Buscar

Jogos e brincadeiras na escola

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS, UMA PROPOSTA NA EDUCAÇÃO 
FÍSICA ESCOLAR 
 
Sérgio Jesus de Andrade 
 Orientadora: Profª Renata Costa de Toledo Russo 
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JUNDIAÍ – ESEF 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Este estudo de cunho bibliográfico têm como objetivo fazer um resgate cultural 
dos jogos e brincadeiras tradicionais que estão se perdendo com o passar do 
tempo. Nos dias de hoje é fato que as crianças têm menos espaços para brincar. 
Enquanto que em épocas passadas elas tinham as ruas, parques, bosques, hoje 
em dia estes espaços estão cada vez mais escassos, sem falar da falta de 
segurança e a concorrência com os carros nas ruas, sem falar também da 
concorrência com o vídeo game e o computador. O brincar faz parte da vida da 
criança, e é uma fonte natural de conquistas, vivências e novas experiências, é no 
brincar que as crianças aprendem muitas coisas que a vida pode lhes ensinar, 
vivências como: o respeito, entendimentos de regras, viver em grupos, dividir 
espaço e material, entre outras experiências que o brincar pode oferecer as 
crianças.Para muitas crianças a escola é o único espaço para brincar, o que torna 
a educação física escolar um pouco diferente do que se vivia em épocas 
anteriores. Nos dias de hoje o brincar está muito mais presente dentro das aulas, 
mas um brincar com objetivo e não puramente largar a criança no meio da quadra 
com um amontoado de brinquedos. O resgate de alguns jogos e brincadeiras 
tradicionais tais como: jogos de pegar, cantigas de roda, amarelinha, barra 
manteiga, mãe da rua, pedrinhas entre outras, estão presentes nas aulas. 
Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Física Escolar 
 
 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
Nos dias de hoje é fato que as crianças têm menos espaços para 
brincar, enquanto que em épocas passadas elas brincavam nas ruas, parques, 
bosques. Atualmente esses espaços estão cada vez mais escassos, sem falar na 
falta de segurança e o excesso de carros nas ruas como também da concorrência 
desleal com o vídeo game e o computador. 
O brincar faz parte da vida da criança, é uma fonte natural de 
conquistas, vivências e novas experiências. É no brincar que as crianças 
aprendem muitas coisas que a vida pode lhes ensinar, vivências como: o respeito, 
entendimentos de regras, viver em grupos, dividir espaço e material, entre outras 
experiências que o brincar pode oferecer as crianças. 
Nos dias de hoje para muitas crianças a escola é o único espaço para 
brincar, o que torna a Educação Física Escolar um pouco diferente do que se vias 
em épocas anteriores. Hoje em dia o brincar está muito mais presente dentro das 
aulas, mas um brincar com objetivo e não puramente largar a criança no meio da 
quadra com um amontoado de brinquedos. O resgate de alguns jogos e 
brincadeiras tradicionais tais como: jogos de pegar, cantigas de roda, amarelinha, 
barra manteiga, mãe da rua, pedrinhas entre outras, estão presentes nas aulas. 
 
DEFININDO CULTURA 
 
Para começarmos a definir cultura vamos recorrer ao dicionário da 
língua portuguesa, no qual XIMENES (2000) definiu “cultura como ação ou modo 
de cultivar. 2. Plantação. 3. Desenvolvimento intelectual. 4. Antrop. Conjunto de 
experiências e realizações humanas (costumes, crenças, instituições, produções 
artísticas e intelectuais) que caracterizam uma sociedade. 5. Conjunto de 
conhecimentos adquiridos numa determinada área de atividade. 6. Conjunto de 
atitudes e comportamentos que caracterizam certa mentalidade. => Cultura 
inflacionária. 
3 
 
Assim antropologicamente falando podemos definir cultura como: 
conjunto de experiências e realizações humanas (costumes, crenças, instituições, 
produções artísticas e intelectuais), (XIMENES, 2000). 
A palavra “cultura”, em sua origem no latim, significa ação ou maneira 
de explorar certas produções naturais, cuidado com o campo e criação de 
animais. Sua origem, portanto, está associada à ideia de trabalho produtivo. 
(NEIRA, 2008). 
Nesta ideia de Neira (2008), a cultura estava somente relacionada ao 
trabalho no campo. 
Podemos também definir cultura segundo os Parâmetros Curriculares 
Nacionais – PCNs (Brasil, 1998) como: 
[..] um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis 
pelo grupo. Neles o indivíduo é formado desde o momento de sua 
concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância, 
aprende os conhecimentos e valores do grupo; por eles é mais 
tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como 
cada grupo social a concebe. (p. 27). 
 
A cultura é tudo aquilo que criamos, vivenciamos, modificamos e 
adaptamos conforme nossas necessidades como explica (DAOLIO , 1995). 
O homem é um ser influenciável, e como a cultura de um povo pode 
influenciar outro, com o passar das gerações os homens vão mudando, 
aperfeiçoando e aprimorando, com tudo isso algumas coisas vão ficando para 
trás, como por exemplo, as rodas familiares de conversas, as brincadeiras na rua, 
as festividades que antigamente ocorriam nas casas, ruas e igrejas. Nos dias de 
hoje os eventos festivos acontecem de forma isolada, sem o engajamento de 
muitas famílias, fazendo que certas tradições se percam no tempo. 
Segundo NEIRA (2008, p.33), 
em 1871, Edward B. Tylor, etnólogo inglês, utilizou o 
termo “cultura” (em inglês, culture) como síntese de kultur e 
civilization, abrangendo em uma só palavra todas as realizações 
produzidas pelo homem ao longo da sua história. Essa definição 
caracterizada “cultura” como algo adquirido, refutando a ideia 
inata, dependente biologicamente. 
 
Acompanhando o raciocínio do autor, podemos afirmar que todas as 
produções humanas ao longo dos tempos são formas de cultura. 
4 
 
Os jogos, brinquedos e brincadeiras, são elementos da cultura de um 
povo, e não podem perder suas características com o passar dos tempos. A cada 
geração temos que levar estas características aos mais novos, estes jogos, 
brinquedos e brincadeiras possuem um repertório riquíssimo, podendo ser 
inseridos nas aulas de Educação Física Escolar podendo facilitar em muito 
nossas aulas. 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO RESGATE DE JOGOS E BRINCADEIRAS NA 
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. 
 
Por toda sua infância o brincar é uma coisa muito presente na vida das 
crianças. Em épocas passadas as brincadeiras tinham como principal local a rua 
ou espaços abertos, sem o grande fluxo de carros e com segurança. 
Nos dias de hoje as brincadeiras monótonas, e/ou pouco gasto de 
energia vem ganhando espaço na vida das crianças. Os computadores, os vídeos 
games, a televisão se tornaram grandes aliados dos pais e crianças quando a 
questão é brincar. Por parte dos pais por serem sempre dentro de casa, sob a 
supervisão dos mesmos, e por parte dos filhos, que tendo em vista não poderem 
sair na rua para brincar se refugiam nas telas dos mesmos. 
Segundo Betti (1998) apud Costa (2006), os adolescentes brasileiros 
despedem em média quatro horas por dia vendo televisão. 
Os jogos e brincadeiras folclóricas foram perdendo espaço com o 
passar dos tempos, ora pela falta de espaço, ora pela falta de segurança como 
afirma FARIA JUNIOR (1996): 
[...] jogos populares infantis, parlendas e 
brinquedos cantados foram sendo perdidos (ou 
transformados) nos últimos cinquenta anos, possivelmente 
como consequência dos processos de urbanização e de 
industrialização. (p.59) 
5 
 
O brincar é algo presente para todos, principalmente para as crianças. 
Para algumas é tão sério quanto o trabalho dos seus pais, pois na brincadeira 
pode ser livre para criar e vencer seus próprios limites. 
Para alguns o espaço escolar é o único momento em que esta criança 
pode brincarsem estar o tempo todo voltada para um equipamento eletrônico. 
Sentar no chão, rolar, correr, gritar, extravasar, são algumas das sensações que 
os alunos sentem durante uma aula. Uma brincadeira, por exemplo, de pegar, 
onde o aluno precisa correr para “fugir” do pegador, pode liberar muitas 
sensações diferentes em cada aluno da sala de aula. Enquanto um aluno que se 
movimenta pouco pode estar com a adrenalina a mil, outro aluno que tem um 
repertório motor mais vasto está tranquilo e calmo esperando o pegador se 
aproximar mais para depois sair correndo. 
O brincar é algo nato da criança, em todos os momentos nos quais não 
está realizando algo que algum adulto pediu, ela está brincando, seja com um 
brinquedo ou com alguma “coisa” que ela encontrou no chão. 
Segundo Borba (2006), estudos da Psicologia baseados em uma visão 
histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil apontam que o 
brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e 
aprendizagem, sendo assim por que não trazer o brincar para a Educação Física 
Escolar? 
Pipa, esconde-esconde, pique, passaraio, 
bolinha de gude, bate mãos, amarelinha, queimada, cinco-
marias, corda, pique-bandeira, polícia e ladrão, elástico, 
casinha, castelos de areia, mãe e filha, princesas, super-
heróis...Brincadeiras que nos remetem à nossa própria 
infância e também nos levam a refletir sobre as crianças 
contemporânea: de que as crianças brincam hoje? Como e 
com quem brincam? (BORBA, 2006, p.33). 
 
Devido ao grande desenvolvimento das cidades, os espaços estão 
ficando cada vez mais limitados, as crianças estão sendo obrigadas a brincar em 
pequenos espaços, e em muitos casos, só sobrando as aulas de Educação Física 
nas escolas, ficando para nós Professores de Educação Física a responsabilidade 
6 
 
de propagar para os alunos, os brinquedos e brincadeiras que os seus pais e 
avós brincavam na sua infância. 
Segundo Cascudo (1984) e Kishimoto (1999; 2003), os jogos 
tradicionais infantis fazem parte da cultura popular, expressam a produção 
espiritual de um povo em uma determinada época histórica, são transmitidos pela 
oralidade e sempre estão em transformação, incorporando as criações anônimas 
de geração em geração. Ligados ao folclore, possuem as características de 
anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação e mudança. As 
brincadeiras tradicionais possuem, enquanto manifestações da cultura popular, a 
função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver a convivência social. 
Os jogos e brincadeiras tradicionais como podemos observar em 
Kishimoto (1992) apud Calegari e Prodocimo (2006), que antigamente eram 
passados de geração para geração, hoje se perdem por diversos motivos, um dos 
quais podemos citar, é a pouca convivência familiar, devido aos muitos 
compromissos assumidos pelas famílias no dia-a-dia. Os pais trabalham fora o dia 
todo, as crianças por sua vez, ao invés de brincar, estão indo cada vez mais cedo 
para cursinhos e escolinhas, perdendo o pouco tempo disponível para brincar. 
Nos dias de hoje o que está faltando para que nossas crianças 
brinquem? 
A meu ver, um dos fatores é o fato das crianças não saberem do que 
brincar, como poderão elas brincar de algo que não lhes foi ensinado? 
Como uma criança pode brincar de mãe da rua em frente a sua casa se 
ela nunca nem ouviu falar desta brincadeira? 
Estes questionamentos podem resolver alguns dos problemas que às 
vezes ocorrem nas aulas de Educação Física, nós Professores de Educação 
Física podemos fazer este resgate cultural de brinquedos, jogos e brincadeiras e 
levar ao conhecimento de nossos alunos durante nossas aulas, possibilitando que 
eles adquiram este conhecimento, não somente apresentar os brinquedos, jogos 
e brincadeira, mas também trazer ao conhecimento do aluno toda sua história, e 
trajetória pelo mundo. 
7 
 
[...] é lamentável o fato de que estas brincadeiras 
tradicionais não se tenham sido incorporadas ao conteúdo 
pedagógico das aulas de Educação Física. Pois, aprender a 
trabalhar com essas brincadeiras poderia garantir um bom 
desenvolvimento das habilidades motoras sem precisar impor as 
crianças uma linguagem corporal que lhes é estranha. (FREIRE, 
2003, apud SANTOS, 2009, p. 211). 
O brincar é algo inato á criança, os jogos e brincadeiras tradicionais 
trazem um repertório motor riquíssimo para as crianças, quando temos a 
possibilidade de incorporar estes jogos e brincadeiras tradicionais nas aulas, 
damos a possibilidade das crianças vivenciarem um pouco mais da cultura do 
nosso povo, ganhando em conhecimento e aprendizagem motora. 
Velasco (1996), afirma que na antiguidade as crianças brincavam e 
participavam das festividades, lazer e jogos dos adultos, mas ao mesmo tempo 
tinham também um espaço reservado para que elas realizassem suas próprias 
atividades. O que incluía nestas atividades o que hoje chamamos de brincadeiras 
populares, pois naquela época a brincadeira era considerada um elemento 
cultural, do riso e do folclore. 
Ao observarmos uma criança que brinca, percebemos uma coisa 
curiosa: seu estado de espírito coincide com sua concentração no objeto da 
brincadeira, jamais é estático e possui um sentido de atração que contagia. 
(JUNIOR, 1999). 
Como podemos observar os jogos e brincadeiras folclóricas são de 
extrema importância no desenvolvimento motor da criança, mas até que ponto 
podemos afirmar que uma brincadeira de rua pode ser importante no 
desenvolvimento motor e social da criança? 
Cavallari e Zacharias (1997) afirmam que é difícil estabelecer que uma 
determinada atividade é uma brincadeira, um pequeno jogo ou um grande jogo. 
Para podermos definir, temos que ver como esta atividade será desenvolvida no 
caso estudado e assim chegar a uma conclusão. O próprio professor pode utilizar 
uma mesma atividade em forma de brincadeira, pequeno jogo ou grande jogo, 
adaptando-se ao publico a ser atingido. Para transformar uma brincadeira em jogo 
8 
 
ou vice-versa, basta utilizar as regras de acordo com as características da 
atividade. 
Uma brincadeira de rua, um jogo popular, pode facilmente ser inserido 
nas aulas de Educação Física, basta o Professor dar o enfoque adequado na 
atividade. Uma brincadeira de mãe da rua, por exemplo, pode ser inserida nas 
aulas de correr, tendo em vista a complexidade da atividade, uma vez que os 
alunos são “obrigados” a estarem sempre atentos ao pegador, para poderem 
desviar e não serem pegos, podemos ainda trabalhar diversas capacidades 
físicas nesta mesma aula. 
O brincar é algo que acompanha a criança por toda sua vida, de acordo 
com LOPES (2001, p. 35), o jogo e o exercício, é a preparação para a vida adulta. 
“A criança aprende brincando, e é o exercício que a faz desenvolver suas 
potencialidades”. 
Não podemos deixar de lado o fato das crianças viverem em casas e 
apartamentos, sendo assim também não podemos desvincular a rua da escola. 
Antigamente os grandes talentos eram descobertos em peneirões realizados nas 
várzeas, nas poucas quadras poliesportivas que existiam, e nos dias de hoje eles 
são descobertos nas escolinhas de esporte. O que antes se aprendia na rua, hoje 
se aprende nas escolinhas, este fato reforça ainda mais o papel do Professor de 
Educação Física escolar, evidenciar em suas aulas vivências que possibilitem o 
desenvolvimento motor, levando ao aluno conhecimento e vivências motoras. Não 
devemos traçar uma linha de separação entre a rua e a escola, os poucos jogos e 
brincadeiras que hoje se aprende nas ruas podem servir em muito para as nossas 
aulas. 
Os jogos e brincadeiras populares citados por Kishimoto apud Moreira 
(2008), por serem passados degeração em geração, trazem toda uma bagagem 
cultural, é muito rico em questões de respeito e de convivência, os quais uma 
criança não consegue jogando a frente de um computador ou vídeo-game. 
Possibilitar as vivências corporais coloca a criança defronte aos seus medos e 
aumenta sua capacidade de resolução de problemas, preparando-as para o 
futuro. A responsabilidade da escolha da atividade apropriada é do Professor de 
9 
 
Educação Física escolar, que deve propor situações onde a criança possa correr, 
pular, rolar, girar, explorar as suas habilidades e desenvolver mais algumas. 
Segundo HUIZINGA (1980, p. 33) 
 o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, 
exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de 
espaço, segundo regras livremente consentidas, mas 
absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em sim mesmo, 
acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma 
consciência de ser diferente da vida quotidiana. 
Todo jogo tem sua regra própria, com elas a criança consegue 
desenvolver habilidades para entender as regras do dia-a-dia, uma criança que 
brinca e compreende as regras de um jogo ou brincadeira, se torna um adulto 
entendedor das regras da vida. 
Os jogos como conteúdos escolares podem ser considerados como um 
dos que apresentam maiores facilidades de aplicação por diferentes razões, entre 
elas: 
 Não são desconhecidos da criança, uma vez que a maioria 
já participou de diferentes jogos e brincadeiras; 
 Não exigem espaço ou material sofisticado (embora possam 
existir jogos com tais exigências); 
 Podem variar em complexidade de regras, ou seja, desde 
pequeno pode-se jogar com poucas regras ou chegar a jogos com regras de 
altíssimo nível de complexidade; 
 Podem ser praticados em qualquer faixa etária; 
 São divertidos e prazerosos para os seus participantes (a 
menos que sejam levados a extremos de competição); 
 Aprende-se o jogo pelo método global, diferentemente do 
esporte, que geralmente é aprendido/ensinado por partes. Ao contrário, em 
um grande jogo, aprendemos jogando, não se explica e se “treina” as partes 
para depois se jogar; a graça de se aprender o jogo está em justamente 
jogá-lo. Não se aprende a arremessar para depois se aprender a jogar 
queimada, o arremesso é aprendido durante o jogo. Se o arremesso deve 
ser mais forte, mais forte, mais fraco, em determinada direção, para cima ou 
para baixo, é o contexto do jogo que vai determinar. Os jogos coletivos foram 
criados desta maneira, as pessoas aprendiam jogando, somente mais tarde, 
com a técnica e a ciência é que passou a ensinar com decomposição de 
partes. (DARIDO e RANGEL, 2005, p.158; 159). 
10 
 
Os jogos e brincadeiras tradicionais elevam o conhecimento intelectual 
das crianças, conhecer a história de um jogo, saber de onde veio, e os lugares 
onde se joga. Sabemos que os jogos e brincadeiras modificam de região para 
região, conforme afirmam Darido e Rangel (2005) as brincadeiras costumam 
variar conforme a região, mas mantêm sua essência e sua forma; essas 
diferenças deveriam ser ensinadas aos alunos conforme elas aparecem e de 
acordo com o nível de interesse dos mesmos. 
Muitos dos jogos e brincadeiras que ainda conhecemos nos dias de 
hoje podemos encontrar no quadro que veremos logo abaixo chamado 
“Brincadeiras infantis”. Esse quadro foi pintado pelo artista holandês, Pieter 
Bruegel, por volta do ano de 1560. 
 
Brincadeiras infantis, BRUEGEL, 1560, 118 cm x 161 cm. 
http://www.educandario.com.br/Revista/220909/peqbruegel.jpg 
 
Observando esta pintura conseguimos elencar 84 brincadeiras com as 
quais as crianças brincavam por volta de 1560. Podemos também observar o 
estilo do bairro, ruas amplas de terra batida, muito espaço para que as crianças 
brinquem a vontade, aspectos que nos dias de hoje são quase impossíveis de se 
encontrar. 
11 
 
As brincadeiras costumam variar conforme a região, 
mas mantêm sua essência, sua forma e sua poesia. O aspecto 
que mais se altera é a letra das canções e o próprio nome dos 
jogos. Aliás, no Brasil, há uma riqueza muito grande de jogos e 
brincadeiras, uma vez que os herdamos dos portugueses, índios e 
negros numa quantidade incrível. (DARIDO e RANGEL, 2005, 
p.158). 
DARIDO E RANGEL (2005) dizem que: “a Educação Física, ao 
considerar o jogo conteúdo, colabora para que o mesmo continue a ser 
transmitido de geração, alicerçando esse patrimônio cultural tão importante para a 
humanidade.” (p. 158) 
Contudo não podemos desvincular estes conteúdos das aulas de 
Educação Física Escolar, nossos alunos merecem ter contato com todas estas 
vivências, sejam elas motoras ou intelectuais. 
As aulas de Educação Física Escolar são um rico momento de trocas 
de cultura, nelas acontece o que podemos chamar de pluralidade cultural, pois 
nossos alunos são oriundos de diversas regiões, assim como seus pais, com isso 
trazem uma bagagem cultural imensa. 
Como proposta de trabalho a ser desenvolvida na aula de Educação 
Física, vamos analisar o que segundo Neira & Nunes (2008), pode ajudar em 
muito nossas expectativas junto aos nossos alunos. 
Segundo NEIRA & NUNES (2008, p. 252) 
socializar e ampliar o repertório de brincadeiras, rodas 
cantadas e lengalengas pertencentes à cultura corporal. Conhecer 
suas variações regionais, procedimentais e nominais. Adaptá-las 
para as condições do grupo (número de alunos, espaço físico, 
tempo de aula). Adotar uma postura participativa e não 
preconceituosa em relação às diferenças físicas, sexuais e raciais. 
 
Seguindo a proposta de Neira (2008) de montar um projeto para se 
trabalhar com os jogos e brincadeiras populares podemos ter a dimensão da 
grandeza das propostas e possibilidades para se conseguir desenvolver o 
trabalho com jogos e brincadeiras. 
Pensando neste texto resolvemos elaborar com os alunos uma 
pesquisa, onde eles perguntariam a seus pais e avós, com quais brincadeiras eles 
12 
 
brincavam na infância, em outro momento em sala de aula levantamos quais as 
brincadeiras que os alunos brincam nos dias de hoje, para depois colocar no 
quadro as brincadeiras dos pais, para nossa surpresa as brincadeiras antigas são 
pouco brincadas nos dias de hoje. Elas estão perdendo espaço para as 
brincadeiras individuais, onde o brincar é isolado, sozinho. 
Passando esta etapa de levantamento das brincadeiras que os pais e 
avós de meus alunos brincavam, elaboramos um projeto de resgate folclórico de 
jogos e brincadeiras, onde colocamos algumas das brincadeiras citadas pelos 
pais e avós. Elencamos todas as brincadeiras citadas, no quadro e cada sala foi 
escolhendo quais brincadeiras eles queriam aprender, no mês de Agosto de 2009, 
demos inicio ao projeto, o qual foi enriquecedor e muito proveitoso para os alunos. 
Os jogos e brincadeiras tradicionais serviram como facilitador para as 
aulas de Educação Física Escolar, pois além dos alunos terem o contato com os 
jogos nas aulas, ao chegar a casa, podiam contar com o apoio de seus pais, que 
também conheciam os jogos e brincadeiras e podiam contribuir com mais 
informações, as quais sempre enriqueciam as próximas aulas. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Após realizarmos esta revisão bibliográfica podemos perceber o quão 
importante para os nossos alunos é o resgate dos jogos e brincadeiras 
tradicionais, pois além de terem um vasto e rico repertório motor, é uma fonte 
inesgotável de cultura, possibilitando inúmeras possibilidades de aprendizagem 
motora e cultural. 
Podemos perceber que nossos alunos estão a cada dia perdendo os 
espaços para que possam se movimentar e colocar seus corpos em ação. 
Percebemos que os jogos de vídeo-game, computador e a televisão 
são grandes aliados de paise crianças quando pensamos no brincar, mas estes 
vêm tirando as possibilidades de aprendizagem motora de nossos alunos. 
13 
 
As aulas de Educação Física Escolar podem se tornar muito mais 
atrativas e possibilitar inúmeras combinações de jogos e brincadeiras, para que a 
aprendizagem motora e cultural de nossos seja significativa, podemos traçar um 
elo de aprendizagem, escola-familía-escola, ou família-escola-familía, que facilita 
as nossas vidas de Professores de Educação Física Escolar, e melhora em muito 
os aspectos motores de nossos alunos, tendo em vista que os pais também 
conhecem algumas das atividades que vamos trabalhar durante nossas aulas, 
podendo contribuir com sugestões e trazendo novas formas de brincar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
REFERÊNCIAS 
 
BORBA, A M, O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Ensino 
Fundamental de nove anos. Orientações para a inclusão da criança de seis anos 
de idade, 2006. Brasília: FNDE, estação Gráfica, 2006. 
BRASIL. Ministério de Educação e do desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1990. 
CALEGARI R. L. e PRODÓCIMO E. Jogos populares na escola: uma proposta de 
aula prática In Motriz, Rio Claro, v.12 n.2 p.133-141, mai./ago. 2006. 
CASCUDO, C. Literatura oral no Brasil. 3ª Ed. São Paulo: Itatiaia, 1984. 
CAVALLARI, V. R. e ZACHARIAS, V. Trabalhando com recreação. São Paulo: 
Ícone, 1994. 
COSTA, A. Q., Mídias e jogos do virtual para uma experiência corporal educativa. 
In Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 27, n. 2, p. 165-178, jan. 2006 
DAÓLIO, J. Da Cultura do Corpo. ed. Papirus, Campinas, 1995. 
DARIDO, S. D. e RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola: implicações para 
a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
FARIA JUNIOR, A.G. A reinserção de jogos populares nos programas escolares. 
In Motrivivência. Florianópolis, nº 9, p. 44-65, 1996. 
http://www.educandario.com.br/Revista/220909/peqbruegel.jpg (acessado em 
19/03/2010). 
HUIZINGA, J. Homo Luddens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo, 
Perspectiva, 1980. 
JUNIOR, W. C. A brincadeira de corpo e alma numa escola sem fim: reflexões 
sobre o belo e o lúdico no ato de aprender. In Motriz. Rio Claro – Volume 1, 
Número 1, 15 -24, junho/1999. 
15 
 
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: 
Cortez, 1999. 
___________. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003. 
LOPES, M. G. Jogos na Educação: criar, fazer, jogar. 4 ed. São Paulo, Cortez, 
2001. 
MOREIRA, A. J., RAMOS, Z. R. P e CARDOSO, C. S. Jogos e brincadeira 
populares na educação infantil e ciclo inicial do ensino fundamental: uma 
experiência com alunos do curso de licenciatura em Educação Física da UNIRB, 
Salvador, BA. in http//www.efdeportes.com/Revista Digital- Buenos Aires- año 
13 – nº 127- Diciembre de 2008. 
NEIRA, M G & NUNES, M L F. Pedagogia da cultura corporal: critica e 
alternativas. Ed. Phorte. São Paulo, 2008 
SANTOS, E. P, MATOS, F. A., ALMEIDA, V. C.; O resgate das brincadeiras 
tradicionais para o ambiente escolar. Movimento & Percepção, Espírito Santo do 
Pinhal, SP, v. 10, n. 14, Jan/jun. 2009- ISSN 1679-8678. 
VELASCO, C. G. Brincar, o despertar psicomotor. Ed. Sprint, Rio de Janeiro, 
1996. 
XIMENES, S. Minidicionário Ediouro da Língua portuguesa, Ediouro, SP, 
2000.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes