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GENÉTICA DO CÂNCER Dr. Antonio Carlos de Freitas Prof. Adjunto do Departamento de Genética CCB - UFPE A regulação do número de células somáticas é um processo sofisticado, sendo sujeito a defeitos nesse processo. O acúmulo de mutações em uma linhagem somática que inibem a morte celular e aceleram a proliferação desordenada é o fator causador do câncer. INTRODUÇÃO A proliferação celular é controlada pelo ciclo celular; e morte celular é controlada pela apoptose. Sinais extracelulares, aliados a receptores protéicos (receptores celulares), estão ligados a essas duas maquinarias, regulando essas vias. INTRODUÇÃO CICLO CELULAR Os complexos CDK-ciclina são os responsáveis pela transição de uma fase para a outra do ciclo celular. As CDKs são cinases que fosforilam proteínas envolvidas no ciclo celular. As ciclinas prendem a proteína-alvo para que a CDK possa fosforilá-la. CICLINAS E CDKs CICLINA CDK PROTÉINA ALVO CDK CICLINA PROTEÍNA ALVO P TRANSIÇÃO DO CICLO CELULAR TRANSIÇÃO DO CICLO CELULAR Como a Fosforilação de Proteínas pelo Complexo CDK-Ciclina Controla o Ciclo Celular ? A fosforilação inicia uma cadeia de eventos que ativa fatores de transcrição de genes cujos produtos são necessários para a sequência do ciclo celular. ALVOS DE CDK ALVOS DE CDK CDK2-Ciclina A Os mRNA de ciclina e a própria proteína são altamente instáveis, sendo facilmente degradados. As proteínas fosforiladas são desfosforiladas por enzimas (fosfatases) presentes na célula. Desativação de CDK-Ciclina • Só permite que a célula prossiga para o próximo estágio do ciclo celular quando a fase anterior estiver concluída com sucesso. • Quando algo errado é verificado, ativam proteínas que inibem a atividade das CDK- ciclinas. CHECKPOINTS p53 • A p53 reconhece o mau pareamento no DNA e ativa a p21. • A p21 se liga a CDK-ciclina e impede sua atividade de fosforilação (cinase). • Para reativá-la, sinais independentes fosforilam o complexo. APOPTOSE: POR QUE É IMPORTANTE TERMOS MECANISMOS DE AUTODESTRUIÇÃO CELULAR ? A perda de uma célula somática é desprezível, uma vez que os tecidos possuem células- tronco para reserva. Quando anomalias celulares são detectadas, a maquinaria de apoptose ativa a destruição da célula. APOPTOSE SINAIS EXTRACELULARES Sinais endócrinos: possuem longo alcance; maioria possui uma molécula pequena, são chamados hormônios; são liberados no sistema circulatório. Sinais parácrinos: atuam apenas localmente; maioria são proteínas; são os sinais que iniciam a proliferação e a morte celular. Modos de sinalização intercelular. (a) Sinais endócrinos entram no sistema circulatório e podem ser recebidos por células alvo distantes. (b) Os sinais parácrinos atuam localmente e são recebidos pelas células próximas. RECEPTORES TRANSMEMBRANARES E LIGANTES PROTÉICOS Possuem uma parte fora da célula (domínio extracelular), uma parte média (domínio transmembranar) e uma parte dentro da célula (domínio citoplasmático). RECEPTORES TRANSMEMBRANARES: Exemplos de receptores transmembranares. (a) Um receptor q passa pela membrana celular sete vezes. (b) Receptor de tirosina cinase, que tem um único domínio transmembranar. O sítio ativo da tirosina cinase está no domínio citoplasmático. CASCATAS DE TRANSDUÇÃO DE SINAL Uma via de sinalização de RTK Ligante Cascata de fosforilação CONTROLES EXTRACELULARES DO CICLO CELULAR Positivos: promovem a divisão celular pela ação de mitógenos (fatores de crescimento). Negativos: inibem a divisão celular em tecidos totalmente intactos CONTROLES EXTRACELULARES DA APOPTOSE Positivos: o comando de autodestruição geralmente vem de uma célula vizinha. Negativos: bloqueiam a ativação da apoptose (fatores de sobrevida) Controle extracelular positivo da apoptose. A interação receptor-ligando leva à ativação de uma molécula (Apaf), que por sua vez causa a proteólise e ativação da caspase iniciadora. Uma série de caspases sofrem então proteólise e são ativadas, levando ao final à apoptose da célula CÂNCER O QUE É CÂNCER? São alterações celulares que comprometem estas células com a proliferação sem controle (formando tumores), imortalização e possibilitam metastases tumoral. O QUE LEVA AO CÂNCER ? O acúmulo de mutações em uma linhagem somática que inibem a morte celular e aceleram a proliferação desordenadamente é o fator causador do câncer Etiologia do Câncer TUMOR BENIGNO OU MALIGNO? CÂNCER Tumorigênese = Carcinogênese Causa genética do câncer Desenvolvimento MUTAÇÃO Regulação Proliferação Erlane Ribeiro - FMJ CÉLULAS CANCEROSAS: - rápida taxa de divisão - habilidade de invadir novos territórios celulares - alta taxa metabólica - forma anormal. A maioria dos agentes carcinogênicos também é mutagênica. Vários alelos que aumentam a suscetibilidade ao câncer foram clonados e mapeados. As mutações que estão freqüentemente associadas a tipos particulares de cânceres foram identificadas. MUTAÇÕES PROMOTORAS DE CÂNCER: - aumentam a habilidade de uma célula se proliferar - diminuem a suscetibilidade de uma célula a apoptose - aumentam a taxa geral de mutação da célula ou sua longevidade. OS TUMORES SURGEM DE UMA SEQÜÊNCIA DE EVENTOS MUTACIONAIS. METÁSTASE METÁSTASES BASES MOLECULARES DO CÂNCER TIPOS DE GENES QUE CAUSAM CÂNCER Oncogenes Supressores de Tumores Reparo do DNA ONCOGENES Oncogenes • Proto-oncogenes que sofreram mutação • A maioria deles atua como mutação dominantes de ganho de função • Causa alteração do ciclo celular • Não ocorrem na linhagem germinativa • Apenas uma cópia do oncogene mutado é necessária para contribuir no sistema de progressão tumoral. O produto proteico expresso por um oncogene é chamado de oncoproteína. MUTAÇÃO DE PONTO DE UM TRANSDUTOR DE SINAL INTRACELULAR DELEÇÃO DE DOMÍNIO PROTÉICO DE UMA TIROSINA CINASE RECEPTORA DE MITÓGENO Mutação oncogênica que afeta a sinalização entre as células. PROTEÍNA DE FUSÃO ENVOLVENDO UM TRANSDUTOR DE SINAL INTRACELULAR Os rearranjos cromossômicos fazem com que um gene perto do ponto de quebra seja ativado no tecido errado. Rearranjo cromossômico na CML, o cromossomo Philadelphia, que é diagnóstico da leucemia mielóide crônica, é uma translocação entre os cromossomos 9 e 22. A translocação produz uma proteina hibrida Bcr1-Abl que não tem controles normais para repressão da atividade da tirosina cinase da proteína codificada por c-abl. É mostrado apenas um dos dois cromossomos recompostos da tranlocação recípocra. FUSÃO GÊNICA CAUSANDO DESREGULAÇÃO DA EXPRESSÃO DE UM INIBIDOR DE APOPTOSE Rearranjo cromossômico no linfoma folicular. A translocação funde o elemento acentuador de um gene codificante de um anticorpo no cromossomo 14, com unidade de transcrição de um gene no cromossomo 18 que codifica Bcl-2, um regulador negativo de apoptose.Este gene de fusão faz com que a proteína Bcl-2 seja produzida nas células produtoras de anticorpo, evitando assim que qualquer sinal de autodestruição induza apoptose nestas células. GENES SUPRESSORES TUMORAIS Funções normais: Complementares a dos proto-oncongenes; Codificam reguladores negativos do ciclo celular; Codificam reguladores positivos de apoptose; A RETIRADA DE UMA PROTEÍNA QUE INIBE A PROLIFERAÇÃO CELULAR Retinoblastoma Retinoblastoma Não Hereditário Gene (RB) que codifica a proteína Rb que sofreu mutação. As células da retina que não tem o gene RB funcional proliferam descontroladamente. O câncer é uma característica recessiva (rb) ao nível celular : ambos alelos do gene que codifica a proteína RB devem ser inativados, seja pela mesma mutação ou por uma mutação diferente em cada. A maioria dos pacientes tem alguns tumores localizados em um local do olho (condição esporádica). Não há caso de retinoblastoma na família. A pessoa afetada não transmite o câncer para sua prole. Mutações rb surgem em uma célula somática cujos descendentes compõem a retina. Mutações surgem por acaso em épocas diferentes no curso do desenvolvimento na mesma linhagem celular. Retinoblastoma Binocular Hereditário (HBR) Pacientes têm muitos tumores, nas retinas de ambos olhos. Mutação na linhagem germinativa inativa uma das cópias 2 cópias do gene RB em todas as células da retina em ambos olhos. O único gene RB normal restante adquire mutação rb em pelo menos 1 das celulas da retina. O que ocorre na ausência da proteína Rb? x x x O que ocorre na ausência da proteína p53? O gene p53 é supressor tumoral, em que ao sofrer mutação está relacionada a muitos tipos de tumores. A proteína p53 ativa é um regulador transcricional. P53 tipo selvagem ativado: Evita a progressão do ciclo celular até que o dano do DNA seja reparado. Quando o dano não é possível de ser reparado, induz a apoptose. Sem p53: Ciclo celular progride mesmo que DNA danificado não tenha sido reparado. A progressão do ciclo celular na mitose eleva a freqüência geral de mutações, rearranjos cromossômicos e aneuploidia. Isto aumenta a chance do surgimento de outras mutações que promovem a proliferação celular ou bloqueiam a apoptose. Mutações recessivas nos genes supressores tumorais, que normalmente funcionam nas vias de reparo do DNA, interferem no reparo do mesmo. Essas mutações promovem indiretamente o crescimento do tumor elevando a taxa de mutação, tornando mais provável uma série de mutações em oncogenes e supressores tumorais, pertubando a regulação normal do ciclo celular e morte celular programada. GENES DE REPARO DO DNA • instabilidade genômica • mutações podem afetar as vias de regulação do crescimento e diferenciação celular • susceptibilidade a quebras cromossômicas induzidas por raios X, luz ultravioleta e certos agentes químicos. EPIGENÉTICA Epigenética são as alterações da cromatina e do DNA que são estáveis nas divisões celulares e não alteram a seqüência de nucleotídeos. Alguns de seus mecanismos são a metilação do DNA e a modificação de histonas. • Genes supressores de tumores silenciados pela hipermetilação da região promotora • Oncogenes ativados pela hipometilação • Instabilidade cromossômica devido a hipometilação de regiões não promotoras como DNA centromérico • Ativação da transcrição de genes associados por hipometilação de determinados loci Metilação e câncer BASES GENÉTICAS DE DIFERENTES CANCERES mutações de perda de função no gene supressor de tumor p16 mutações de ganho de função no alvo de p16 proto-oncogene cdk4 perda do controle do ciclo celular (via Rb). Melanoma familiar Hereditário 40% Início precoce Múltiplo Bilateral 15% unilateral Risco 2º tumor (400 vezes maior de desenvolver tumores mesenquimais - sarcomas osteogênicos, fibrossarcomas e melanomas) Retinoblastoma Esporádico 60% Início tardio Unilateral Únicos 1:20.000 nascimentos locus RB1 está em 13q14 penetrância é 90% Genes do câncer de mama BRCA1 17q21 Câncer de mama e ovário familiar BRCA2 13q12 Câncer de mama familiar PTEN ou MMAC1 10q23 Doença de Cowden (câncer de mama e tireóide) AT 11q22 Ataxia - telangiectasia codifica um receptor de tirosina cinase - migração celular da crista neural atividade excessiva de tirosina cinase e aumento do sinal de transdução = proliferação celular. mutações de perda de função no proto-oncogene RET = doença de Hirschsprung. carcinoma tireoidiano papilar não herdado. mutações do gene com ganho de função na linhagem germinativa pode levar a 3 tipos diferentes de câncer herdado, dependendo do tipo e localização da mutação • MEN 2 A (carcinoma tireoideano medular, hiperplasia paratireoideana, feocromocitoma e tumor de supra-renal) • MEN 2B (similar a 2A sem hiperplasia paratireoideana, com neuromas múltiplos de mucosa) • carcinoma tireoideano medular familiar gene RET ataxia-telangiectasia anemia de Fanconi síndrome de Bloom xeroderma pigmentoso Genes de reparo do DNA
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