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3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO - CAC DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO – DCOM GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO ABENILDO DAYWANGLES DO NASCIMENTO ANA CATARINA DE LIMA CAMILLA TEIXEIRA MACHADO ROCHA LETÍCIA CRISTINE DE BARROS GUIMARÃES MARCELA DE ALBUQUERQUE MARANHÃO CRUZ MARCELLA CÉSAR DE ALBUQUERQUE FALCÃO ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA VIDA MODERNA RECIFE - PE 2013 4 ABENILDO DAYWANGLES DO NASCIMENTO ANA CATARINA DE LIMA CAMILLA TEIXEIRA MACHADO ROCHA LETÍCIA CRISTINE DE BARROS GUIMARÃES MARCELA DE ALBUQUERQUE MARANHÃO CRUZ MARCELLA CÉSAR DE ALBUQUERQUE FALCÃO ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA VIDA MODERNA Trabalho desenvolvido na disciplina de Fundamentos da Sociologia como parte da avaliação referente ao semestre 2013.1. Prof. Dr. Emílio de Britto Negreiros RECIFE- PE 2013 5 1. INTRODUÇÃO O homem é um ser social, sendo assim, faz parte de sua natureza a necessidade de relacionar-se com seus semelhantes através de interações sociais que dependem, por sua vez, da comunicação. É por meio dessas relações que ocorre a troca de experiências, levando ao surgimento de uma série de desdobramentos, como a articulação da sociedade em: organizações, interações e burocracias. As organizações, por exemplo, estabelecem um sentido central na vida da sociedade. Todas as entidades são, por essência, burocráticas e essa relação - formalizada por Max Weber - representou um importante estudo no campo sociólogo. Com a globalização e o advento da tecnologia, os padrões clássicos de organização das empresas se modernizaram. Hoje, as gestões encontram-se espalhadas na rede e na Internet; softwares e aplicativos auxiliam cada vez mais o processo de gerenciamento de dados e pessoas, fato que adaptou a teoria burocrática de Weber a padrões mais flexíveis e lucrativos de gestão. A seguir, serão abordados esses e outros tantos assuntos relacionados a eles, a partir de uma análise e síntese de algumas ideias de grandes sociólogos clássicos como Weber e Foucault. Serão levados em conta, também, aspectos como a estruturação da coletividade da organização social, as relações de poder e suas consequências e as emoções. 6 1. TEORIAS DA ORGANIZAÇÃO Organização é uma estrutura formada por pessoas que, juntas - mas de modo impessoal -, têm a finalidade de atingir objetivos específicos. No séc. XXI, o papel que essas organizações exercem é fundamental e de bastante relevância em nosso cotidiano, visto que somos dependentes delas para realizar muitas ações corriqueiras. Se por um lado elas trazem diversas facilidades para o nosso cotidiano, por outro podem ser maléficas. Nós estamos submissos, muitas vezes inconscientemente, a vários tipos de organizações, pois elas têm o poder de dar ordens às quais nem sempre podemos resistir – como pagar impostos, acatar leis, etc. Mas, apesar disso, o desenvolvimento dessas organizações trouxe muitas consequências que se refletem em nossa vida atualmente, o que gerou uma série de estudos sobre o assunto. Os sociólogos Max Weber e Michel Foucault, por exemplo, analisaram e teorizaram sobre alguns modos de funcionamento das organizações, suas diferenças e os conflitos gerados por elas. Segundo Weber, toda organização de larga escala tende a tornar-se burocrática por natureza. Mas, para sistematizar tal interpretação, ele realizou diversos estudos sobre a burocracia. A palavra BUROCRACIA servia, inicialmente, em meados do século XVIII, para designar o domínio dos funcionários – o termo se aplicava mais especificamente aos funcionários públicos – de forma depreciativa. Entretanto, sabe-se que esse conceito expandiu ao longo dos anos e, hoje, refere-se às grandes organizações. Daí vem a associação que comumente se faz entre a burocracia e as organizações. Mas vale destacar também que atualmente, apesar de seu sentido ser bastante amplo, a burocracia ainda é vista por algumas pessoas como sinônimo de papelada e ineficiência. Por outro lado, alguns estudiosos têm um ponto de vista bastante diferente e consideram-na como a forma mais eficaz de administração e, logo, a forma de organização mais eficiente já inventada pela humanidade. A visão de Weber, porém, não leva a extremismos. Ele acreditava que, na modernidade, com o desenvolvimento das burocracias, a sociedade tornou-se mais racional - passou a deixar suas crenças em segundo plano e dar mais ênfase à razão, com a finalidade de atingir seus objetivos. As análises de Weber sobre a burocracia geraram, e continuam gerando, várias reações de outros estudiosos que, a partir de seus escritos, também analisaram o assunto e chegaram a diversas outras conclusões. As relações dentro das organizações, por exemplo, foram analisadas tanto por Weber quanto por outros estudiosos que poderiam, ou não, ir de encontro a seu ponto de vista. De acordo com um estudo de Peter Bleu sobre as possíveis violações no 7 imposto de renda (1963), foi através de relações informais que funcionários de uma mesma organização se mostraram mais responsáveis e com mais iniciativa. Muito mais eficientes do que quando seguiam as regras propostas formalmente. Logo, vai de encontro com a ideia de Weber, que acreditava nas relações formais – aquelas que seguem as regras - como prioridade dentro das organizações. O desenvolvimento das relações consideradas informais, porém, é algo inevitável na atualidade. Visto que é a única maneira através da qual os funcionários de uma empresa, por exemplo, conseguem trabalhar de maneira mais flexível, além de permitir que haja um auxílio ou consulta entre eles na realização de tarefas, o que pode render bons frutos – como a melhora na eficiência. E isso vale também para outros níveis da organização, lá no topo as relações pessoais podem ser consideradas mais importantes que as relações formais na tomada de decisões. Não se pode, porém, determinar se a informalidade beneficia ou atrapalha a eficiência dos indivíduos que fazem parte de uma organização. Outro estudo sobre a burocracia dialoga com as ideia de Weber e gera novas conclusões sobre o assunto em questão. O funcionalista Robert Merton, a partir do conceito de tipo ideal de Weber, detectou uma série de elementos da burocracia que poderiam prejudicar o bom funcionamento da mesma (1957). Ele nomeou esses elementos de “disfunções da burocracia”, que eram resultados do excesso de rigidez da burocracia – onde as regras são conservadas com um extremo rigor. Suas grandes preocupações eram: mesmo nos casos em que romper com as regras seria a melhor solução para a organização, seu cumprimento fosse exigido sob qualquer contestação; e que a adesão a essas regras pudessem ser priorizadas em detrimento das metas organizacionais. Merton previu que, em casos como esses, houvesse um conflito entre público e a burocracia. E concluiu que um dos pontos fracos da burocracia é justamente o fato de nem sempre se preocupar, de maneira adequada, com as necessidades de seu público, visto que existem muitos casos especiais em que a flexibilidade de certas regras seria a solução ideal. [SUA PARTE AQUI :D] 8 2. ESTRUTURAÇÃO E ANÁLISE DA COLETIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL: AÇÃO COLETIVA, REDES, GRUPOS E BUROCRACIAS. Entender as organizações sociais vai além da análise individualista, a coletividade dá margem e conforma nossas ações individuais em algumas estruturações: as redes, os grupos e as organizações burocráticas. Para iniciar sua descrição, temos que compreender o conceito de ação coletiva. Para a academia, a noção de ação coletiva é genérica e abrangente, referindo-se a diferentes níveis de atuação, dos mais localizados e restritos aos de um alcance mais universal na esfera pública. E, além do mais, tais açõesenvolvem uma estrutura articulada de relações sociais, circuitos de interação e influência, escolhas entre formas alternativas de comportamento. Redes sociais, no sentido amplo, referem-se a uma comunidade de sentido, na qual os atores ou agentes sociais são considerados como os nós da rede, ligados entre si pelos laços dela, que se referem a tipos de interação com certa continuidade ou estruturação, tais como relações ou laços que se estruturam em torno de afinidades/identificações entre os membros ou objetivos comuns em torno de uma causa. Exemplos desses agrupamentos ou comunidades são as redes de parentesco, redes de amizade, redes comunitárias variadas (religiosas, recreativas, associativismo civil, etc.), contendo ou não uma organização formal. São basicamente caracterizadas pelo processo de troca de recursos materiais ou emocionais entre os participantes, podendo ser uma rede formal (definida por escrito) ou informal (definida apenas pelas práticas). Considera-se que os grupos sociais existem quando em determinado conjunto de pessoas há relações estáveis, em razão de objetivos e interesses comuns, assim como sentimentos de identidade grupal desenvolvidos através do contato contínuo. Estabilidade nas relações interpessoais e sentimentos partilhados de pertença a uma mesma unidade social são as condições suficientes. O grupo independe da proximidade dos seus componentes para existir, ele existe e é alimentado pelo sentimento de pertencer. Os indivíduos tem consciência de que fazem parte do grupo, pensam sobre si mesmos como parte dele e identificam-se com seus valores coletivos. E são várias as tipologias de grupos nos estudos da sociologia. Podemos ter grupos sociais como os de participação e de não participação, isto é, aqueles que temos vínculo ou não. A pertença ou não a determinado grupo será fundamental para determinar nosso comportamento 9 em relação aos outros, embora saibamos que se por um lado temos o direito de nos identificar ou não com algum grupo, por outro devemos fugir do preconceito e discriminação dos que estão em outros grupos. Além desses, podemos ter outros grupos como os de referência (positiva ou negativa), normativos e comparativos, todos servindo de norte ou parâmetro para nossas relações sociais. Nossos grupos de referência positiva na maioria das vezes são os grupos dos quais participamos. No entanto, podemos ter indivíduos que buscam aceitação em grupos que não pertencem, como adolescentes que têm amizades com jovens de mais idade e passam a imitar o comportamento em um período de crise de identidade e questionamentos tão comuns à adolescência. No caso da referência negativa, o mesmo é válido. A família que deveria ser positiva se torna negativa para o adolescente que deseja transgredir um conjunto de valores defendidos por sua família. Ampliando essa classificação, podemos pensar tanto nos grupos informais como nos formais. Pode-se dizer que os grupos informais são aqueles do qual que fazemos parte sem uma regra ou norma, necessariamente, controlando o pertencimento. Somos pertencentes por vários fatores do ponto de vista subjetivo, por motivos outros que podem não ser racionais ou por uma escolha aleatória. Um bom exemplo são nossos grupos de amigos, como na escola, no trabalho, no clube, no bairro em que moramos. Os grupos informais também podem ser entendidos como grupos primários, isto é, são pequenos e dizem respeito a relações entre as pessoas dadas por semelhança e afinidade, sendo que o objetivo último da relação é ela em si, e não um meio para se alcançar algo. Em contrapartida, os grupos formais são pautados pela alta racionalidade, e o indivíduo que a ele pertence está pautado por leis, por regras, por uma burocracia racional-legal, quando as relações sociais são mediadas por dispositivos contratuais, como em uma empresa, por exemplo. Os grupos formais também podem ser tomados por grupos secundários, pois são grandes e dizem respeito a relações entre pessoas por interesses em comum, sendo o objetivo último da relação a interdependência. As relações não têm o mesmo grau de permanência que nos grupos informais, já que as relações são apenas um meio para atingir um objetivo em comum. De acordo com Weber, as burocracias são o tipo mais eficiente de grupo secundário no objetivo de garantir a harmonia necessária para alcançar objetivos compartilhados. Porém, se pararmos para analisar, nossa vida cotidiana nos mostra que nem sempre, para não dizer na maior parte das vezes, nos lembramos da burocracia como um grande conjunto de 10 memorandos e protocolos sem fim que demoram, no mínimo, uma grande quantidade de tempo para nos levar a algum lugar. Então, partindo dessa premissa, como agregar a realidade da ineficiência burocrática com a visão de Weber? É necessário reconhecermos que Weber pensava na burocracia apenas em casos ideais e que, quando escreveu sobre a eficiência burocrática, a comparava com antigas formas de organização baseadas em práticas tradicionais ou no carisma de seus líderes. Nesse caso, as burocracias são mais eficientes. Segundo Robert Michels (Michels, 1949 [1911]), a oligarquia burocrática, onde o poder se concentra na mão de poucos indivíduos, que estão no topo da pirâmide organizacional, é o que bloqueia a melhora na performance da burocracia. Outros obstáculos para o melhor andamento do papelório são a desumanização do cliente, onde o procurador e os funcionários do sistema são objetivados, e a inércia burocrática, que ocorre quando as burocracias se desconectam da realidade e continuam a seguir um constante programa de ação, mesmo quando há uma mudança nas necessidades do consumidor. Há também a presença de fatores, proporcionais aos citados, freando o movimento do sistema. O tamanho da organização, exemplificando que quanto maior a organização, mais problemas ela apresenta; e a estrutura social, ilustrando o fato da existência de mais níveis na estrutura burocrática ser prejudicial à comunicação entre eles. Tantos problemas e críticas nos levam a pensar numa forma de superar a ineficiência existente na burocracia. A resposta está no ato de “enxugá-las”. Porém, como em todo processo, há um ambiente mais propício para o acontecimento dessa descentralização de informações. O ambiente organizacional ideal é formado por um conjunto de fatores políticos, econômicos e culturais favoráveis onde, ao tornarmos as burocracias mais achatadas e descentralizadas, com múltiplas linhas de comunicação, evidencias comprovam, enfim, a evolução do sistema. 3. INTERAÇÃO SOCIAL O ser humano é por essência um ser social, ou seja, ele é o resultado das interações sociais que são as relações estabelecidas com outras pessoas face a face e guiada para o comportamento de outros homens, num determinado contexto social. Em outras palavras, para 11 que haja interação social é preciso que ocorra comunicação entre os indivíduos e uma mudança no comportamento da pessoa. É através dessa interação que as pessoas repartem suas experiências, atividades, costumes e até mesmo a própria cultura, passada através das gerações. Para que ocorra a interação social é necessário que ocorra o não isolamento dos indivíduos, ou seja, é preciso que exista o contato social, podendo ser de forma direta (pessoalmente com o outro ser) ou indireta (através das tecnologias recentes), para poder estabelecer a comunicação. Toda interação social depende do status da pessoa, dos seus papeis sociais e das normas. O status, de acordo com o conceito sociológico, faz referência às posições ocupadas pelos indivíduos nas interações, podendo assim uma pessoa assumir vários status, como mãe e aluna, e a junção de todos eles dá origem ao status geral. O status também pode ser classificado como adquirido, visto que depende das realizações do homem para possuí-lo, ou como atribuído, quandoindepende do esforço da pessoa. Já o papel social é uma conseqüência do status, pois à medida que as pessoas adquirem um status, elas vão desempenhando novos papeis sociais que representa uma ação, um comportamento, esperado daquele indivíduo. As normas regulamentam a interação social ao sugerir o que uma pessoa deve ou não fazer, sendo assim prescritiva ou proscritiva. São listadas três formas de interação social. A primeira é a interação como competição e como troca, e ela prega que uma interação para ter sucesso, requer que todas as partes envolvidas tenham suas necessidades de atenção satisfeitas. O revezamento da atenção é uma das normas básicas que regram uma conversa, mas, mesmo assim, uma competição sutil por atenção ainda faz parte de toda conversação. O professor de sociologia, Charles Derber, a partir de uma pesquisa utilizando conversas como objeto de estudo, concluiu que a conversação consiste em uma competição dissimulada por atenção, mas, se algum dos participantes não receber atenção, é bem provável que a interação cesse. A partir dessa forma de interação, surgiu uma teoria chamada teoria das trocas, nela, toda interação envolve troca de atenção e de outros recursos valorizados. A teoria das trocas acredita que durante as interações, ocorre troca de coisas que tem valores, sejam eles simbólicos, sociais ou materiais, e os interlocutores tentam se beneficiar com essas trocas. Pessoas que dão muito visam receber muito, e as pessoas que recebem muito, tendem a sentir-se pressionadas a dar muito numa interação, as coisas que são dadas podem representar um custo, e as que são recebidas podem ser vistas como uma recompensa. Quanto mais 12 recompensada for uma ação, mais tendência a ser repetida ela terá, e quanto mais repetida ela for, mais equilíbrio na troca ela tem a gerar, dando forma às estruturas sociais. Da teoria das trocas, obteve-se uma variante: a teoria da escolha racional, que tira um pouco o foco dos recursos que estão sendo trocados e coloca na maneira que as pessoas avaliam o custo e benefício de cada interação. Essa teoria é na verdade mais eficiente na explicação do que as pessoas devem fazer do que na explicação do que elas realmente fazem. Essas duas teorias são apropriadas para algumas situações, mas há muitos problemas com elas, pois nem todas as situações são generalizadas como elas pregam. Uma outra forma de interação é a simbólica. Nela, os indivíduos são ativos, criativos e auto-reflexivos, e criam significados e desejos no curso da interação social. Estão frequentemente engajados em uma representação de papel, tal como a do teatro, mas o palco são os espaços públicos, e a distinção entre o papel público e o selve “verdadeiro” do indivíduo é perceptível. Pode haver um distanciamento do papel em uma interação simbólica. Isso ocorre quando um papel é praticado contra a vontade do praticante, só por conveniência ou obrigação. Nesse caso, o ator social “finge” representar um papel, mas não se sente compromissado com ele. A comunicação não verbal também faz parte da interação simbólica. As expressões faciais, gestos, linguagem corporal e os sinais de status – indicadores visuais da posição social de outros indivíduos – adquirem significados a partir de contextos sociais e culturais e cumprem com o seu papel interacional. A interação e o poder estão diretamente relacionados. Essa relação consiste na terceira e ultima forma de interação social. Quando a interação acontece, os status das pessoas envolvidas estão divididos hierarquicamente, e o grau de desigualdade entre suas posições afeta o caráter da interação, esse pensamento faz parte da teoria da interação social do conflito. O poder em uma interação pode se apresentar como dominação, onde todo o poder de uma interação se concentra nas mãos daquele de maior status, deixando o outro, ou os outros sem quase nenhum poder, pode se apresentar como cooperação, onde o poder da interação é quase igualmente distribuído entre pessoas de diferentes status, e pode se apresentar como competição, onde o poder é desigualmente distribuído, mas em grau menor do que na dominação. 13 5. OS GÊNEROS DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES A teoria da burocracia formalizada por Max Weber procurou fazer um mapeamento de como se estabelece o poder nas organizações. Ele construiu um modelo ideal, no qual as entidades são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordens hierárquicas com linhas de autoridades e responsabilidades bem delimitadas. Entretanto, atrelou-se esse tipo de forma organizacional ao gerenciamento masculino. Apenas há algumas décadas atrás, os sociólogos consagraram os estudos a respeito da burocracia e com o aumento da cultura feminista desenvolveram estudos sobre as relações de gênero nas instituições da sociedade. Os sociólogos se basearam na desigualdade dos gêneros dentro das organizações e na maneira como estas assim se formaram. Segundo eles, o crescimento do número de mulheres no mercado forçou o gênero feminino a realização de tarefas com baixa remuneração e atividades de rotina. No trabalho, elas ocupavam-se com cargos que permitiam apenas aos homens progredir em suas carreiras. Assim, cabia ao sexo feminino à realização de tarefas exaustivas e não valorizadas. Por conseguinte, as organizações modernas criaram campos dominados por homens e propícios a subordinação feminina. Os dois principais enfoques sobre as mulheres e as organizações exemplificaram as perspectivas feministas liberais e radicais. Rosabeth Kanter analisou o posicionamento das mulheres nas corporações e concluiu que a exclusão é baseada na “homossociabilidade masculina” (a maneira como os homens se mantêm no poder excluindo as mulheres e as minorias étnicas das relações pessoais cruciais para as promoções). Sua visão, porém, não era pessimista. De acordo com a postura liberal de Kanter, aumentando-se o numero de mulheres a assumirem papéis influentes, os desequilíbrios seriam eliminados. Já a abordagem feminista radical de Kathy Ferguson apontava que as organizações modernas estavam contaminadas com padrões e valores de dominação masculinos. Para ela, a única solução eficaz ao sexo feminino seria o desenvolvimento de organizações feministas, baseadas em princípios diferentes dos masculinos. Atualmente, todos os tipos de organizações demandam formas mais flexíveis, eficientes e competitivas de gestão. Qualidades como liderança, espírito de equipe, preparo e entusiasmo são cada vez mais valorizadas quando se deseja alcançar modelos hierárquicos suaves de gerencia. Acontece que, normalmente, tais características são atribuídas a 14 coordenação feminina, logo se torna cada vez mais perceptível o sucesso das mulheres na liderança das organizações como um todo. Existem, porém, abordagens que discordam esse ponto de vista como, por exemplo, a da socióloga Judy Wajcman. Ela afirma, em primeiro lugar, que a quantidade de mulheres no topo do poder é muito reduzida e que a grande maioria está concentrada no setor intermediário da gerência. Ainda assim, segundo ela, quando as mulheres conseguem alcançar os altos postos da gerenciais, adotam posturas administrativas masculinas e com o intuito de sustentar sua influência terminam enfatizando uma liderança agressiva e tomadas hierárquicas de decisões. Wajcman alega que as organizações são inteiramente marcadas pelo gênero. A cultura cotidiana das entidades ainda mantém as redes sociais e os laços informais de interação – cruciais para o progresso profissional ou para promoções- distantes das mulheres. De acordo com Judy Wajcman, as formas tradicionais de gerenciamento autoritário ainda estão muito presentes na sociedade. Apenas algumas características aparentes se flexibilizaram, entretanto o poder do sexo masculino sobre as organizações ainda continua muito presente. O modelo de burocraciade Weber perdurou durante muito nos mais diversos âmbitos das sociedades ocidentais. Mas a ideia weberiana de hierarquização extremamente rígida da autoridade e do poder, parece cair em desuso. Suas disfunções fizeram com que o rendimento das empresas fortemente hierarquizadas decaísse e as diferenças entre as empresas mais inovadas burocraticamente, tas quais as japonesas, ficassem explícitas. Ficou provado que a burocracia de Weber não era tão eficaz na prática quanto no papel, e que as organizações demasiadamente burocratizadas iam de encontro a fracassos internos. As empresas japonesas há décadas, já diferem do modelo tradicional weberiano e, hoje em dia, inspiram empresas ao redor do mundo. Essas diferenças presentes no modelo japonês dizem respeito, principalmente, a questões de gerenciamento. São alguns dos aspectos divergentes dos de Weber: tomada de decisões de baixo para cima, sem formar a pirâmide de autoridade de weber; menor busca por especializações; segurança no emprego, havendo emprego vitalício; produções voltadas para o grupo, e não para indivíduos; fusão da vida profissional e privada, disponibilizando, além de salários, benefícios materiais. Inspiradas no sucesso oriental, nos anos 80 surgiram novas técnicas de gerenciamento no ocidente. A primeira corrente de gerenciamento é o GRH, gerenciamento de recursos humanos, a qual considera que a dedicação total dos funcionários de uma empresa é um fator determinante, estritamente ligado ao sucesso dela. Assim, toda a cultura organizacional da empresa deve ser 15 moldada de forma que seus funcionários se sintam bem, estimulados a trabalhar e gerar resultados positivos. A segunda corrente, a cultura corporativa distinta, está ligada ao gerenciamento de recursos humanos. Para que seja criado um vínculo duradouro e verdadeiro entre o funcionário e a empresa e os funcionários entre si, constroe-se uma cultura organizacional extremamente particular. Cada empresa, assim, terá tradições e eventos com características próprias e peculiares. Outras mudanças no âmbito das organizações, principalmente nas corporações empresarias, vêm acontecendo devido ao advento da tecnologia, a qual é fundamental e decisiva para o sucesso de uma empresa. A tecnologia da informação e a comunicação eletrônica permite que as organizações modernas se reorganizem em espaço e tempo. Ou seja, os locais e bens materiais não precisam ocupar o mesmo espaço físico, desde que seus dados estejam armazenados no mesmo local eletrônico. A partir de então, as empresas não se delimitam em estar em apenas um lugar, elas podem estar em qualquer parte do mundo, e podem ser acessadas por qualquer pessoa que tenha conexão a Internet. A mudança que a Internet trouxe ao mundo corporativo foi rápida e intensa. Além do surgimento das empresas virtuais, a rede agilizou o relacionamento entre fornecedores, distribuidores, produtores e todos os integrantes da cadeia produtiva. A Ford é um exemplo de empresa que aderiu às novas tecnologias em busca de obter melhores resultados. Em 1996, aderiu a "intranet", e uniu os centros de pesquisa e desenvolvimento de novos modelos, num total de cinco unidades espalhadas em diferentes continentes. Assim, modificando seu espaço, reduziu o tempo que um projeto leva entre a idealização e a venda dos primeiros modelos. Obteve-se uma economia de US$ 2 bilhões no lançamento de um novo carro, o Mondeo. Além disso, com a implantação de uma Intranet, o custo no consumo de material de comunicação desapareceu, reduzindo em US$15 milhões o custo operacional. A capacidade das novas tecnologias de transcenderem o espaço e tempo possibilitou a formação de organizações em rede. Muitas organizações deixaram de funcionar como unidades independentes, pois percebem melhores resultados ao trabalhar ligadas a uma rede de relações com outras organizações e empresas. São cada vez mais raras as organizações que conseguem sobreviver isoladas, sem fazer parte de uma rede, pois a partilha de informação, competências e conhecimento são essenciais. Devido às tecnologias, e a desimportância do 16 fator territorial, como já foi dito anteriormente, as organizações parcerias podem ser de qualquer canto do mundo. O fornecedor, a matriz, e as filiais de uma empresa, por exemplo, podem estar a qualquer distância. Vale destacar que, as franquias de uma dada empresa, são dirigidas por pessoas as quais não são diretamente empregadas pela matriz. 17 6. CONCLUSÃO Faz-se importante assim, notar o contexto envolvido na trama das relações sociais dos indivíduos numa sociedade, a interdependência que faz os nós e os ligam. Papéis sociais diferenciam as funções de cada um na sociedade, as ações sociais são desempenhadas e as inter-relações são produzidas a partir dessa troca constante de materiais e sentimentos para saciar e completar os objetivos e anseios que nascem individual e coletivamente. Evidencia-se fortemente a presença do sentimento do pertencer, que dá sentido à existência em sociedade, e assim caracteriza os grupos sociais. O coletivo ganha importância e sobrepõe-se nas vontades e atitudes tomadas individualmente, ele margeia e pontua as condutas de ações, dita as leis e as estruturas que serão formadas, que, por conseguinte irão dar margem e sustentamento para a formação, e o mais importante que isso, o reconhecimento das instituições sociais e as várias e várias redes de relacionamento que existem e fazem a articulação acontecer. As formas de organização da sociedade foram e são objetos de estudos da sociologia, para atingir um objetivo coletivo a burocracia seria o agrupamento ideal de posturas a serem tomadas, a partir do modelo de tipo ideal postulado por Weber – onde na sociedade era funcional a vida planejada: ordens hierárquicas, cargos e papéis sociais são bem definidos e delimitados. Mas, confrontado com a faceta da burocracia como um conjunto memorandos e condutas rígidas e nem sempre seguidas e, muito menos realizadas, vemos uma brecha – ou uma falha – nesse protocolo e uma quebra desse modelo perfeito de sociedade. Ora, são vários os momentos e contextos que envolvem as interações sociais, que são a base fundamental para o desencadeamento da vida em sociedade, através da interação dos membros que nasce a expressão dos desejos e as viabilizações para suas realizações. A individualidade de certa forma é controlada e controla a coletividade através do poder de influência. 18 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SCHERER-WARREN, Ilse. Cidadania sem fronteiras: ações coletivas na era da globalização. São Paulo: Hucitec,1999 MELUCCI, Alberto. Challenging codes: collective action in the information age. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. SCHERER-WARREN, Ilse. Redes sociais: trajetórias e fronteiras. In: DIAS, Leila Christina & Silveira, Rogério L.L. da (orgs.). Redes, Sociedade e Território. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005. STACHESKI, Denise. Mudanças na Comunicação Empresarial através da Internet e Intranet. Disponível em: < http://www.utp.br/agrp/agrp015.htm.> 07/agosto/2013> SILVA, Bruno. Organizações em Rede. Disponível em: <http://inovacaomarketing.com/2006/10/31/organizacoes-em-rede/> 07/agosto/2013> GIDDENS, Anthony. Organizações Modernas. In: Sociologia. Tradução: Sandra Regina Netz. 4ª edição. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2005.
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