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Apostila Damasio - inadimplemento das obrigaçoes

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL 
 
MÓDULO INADIMPLEMENTO 
 
Professor: Christiano Cassettari 
 
1. Material pré-aula 
 
a. Tema 
 
 O Inadimplemento das Obrigações 
 
b. Noções Gerais 
 
De acordo com o ensinamento de Caio Mário da Silva Pereira (2003), 
via de regra a obrigação nasce para ser cumprida pelo pagamento. 
Entretanto, há possibilidade de o cumprimento da obrigação, pelo 
pagamento ou adimplemento, não ocorrer, verificando-se o 
inadimplemento da obrigação, ou seja, a obrigação assumida 
voluntaria ou involuntariamente, por quem se comprometeu a dar, 
fazer ou deixar de fazer algo, não é honrada. 
 
Para Maria Helena Diniz (2011, p. 147): ”Ter-se-á o inadimplemento 
da obrigação quando faltar a prestação devida, isto é, quando o 
devedor não a cumprir, voluntária ou involuntariamente”. 
 
Ensinam os professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 573) que o inadimplemento poderá ocorrer de forma 
absoluta (quando há impossibilidade definitivo do cumprimento da 
obrigação) e a mora (espécie na qual a obrigação ainda poderá ser 
cumprida, mesmo que de forma extemporânea). 
 
Nessa hipótese o credor poderá obter o adimplemento, havendo 
exeqüibilidade da prestação, mediante execução coativa intermediada 
por medidas aplicadas pelo Estado no exercício de sua atividade 
jurisdicional (DINIZ, 2006, p. 249-258). 
 
 
 
 
Assim, coativamente, o crédito poderá ser exigido através de 
Execução Específica (onde o credor pretenderá obter a exata 
prestação devida) ou Execução Genérica (caso em que a obrigação 
sendo física ou juridicamente impossível, o credor executará bens do 
devedor para obter o valor devido pela prestação inadimplida). 
(DINIZ, 2011, p. 146). 
 
O inadimplemento da obrigação poderá ocorrer de forma voluntária 
ou involuntária (quando verificar-se que a obrigação não pode ser 
cumprida sem culpa do devedor, por caso fortuito ou de força maior, 
havendo obrigação do devedor em indenizar o credor caso decorra de 
declaração bilateral das partes ou por intervenção legal). 
 
Quanto ao inadimplemento ou inexecução voluntária, tem-se que 
estará configura no caso de descumprimento da obrigação por fato 
imputável ao devedor, sem a dirimente do caso fortuito ou força 
maior (DINIZ, 2011, p. 147). 
 
A obrigação não cumprida e que não puder sê-lo, por culpa do 
devedor, acarretando, por exemplo, no perecimento, perda ou 
destruição do objeto, será tida como inadimplemento voluntário 
absoluto, e será total se a obrigação não foi cumprida em sua 
integralidade e parcial se a obrigação compreender diversos objetos, 
mas que não foram todos entregues por culpa do devedor. 
 
O inadimplemento será relativo quando a obrigação não for cumprida 
no tempo, lugar e forma que deveriam ter sido adimplidas, mas 
poderá ser cumprido com proveito para o credor, caso em que 
incidente a mora (DINIZ, 2011, p. 147/148). 
 
Nas obrigações de dar o inadimplemento ocorrerá quando o devedor 
deixar ou recusar-se a entregar, devolver ou restituir a coisa. 
 
O inadimplemento nas obrigações de fazer verifica-se quando o 
devedor não executar ou cumprir a atividade a que se obrigou. 
 
 
 
 
Nas obrigações negativas (de não fazer), o devedor será inadimplente 
a partir do momento em que executar ou cumprir determinado ato na 
qual obrigou-se a se abster. 
 
Do inadimplemento das obrigações decorrem efeitos como a mora, 
perdas e danos e até mesmo incidência de cláusula penal. 
 
O inadimplemento absoluto, como uma das espécies de 
inadimplemento se traduz no fato de descumprimento da obrigação 
principal, seja ela de dar, fazer ou não fazer (ROSENVALD e FARIAS, 
2013, p. 579), resultando da impossibilidade completa de satisfazer 
tal obrigação 
 
Existem determinadas causas geradoras do inadimplemento absoluto 
(ROSENVALD e FARIAS, 2013, p. 581/590): 
 
 - Inadimplemento por fato relativo ao objeto da prestação: 
podendo ser parcial ou total, conforme ocorra perecimento ou 
deterioração da coisa. Havendo a impossibilidade total, o devedor 
deverá suportar perdas e danos em favor do credor, relativamente 
ao valor do objeto da prestação. Se houver deterioração da coisa o 
credor poderá pleitear indenização do devedor, vez que não é 
obrigado a receber coisa diversa da que lhe é devida, ou, ainda, 
poderá deliberar por receber a coisa avariada. Cogita-se o 
inadimplemento quando o fato culposo for superveniente à 
constituição da relação obrigacional. 
 
 Inadimplemento por fato relativo ao interesse do credor: a 
prestação se torna inviável ao credor, vez que o atraso do no 
cumprimento da prestação propicia apenas uma situação de mora, 
passível de purgação. Entretanto, ao credor pode não mais 
interessar o recebimento da prestação tardia, pois ela não extrairá 
efeitos relevantes. É fundamental a completa perda da necessidade 
e utilidade da coisa em face do descumprimento. Via de regra não 
se fala nesta espécie de inadimplemento nas obrigações 
pecuniárias, visto que não há perecimento ou perda da obrigação. 
 
 
 
Todavia, é possível se cogitar desta espécie nas obrigações 
pecuniárias se o seu descumprimento envolver a entrega ou 
devolução de bens específicos que se encontrem na posse ou 
propriedade do devedor. 
 
 - Caso Fortuito ou Força Maior: Havendo a inexecução da 
prestação obrigacional involuntária, por força do acaso, caracteriza-
se a impossibilidade da prestação, sem que se fale em 
inadimplemento, resolvendo-se a obrigação sem cogitar-se em 
perdas e danos. Há exceção nesta ausência de dever de indenizar 
se: (i)houver convenção entre as partes acerca de manutenção da 
responsabilidade mesmo diante de caso fortuito, (ii) ocorrência de 
fortuito enquanto o devedor estiver em mora e (iii) em sede de 
responsabilidade civil decorrente dos riscos da atividade profissional 
exercitada pelo causador do dano. 
 
 - A resolução da obrigação pelo inadimplemento: faculta ao 
credor o direito potestativo de resolver judicialmente o negócio 
jurídico ante ao inadimplemento do devedor. O credor poderá exigir 
o cumprimento da obrigação ou promover requerimento de tutela 
específica com subsidiariedade da resolução, no caso de 
impossibilidade material ou jurídica do pedido principal. 
 
 - Inadimplemento mínimo: é forma de controlar a boa-fé sobre 
a atuação de direitos subjetivos. 
 
A mora, outra espécie de inadimplemento, consistente em uma 
sanção pelo descumprimento da obrigação, verifica-se ocorrente nas 
situações em que a obrigação ainda é possível, vez que apesar de 
não realizada, há viabilidade de adimplemento posterior. 
 
De acordo com o art. 394 do Código Civil (CC), tanto devedor quanto 
credor poderão constituir-se em mora, sendo o devedor considerado 
em mora quando não efetuar o pagamento e o credor quando não 
quiser receber o adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma 
que a lei ou convenção houver estabelecido, sendo que dessa mora, 
incidirão juros compensatórios ou moratórios. 
 
 
 
 
A mora do devedor se manifesta sob o aspecto mora ex re (quando 
decorrer de lei e resultar do próprio fato do descumprimento da 
obrigação, independente de provocação do credor) e sob o aspecto 
mora ex persona (quando não houver estipulação de termo certo 
para execução da relação obrigacional, caso em que o credor deverá 
adotar providências necessárias para constituir o devedor em mora, 
cientificando-o, formalmente, de sua inadimplência). 
 
A mora do devedor pressupõe a existência de requisitos como a 
exigibilidade imediata da obrigação, a inexecução total ou parcial daobrigação por culpa do devedor e interpelação judicial ou extrajudicial 
do devedor. 
 
Ainda, os professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias (2013, 
p. 594 e 595) apontam que a mora do devedor ocorrerá na 
imperfeição do cumprimento da obrigação e por sua própria culpa. 
 
Por sua vez, a mora do credor carece de pressupostos de existência 
de dívida positiva, líquida e vencida; estado de solvência do devedor; 
oferta real e regular da prestação devida; recusa injustificada e 
constituição do credor em mora (DINIZ, 2011, p. 148/150) 
 
Para Washington de Barros Monteiro, (2013, p. 265), se tanto o 
devedor quanto o credor se constituírem em mora simultaneamente, 
haverá compensação, encerrando-se ambas as moras, liberando-se, 
consequentemente, a pena pecuniária eventualmente convencionada. 
 
Purga-se a mora, conforme os ensinamentos da doutrinadora Maria 
Helena Diniz (2011, p. 151), mediante ato espontâneo do contratante 
moroso que visa a remediar a situação que deu causa, evitando os 
efeitos decorrentes do inadimplemento. 
 
Consoante entendimento de Neslon Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 609), a mora poderá ser purgada, não apenas até o 
ajuizamento da demanda pelo credor, mas também no curso do 
 
 
 
processo, desde que o juiz observe a permanência da utilidade da 
prestação primária em proveito do credor. 
 
Acerca das conseqüências pelo inadimplemento das obrigações Maria 
Helena Diniz (2011, p. 151) ensina, baseada nos ensinamentos do 
professor Yussef Said Cahali, que sobre o devedor inadimplente e 
moroso, recaem as perdas e danos suportados pelo credor, ou seja, o 
devedor será responsabilizado pelo equivalente do prejuízo ou do 
dano suportado pelo credor, em virtude do inadimplemento, e que se 
expressa pecuniariamente. 
 
Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias (2013, p. 621) acerca das 
perdas e danos assim discorrem: 
 
[...] quando a conduta praticada for contrária a uma relação 
obrigacional particularizada e preexistente, ofendendo-se um dever 
positivo de dar, fazer ou não fazer, ingressamos na seara da 
responsabilidade negocial, que será imputada àquele que gerou 
danos à parte de relação jurídica. A obrigação de ressarcir decorre 
tanto da inexecução total do vínculo obrigacional – inadimplemento 
absoluto – como parcial – mora. 
 
Complementam o raciocino afirmando que a expressão perdas e 
danos compreende apenas danos emergentes (p. 623). 
 
Maria Helena Diniz, divide o dano como positivo ou emergente (art. 
404, CC), negativo ou lucro cessante (art. 402, CC) e, também, 
aponta que a incidência das perdas e danos depende da existência do 
nexo causal entre o prejuízo sofrido pelo devedor e a inexecução 
culposa ou dolosa da obrigação pelo devedor (art. 403, CC). (2011, 
p. 152/153). 
 
No tocante à Cláusula Penal, tem-se que vem a ser um pacto 
acessório, na qual credor e devedor estipulam uma pecuniária que 
incidirá no caso de inadimplemento, e pode, como reforço do vínculo 
obrigacional, punir a parte inadimplente e já proceder a liquidação 
 
 
 
antecipada de perdas e danos, o que lhe atribui uma “função 
ambivalente” (DINIZ, 2011, p.153). 
 
A jurista também indica que a Cláusula Penal possui características 
específicas como a Acessoriedade, Condicionalidade, 
Compulsoriedade, Subsidiariedade, Ressarcibilidade, por constituir 
prévia liquidação das perdas e danos e Imutabilidade relativa; e 
manifesta-se sobre duas modalidades: Compensatória e Moratória. 
 
Por fim, indica que para a sua plena exigibilidade, imprescindíveis são 
tais requisitos: Existência de uma obrigação principal, inexecução 
total da obrigação, constituição em mora e imputabilidade de culpa 
ao inadimplente. (2011, 154/155). 
 
Nos casos em que ocorrido o inadimplemento e o cumprimento da 
obrigação depender de intervenção jurisdicional do Estado, por 
intermédio do Poder Judiciário, existe a possibilidade de concessão de 
liminar ou de antecipação de tutela para aplicação de multa diária ao 
devedor, como tentativa de coibir a inadimplência, conforme dispõem 
os arts. 287 e 461, do Código de Processo Civil. 
 
c. Legislação 
 
O Código Civil, dentro do Livro I da parte especial, dispõe de um 
título acerca do inadimplemento das obrigações, dispostos pelos 
artigos 389 à 420, com disposições gerais (art. 389 à 393) 
disposições sobre a mora (art. 394 à 401), sobre perdas e danos (art. 
402 à 405), sobre os juros art. 406 e 407), sobre a cláusula penal 
(art. 408 à 416) e sobre arras ou sinal (art. 417 à 420). 
 
Por sua vez, em se tratando da parte processual dos direitos das 
obrigações, tem-se que os artigos 287, 461 e 461-A do CPC, 
conduzem à idéia de cominação de multa diária ao inadimplente, 
como forma de inibir a prática inadimplente. 
 
Certo é que os efeitos do inadimplemento das obrigações, bem como 
a possibilidade de aplicação de multa diária ao inadimplente até a 
satisfação da obrigação, embora previstos pelo Código Civil, também 
 
 
 
se aplicam a outras áreas d Direito, como o Direito Empresarial, por 
exemplo na aplicação da Lei 9.276/96 (Lei de Propriedade Industrial). 
 
d. Julgados/Informativos 
 
A aplicação de multa diária em face do inadimplemento de 
determinada obrigação pode recair sobre qualquer pessoa, inclusive 
sobre o ente público. 
 
Como exemplo da afirmação, tem-se que a Sexta Turma do Tribunal 
Regional Federal da 1ª Região, através do julgamento do Recurso de 
Apelação nº 0010323-61.2003.4.01.3600, tacitamente reconheceu a 
possibilidade de aplicação de multa diária ao ente público, até que 
satisfaça a obrigação, desde que a inadimplência tenha ocorrido 
voluntária e injustificadamente, e não por entraves burocráticos que 
fogem à sua alçada: 
 
PROCESSUAL CIVIL. ASTREINT. CUMPRIMENTO DA 
SENTENÇA. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE 
PROVA DE RESISTÊNCIA INJUSTIFICADA. MULTA DIÁRIA 
INDEVIDA. 
1. Somente se legitima a cominação de multa diária, como 
mecanismo indireto de forçar à pessoa jurídica executada ao 
adimplemento, se houver indícios de resistência injustificada, 
hipótese inocorrente no caso em exame, na qual os óbices 
para o cumprimento da sentença foram provocados pela 
burocracia cartorária extrajudicial e pela falta de 
apresentação de documentos por parte da própria autora. 
2. Apelação a que se nega provimento. 
(Relator: Desembargador Carlos Moreira Alves, publicado no 
e-DJF em 4.6.12). 
 
No tocante aos efeitos da inadimplência da obrigação, o STJ, 
atualmente, tem adotado o entendimento de que a cláusula penal 
prevista no contrato que prevê determinada obrigação, é aplicável a 
ambas as partes, justamente pelo caráter bilateral da contratação. 
 
Mais especificamente, o STJ, exarou este entendimento, quando 
analisou matéria acerca da obrigação das construtoras em cumprir o 
prazo estabelecido para entrega dos imóveis, conforme ementas 
abaixo: 
 
 
 
 
RECURSO ESPECIAL - CONTRATO BILATERAL, ONEROSO E 
COMUTATIVO - CLÁUSULA PENAL - EFEITOS PERANTE 
TODOS OS CONTRATANTES - REDIMENSIONAMENTO DO 
QUANTUM DEBEATOR -NECESSIDADE – RECURSO PROVIDO. 
1. A cláusula penal inserta em contratos bilaterais, onerosos 
e comutativos deve voltar-se aos contratantes 
indistintamente, ainda que redigida apenas em favor de uma 
das partes. 
2. A cláusula penal não pode ultrapassar o conteúdo 
econômico da obrigação principal, cabendo ao magistrado, 
quando ela se tornar exorbitante, adequar o quantum 
debeatur. 
3. Recurso provido. 
(REsp 1119740/RJ. Relator Ministro Massami Uyeda. Terceira 
Turma. Publicado no D.J.E em 13.10.2011). 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO 
ESPECIAL. CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA 
DE IMÓVEL.RESCISÃO POR CULPA DA CONSTRUTORA 
(VENDEDOR). DEFEITOS DE CONSTRUÇÃO. ARBITRAMENTO 
DE ALUGUÉIS EM RAZÃO DO USO DO IMÓVEL. 
POSSIBILIDADE. PAGAMENTO, A TÍTULO DE SUCUMBÊNCIA, 
DE LAUDO CONFECCIONADO EXTRAJUDICIALMENTE PELA 
PARTE VENCEDORA. DESCABIMENTO. EXEGESE DOS ARTS. 
19 E 20 DO CPC. INVERSÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL 
QUE PREVIA MULTA EXCLUSIVAMENTE EM BENEFÍCIO DO 
FORNECEDOR, PARA A HIPÓTESE DE MORA OU 
INADIMPLEMENTO DO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE. 
1. Apesar de a rescisão contratual ter ocorrido por culpa da 
construtora (fornecedor), é devido o pagamento de aluguéis, 
pelo adquirente (consumidor), em razão do tempo em que 
este ocupou o imóvel. O pagamento da verba consubstancia 
simples retribuição pelo usufruto do imóvel durante 
determinado interregno temporal, rubrica que não se 
relaciona diretamente com danos decorrentes do rompimento 
da avença, mas com a utilização de bem alheio. Daí por que 
se mostra desimportante indagar quem deu causa à rescisão 
do contrato, se o suporte jurídico da condenação é a vedação 
do enriquecimento sem causa. Precedentes. 
2. Seja por princípios gerais do direito, seja pela 
principiologia adotada no Código de Defesa do Consumidor, 
seja, ainda, por comezinho imperativo de equidade, mostra-
 
 
 
se abusiva a prática de se estipular penalidade 
exclusivamente ao consumidor, para a hipótese de mora ou 
inadimplemento contratual, ficando isento de tal reprimenda 
o fornecedor - em situações de análogo descumprimento da 
avença. Assim, prevendo o contrato a incidência de multa 
moratória para o caso de descumprimento contratual por 
parte do consumidor, a mesma multa deverá incidir, em 
reprimenda do fornecedor, caso seja deste a mora ou o 
inadimplemento. Assim, mantém-se a condenação do 
fornecedor - construtor de imóveis - em restituir 
integralmente as parcelas pagas pelo consumidor, acrescidas 
de multa de 2% (art. 52, § 1º, CDC), abatidos os aluguéis 
devidos, em vista de ter sido aquele, o fornecedor, quem deu 
causa à rescisão do contrato de compra e venda de imóvel. 
3. Descabe, porém, estender em benefício do consumidor a 
cláusula que previa, em prol do fornecedor, a retenção de 
valores a título de comissão de corretagem e taxa de serviço, 
uma vez que os mencionados valores não possuem natureza 
de cláusula penal moratória, mas indenizatória. 
4. O art. 20, caput e § 2º, do Código de Processo Civil 
enumera apenas as consequências da sucumbência, devendo 
o vencido pagar ao vencedor as "despesas" que este 
antecipou, não alcançando indistintamente todos os gastos 
realizados pelo vencedor, mas somente aqueles 
"endoprocessuais" ou em razão do processo, quais sejam, 
"custas dos atos do processo", "a indenização de viagem, 
diária de testemunha e remuneração do assistente técnico". 
Assim, descabe o ressarcimento, a título de sucumbência, de 
valores despendidos pelo vencedor com a confecção de laudo 
extrajudicial, mediante a contratação de perito de sua 
confiança. Precedentes. 
5. Recurso especial parcialmente provido. 
(REsp 955134/SC. Relator Ministro Luis Felipe Salomão. 
Quarta Turma. Publicado no D.J.E em 29.8.2012). 
 
Dispõe determinado enunciado da V Jornada de Direito Civil, do 
Conselho da Justiça Federal: “O caso fortuito e a força maior somente 
serão considerados como excludentes da responsabilidade civil 
quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade 
desenvolvida” 
 
 
 
 
O Enunciado 361 do Conselho da Justiça Federal aduz que: “O 
adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, 
de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio 
da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.” 
 
Por sua vez, o Enunciado 371 do CJF aponta sobre a mora do 
segurado e a impossibilidade de resolução do contrato, ante à boa fé 
objetiva: “A mora do segurado, sendo de escassa importância, não 
autoriza a resolução do contrato, por atentar ao princípio da boa-fé 
objetiva.” 
 
Dispõem as Súmulas 54 e 369 do Superior Tribunal de Justiça: 
 
Súmula 54. “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, 
em caso de responsabilidade extracontratual” 
 
Súmula 369. “O contrato de arrendamento mercantil, ainda que haja 
cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do 
arrendatário”. 
 
f. Leitura sugerida 
 
- CASSETTARI, Christiano. Elementos de Direito Civil. São Paulo, 
Saraiva, 2013; 
 
- COSTA, Judith Martins. Adimplemento e Inadimplemento. (Artigo 
disponível em: 
http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/54347/adimplem
ento_inadimplemento_costa.pdf?sequence=1); 
 
- DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 
2011 (Capítulo VII – Efeitos das Obrigações); 
 
- MONTEIRO, Washigton de Barros. Curso de Direito Civil. V. 4. 43ª 
ed. São Paulo: Saraiva: 2013 (Quarta Parte – Do Inadimplemento 
das Obrigações); 
 
- ROSENVALD, Nelson; CHAVES, Cristiano. Curso de Direito Civil – 2º 
Vol – Obrigações. 7ª ed. rev., ampl. e atual., Salvador/BA: 
JusPODIVM, 2013 (Capítulo VIII – Inadimplemento das Obrigações I. 
Capítulo IX – Inadimplemento das Obrigações II – Consequências do 
Inadimplemento das Obrigações). 
 
 
 
g. Leitura complementar 
 
- Construtora que atrasa na entrega do imóvel deve arcar com a 
mesma cláusula penal que o consumidor pagaria se ele estivesse 
inadimplente. Artigo Disponível em 
<http://www.dizerodireito.com.br/2012/09/construtora-que-atrasa-
na-entrega-do.html>; 
 
- DINIZ, Maria Helena. Tratado Teórico e Prático dos Contratos. V. 1. 
São Paulo: Saraiva, 2006; 
 
- GOMES, Orlando. Obrigações. 17ª ed. 3ª tiragem. São Paulo, 
Forense, 2009; 
 
- MARTINS-COSTA, Judith. “O Adimplemento e o inadimplemento das 
obrigações no novo CC e o seu sentido solidarista”, em O Novo 
Código Civil, Estudos em Homenagem ao Professor Miguel Reale, Ltr.; 
 
- NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual 
Civil. 4ª Ed. São Paulo: Método, 2012; 
 
- PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, v. II. 20. 
ed., Rio de Janeiro, Forense, 2004; 
 
- RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. v. II. São Paulo, Saraiva, 2002;

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