfase na modalidade Educação de Jovens e Adultos. Traz indicações de livros do campo educacional e disponibiliza também os resumos de conferências nacionais e internacionais ligadas a área da educação.Obras cinematográficaseNTRe os muros da escola. direção: Laurent Cantet. produção: Caroline Benjo, Carole Scotta. França: Imovision, 2008. 128 min. Filme francês que retrata a complexidade de uma sala de aula e a diversidade cultural dos alunos, desafios que são enfrentados por um professor no seu cotidiano.SOCIedAde dos poetas mortos. direção: peter Weir. produção: Steven Haft, paul Junger Witt e Tony Thomas. EUA: Buena Vista pictures, 1989. 129 min. Este filme apresenta as possibilidades que o professor tem, dentro de sua sala de aula, de assumir, com responsabilidade, sua posição de professor reflexivo-crítico, mesmo dentro de uma instituição conservadora.Atividades de autoavaliação Atividades de autoavaliaçãoMarque as alternativas corretas: 1. educar significa formar cidadãos para assumir a)a) responsabilidade diante das questões educacionais. educar significa oferecer aos cidadãos conhecimentos e b)b) habilidades que permitam a análise do funcionamento da sociedade e a crítica dos modelos produtivos. A educação está intrinsecamente relacionada com c)c) o processo de individualização das pessoas para formar uma sociedade mais justa e igualitária. A escola atualmente está subordinada d)d) aos interesses capitalistas. 9999 Traz artigos rela cionados à forma ção humana e às práticas educativ as que acontecem no s diferentes espaço s educacionais. A presenta, também , outros links para sites relacionados à educação em ge ral. Obras cine matográfic as ESCRITORES da liberdade. D ireção: Richard LaGravenese. Produção: Danny DeVito, Michael Sham berg e Stacey S her. EUA: Param ount Pictures Brasil, 2007. 123 min. Filme sobre uma professora que tr abalha em uma e scola na periferia dos EUA e conseg ue ensinar aos seu s alunos valores c omo tolerância, gentileza, respeit o, disciplina, com promisso..., muda ndo o cenário da escola e, conseq uentemente, toda a comunidade lo cal. PRO DIA nasc er feliz. Direção : João Jardim. P rodução: Flávio R. Tambellini e João Jardim. Br asil: Copacaban a Filmes, 2007. 88 min. Este documentár io apresenta relat os de adolescentes ricos e pobres do Rio de Janeiro, São P aulo e Pernambu co que estudam em colégios da perife ria e em escolas parti culares. Os relato s dizem respeito a os problemas que eles enfrentam dentro da escola, como p reconceito e violên cia. O filme aind a discute a esperanç a desses alunos pa ra a mudança des sa realidade. Atividades de autoav aliação Atividades de autoav aliação Marque as alter nativas corretas: 1. A reforma da ed ucação básica da década de 1990 d eterminou a)a) as diretrizes para as políticas de fo rmação de profes sores. A reestruturaçã o produtiva ocor rida nos anos b)b) 1990 provocou a dequação da edu cação com o objetivo de aten der à “agenda ne oliberal”. O Banco Mund ial adequou a fo rmação de profe ssores da c)c) educação básica às exigências do mercado de tra balho. DE TOMMASI, L.; WARDE, M. J.; HADDAD, S. (Org.). O Banco Mundial O Banco Mundial e as políticas educacionais e as políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000. Um livro com diferentes artigos de conceituados autores sobre a interferência do Banco Mundial nas políticas educacionais no mundo e no Brasil. Importante referência para uma reflexão crítica sobre a lógica de mercado que tem sido apresentada, principalmente no âmbito das políticas neoliberais, como única alternativa para se alcançar a qualidade de ensino no Brasil. FÁVERO, M. de L. de A.; BRITTO, J. de M. (Org.). Dicionário de educadores Dicionário de educadores no Brasil no Brasil: da colônia aos dias atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ; MEC; INEP, 2002.Um livro que traz a biografia dos principais educadores do país e suas contribuições para o campo educacional. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Este livro de Paulo Freire coloca o educador como centro de todo o processo educativo e nos ensina como ensinar a partir do ofício de ser professor. Tem uma linguagem acessível e poética e convida os educadores para uma reflexão crítica sobre sua prática docente. Bibliografia comentada Bibliografia comentada 7070 Ativid ades de ap rendi zagem Ativid ades de ap rendi zagem Ques tões p ara re flexão Aprofun de o con hecimen to sobre práticas e históri as de pro fesso 1. ras com base na leitura d a pesqui sa sobre o cotidia no escol ar indicada a seguir . Depois escreva uma rese nha dess e texto. ALVES , Nilda; OLIVE IRA, In ez Barb osa de. I magens de escol as: espaçost empos d e diferen ças no c otidiano . Educa ção e So ciedade Educaçã o e Soci edade, S ão Paulo : Campin as, v. 25, n. 86, p . 1736, a br. 2004 . Dispon ível em: <http:// www.sc ielo.br/ scielo.ph p?script =sci_art text&pi d=S0101 733020 0400010 0003>. A cesso em : 21 maio 2010. Com ba se na lei tura do livro ind icado a s eguir, pr oduza u m 2. texto co mentand o a práti ca da pr ofessora . Procur e eviden ciar suas inte rpretaçõ es sobre as moti vações d a “profes sora ma luqui nha”, co mo conc epções p edagógi cas, mét odos de ensino, r ela cioname nto com os aluno s. Escre va tamb ém sobr e as reaç ões que a pr ática do cente da persona gem cau sou na in stituição escolar, legítima represen tante da boa trad ição de e nsino. ZIRAL DO. Um a profess ora muit o maluq uinha Uma pro fessora m uito mal uquinha . São Pa ulo: Mel horamen tos, 1995 . Ativid ade a plicad a: prá tica Pro cure con hecer a h istória d e algum professo r da sua cidade, preferen cialmen te um ap osentado . Pergun te: “Em que épo ca você exe rceu o m agistério ? Sua fo rmação o ajudou no iníci o da sua c arreira? Como v ocê foi a primora ndo con hecimen tos sobre o ofício de professo r? Enfre ntou alg um tipo de prec on ceito du rante a s ua carre ira? Lem brase d e situaçõ es da sal a de aula m arcantes em sua vida? Q uais? Te m guard ada algu ma lembran ça espec ial do m agistério que gos taria de mostrar ?”. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. IntroduçãoIntrodução Este livro aborda um momento central do processo ensino-apren- dizagem intencionalmente planejado e formalizado na escola: a aula. Na perspectiva dialógica, trata-se de uma prática cotidiana, tipica- mente escolar e singular, produzida na intersubjetividade, no diálogo entre sujeitos particulares. Impossível reproduzir esse momento do mesmo modo em variados grupos, mesmo considerando o que foi planejado previa- mente e a necessária clareza quanto à seleção de conteúdos e às atividades didatizadas propostas aos estudantes, tarefas próprias do ofício dos professores. Isso porque a aula é meio para a comuni- cação entre a docência e a discência, ou seja, o ato de ensinar nela traduzido modifica-se nas trocas entre mestres e alunos. O diálogo imprime mudanças no que foi planejado anteriormente, reorganiza caminhos, oferece critérios para a seleção dos conteúdos a serem aprendidos. E, assim, a própria prática docente vai sendo gestada, antes, durante e depois da aula. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1616 Nessa perspectiva, ensinar e aprender acontecem concomi- tantemente e revelam-se dialeticamente no exercício ético* e estético da docência, em uma prática cotidiana que se pretende séria sem ser sizuda. Paulo Freire nos diz que, quando ensinamos, aprendemos com nossos alunos (crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres) como ensinar (Freire, 1997). No decorrer de nossa trajetória de vida e de profissão, decidi- mos a favor de quem ensinamos ou contra o que o fazemos. Toma- mos posição em relação à afirmação ou à negação da emancipação humana. Por meio da docência estamos conectados com a sociedade e com a história. E, assim, ensinamos, na relação direta com os educandos e com o nosso tempo histórico. A abordagem da didática intercultural (Candau; Leite, 2007) identifica-se com essa dialogia do ensinar e concebe a aula como momento privilegiado para a afirmação de relações horizontais entre a docência e a discência. O ensino realizado nessa comunicação democrática, que acontece durante a aula, deve priorizar os saberes pertinentes à problematização das relações sociais estabelecidas e, consequentemente, atrelar o ato de ensinar ao movimento de trans- formação da realidade. Nessa abordagem, as interações e os encaminhamentos didá- ticos na sala de aula passam a ser pensados sob o ponto de vista das diferenças que forjam a identidade dos sujeitos (cultural, racial, religiosa, étnica, etária, de gênero e de classe social). * Em Pedagogia da autonomia, Paulo Freire (1997) defende o ensinar como um ato político e de conhecimento e define a ética como necessidade dos seres humanos. Para ele, a ética pode ser afirmada ou negada nas relações sociais. A transgressão dos princípios éticos de valorização da vida leva às práticas sociais de discriminação e opressão. Desse modo, devemos nos autoavaliar permanentemente para decidirmos se queremos agir afirmando ou negando tais princípios no decorrer de nossa vida e trajetória profissional. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1717 O diálogo entre os diferentes, conjugado ao acesso e à desco- berta de novos conhecimentos, produz saberes escolares capazes de instrumentalizar as lutas sociais pela liberdade, contrárias à subordinação dos grupos societários marginalizados e excluídos do sistema produtivo. Consideramos, então, a escola como território de lutas, como ambiente de comunicação plenamente democrático; o ensino- apren dizagem como espaço de contestação, lugar de partilhas e de diálo go; a sala de aula como cruzamento de culturas e que dá voz a múltiplas narrativas (Pérez Gómez, 2001; Giroux; Simon, 2002). Entretanto, na história da educação escolar, predomina uma outra face da pedagogia, mais conservadora e fundada na padroni- zação dos processos de ensino: uma escola de massas, que não vê os sujeitos em suas diferenças, mas em abstrato, destituídos de suas singularidades; uma escola que perpetua as desigualdades sociais por negar aos educandos o direito ao reconhecimento de suas ne cessi- dades educacionais específicas; uma “educação bancária”* (Freire, 1987) feita para domesticar, formar subjetividades dóceis, aptas a obedecer e a perpetuar a realidade sem maiores esclarecimentos. Nesse modelo de ensino, as relações entre docência e discên- cia configuram-se como hierarquizadas e a própria escola acaba por constituir-se como instrumento de legitimação da sociedade, reproduzindo as desigualdades por meio do modo como ela própria organiza o seu trabalho (Bourdieu, 1998; Apple, 1989). A prática docente se faz por entre essas camadas da cultura escolar herdada (Sacristán, 1996) e, em várias situações do cotidiano, a tradição escolar vai revelando a permanência de procedimentos autoritários, baseados em relações polarizadas de poder-saber. * Essa expressão foi criada por Paulo Freire para tratar do modelo de escolarização tradicional, acostumado a ditar o conhecimento de cima, com o professor no púlpito e o aluno nos bancos escolares. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1818 Isso porque a escola que conhecemos hoje é herdeira de um modelo de escolarização formulado para atender ao projeto societá- rio hegemônico* burguês, que encontrou seu momento de constitui- ção no século XVIII**. No caso do Brasil, isso aconteceu tardiamente, com maiores repercussões a partir da década de 1920. Desse modo, a escola moderna esteve atrelada, desde sua origem, aos processos de industrialização e urbanização mundial e nacional, próprios do sistema capitalista. Atualmente, a finalidade da escola, historicamente constituída como meio de educação de massa e de qualificação para o mundo da produção, passa por mudanças diante da vigente conjuntu- ra socioeconômica mundial. No entanto, a cultura escolar e as políticas educacionais contemporâneas continuam direcionadas ao chamado racionalismo instrumental do ensino, presente desde a origem da escola burguesa. O estudo dessas determinações na escola e na docência, esbo- çado logo no primeiro capítulo deste livro, permite-nos ver certas marcas históricas ainda presentes no cotidiano de alunos e mestres. Somos condicionados a um modelo de escolarização que privilegia a técnica em detrimento do conteúdo, os meios em detrimento das mediações. Tais marcas pesam sobre nossos educandos, que acabam sendo destituídos de suas singularidades, consumidores de métodos tidos como inovadores e de materiais didáticos vendidos como infalíveis. Esses educandos são abstraídos em imagens de alunos cordatos, sob a ótica do consenso pela qual as desigualdades sociais são inevitáveis. * O conceito de hegemonia, apresentado por Gramsci (1978), refere-se à sobreposição da visão de mundo da burguesia. Por meio da hegemonia, a classe dominante garante a posse dos bens materiais e simbólicos socialmente produzidos. Pela hegemonia, atua politicamente, manipulando o espaço público em favor do interesse privado, e assim se perpetua como grupo social dirigente. ** Destacamos a Revolução Industrial (que teve início no século XVIII e se expandiu no século XIX) e a Revolução Francesa (1789) como marcas dessa temporalidade histórica. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1919 Ou ainda, por outra ótica, esses alunos são “satanizados” (Arroyo, 2004) quando não se encaixam ou quando destroem o modelo de ensino pensado para eles, mas que passa ao largo de suas reais necessi dades educacionais. Educandos e educadores tornam-se objetos e quase nunca sujei- tos das políticas educacionais, muitas vezes sustentadas na retórica da formação para a cidadania. Mas na prática, como é a educação do cidadão? Aligeirada? Com baixos custos? Em escolas sucateadas, marginalizadas e sem estrutura física e humana adequadas? Dia após dia nega-se às crianças o direito de ser crianças. Os fatos, que zombam desse direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata os meninos ricos como se fossem dinheiro, para que se acostumem a atuar como o dinheiro atua. O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres, conserva-os atados à mesa do televisor, para que aceitem desde cedo, como destino a vida prisioneira. Muita magia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças. (Galeano, 1999, p. 11) E quanto aos docentes? Em sua maioria, professoras, não por acaso “no feminino”. Sob a feminilização do magistério repou- sa a precarização do ensino, totalmente relacionada aos mesmos processos de industrialização e urbanização com suas características próprias para o caso brasileiro. E essa docência, sobretudo nas primeiras etapas da escolariza- ção, muitas vezes é tratada como extensão da função materna, como tarefa de menor relevância, um dom, um sacerdócio ou uma predis- posição de nossa genética. Assim se justificam os baixos salários e as carreiras pouco atrativas, distantes da qualificação necessária para a complexidade do ofício de ensinar. A história do nosso magistério público e laico confirma a inserção das professoras no papel de quem aplica os planos educa- cionais de importância para o país, planos estes pensados no âmbito da política educacional mais ampla, segundo valores reconhecidos socialmente como pertencentes ao universo masculino. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2020 Ainda hoje percebemos um cenário educacional no qual os homens predominantemente assumem o papel de dirigentes em variados espaços decisórios, dentro e fora da escola. Dessa forma, o fazer docente aparece configurado, entre outros condicionantes socioeconômicos, pela desigualdade nas relações entre os gêneros. Hoje, em face dessas determinações históricas, cabe-nos inda- gar sobre os rumos atuais do magistério: Será mesmo que o trabalho docente é devedor da inserção precária da mulher no magistério, afinado com a ideologia da “maternagem”? É possível pensar a inserção do feminino nos processos decisórios da política educacional? Será a docência um simples exercício de aplicação de instrumentais e métodos de ensino pensados em instâncias exteriores à sala de aula? A intersubjetividade, tão cara ao processo ensino- aprendizagem, pode ser vista como algo de menor relevância? Suspeitamos que não seja bem assim. Por entre as brechas dessas determinações históricas estão os sujeitos concretos e suas práticas. E, como toda ação cultural, o magistério, mesmo funda- do no conservadorismo das relações sociais, guarda suas antíteses, revela suas contradições, mostra-se como território de disputas e vai construindo “uma história a contrapelo” (Benjamin, citado por Kramer, 1998). Essa história às avessas e aos pedaços, feita no encontro de muitas narrativas e na contestação da cultura herdada, desenha outras marcas no exercício do magistério, permite rememorar a identidade de sujeitos anônimos e de nomes reconhecidos no campo educa cional e imprime algo novo nas rachaduras das antigas paredes. Assim, a cultura escolar vai acumulando, no decorrer de sua trajetória histórica, elementos que lhe são típicos, como seus Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2121 artefa tos* – os livros, o quadro de giz, as carteiras, as fotografias, o mobiliário, os uniformes, os cadernos, os diários de classe –, bem como uma forma peculiar de organizar os tempos de aprender e de ensinar. Todos esses elementos aparecem marcados pelo uso que os sujeitos deles fazem na escola, uma vez que são ressignificados, esquecidos ou perpetuados na prática pedagógica. Sob a cultura herdada, novos contextos de ensino-aprendi- zagem são revelados em propostas pedagógicas forjadas na ação cotidiana de sujeitos historicamente situados, segundo finalidades assumidas como propulsoras da ação docente. Daí a necessidade de pensarmos nossa prática educativa no plural, ao mesmo tempo determinada e determinante, individual e coletiva, histórica e cotidiana. Somente quando assumirmos a complexidade do ofício de ensinar, faremos avançar nossa própria docência, significando nossas aulas não como dadas, mas construídas em uma teia social de múlti- plas relações. Necessitamos entender a escola como lugar temporalmente consolidado, numa relação de permanência e ruptura com o passado, o que nos leva a compreendê-la como território de disputas entre projetos societários distintos. Conhecendo as representações da escola no decorrer do tempo, podemos situar melhor a docência e a finalidade da escola hoje. Aprender a ver nuances dessas camadas de cultura escolar no coti- diano permite-nos compreender as razões de sermos docentes, bem como a complexidade desse ofício. * Usamos o termo artefatos em analogia com o trabalho do antropólogo, que, ao escavar, encontra nos objetos indícios de civilizações e culturas. Seguindo essa analogia, encontramos nas escolas de hoje indícios de sua origem em práticas cristalizadas e em objetos. Os usos que as pessoas fazem desses artefatos variam em cada contexto. Nesse sentido, há um processo de apropriação do passado pelos sujeitos que reinventam no cotidiano épocas anteriores (Certeau, 2001). Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2222 Ao situarmos temporalmente a docência e a escola, estabelecemos conexões com saberes múltiplos e heterogêneos, que se materializam em um dado encontro entre sujeitos, lugares e conjunturas. Assim, seremos mais hábeis em desenhar novos contextos para a docência. Todos esses elementos convergem para o cotidiano da sala de aula, para o momento do ensinar, para a aula produzida a muitas mãos. Nessa produção didática, podemos dar vez e voz aos educan- dos, cientes de que a aula não é invenção exclusiva do professor, repassada a alunos passivos. A aula é para ser vivida cotidianamente como narrativa em construção. Horizontalizar as relações ensino-aprendizagem requer, ao contrário do que concepções mais “espontaneístas”* levariam a supor, sistematização e elaboração do saber didático. Decorrente dessa orientação, o registro da prática docente passa a ser valorizado como instrumento importantíssimo, no qual se inscrevem as narrativas, os diálogos com o conhecimento e as aprendizagens significativas cons- truídas na sala de aula. Afinal, fazer fluir e registrar o processo ensino-aprendizagem é a razão de ser da docência e da própria escola e, por isso mesmo, o planejamento do ensino será abordado neste livro como pesquisa na ação. Nesse sentido, a didática será tomada como construto teórico- metodológico para o qual a prática docente é objeto de estudo permanente, definida com base nos saberes produzidos e sistemati- zados nessa mesma prática cotidiana, apropriados de forma signifi- cativa pelos alunos. * A expressão espontaneísmo é frequentemente utilizada para criticar propostas pedagógicas não diretivas, que supervalorizam os educandos e secundarizam o papel do professor e do ensino. É como se os educandos aprendessem sozinhos, desde que o ambiente escolar lhes fosse favorável. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2323 Portanto, o ciclo do planejamento docente toma a aula como ápice e como momento gerador de novos saberes e práticas pedagó- gicas. Assume como princípio didático a complexidade do fenômeno educativo e, por isso mesmo, jamais se limita à mera instrumentali- zação da docência em métodos e técnicas com valor em si mesmos, risco comum a uma escola historicamente constituída por meio da padronização de comportamentos para melhor controlar os sujeitos. A abertura ao inusitado e a leitura das interferências sobre o que é previamente planejado alimentam e enriquecem o ciclo do plane- jamento docente e, nesse âmbito, a aula é o principal momento para que o novo venha à tona. Desse modo, considerá-la segundo essa abordagem é, sem dúvida, um desafio, pois implica assumirmos com inteireza nosso ofício, levando em conta a dinâmica do cotidiano escolar e a complexidade das relações que estabelecemos com nossos educandos, suas famílias e nossos parceiros de trabalho. Sob essa perspectiva, assumimos os problemas do dia a dia como objeto de investigação permanente, tornando-nos professores- investigadores de nossas práticas. Trabalhamos atentos à historicida- de de nossos percursos docentes e estamos abertos à construção de múltiplas narrativas, dando voz aos nossos educandos. Buscamos ampliar a leitura de mundo dos alunos, problema- tizando com eles a razão de ser dos temas estudados no processo ensino-aprendizagem. Ensinamos os educandos a se apropriarem dos saberes como instrumento de autoafirmação e participação críti- ca e criativa nesta temporalidade. Assim, não teremos amarras para abraçar desafios que extrapolem a sala de aula sempre que o ensinar com qualidade o exigir, pois sabemos que a realidade é maior e, por isso mesmo, pode oferecer situações inesperadas a serem considera- das no cotidiano das salas de aula. Também não temos a pretensão de resolver questões maiores, que excedam o âmbito de nossas possibilidades, visto que a educação não provoca sozinha a mudança social, mas pode compor um movi- Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2424 mento nessa direção. Sabemos que somos parte de uma coletividade que nos impõe o compromisso de dividir para somar. Na escola, nossas aulas serão carregadas de história, pois guar- dam a contribuição de muitos educadores e educandos, anônimos e renomados. Então, fortalecemos nossas escolhas com os nossos parceiros de ontem e de hoje, sabedores de que a sala de aula não está isolada do mundo quando fechamos suas portas. Queremos o desvelamento e não o ocultamento das relações sociais. Tendo em vista todas essas questões, a dimensão coletiva do planejamento docente pode nos fazer avançar na comunicação democrática com os estudantes, abrindo a aula para redes de saberes que vão além de sua espacialidade, permitindo-nos renovar nosso ensino e aprender com aqueles para os quais nos dispomos a ensinar. Assim, fazemos avançar o projeto político-pedagógico das escolas nas quais somos protagonistas. Fundamos nossas práticas nesse “ciclo gnosiológico”*, sabe- dores de que possuímos, assim como os educandos, “curiosidade epistemológica”** (Freire, 1997). Essa é a razão de buscarmos métodos e técnicas que nos permitam melhorar a comunicação em nossas aulas, de tal maneira que possamos ampliar o repertório cultural dos alunos com variadas linguagens, usando ferramentas tecnológi- cas contemporâneas coerentemente, de acordo com os conteúdos a serem aprendidos e priorizando as mediações pedagógicas próprias em cada grupo de estudantes e contextos de ensino. Compreendemos que a trajetória docente não é linear, mas caleidoscópica. Cada fragmento das práticas de ensino remonta à história do magistério nas suas entrelinhas e oferece contrapontos * Podemos entender ciclos gnosiológicos como etapas de apropriação do saber que levam uma pessoa ou um grupo social ao aprofundamento teórico, à ampliação da leitura do mundo. ** Epistemologia é a teorização sobre o processo de construção dos conhecimentos acumulados no decorrer da trajetória humana. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2525 para as narrativas cronológicas oficiais. Nesse sentido, abriremos alguns espaços de fuga para o ensino, permitindo olhares paralelos, alternativos, que ampliam perspectivas sobre o magistério. Esse é o percurso metodológico deste livro. Buscaremos um entre os muitos ângulos de visão sobre a aula, assumindo um recorte teórico-metodológico dialético, com base na didática intercultural e na contribuição das pedagogias críticas. Olhando com estranheza o familiar (Giroux; Simon, 2002), é possível perceber com amplitude o cotidiano, num movimento de afastamento que se completa quando a ele retornamos para ver melhor as singularidades do ato de ensinar e de aprender. Analisando a dinâmica da sala de aula e considerando a abran- gência das mediações pedagógicas, podemos encontrar variados signi- ficados da docência e ver os percursos docentes como em um mosaico composto por fragmentos da prática de ensino. Vendo a riqueza dos saberes refletidos e experienciados no decorrer das trajetórias profis- sionais, objetivamos alcançar uma compreensão abrangente do magis- tério. É o que desejamos conquistar em nossas aulas: experiên- cia e sapiência, em um ciclo permanente de conhecimento. E assim vamos contar e recontar as histórias de nossas docências em pequenos e significativos detalhes. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1 A aula na perspectiva da história da educação escolar: percursos da docência Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. NNeste capítulo, tomamos a escola e a docência para destacar determinações históricas que configuram o processo ensino-aprendizagem desenvolvido nas salas de aula atualmente. Defendemos a compreensão do passado na sua relação com o ensi- no do presente para significar as trajetórias docentes, de maneira a ampliar nossa consciência sobre os percursos da profissão. Entendemos a escola como o lugar historicamente destina- do à docência na intenção de fazer cumprir certas finalidades formadoras, próprias em cada temporalidade. Tais finalidades determinam o modo típico como a escola buscou conectar-se com a sociedade em cada época e lugar. Nesse sentido, mesmo impli- citamente, as expectativas sociais projetadas sobre o ensino ainda hoje definem a permanência de modos esperados para o desenvol- vimento da docência. Há toda uma organização escolar que indica aos professores os sentidos do ensinar e, consequentemente, os conteúdos a serem prio- rizados e destinados aos estudantes. Esses significados da docência aparecem no cotidiano como herdados, como dados e inquestioná- veis. Assim, a cultura escolar vai se perpetuando em práticas e meios Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 3030 específicos: a organização dos tempos, as rotinas, os modos de agir, os instrumentos de avaliação, o mobiliário, a divisão das turmas, a circulação dos sujeitos nos espaços escolares, entre outros “artefatos” e modos de conduzir o trabalho pedagógico. Para ilustrar essas permanências e rupturas no ensino, pesqui- samos algumas imagens de salas de aula do passado. Recorremos a arquivos virtuais disponíveis na internet e ao texto de Nilda Alves e Inez Barbosa de Oliveira, Imagens de escolas: espaçostempos de dife- renças no cotidiano (2004). Convidamos você a observar as imagens selecionadas e buscar familiaridades e diferenças com as salas de aula de hoje. Figura 1 – Método Lancaster Giovanni Migliara (1785-1837) Mutuo Insegnamento. Aquarela. Museo Nazionale del Risorgimento Italiano, Torino. Nota: No Brasil, o método Lancaster inspirou as salas multisseriadas, especialmente no meio rural. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od
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