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Apostila Damasio - adimplemento indireto

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL 
 
MÓDULO INADIMPLEMENTO 
 
Professora: Mônica Queiroz 
 
1. Material pré-aula 
 
a. Tema 
 
 O Adimplemento Indireto 
 
b. Noções Gerais 
 
De acordo com o ensinamento de Caio Mário da Silva Pereira (2003, 
p. 168), “o pagamento é o fim normal da obrigação”, mas não o 
único, já que ela também pode se extinguir de outras maneiras: 
 
“a) pela execução forçada, seja em forma específica, seja pela 
conversão da coisa devida no seu equivalente; b) pela satisfação 
direta ou indireta do credor, por exemplo, na compensação; c) pela 
extinção sem caráter satisfatório, como na impossibilidade da 
prestação sem culpa do devedor, ou na remissão da dívida” 
 
Ao ser constituída a obrigação, o credor pode exigir o cumprimento 
da prestação e o devedor fica obrigado a cumpri-la no tempo e do 
modo devidos. O Capítulo III do Livro das Obrigações do atual CC 
cuida do adimplemento e da extinção das obrigações. Disciplina, 
portanto, os meios necessários e aptos a extinguir a obrigação. O 
CC/1916 denominava como dos efeitos das obrigações o capítulo que 
tratava das hipóteses de adimplemento. 
 
Normalmente, a obrigação nascida de qualquer de suas fontes 
extingue-se pelo pagamento, ou seja, pelo cumprimento da prestação 
devida ao credor, no prazo e do modo estabelecidos. Pagamento, 
portanto, representa o cumprimento da prestação devida em 
qualquer de suas modalidades – fazer, não fazer ou dar –, e não 
apenas a correspondente à entrega de dinheiro. Na definição de 
 
 
 
Clóvis, “pagamento é execução voluntária da obrigação” (LOTUFO, 
2003, p. 185). Renan. Código Civil comentado. São Paulo, Saraiva, 
2003, v. II, p. 185) 
 
Caio Mário da Silva Pereira registra que o pagamento deve coincidir 
com a coisa devida e tem como efeito essencial a extinção da 
obrigação (op. cit., p. 183). 
 
O adimplemento pode ser direto, indireto ou anormal. No primeiro 
caso, corresponde à própria prestação originalmente prevista 
(pagamento, portanto); no segundo, resulta de outro fenômeno 
(consignação, novação, compensação etc); no terceiro, ocorre 
quando a obrigação extingue-se sem cumprimento, como nos casos 
de perecimento do bem sem culpa do devedor, prescrição, invalidade 
etc. O pagamento será voluntário quando efetuado espontaneamente 
pelo devedor e forçado, quando resultar da intervenção judicial. 
 
No entanto, além do pagamento, expressão que corresponde ao 
adimplemento, há outras formas de extinção das obrigações – 
confusão, remissão, compensação etc. –, que, no entanto, não 
equivalem ao adimplemento. Renan Lotufo pondera que a doutrina 
distingue as hipóteses de extinção satisfativa e não satisfativa do 
crédito (op. cit., p. 184). Para que se possa reconhecer o pagamento, 
é essencial que seja prestado aquilo que é devido, em sua 
integralidade e por inteiro, como Caio Mário da Silva Pereira registra 
(op. cit., p. 183). Se qualquer desses requisitos não se verificar, não 
haverá pagamento, embora seja possível que se reconheça a 
extinção da obrigação em decorrência de outro fato (dação em 
pagamento, por exemplo). Além disso, o pagamento supõe a 
existência de obrigação anterior, pois dá lugar à repetição do 
indébito, isto é, a restituição do objeto do pagamento àquele que o 
efetuou por erro (RIZZARDO, 2004, P. 297) 
 
 
 
 
São espécies de pagamento indireto: Pagamento em Consignação, 
Pagamento com Sub-rogação, Imputação do Pagamento, Dação em 
Pagamento, Novação, Compensação, Confusão e Remissão. 
 
Pagamento em Consignação 
 
A consignação em pagamento pode ser conceituada como o meio 
judicial ou extrajudicial adotada pelo devedor ou terceiro, para 
liberar-se da obrigação, em caso de recusa do credor em receber a 
prestação. 
 
Segundo os professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 501) afirmam que na consignação em pagamento existe 
um o direito do devedor se liberar e um cabimento ao credor 
colaborar para tal finalidade, sob pena de ser constituído em mora. 
 
O pagamento em consignação efetuado de forma extrajudicial 
consiste em um depósito bancário, como técnica de agilização da 
justiça, tornando-se em uma atividade de pacificação social. 
 
Para tal procedimento, o pagamento deve ocorrer, exclusivamente 
em dinheiro. 
 
Havendo recusa do credor no recebimento, a liberação do credor 
ocorrerá mediante procedimento judicial ou extrajudicial. 
 
Se o credor levantar o depósito extrajudicial a obrigação extingue-se, 
ou se houver recusa injustificada, no prazo de 10 dias, o devedor 
estará liberado da obrigação, considerando-se aceitação tácita do 
credor. 
 
Se o credor recusar o depósito extrajudicial o devedor deverá intentar 
ação judicial no prazo de 30 dias. Ultrapassado o prazo, o direito do 
credor de ajuizar não estará impedido de ser exercido, mas os 
valores depositados retornam e a obrigação não se extingue. 
 
 
 
 
O depósito judicial também é via do devedor liberar-se da obrigação, 
sendo que a sentença, nestes casos, é meramente declaratória. 
 
O pagamento em consignação tem lugar nas hipóteses em que o 
depósito é oriundo da mora do credor em receber, bem como nas 
ocasiões em que o devedor não consegue a sua liberação por outros 
motivos, mas sempre relacionados à pessoa do credor. 
 
As hipóteses do artigo 335, CC não são únicas e tampouco taxativas. 
 
Nos ditames dos professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 508), assim discorrem: 
 
Nada obstante, a consignação eventualmente perseguirá outra 
finalidade, que não a prevenção da mora do devedor, mas a purga 
de sua mora. Com efeito, comumente o devedor se serve do 
depósito para cessar seu estado de mora e os deletérios efeitos dela 
decorrentes. [...] 
Portanto, sendo a prestação possível e útil para o credor, ainda 
pode o devedor pagar e, por conseguinte, consignar. 
 
Cogita-se a existência de pressupostos objetivos e subjetivos para a 
afirmação da consignação. Como modo extintivo indireto da relação 
obrigacional, que não passam dos mesmos requisitos que 
conduziriam a extinção da obrigação caso aceito o pagamento direto. 
 
Via de regra o depósito da quantia exatamente devida, incluindo os 
efeitos da mora do devedor, o libera da obrigação, porém o depósito 
divergente daquele valor que deveria ser pago, não há liberação, sem 
que haja prejuízo dos efeitos da mora do credor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pagamento com Sub-Rogação 
 
Tem-se a sub-rogação quando na relação jurídica se verifica a 
substituição de uma pessoa por outro, ou de um objeto por outro, 
criando duas modalidades de sub-rogação: pessoal e real. 
 
A sub-rogação pessoal implica na transferência da qualidade 
creditória para aquele que solveu a obrigação de outrem ou 
emprestou o necessário para tanto. Este terceiro sub-roga-se no 
direito do credor originário, sendo este satisfeito pelo pagamento, 
não havendo liberação do devedor. 
 
As modalidades de sub-rogação não se confundem, visto que a sub-
rogação real implica na substituição de uma coisa por outra, 
adotando procedimento de jurisdição voluntária. 
 
Sobre o assunto, Nelson Rosenvald e Cristiano de farias assim 
ensinam (2013, p. 518): 
 
Embora a sub-rogação pessoal propicie a satisfação e exoneração 
do credor originário, subsiste o mesmo vínculo obrigacional, agora 
entre sub-rogado e o devedor. Portanto a sub-rogação é modo de 
pagamento indireto pois promove o terceiro adimplente a posição 
de credor, com alteração subjetiva no polo ativo da relação jurídica. 
 
Como espécies da sub-rogação,tem-se, a sub-rogação legal e 
convencional. 
 
A sub-rogação legal, prescinde de manifestação de vontade das 
partes e as suas hipóteses de ocorrência estão tratadas no art. 346, 
CC, e são elas: (i) em favor de credor, que solve o débito do devedor 
comum, (ii) em favor do adquirente do imóvel hipotecado, que paga 
ao credor hipotecário, elidindo a execução do bem que adquiriu, bem 
como do terceiro que efetiva o pagamento, para não ser privado do 
direito sobre o imóvel e (iii) em favor do terceiro interessado, que 
 
 
 
paga a dívida comum, pela qual poderia ser obrigado, no todo ou em 
parte. 
 
A sub-rogação convencional resulta do pagamento do débito por 
parte do terceiro desinteressado mediante negócio jurídico 
entabulado com devedor ou credor. A princípio, neste caso, nasceria 
o direito de reembolso, mas existem duas hipóteses de exceção à 
regra, na qual o direito de reembolso se converte em sub rogação: a) 
acordo entre credor e terceiro estranho à relação obrigacional, sendo 
a este expressamente transferidos os direitos que àquele cabiam 
contra o devedor; b) acordo entre devedor e terceiro na qual o 
segundo empresta ao primeiro a quantia necessária para a liberação 
perante o credor primitivo, sob a condição expressa de ficar o terceiro 
mutuante sub rogado nos direitos do credor satisfeito. 
 
Como eficácia da sub-rogação tem-se o efeito liberatório, ante a 
exoneração do credor primitivo, e efeito translativo, visto que o novo 
credor ingressa na exata posição do primitivo em relação à dívida. 
 
Segundo os professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 524): 
 
O pagamento não extingue a obrigação. Aqui o solvens assume o 
crédito com os mesmos privilégios, ações e garantias que o credor 
originário, por o principal (crédito) é transferido com os acessórios. 
Não apenas os privilégios, como também os inconvenientes do 
crédito e as defesas objetivamente oponíveis pelo devedor 
sobrevivem após a sub-rogação. Ninguém pode transferir mais 
direitos do que possui e o sub-rogado não poderá exigir do devedor 
nada a mais que o credor poderia exigir. Aliás, na prática os 
resultados da sub-rogação são duvidosos, pois o sub-rogado terá de 
se voltar contra um devedor que se encontra em dificuldade 
econômica de solver. 
 
Em termos de tutela processual da sub-rogação, o sub-rogado poderá 
ajuizar ação regressiva em face do devedor. Também encontra 
 
 
 
fundamento nas hipóteses de denunciação da lide e chamamento ao 
processo. 
 
Imputação do Pagamento 
 
A imputação do pagamento é a forma pela qual determina-se um 
pagamento quando o devedor possuir duas ou mais obrigações com o 
mesmo credor e faz um pagamento insuficiente para solver todas as 
obrigações, deixando de especificar qual está adimplindo. 
 
Assim, imputar o pagamento significa determinar qual dívida 
pretende adimplir. 
 
Tal determinação implica na aposição de aceitação da outra parte, 
que exercerá um direito potestativo à sua opção. 
 
Para afirmação da imputação do pagamento são necessários: 
existência de dois ou mais débitos, identidade de credor e devedor, 
débitos da mesma natureza, consistindo em obrigações líquidas e 
vencidas e suficiência do pagamento para saldar qualquer dos 
débitos. 
 
Os professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias (2013, p. 528) 
apontam para três modalidades de imputação do pagamento: (i) 
imputação pelo devedor, designando o débito que deseja saldar, (ii) 
imputação praticada pelo credor, na hipótese de omissão do devedor 
e (iii) imputação oriunda da lei, quando ambas as partes deixam de 
indicar a prestação a ser adimplida. 
 
A resistência de anuência pelo credor legitima o devedor à 
consignação em pagamento. 
 
Na ausência de convenção entre credor e devedor sobre a imputação 
do débito que se pretende extinguir com o pagamento insuficiente 
 
 
 
realizado, a imputação será legal observando a ordem preconizada 
pelo art. 355, CC. 
 
Dação em Pagamento 
 
Trata-se a dação em pagamento de uma causa extintiva das 
obrigações na qual o credor consente em receber algo diverso 
daquele objeto originariamente pactuado, concedendo efeito 
liberatório à obrigação originária. 
 
Configura-se como negócio jurídico bilateral transmissivo da 
propriedade, como solução do débito. 
 
Para a validade da dação em pagamento deve-se observar s 
seguintes requisitos (2013, p. 532/533): 
 
· Preexistência de um vínculo obrigacional entre as partes: 
sendo que na sua ausência não existirá a dação em pagamento, mas 
uma doação; 
· Acordo entre credor e devedor: impossível de alteração 
unilateral do convencionado, sendo imprescindível a anuência do 
credor; 
· Diversidade entre a prestação devida e a oferecida em 
substituição: a coisa dada em substituição pode ser bem móvel, 
imóvel ou um direito, ou, ainda, uma obrigação de fazer ou de não 
fazer. 
 
Também é importante que o bem dado em substituição guarde 
relação de valor com aquela composição anteriormente firmada. 
 
Pode a coisa dada em pagamento ter valor inferior ao valor 
anteriormente pactuado, motivo pelo qual permite-se a quitação 
parcial da obrigação. 
 
 
 
 
Por ser um contrato real, a dação em pagamento demanda tradição 
ou registro para seu aperfeiçoamento. 
 
Em caso de evicção da coisa dada em pagamento a obrigação 
originária restabelece-se com todos os seus consectários, à exceção 
da caução acessória no caso da obrigação originária estar garantida 
por fiança. 
 
O devedor também se responsabiliza por vícios redibitórios. 
 
Se a coisa dada em pagamento for um crédito do devedor, opera-se 
as normas aplicáveis à cessão de crédito, e envolverá as modalidades 
de dação em pagamento (pro soluto) e dação em função do 
cumprimento (pro solvendo). 
 
No caso de transmissão de título crédito regulado por legislação 
específica, aplica-se a legislação cambial e não as regras de cessão 
de crédito. 
 
A entrega da prestação supletiva objetiva a liberação de um crédito 
imediatamente. 
 
A dação em pagamento é proibida em situações especiais, por se 
revestir de cláusula comissória, como, por exemplo, sendo nula a 
cláusula que em contrato de hipoteca, penhor, anticrese confira ao 
credor a possibilidade de ficar com o objeto dado em garantia, em 
caso de inadimplemento do devedor. 
 
Novação 
 
A novação é um meio de extinção da obrigação sem que haja o 
adimplemento, mas não significa no inadimplemento do devedor. 
 
 
 
 
A bem da verdade a novação é forma de extinção da obrigação em 
razão da constituição de uma nova obrigação, que ocupa o lugar da 
obrigação primitiva. 
 
Segundo os professores Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 537): 
 
[...] Via de conseqüência, a novação envolve a idéia de substituição 
de uma obrigação, pela intenção das partes de novar, manifestada 
mediante acordo, cessando o vínculo anterior com a aquisição de 
novo direito de crédito. O mesmo ato jurídico que ceifa uma 
obrigação é gérmen para o brotar de outra. 
A novação, ao contrário do adimplemento em sentido estrito, é 
modo extintivo não-satisfatório, pois não conduz à satisfação 
imediata do crédito. 
 
A perspectiva funcional da novação é criar uma nova relação 
obrigacional, extinguindo-se a relação antiga. 
 
São pressupostos da novação (ROSENVALD e FARIAS, 2013, p. 
538/542): 
 
· Existência de obrigação anterior válida: à medida que a nova 
extingue e substitui a anterior, é fundamental a preexistência de relação 
obrigacional válida. Destarte, senão havia débito primitivo, a novação é 
inexistente, pois deficitária do próprio suporte fático necessário à sua 
formação. A relação que porventura se estabeleça será uma obrigação como 
qualquer outra; 
· Acordo entre as partes para a constituição de nova dívida: 
necessariamente, a relação obrigacional que venha a ser criada para 
extinguir a pregressa será qualificada pela novidade. O novo consistirá no 
objeto da prestação, podendo ainda envolver a mutação nas pessoas do 
credor ou do devedor; 
· Animus novandi: a teor do art. 361, do Código Civil, “não havendo 
ânimo de novar, expresso ou tácito, mas inequívoco, a segunda obrigação 
confirma simplesmente a primeira”. A novação é um negócio jurídico. Isto 
importa considerar que a sua estruturação demanda o elemento subjetivo da 
 
 
 
substancial diversidade entre a obrigação primitiva e a substituta. Isto é, 
simples alterações de natureza acessória não geram novação. 
 
A novação pode ser situada em duas modalidades: objetiva e 
subjetiva. 
 
A novação objetiva pressupõe que as partes originárias contraem 
uma nova dívida objetivando a extinção e conseqüente substituição 
da anterior. A novidade é o fato de se atingir a substância da 
obrigação, mediante a alteração do seu objeto, ou de sua natureza, 
ou, ainda, a própria causa jurídica da obrigação. 
 
Por sua vez, a novação subjetiva depende, além da criação de uma 
nova relação obrigacional, incide substituição dos próprios sujeitos da 
relação jurídica, tanto no pólo ativo quanto no pólo passivo. 
 
Esta modalidade de novação compreende aspectos como novação 
subjetiva passiva, na qual substitui-se o antigo devedor por um 
novo, sobejando aquele liberado do novo débito, pois a primeira 
dívida é extinta por expromissão (na qual o acordo de extinção da 
obrigação originária envolve apenas o novo devedor e o credor sendo 
desprezada a anuência do antigo devedor) ou delegação (que se 
aperfeiçoa com a indicação, pelo devedor, de um terceiro que resgate 
seu débito); bem como novação subjetiva ativa, na qual será 
permita a alteração do credor, mediante acordo de vontade das 
partes, ficando o devedor quite e exonerado com este credor 
substituído. 
 
Como efeitos da novação, tem-se a extinção do antigo débito, 
perecendo, inclusive, algumas garantias acessórias do débito 
primitivo, e, não havendo previsão expressa em contrário, a eficácia 
extintiva do débito produz a exoneração do devedor da cláusula 
penal, juros de mora, e o desaparecimento de todas as conseqüência 
de mora. 
 
 
 
 
Compensação 
 
Na hipótese em duas pessoas foram, ao mesmo tempo, credoras e 
devedoras uma da outra, reciprocamente, verifica-se este modo 
especial de extinção da obrigação. 
 
Consoante ensinamentos dos professores Nelson Rosenvald e 
Cristiano de Farias (2013, p. 549): 
 
Outrossim, a compensação atende à diretriz da eticidade, pois 
prestigia o adimplemento, ao evitar que um dos contratantes pague 
seu débito e seja posteriormente surpreendido pela recusa do outro 
em cumprir a sua prestação, o que ofenderia a sua expectativa de 
confiança quanto ao desfecho fisiológico da relação obrigacional. 
 
 Como espécies da compensação pode-se citar: 
 
· Convencional: a qual deflui da autonomia privada das partes, 
na qual credor e devedor hajam por bem extinguir seus créditos em 
razão de seus débitos. É possível nas situações em que não incidam 
pressupostos legais para a compensação, sendo que as partes não 
podem dispor de normas cogentes; 
· Judicial: [...] as compensações convencional e judicial também 
podem ser perseguidas no bojo do devido processo legal sem que 
isso acarrete desvio de perspectiva (ROSENVALD e FARIAS, 2013, P. 
550); 
· Legal: ocorre automaticamente, independente da oposição de 
qualquer dos interessados, extinguindo-se as dívidas recíprocas 
observando os requisitos legais (art. 369, CC). Entretanto, para que 
se opere automaticamente, depende dos seguintes requisitos: (i) 
liquidez do débito, (ii) exigibilidade do débito, (iii) fungibilidade das 
prestações e (iv) reciprocidade das obrigações. 
 
Em que pese o instituto da compensação ser de livre arbítrio para 
convenção entre devedor e credor, existem três situações em que 
elas não serão permitidas, e são elas: (i) dívidas provenientes de 
 
 
 
esbulho, furto e roubo, (ii) obrigações derivadas de comodato, 
depósito e alimentos e (iii) dívidas sobre bens insuscetíveis de 
penhora. 
 
Confusão 
 
Segundo ensinamentos de Nelson Rosenvald e Cristiano de Farias 
(2013, p. 560): 
 
A confusão consiste na união, na mesma pessoa, das qualidades 
opostas de credor e devedor da obrigação, desaparecendo 
pluralidade das situações jurídicas, o que inviabiliza a obrigação no 
tocante à sua exigência, porquanto não há como exigi-las de si 
própria. 
 
Assim, confunde-se credor e devedor na mesma pessoa, acarretando, 
consequentemente, a extinção da obrigação. 
 
Trata-se de um modelo jurídico que ocorre com maior freqüência em 
sede de sucessão causa mortis, mas, mesmo em freqüência menor, 
pode ocorrer em ato inter vivos. 
 
Como requisitos da confusão tem-se a unidade da relação 
obrigacional, pressupondo a existência de uma mesma obrigação, a 
identificação na mesma pessoa das qualidades de credora e devedora 
e a reunião efetiva de patrimônios, e não apenas de acervos ou 
expectativas de direitos. 
 
A confusão opera-se automaticamente, independente de 
manifestação volitiva, bastando a verificação das posições 
concomitantes de credor e devedor, bem como extingue a relação 
principal e seus acessórios. 
 
A confusão pode ser total ou parcial, à medida que alcance toda a 
dívida ou apenas parte dela. 
 
 
 
 
Distingue-se da compensação vez que na confusão uma mesma 
pessoa é credora e devedora de si própria, enquanto na compensação 
duas pessoas colocam-se como credores e devedoras recíprocas. 
 
Quanto aos seus efeitos os professores Nelson Rosenvald e Cristiano 
de farias assim discorrem (2013, p. 563): 
 
Insta observar que, havendo solidariedade, a confusão só implicará 
a extinção da obrigação no tocante à parte do credor ou do devedor 
em que ela se deu, sem, contudo, acarretar o término da 
solidariedade ante o saldo remanescente, uma vez que, nos termos 
do art. 383 do Código Civil, a confusão operada na pessoa do credor 
ou do devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência 
da respectiva quota no crédito ou no débito, subsistindo, quanto ao 
excedente, a solidariedade. 
 
Remissão 
 
Como outra das causas de extinção da obrigação sem o pagamento 
tem-se a remissão. 
 
Trata-se de modo de extinção não satisfatório, visto que o credor 
consente em dispensar o devedor do dever de solver, sem que o 
interesse do credor seja satisfeito parcialmente, tampouco 
indiretamente. 
 
Pode se traduzir no perdão da dívida por parte do credor, em que 
pese ser negócio jurídico bilateral, uma vez que depende da 
concordância do devedor. 
 
Distingue-se da renúncia, visto que esta é ato abdicativo unilateral, 
que demanda apenas capacidade do renunciante. 
 
A remissão pode ocorrer de forma expressa – quando o perdão se 
traduzir em documento público ou particular subscrito pelo credor em 
caráter intervivos ou causa mortis com intenção de perdoar o débito 
 
 
 
e levado à concordância do devedor; ou tácita – quando uma atitude 
do credor for incompatível com a sua qualidade creditória, à exemplo 
do art. 386, CC, que se refere à situação na qual o credor restitui 
voluntariamente ao devedor o títuloda obrigação, quando a 
obrigação for contraída por instrumento particular. 
 
No caso do ato de remissão tornar o credor insolvente, poderão os 
credores deste pugnarem pela anulação do ato em ação pauliana. 
 
c. Legislação 
 
O Código Civil, instituído pela Lei 10.406/2002, dispõe de um livro 
inteiro sobre o direito das obrigações (trata-se do primeiro livro da 
parte especial), com disposições expressas nos artigos 233 ao 853, 
embora sejam os artigos 233 ao 420 que tratam das modalidades, 
transmissões, adimplemento e extinção e inadimplemento das 
obrigações. 
 
Os capítulos II à IX, do Título III, que compreende os artigos 334 à 
388, CC, tratam das modalidades alternativas, isto é, meios indiretos 
de adimplemento da obrigação. 
 
Os artigos 890 à 900, CPC estipulam os procedimentos da 
consignação em pagamento. 
 
A Lei 9.276/96 (Lei de Propriedade Industrial) trata acerca de 
determinados direitos e relações obrigacionais em matéria de 
propriedade industrial. 
 
Por sua vez, o Decreto-Lei 857/69 dispõe sobre amoeda de 
pagamento de obrigações exeqüíveis em território Brasileiro. 
 
Através da consulta aos artigos 334 à 388 do Código Civil encontra-
se todas as modalidades de adimplemento indireto da obrigação, 
sendo do 334 à 345 o Pagamento em Consignação, do 346 à 351 o 
Pagamento com Sub Rogação, de 352 ao 355 Imputação do 
Pagamento, a Dação em Pagamento do 356 à 359, a Novação do360 
à 367, a Compensação e a Confusão do 368 à 385 e a Remissão do 
385 ao 388. 
 
 
 
 
 
d. Julgados/Informativos 
 
Quanto ao pagamento indireto das obrigações, não há dúvidas 
jurisprudenciais de sua possibilidade, uma vez que o STJ entendeu 
que essa modalidade de pagamento indireto é uma modalidade de 
extinção da obrigação, quando do julgamento do REsp.1319361/RJ, 
de relatoria do Ministro Herman Benjamin, publicado em 10.5.13, 
cuja ementa segue abaixo: 
 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. 
HONORÁRIOS. CONFUSÃO. SUPOSTA CAUSA EXTINTIVA QUE 
ANTECEDE A SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. 
EFICÁCIA PRECLUSIVA DA COISA JULGADA. 
1. Cuida-se, na origem, de Embargos à Execução ajuizados 
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ para 
desconstituir título executivo judicial que fixou honorários 
advocatícios em favor da Defensoria Pública do Estado do Rio 
de Janeiro. 
2. Não se pode reabrir a discussão acerca da confusão como 
causa extintiva da obrigação estabelecida em sentença 
transitada em julgado, pois essa questão ficou acobertada 
pela eficácia preclusiva da coisa julgada, conforme prevê o 
art. 474 do CPC. 
3. Na Execução contra a Fazenda Pública, os Embargos 
poderão versar sobre qualquer causa impeditiva, modificativa 
ou extintiva da obrigação, a exemplo de pagamento, 
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que 
superveniente à sentença (art. 741, VI, do CPC). 
4. Na hipótese dos autos, a alegada confusão antecede a 
sentença que transitou em julgado, de modo que não 
constitui fundamento suficiente para impedir a Execução. 
Nessa linha, confira-se a ratio do seguinte precedente: REsp 
1.235.513/AL, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, 
DJe 20.8.2012. 
5. Recurso Especial não provido. 
 
A Súmula 464, STJ estipula a regra diferenciada para a imputação de 
débito tributário. 
 
O STJ editou a Súmula 214, na qual determina a exoneração do 
fiador que não anuiu para o aditamento de contrato de locação. 
 
 
 
 
Acerca do instituto da confusão há interessante entendimento do STJ, 
exposta pela relatora Ministra Nancy Andrighi, no REsp 
1.012.393/MG, da Terceira Turma, publicado em 17.3.10: 
 
Direito civil e processual civil. Família. Recurso especial. Ação 
de investigação de paternidade c.c. pedido de alimentos. 
Êxito do investigante em 1º e em 2º grau de jurisdição. 
Discussão remanescente. Honorários advocatícios 
estabelecidos em favor da Defensoria Pública. Hipótese 
diversa daquela em que há confusão entre credor e devedor. 
Viabilidade. 
- Ao julgar recurso especial submetido à sistemática prevista 
no art. 543-C do CPC e à Resolução n.º 8/2008-STJ, 
considerados os inúmeros julgados a respeito do tema então 
em foco, notadamente no âmbito da 1ª Seção, a Corte 
Especial delimitou a vedação do direito ao recebimento, pela 
Defensoria Pública Estadual, de honorários advocatícios, às 
hipóteses em que esta atua contra pessoa jurídica de direito 
público da qual é parte integrante, isto é, quando litiga 
contra o próprio Estado, assinalando, por conseguinte, que 
se a atuação se dá em face de Município reconhecer-se-á o 
aludido direito (REsp 1.108.013/RJ, Rel. Ministra Eliana 
Calmon, DJ de 22/6/2009). 
- O entendimento consolidado no aludido precedente permite 
a transposição do umbral da lide estabelecida entre entes 
federativos diversos, para albergar aquelas que envolvem 
particulares, sendo um destes assistido por Defensor Público. 
- Sob essa tônica, o Estado deve receber os honorários 
advocatícios devidos por particulares, em processos nos 
quais a Defensoria Pública atue e alcance êxito no 
julgamento final, em favor do assistido. 
- Na hipótese julgada, diversa daquela definida no âmbito da 
Corte Especial, em que se confundem na mesma figura, 
credor e devedor de honorários advocatícios, o recorrente, 
assistido por Defensor Público do Estado de Minas Gerais, 
teve seu pleito acolhido, em 1º e em 2º grau de jurisdição, 
para ser reconhecido filho do recorrido, o qual foi condenado 
a lhe pagar alimentos, à razão de 5 (cinco) salários mínimos. 
Ao alcançar êxito nas pretensões deduzidas perante o Poder 
Judiciário, mediante acurada atuação da Defensoria Pública, 
nada mais equânime do que a fixação de honorários 
 
 
 
advocatícios sucumbenciais, a serem pagos pelo vencido, ao 
Órgão que representou o vencedor, em Juízo. 
- A fixação de honorários advocatícios em favor da 
Defensoria Pública, portanto, consideradas as circunstâncias 
que deram forma ao processo, é perfeitamente viável, 
porquanto não absorvida a hipótese pela figura da confusão, 
em que credor e devedor concentram-se na mesma pessoa, 
ante a atuação do Defensor Público contra o próprio Estado, 
do qual a Defensoria é parte integrante. 
- A sucumbência é, em princípio, sempre de responsabilidade 
da parte vencida na ação. Dessa forma, vitorioso o 
beneficiário da Justiça Gratuita, representado por Defensor 
Público, não há como o vencido furtar-se ao pagamento dos 
honorários advocatícios decorrentes da regra geral de 
sucumbência, notadamente quando não alcançada a hipótese 
por qualquer exceção liberatória dos encargos prevista em 
lei, tampouco se tratando de caso de extinção de obrigação, 
como ocorre com a estabelecida no art. 381 do CC/02. 
- Em conclusão e aplicando o direito à espécie, o acórdão 
impugnado deve ser reformado, para contemplar a 
Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais com a verba 
honorária sucumbencial, a ser suportada pelo recorrido, no 
percentual de 15%, conforme limitação estipulada pelo art. 
11, § 1º, da Lei n.º 1.060/50, a incidir sobre a soma de 
12 (doze) prestações alimentícias. 
- Por força do disposto no art. 130, inc. III, da Lei 
Complementar n.º 80/94, os honorários fixados em favor da 
Defensoria Pública reverterão, não aos Defensores, mas ao 
ente público ao qual pertencem. 
- Considerada a inadmissibilidade de indexação de honorários 
advocatícios ao salário mínimo, a teor do que estabelece a 
Súmula 201/STJ, o percentual de 15% deverá incidir sobre a 
soma de doze prestações mensais, considerada a sua 
importância monetária, que atualmente corresponde a R$ 
30.600,00 (trinta mil e seiscentos reais). 
Recurso especial provido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
e. Leitura sugerida 
 
- DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 
2011 (Capítulo V – Introdução ao Direito das Obrigações;Capítulo VII 
– Efeitos das Obrigações; Capítulo IX – Teoria das Obrigações 
Contratuais; Capítulo X – Teoria das Obrigações Extracontratuais); 
 
- RIBEIRO, Paulo Dias de Moura. Do Cumprimento das Obrigações: 
Do adimplemento e Extinção das Obrigações. (Artigo disponível em: 
http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/75698/cumprime
nto_obrigacoes_adimplemento_ribeiro.pdf?sequence=1) 
 
- ROSENVALD, Nelson; CHAVES, Cristiano. Curso de Direito Civil – 2º 
Vol – Obrigações. 7ª ed. rev., ampl. e atual., Salvador/BA: 
JusPODIVM, 2013 (Capítulo VI Do Adimplemento e Da Extinção das 
Obrigações I; Capítulo VII Do Adimplemento e da Extinção das 
Obrigações II – Modalidade Especiais de Pagamento). 
 
f. Leitura complementar 
 
- BDINE JR, Hamid Charaf. Código Civil Comentado. 8ª ed. São 
Paulo: Manole, 2013; 
 
- CASSETTARI, Christiano. Elementos de Direito Civil. São Paulo, 
Saraiva, 2013; 
 
- COSTA, Judith Martins. Adimplemento e Inadimplemento. (Artigo 
disponível em 
http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/54347/adimplem
ento_inadimplemento_costa.pdf?sequence=1) 
 
- MARTINS-COSTA, Judith. “O Adimplemento e o inadimplemento das 
obrigações no novo CC e o seu sentido solidarista”, em O Novo 
Código Civil, Estudos em Homenagem ao Professor Miguel Reale, Ltr.; 
 
- PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, v. II. 27. 
ed.,. Rio de Janeiro, Forense, 2014; 
 
- SILVA. Jorge Cesar Ferreira da. Adimplemento e Extinção das 
Obrigações. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

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