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Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 1 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. FARMACOLOGIA ANTICONVULSIVANTES (ANTIEPILÉTICOS) (Professora Edilene Bega) Um frmaco anticonvulsivo (tambm chamado de anticonvulsivante ou antiepiléptico) representa uma classe de frmacos utilizada para a preveno e tratamento das epilpesias. Por definio, epilepsia corresponde a uma descarga eltrica anormal no crtex cerebral, que pode ser restrita a uma determinada rea (crises focais) ou disseminada/difusa por todo o crebro (crises generalizadas). A epilepsia clinicamente definida pela ocorr ncia de duas ou mais crises caractersticas no provocadas, ou seja, no desencadeadas por febre, infeco no SNC, anormalidades eletrolticas, glic micas ou hipxicas, em um perodo maior que 24 horas. TIPOS DE CRISES EPILPTICAS As crises epilpticas podem ser classificadas quanto ao seu mecanismo fisiopatolgico da seguinte maneira: Crises parciais: envolvem apenas uma regio do crebro, tendo efeito em apenas uma parte do corpo, sem que necessariamente o paciente perca a consci ncia. Dependendo da rea cerebral afetada, a pessoa no entra em convulso, mas experimenta outras reaes. Pode ser de tr s subtipos: o Parcial simples: o paciente apresenta mais comumente como distrbios motores, com movimentos tnicos ou clnicos envolvendo face, pescoo ou extremidades de um lado apenas, mas sem perder a consci ncia. Uma aura uma sensao que pode preceder a crise parcial motora, e geralmente consiste em cefaleia e, as vezes, desconforto torcico. o Parcial complexa: o indivduo tende a perder a consci ncia baseada em uma amnsia antergrada. O quadro clnico pode ser de difcil reconhecimento. A alterao da consci ncia exemplificada por uma criana esttica, que interrompe de maneira sbita suas atividades e torna-se no responsiva a estmulos externos. o Parcial com ataques secundrios tnico-clnicos generalizados Crises generalizadas: ocorrem quando a disseminao do potencial eltrico anormal difusa e bilateral, atingindo ambos os hemisfrios cerebrais e, desta forma, manifestando sinais em todo o corpo. Os principais tipos de crises generalizadas so: o Crise de aus ncia: indivduo passa por um estado catatnico (no responde a estmulos do meio, mas no perde a sensibilidade), sendo este estado caracterizado pela parada repentina na atividade motora e na fala, olhar vago, piscamento palpebral (mioclonias palpebrais) e fcies inexpressiva. Alguns automatismos de mos podem estar presentes. Era antigamente chamada de pequeno mal. o Ataque mioclnico: mioclonias so definidas como contraes musculares simtricas e breves, com perda do tono muscular e quedas ou projeo do corpo do paciente para frente, causando, muitas vezes, traumatismo de face. Podem se assemelhar a “choques”. o Ataque tnico-clnico: antigamente chamada de grande mal, as crises tnico-clnicas so as mais comumente encontradas na prtica clnica. Nesta desordem, o paciente perde a consci ncia de maneira sbita, apresenta um movimento tpico para trs do globo ocular e toda a sua musculatura apresenta contrao tnica, o que leva invariavelmente apnia e cianose. A fase clnica tem como caractersticas as contraes rtmicas seguidas de relaxamento de todos os grupamentos musculares. Durante a crise, o paciente pode morder a lngua, raramente vomita, e o relaxamento esfincteriano (bexiga mais comumente) acontece. OBS1: Vale salientar que o termo convulsão no , necessariamente, um sinnimo de epilepsia. Convulsões so contraes involuntrias dos msculos de inicio sbito, gerada por descargas eltricas desordenadas dos neurnios. Desta forma, as convulses caracterizam sinais da crise epiléptica generalizada do tipo tônico-clônica. As drogas anticonvulsivantes tem, portanto, um papel fundamental no bloqueio de transportadores de ons responsveis por propagar os impulsos epilpticos. OBS2: fundamental, tambm, estabelecer a diferena entre convulsão febril e crises epilépticas em vigência de febre. Na primeira situao, temos uma condio benigna, autolimitada, que no evolui com anormalidades neurolgicas e dficit cognitivo ao longo do tempo (aps os 5 anos, a criana no volta a recorrer em crises e no se transforma, necessariamente, em um indivduo epilptico no futuro). A epilepsia uma doena crnica, caracterizada pela recorr ncia (mais de uma crise em um intervalo maior que 24h) de crises convulsivas de natureza afebril, na grande parte dos casos. Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 2 FATORES ETIOLGICOS QUE CONTRIBUEM PARA EPILEPSIA Dano cerebral relacionado ao nascimento Anomalia cerebral cong nita Predisposio gentica, hereditariedade Infeces, tumores, leses cerebrais Anomalias nos vasos sanguneos cerebrais Uso de drogas de abuso, lcool Exposio a gases txicos Hipoglicemia ETAPAS DA CONVULSO O processo convulsivo envolve, em geral, tr s etapas: (1) Desequilbrio na proporo de molculas excitatrias (sdio, glutamato, clcio) e inibitrias (GABA, cloreto, potssio) no crebro; (2) Os neurnios comeam a transmitir informaes desorganizadamente. Essas mensagens chegam medula; (3) Neurnios na medula passam as "ordens" de contrao desordenada para os msculos, gerando a convulso. As consequ ncias mais evidentes aps uma crise epilptica so: dores musculares; mal-estar; dor de cabea; dificuldade de concentrao; sonol ncia; em alguns casos h fraturas por causa da contrao muscular. FRMACOS ANTICONVULSIVANTES De uma forma geral, o tratamento das epilepsias no s farmacolgico: tambm pode ser conservador ou cirrgico. No que diz respeito as principais classes de anticonvulsivantes, podemos citar: Barbitúricos: podem ser utilizados tanto como anticonvulsivante, quanto anestsicos gerais venosos. Ex: Fenobarbital (Gardenal, Barbitron); Mefobarbital; Primidona (Primid); Tiopental (Thiopentax); Tiamilal ; Metohexital; Secobarbital; Pentobarbital. Benzodiazepínicos: grupo de frmacos ansiolticos utilizados no tratamento sintomtico da ansiedade e insnia, mas tambm comumente utilizado como anticonvulsivantes, chando a substituir os barbitricos, por serem muito menos txicos (os barbitricos podem matar por parada cardiorespiratria, por exemplo). So comumente utilizados como ansiolticos para o pr-operatrio, visando diminuir a ansiedade de pacientes antes de cirurgias. Ex: Diazepam (Dienpax, Valium); Clonazepam (Rivotril, Epileptil); Clorazepato; Lorazepam (Lorax, Ansirax); Midazolam (Dormonid, Dormium); Nitrazepam (Sonebom). Hidantoínas: so frmacos utilizados para o tratamento de acessos tnico-clnicos generalizados e acessos focais. Ex: Fenitona (Fenital, Hidantal); Etotona, Fosfenitona. Oxazolinodionas: no so efetivos para o grande “mal” (convulso tnico-clnica), mas podem ser utilizados no tratamento de crises de aus ncia. Seu mecanismo de ao no esclarecido. Ex: Trimetadiona. Carboxamidas: so frmacos efetivos, bastante utilizados como terapia inicial ou suplementar (monoterapia). Ex: Carbamazepina (Tegretol, Tegrex), Oxacarbazepina. Succinimidas: so frmacos que foram desenvolvidos na busca por frmacos menos txicos que as oxazolidinodionas. Ex: Etosuccimida (Etoxim). Outros: Valproato (cido Valprico), Felbamato, etc. OBS3: Enquanto que os barbitricos e benzodiazepnicos podem ser utilizados no s como anticonvulsivantes, mas como uma vastido de outras aes, os demais frmacos pr-citados (hidantonas, oxazolinodionas, carboxamidas, succinimidas, etc) so utilizados exclusivamente como anticonvulsivantes. Exceo feita Carbamazepina e ao Valproato, que so frmacos comumente utilizados pela psiquiatria como estabilizadores do humor no tratamento do transtornode humor bipolar. BARBITÚRICOS Os barbitricos so frmacos amplamente utilizados como hipnticos, sedativos, ansiolticos e anticonvulsivantes. Barbitúrico o nome dado a um composto qumico orgnico sinttico derivado do "cido barbitrico". Os barbitricos provocam depend ncia fsica e psicolgica, diminuio em vrias reas do crebro, depresso na respirao e no sistema nervoso central, depresso na medula, depresso do centro do hipotlamo, vertigem, reduo da urina, espasmo da laringe, crise de soluo, sedao, alterao motora, causam depend ncia, desenvolvimento de tolerncia e sndrome de abstin ncia. Por este motivo, v m sendo amplamente substitudos por benzodiazepnicos. Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 3 Mecanismo de ação. Os barbutúricos atuam em canais gabaérgicos, aumentando o influxo de cloreto (Cl-), simulando a atividade do GABA endógeno sem a necessidade da presença deste neurotransmissor inibitório. Ao se ligar aos receptores gabaérgicos, os barbitúricos abrem canais de Cl-, íon responsável por hiperpolarizar a célula e dificultar a sua despolarização, inibindo, assim, a propagação do impulso nervoso. Portanto, de maneira semelhante aos benzodiazepínicos, os barbitúricos aumentam a ação do GABA, via de regra, um neurotransmissor inibitórico do SNC; esse aumento é feito por uma ligação em sítio específico do receptor de GABA tipo A, porém em local diferente dos benzodiazepínicos, com ação menos específica. Na verdade, esses receptores nada mais são que canais iônicos de cloreto. Os barbitúricos intensificam uma variedade de sistemas sinápticos mediados pelo GABA, envolvendo inibição tanto pré-sináptica quanto pós-sináptica. Não interferem na Glicina e Glutamato. Representantes. Fenobarbital: antiepiléptico protótipo da classe dos barbitúricos. Primeiramente comercializada como Luminal® por Farbwerke Fr. Bayer & Co., em 1902, é também conhecido sob o nome comercial Gardenal®. Participa da ativação de receptores GABA-A, o que leva a um aumento do fluxo de Cl- para dentrio das células, hiperpolarizando-as e promovendo diminuição do impulso nervoso, estabelecendo, assim, seu efeito sedativo. é uma substância barbitúrica usada como medicamento anticonvulsivante, hipnótico e sedativo. Foi utilizado como sedante e hipnótico até 1950, quando apareceram as benzodiazepinas. É considerado o anticonvulsivante de escolha para crianças com menos de 2 meses de vida. Mefobarbital: é uma pró-droga. Não existem muitos dados sobre esta na literatura. Primidona: é um anticonvulsivo da classe da Pirimidina muito utilizada em associações com outros anticonvulsivantes. Tiopental: conhecido também como tiopentato de sódio, é um barbitúrico de ação rápida, depressor do sistema nervoso central, utilizado principalmente em anestesia e hipnose. É também conhecido popularmente como um soro da verdade. É um barbiturato administrado intravenosamente para a indução de anestesia geral ou para a produção de anestesia completa de curta duração. Também é usado para hipnose, para o controle de estados convulsivos e é um dos fármacos usados na injeção letal. Tem sido usado em pacientes neurocirúrgicos para reduzir a pressão intracraniana aumentada. Não possui efeitos de analgesia. Metohexital: também chamada de methohexitone, é uma droga derivada de barbitúricos. É classificada como uma droga de curta duração, e tem um rápido início de ação. É semelhante em seus efeitos para tiopental sódico, uma droga com a qual competiu no mercado de anestésicos. Secobarbital: é fármaco utilizado em medicamentos sedativos, hipnóticos e anestésicos sob forma do seu sal de sódio. Seus usos terapêuticos incluem tratamento da insônia, sedação pré-operatória e convulsões. Foi sintetizado em 1928 na Alemanha. Pentobarbital: é um barbitúrico sintético comumente empregado como sedativo, hipnótico e antiespasmódico na forma de seus sais de sódio ou cálcio. Foram indentificados os seguintes sintomas em alguns casos de uso do pentobarbital destacando: redução da pressão intra-craniana em pacientes com síndrome de Reye's, traumas e lesões cerebrais e indução ao coma em pacientes com isquemia. Pentobarbital é também usado por suicídas em casos de morte assistida. Pentobarbital foi usado no norte da Austrália, posteriormente tornando- se ilegal. Efeitos adversos. De um modo genérico, os barbitúricos estão relacionados, principalmente, com os seguintes fenômenos indesejados: Causam morte por depressão cardiorespiratória; Induzem Citocromos P450 (enzima importante na biotransformação de drogas lipossolúveis: o próprio tempo de meia vida do barbitúrico é diminuído pela sua existência, sendo necessário então, um ajuste posológico inicial na sua administração); Dependência e Tolerância também são observados. BENZODIAZEPÍNICOS As benzodiazepinas são um grupo de fármacos ansiolíticos utilizados como sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares, para amnésia anterógrada e atividade anticonvulsionante. A capacidade de causar depressão no SNC deste grupo de fármacos é limitada, todavia, em doses altas podem levar ao coma. Não possuem capacidade de induzir anestesia, caso utilizados isoladamente. Eles substituiram largamente os barbitúricos nas suas utilizações em muitas áreas. Ao contrário deles, os benzodiazepínicos não têm ação depressora do centro respiratório, apresentando, por isso, um uso mais seguro, além de terem maior especificidade sobre a sintomatologia ansiosa. Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 4 Mecanismo de ação. Os benzodiazepnicos atuam sobre receptores benzodiazepnicos acoplados aos receptores GABA-A; entretanto, diferentemente dos barbitricos, eles atuam favorecendo e facilitando o acoplamento do neurotransmissor GABA ao seu receptor, aumentando, desta forma, o influxo de cloreto e a atividade do GABA endgeno. Promovem, portanto, acentuao da atividade gabargica sem abrir, por conta prpria, os canais de cloreto. OBS4: Note que h uma diferena bsica no mecanismo de ao dos barbitricos e dos benzodiazepnicos: estes deflagram a entrada de cloro na clula excitando o receptor gabargico, o qual, mesmo em pequenas concentraes de GABA, excitado; j os barbitricos, que se ligam em um outro stio no receptores gabargicos, so responsveis por desencadear a abertura dos canais de cloro por si s, sem que seja necessrio a ligao do GABA nestes receptores. Principais representantes. Diazepam: um sedativo de ao longa (mas sem ao analgsica), ansioltico e anticonvulsivante (, inclusive, o anticonvulsivante de escolha nas emerg ncias em qualquer tipo de crise convulsiva como alternativa ao bolo de midazolam). Indicado para o tratamento da convulses e espasmos musculares, alm da insnia, tambm se usa antes dalguns procedimentos clnicos ou exames, como a endoscopia e tomografia, para reduzir ansiedade no paciente, e antes de procedimentos cirrgicos, para induzir amnsia antergrada. Na psiquiatria, comumente usado para transtornos no pnico, ansiedade generalizada, sintomas de abstin ncia alcolica, relaxante msculo-esqueltico, estado de mal epilptico e no distrbio neurovegetativo (DNV, conhecido popularmente como “piti”). o frmaco de escolha para o tratamento do estado epilptico. Alprazolam: um ansioltico benzodiazepnico de ao sedativa, com pico em 1-2horas. Pode ser utilizado para tratamento do transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pnico com ou sem agorafobia, ansiedade aguda situacional. Midazolam: um benzodiazepnico de ao rpida e curta, funcionando como sedativo, hipntico, anticonvulsivante. Seu efeito, quando feito em regime endovenoso, tem incio em 1 a 5 minutos (com durao de 1 a 5 horas). utilizado para tratar insnia, sedaops-procedimentos cirrgicos e diagnsticos, induo e manuteno da anestesia, sedao prolongada em CTI, estado de mal epilptico. Nitrazepam e Flunitrazepam: so benzodiazepnicos utilizados para tratar insnia e crise epilptica mioclnica. Seus efeitos anticonvulsivantes so mais explorados do que os ansiolticos, assim como o Clonazepam. Clonazepam: um benzodiazepnico de ao prolongada, til em todas as epilepsias resistentes. Serve como profiltico para as crises mioclnicas ou atnicas ou epilepsias fotossensveis e as crises de aus ncia tpicas (pequeno mal) e atpicas, como o espasmo infantil (sndrome de West) e a sndrome de Lennox-Gastaut. Na psiquiatria, pode ser utilizado para o tratamento do transtorno do pnico, fobia social, mania aguda, acatasia induzida por neurolptico, ansiedade generalizada, insnia, etc. Indicações. Como antiepilpticos, os benzodiazepnicos so largamente utilizados no tratamento das crises parciais tnico- clnico, sendo eles mais seguros em relao aos barbitricos. So ainda utilizados como drogas ansiolticas e indutoras do sono. Modificam a percepo da dor e do perigo, no afetando a conduo dos estmulos, mas relativizando-os emocionalmente (o doente sente a dor ou perigo, mas j no o incomodam). Efeitos adversos. Sedao Podem ser potencializadas por etanol (ou por qualquer droga de ao central), sob pena de favorecer a parada cardiorrespiratria. Alguma euforia e alucinaes Amnsia Indiferena e m avaliao do perigo. Tendem a responder mais a agresses por outros indviduos. Hipotermia Depend ncia Aumento da hostilidade Ataxia Anemia hemoltica Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 5 HIDANTOÍNAS As hidantonas e seus derivados so uma classe de substncias que despertam grande interesse, por apresentarem importantes atividades farmacolgicas, tais como anticonvulsivante, antiarrtmico e no tratamento de complicaes diabticas crnicas. Estes compostos tambm promoveram agregao de plaquetas e inibio da aldose redutase. Mecanismo de ação. De um modo geral, as hidantonas se ligam em canais de Na+, estabilizando-os em sua forma inativa, promovendo a inibio do espalhamento da atividade convulsivante. Por esta razo, so frmacos utilizados para o tratamento de acessos tnico-clnicos generalizados e acessos focais. Principais representantes. Fenitoína: tem baixa hidrossolubilidade e baixo ndice terap utico. Quanto ao seu mecanismo de ao, ela inibe os canais de sdio, potssio e clcio, existentes na membrana dos neurnios, imediatamente antes. Altera concentraes locais de neurotransmissores como GABA, noradrenalina e acetilcolina. Diminui a excitao neuronal em geral. mais eficaz por ter uma menor incid ncia de efeitos colaterais (escolhido para o uso de monoterapia inicial). Fosfenitoína: um pr-frmaco de uso I.M. e I.V. devido aos problemas de solubilidade e pH. Etotoína: menos txico, menos efetivo e mais sedativo. Efeitos adversos. Hiperplasia gengival (Fenitona > Etotona) Hirsutismo Hiperatividade. SUCCINIMIDAS As succinimidas so frmacos anticonvulsivantes obtidos durante a busca por drogas efetivas, mas menos txicas que as oxazolidinodionas. Seu mecanismo de ao est relacionado com o decrscimo na atividade de canais de Ca+2: estes frmacos ligam-se aos canais de clcio e diminuem a sua atividade. Seu principal representante a Etosuccimida, uma droga bastante efetiva e pouco txica, utilizada no tratamento de ataques de crises de aus ncias; pode causar, entretanto, sonol ncia, ataxia, rashes, disfuno renal ou heptica. Outros representantes so a Fensuccimida e a Metosuccimida. OXAZOLIDINODIONAS So frmacos pouco efetivos para quadros de convulso tnico-clnica (“grande mal”), mas so bastante utilizados no tratamento de crises de aus ncia. Seu mecanismo de ao no bem esclarecido. Seu principal representante a Trimetadiona (Dimetadiona), que pode ser uma opo para pacientes com intolerncia a succinimidas ou ao cido valprico. Seu uso, entretanto, pode estar relacionado com: nefrose, anemia aplsica e depresso da medula ssea; fotofobia, sonol ncia, mal-formao fetal. OBS5: A Etosuccimida e a Trimetadiona so utilizadas exclusivamente no tratamento das crises de aus ncia (“pequeno mal”), ao passo em que o cido valprico pode ser tambm administrado para o mesmo uso, mas tambm pode ser usado para outros fins. De fato, as drogas de primeira escolha para a sndrome de aus ncia ou a etosuccimida ou o cido valprico. CARBOXAMIDAS As carboxamidas, que apresentam a carbamazepina como prottipo, so drogas bastante utilizadas para o tratamento anticonvulsivante. Seu mecanismo de ao est relacionado com a sua ligao aos canais de sdio- voltagem dependentes, bloqueando-os e impedindo a disperso das ondas eltricas. Seus principais representantes so: Carbamazepina: atuam em canais de Na+ voltagem-dependentes, bloqueando-os e prevenindo a disperso das ondas eltricas (inibindo, assim, os ataques epilpticos). Pode ser utilizada em associao a hidantonas (como a Fenitona), agindo, assim, como frmacos tradicionais e mais seguros. Estabelecem uma terapia inicial ou suplementar (monoterapia) segura. Entretanto, seu metabolismo inibido por antibiticos macroldicos, formando metablitos epxidos mais ativo, porm muito txicos. Na psiquiatria, largamente utilizada como um estabilizador do humor para pacientes com transtorno bipolar que no respondem bem ao Ltio. Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 6 Oxacarbazepina: menos potente que a carbamezepina, mas apresentando melhor absoro por via oral. Sofrem menos metabolismo heptico (no forma epxido), mas apresentam efeitos colaterais no SNC importantes. Apresentam atividade antipsictica (benzazepinas). ÁCIDO VALPRÓICO O Valproato, tambm conhecido como Ácido Valpróico, um dos antiepilpticos de eleio tanto nas crises generalizadas, como nas crises focais ou nas crises secundariamente generalizadas. Pode ser de liberao gstrica (cido valprico – Depakene) ou entrica (divalproato – Depakote), que melhor tolerada. Para a psiquiatria, to eficaz quanto o Ltio no tratamento da mania e mais eficaz em cicladores rpidos e mania disfrica. Tal como a Fenitona e a Carbamazepina, o valproato bloqueia as descargas repetidas e prolongadas dos neurnios, que esto por trs de uma crise epilptica. Estes efeitos devem-se, em doses terap uticas, diminuio da condutncia dos canais de sdio voltagem-dependentes. Suas principais caractersticas so: Frmaco de 1 escolha na crise de aus ncia (alguns autores optam por etosuccimida) Baixa toxicidade: irritao gstrica Descoberto por acaso: uso como solvente em estudos de novos anticonvulsivantes Mecanismo de ao: inibio do espalhamento da atividade convulsivante. Relativamente aos seus efeitos secundrios, os agudos incluem nauseas, vmitos, dor abdominal, aumento de peso e alopcia. Em termos de toxicidade idiossincrtica, h que considerar a hepatotoxicidade e a trombocitopenia. FÁRMACOS ANTIEPILÉTICOS RECENTES Vigabatrina: inibe GABA-transaminase. Lamotrigina: inibe canais de sdio. Felbamato: mecanismo desconhecido. Gabapentina: mecanismo desconhecido. Tiagabina: inibidor da captura de GABA. Topiramato: potencializa canais de Cloro VISO GERAL DO TRATAMENTO DAS EPILEPSIAS Na maioria das vezes, no necessrio tratar crise isoladas. Para pacientes epilpticos, frmacos que inibem a atividade cerebral t m eficcia em 75% dos casos. Em alguns casos, possvel a realizao de cirurgia, removendo a regio desencadeadora do sinal epilptico. Uma vez feito o diagnstico, devemos diferenciar se a crise focal, focal secundariamentegeneralizadas ou generalizadas. No tratamento da epilepsia, qualquer que seja a forma, existem frmacos de “primeira escolha”, que so os que proporcionam melhora da crise em 75% dos casos e, de “segunda escolha”, que prope remisso nos 25% dos casos, em associao com a de primeira escolha. Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 7 CRISES PARCIAIS Nas crises focais, a droga de primeira escolha é a carbamazepina ou oxcarbazepina (pelos menores efeitos colaterais), ocorrendo remissão da crise em 75% dos pacientes. Primeira escolha: Carmbamazepina. Segunda escolha: Fenitoína; Fenobarbital; Gabapentina; Iamotregina; Levetiracetam; Oxcarbazepina; Topirumato; Valproato; Vigabatrina. CRISES PARCIAIS SECUNDARIAMENTE GENERALIZADAS Nas crises focais secundariamente generalizadas, a droga de primeira escolha é a mesma das crises focais, carbamazepina (Tegretol®) ou oxcarbazepina. Primeira escolha: Carmbamazepina. Segunda escolha: Fenitoína; Fenobarbital; Iamotregina; Levetiracetam; Oxcarbazepina; Topirumato; Vigabatrina. CRISES GENERALIZADAS As crises generalizadas apresentam tratamento de acordo com o padrão da crise, já adiantando, o valproato (Depakote®) é a droga-padrão para tratar todas as formas das crises generalizadas; as tônico-clônicas são tratadas com valproato; as de ausência, deverá associar com o valproato a etosuccimida (Etoxim®); nas mioclônicas, o valproato e o clonazepam são as drogas de escolha; nas atônicas/tônicas, o valproato é utilizado. Crises Generalizadas Tônico-clônicas Ausências Mioclônicas Atônicas/tônicas Primeira escolha Segunda escolha Primeira escolha Segunda escolha Primeira escolha Segunda escolha Primeira escolha Segunda escolha Valproato Carbamazepina Fenitoína Fenobarbital Iamotrigina Levetiracetam Oxcarbazepina Topiromato Valproato/ etosuccimida Clonazepam Iamotrigina Topiromato Valproato/ Clonazepam Fenobarbital Iamotrigina Levetiracetam Topiramato Valproato Clonazepam Nitrazepam Iamotrigina Levetiracetam topiramato TRATAMENTO CIRÚRGICO A cirurgia é um recurso terapêutico para crianças com crises intratáveis, com bons resultados quando foco epileptogênico é localizado com precisão por exames complementares (RNM funcional, PET, EEG, etc.).
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